Aglutinar ou justapor significados em EAD

ProfªEsp. Marlúbia Corrêa de Paula2

ProfºEsp. Ronaldo Pires Canabarro3

A Educação a Distância vem sendo de longa data uma saída para dar conta de toda uma demanda de estudantes que por um motivo ou por outro, não realizaram seus estudos. Tal discurso freqüentou páginas dos mais variados impressos durante muito tempo, porém, podemos dizer que atualmente há uma nova idéia acerca do tema.

Ampliaram-se as fronteiras, afinal estudar na modalidade EAD é hoje, uma opção, para muitos. Algumas vezes esta é a única forma de dar continuidade aos seus saberes, uma vez que nossa geração exige a todo momento que estejamosde forma competente aptos a enfrentar as novidades tecnológicas impostas por nossa escolha profissional.

Voltando a questão do preparo necessário para enfrentar a corrida imposta pela velocidade da tecnologia, lá vamos nós, utilizar a EAD como uma possibilidade de realizar atividades num ambiente o qual nos pareça confortável, num horáriopossível.Porém é preciso perceber que haverá necessidade decomprometer-se ainda mais com a necessidade de aprender, dentro da perspectiva de que todos precisamos estar aptos ao aparato tecnológico.

Vamos delineando nosso dia a dia sempre acreditando que podemos e devemos ir em frente, e que agora está no computador o auxílio, o elo que permite este crescimento. Neste momento, estamos aglutinando a nossa vida, novas aprendizagens mediadas pela internet, mas não por ela determinada, pois cabe ao sujeito consciente de sua necessária aprendizagem gerenciar este processo.

Com o passar do tempo, percebemos que os elementos que fazem parte da educação a Distância, num contexto de qualidade (onde não há quem seja objeto) conseguem sim compreender que ela é em medida de valoração tão eficaz quanto é o desejo de quem a utiliza com o propósito de aprender. Neste ponto, visito com tranqüilidade Freire, quando diz que:

" Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender . " 1

E caminhando um pouco mais, posso me referir também a Demo, quando coloca que:

" Para ele, nenhuma profissão será mais importante no mundo que esta por vir, o mundo do conhecimento, senão a do professor. Mas este professor não pode repassar conhecimento, tem que ajudar a produzir conhecimento, através de pesquisas, de estudo. Repassando sobra de conhecimento estamos na contramão. " 2

1 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 165.

2 DEMO, Pedro.Professor Pedro Demo defende a produção do conhecimento- Palestra sobre extensão –

Disponível<http://www.am.unisal.br/graduacao/ped/noticias-12.asp>

É preciso deixar de lado preocupações com questões comparativas entre as modalidades e gerenciarmos sim os pressupostos de uma didáticaque permita aos poucos unificar os pilares necessários a prática eficaz da EAD.

Se estamos num contexto onde há tutores ou professores, precisamos sim, ter a consciência de que um educador compartilha comeducando a aprendizagem, na medida em que ambos buscam ampliar seus saberes numa dinâmica que permita produzir conhecimento e não apenas transmitir, reduzindo a Educação a mero Ensino.

Observando que a EAD desde sua origem, vem sendo utilizada na educação continuada, convém lembrar que muitos elementos importantes se assentam em amparos pertencentes às séries iniciais. Precisamos perceber o quanto o professor que realiza suas atividades no início do caminho, precisa estar bem preparado e consciente de sua importância. Afinal a EAD, não é uma panacéia, que chega para tudo resolver, ela é meio, continuidade. Está a EAD num caminho de continuidade, tal como se dá ao relacionarmos os aspectos que envolvem o conhecimento, afinal não é a educação um compêndio onde devem se alojar todos os elementos resultantes de pesquisa, de saberes.

Entendendo assim, muito temos que estar atentos à importância dos educadores locados lá no início do processo educativo. Assim como a Ontogenia recapitula a Filogenia, vamos considerar a importância do sujeito que se apresenta autônomo, estimulado a desenvolver tal autonomia lá nos seus anos iniciais de escola.

Repensando o título deste artigo, coloca-se a necessidade de não justapor, mas sim aglutinar ao sujeito a autonomia. Só o ser assim definido terá competência gerenciadora a fim de dar conta da responsabilidade que norteia a EAD.

Neste sentido, torna-se necessário aglutinar no educando, ainda na fase inicial os pressupostos que construirão sua autonomia uma vez que apenas justapor ao educando adulto é um processo pouco eficaz, pois atualmente precisamos cada vez mais de profissionais dotados de uma perspectiva que possibilite sua busca constante pelo aperfeiçoamento. Em referência a esta necessidade, está na EAD à necessidade de existir por e para um público com um diferencial que vá muito além do nada implícito cola/copia.

O caminho proposto pela tecnologia é sim uma possibilidade de aceleração, pois estamos sempre em contato com tudo o que se produz e ainda com os agentes produtores que expõem suas idéias e compartilham seus saberes, como bem coloca Pierre Levy, estamos diante do saber compartilhado, da aprendizagem colaborativa, das árvores do conhecimento, enfim presenciamos o eficaz funcionamento das redes .

Não pertencemos mais ao mundo contido nas pesadas e incompletas enciclopédias, paradas no tempo, catalogadas e finitas no seu conteúdo, presas a autores, somos simplesmente a marca de nossa época, dinâmicos, criativos, capazes deaceitar a agilidade de cada momento. E que interessante é perceber na fala deFreire quando descrevia o ato de vir a ser eainda não tinha vivenciado a Era Digital, mas no entanto suas colocações já manifestavam esta espontaneidade na descrição do aprender, pois ele compreendia e Educação exatamente assim, um constante refazer, reconstruir, reaprender e mais do que isto, um puro ato de apreender.

E nesta dinâmica, entendendo que a vida propõe a possibilidade de que a Educação na modalidade escolhida pelo aluno possa contribuir no aprimoramento de seus potenciais, podemos crer que estamos num momento de transformações onde os paradigmas já não serão norteadores, mas sim as competências geradoras destes estarão em evidência.

 

Como sempre, dentro de um novo modelo construído a fim de dar suporte a EAD, ainda somos sensíveis a idéia de que a formação inicial do educando é de suma importância . Neste momento o preparo do professor e a maneira como esta criançaé conduzida pela família até a escola são constituintes de uma base para sua formação que o acompanharão por seu caminho em termos de diferenciá-lo termos profissionais.

Enquanto Educador, não há como fazer distinção na forma da educação atribuindo qualidades ou defeitos apenas observando a modalidade da mesma. Não há distinções plausíveis entre presencial ou não, há sim profissionais competentes em ambas que fazem a diferença. Voltamos então a formação do aluno no início de sua jornada, embora saibamos bem que sua formação se completa no decorrer do caminho, não podemos deixar por conta do caminho, aspectos tão importantes como a correta leitura e escrita. Assim, um aluno com formação competente nestes recursos poderá com certeza escolher entre presencial ou a distância, sem prejuízos, pois possui habilidades básicas para nortear seu caminho.

Desta forma, muito mais do que discutir possibilidades de Modalidades, creio que há necessidade de repensar a questão do Educador e dos processos que envolvem as séries iniciais, voltando ao tema: Leitura x Escrita corretas fazem parte da qualidade escolar de qualquer aluno apto a seguir em frente. A caminhada que ele desenvolverá deve servir para acrescentar saberes. Precisamos, com muita urgência, desta visão na escola de hoje, pois a tempo de aglutinar e de justapor, precisamos reconhecer isto desde o início do processo de aquisição realizado pela criança ao chegar aos bancos escolares.

 


2Marlúbia Corrêa de Paula – Professora de Matemática graduada pela FURG ( Fundação Universidade Federal do Rio Grande ); Pós Graduada em Pedagogia Gestora/Supervisão Escolar (Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras - Curitiba/PR ); Pós-Graduanda em Educação a Distância(SENAC/POA-RS);Pós -Graduanda em Matemática aplicada pela UPF(Passo Fundo/RS) .

3Ronaldo Pires Canabarro – Professor de História, graduado pelaUPF(Universidade de Passo Fundo) - Pós Graduado em Gestão Escolar (UCB - Universidade Castelo Branco, RJ) .