Quando pensamos no futuro, no que estaremos fazendo daqui a 5, 10 ou 20 anos, quase sempre é um expectativa egoísta. Imaginamos como e onde estaremos, mas não como estará o ambiente e o mundo em que vivemos.
Os ambientalistas, cientistas e alguns cidadãos realmente preocupados, há 30 anos atrás, enxergaram o que seria a nossa realidade hoje e nos alertaram. Mas não demos atenção à eles. Os colocamos na categoria de pessimistas extremos e continuamos com nossa intensa utilização dos recursos naturais.

As conseqüências de nossa despreocupação com o planeta onde vivemos estão aparecendo agora e parecem pior do que se tinha imaginado. Mas os prejuízos não foram só ambientais...

Atualmente no Brasil, existe uma grande falta de educadores, principalmente de ensino médio. Além disso, a atual política educacional prefere números à qualidade, ou seja, não reter o aluno em série alguma, mesmo que ele não saiba nem escrever.

Isto gerou, segundo dados do próprio governo, uma defasagem de duas décadas na formação e inserção de mão de obra qualificada no mercado de trabalho. Faltam técnicos em muitos setores industriais e de prestação de serviço. Soma-se a isso jovens trabalhadores que não sabem ler, escrever, não respeitam a hierarquia profissional, mas se acham "os bons". Existem exceções, é claro, mas não em número suficiente para cuidar do Brasil no futuro. Afinal, eles serão os futuros médicos, advogados, enfermeiros, policiais, vendedores, cozinheiros que herdarão nossas funções e atividades. Já imaginaram como eles irão cuidar de nós quando estivermos aposentados? Certamente é de dar calafrios.

Hoje os alunos da 5ª série sabem que a Terra é redonda, mas eles não sabem situar essa informação na sua vida cotidiana, somente a decoraram. Ou seja, a escola não ensina mais a resolver problemas, mas sim muito conteúdo, que no final acaba não sendo assimilado porque não faz sentido decorar tudo o que é dado na escola, afinal, hoje em dia, os conteúdos escolares são encontrados facilmente na Internet. A aplicação prática virou utopia, tanto que muitos professores não sabem dizer o porquê estão lecionando determinado conteúdo, frutos eles mesmos de um sistema educacional viciado, que foi imposto durante a ditadura militar brasileira.

Algumas pessoas, instituições e políticos já se deram conta da situação e estão tentando implementar novos projetos pedagógicos, mas será que não é tarde demais? Como iremos preencher essa lacuna deixada por gerações perdidas durante três décadas? Trabalhar até os 80 anos? É difícil pensar em uma solução em longo prazo, mas se não tomarmos nenhuma atitude agora, imediatamente, nosso futuro será muito difícil.

Como ensinar a pensar logicamente milhares de crianças, adolescentes e jovens integrantes do ensino básico e superior? Como combater este paradigma cultural que vivemos atualmente? Como faremos para as pessoas acordarem da vida medíocre que tem e perceberem o futuro real que lhes virá? Como tirarmos elas deste comodismo marqueteiro que impregnou a sociedade global?

As pessoas não se preocupam mais! Ou melhor, se preocupam, mas com o seu próprio bem estar e não no bem coletivo. E pensar no coletivo é identificar aquelas pessoas que podem prejudicá-lo e não ajudá-lo, ou que possam o favorecer em alguma coisa. Ninguém mais pensa no bem altruísta e na manutenção da vida no planeta.

Quando o clima mudar mais ainda, a fome e o medo farão com que eles agarrem seus escapulários ou escrituras sagradas, rogando serem absolvidos e poupados do que eles acham ser o Apocalipse.

Alguns sobreviverão, mas o mundo não será mais o mesmo, e toda uma civilização nova terá que ser constituída, durante muitos séculos.

Quem me conhece sabe que sempre fui adepta do lado dos pessimistas, o que não adiantou muita coisa, pois eles só falavam e não agiam. No fim, o final será o mesmo para todos, seja ele qual for.