Afinal, mulheres...

Numa certa manhã, ao ler um artigo em uma revista famosa, pus-me a pensar na dualidade que cerca a imagem feminina. Mas, afinal de contas, será possível "separá-las" para entender melhor as suas nuances? Sejam "conservadoras", "atuais", "santas", "doidas" ou "revolucionárias", o assunto sobre os diversos perfis de mulher despertou-me a atenção. E, para isso, decidi pesquisar um pouco mais sobre esse tema.

Fui a um site de busca, pesquisei o termo "mulher tradicional" e tive uma grande surpresa: encontrei artigos e imagens relacionados à imagem de "mãe, submissa, santa e imaculada"... Conforme eu ia me aprofundo nas leituras, a primeira coisa que me veio à cabeça foi aquela música, do tempo da minha avó, sobre a Amélia; sim, aquela que não tinha "a menor vaidade", aquela que era "mulher de verdade".

Após a leitura reflexiva do que pesquisara, concluí aquilo que, obviamente, a maioria configura: a mulher tradicional obrigatoriamente deve ser ?boa mãe? e abdicar de seus desejos para realizar as vontades de seus "rebentos", marido, parentes e vizinhos, sendo aquela que, ao final de um longo e laboroso dia, está um trapo, cansada, velha e exalando os mais diferentes "odores culinários", além de não possuir ânimo para nada, inclusive para satisfazer as volúpias de seu "cônjuge".

Disposto a fazer o comparativo ao qual me propusera nesse dia, pesquisei sobre a mulher tida como "moderna". Como era esperado, esse perfil está sempre associado à imagem da mulher "antissanta" e "senhora de seus desejos". Noutras palavras, a "mulher atual" é configurada como dona de seu corpo e administradora de seu tempo. Em oposição à figura feminina "arcaica", que submete-se aos desejos do "macho dominador", o corpo da mulher moderna é regulado com malhação e dietas, além de ser turbinado com silicone, a fim de ser usado conforme o seu bel-prazer.

Se "nem só de pão vive o homem" (parafraseando Jesus Cristo), "nem só de beleza vive a mulher de hoje". A liberdade de expressão de ideias, o direito ao voto e a pílula anticoncepcional são algumas das conquistas obtidas pelas mulheres de 70. O investimento maciço na carreira acadêmico-profissional e a ocupação de cargos de destaque (antes ocupados apenas por homens) são reflexos da atual autonomia feminina, que contrasta com a realidade da tradicional Amélia, que não saía de casa, vivia apenas para cozinhar, passar, lavar, engomar e conceber bebês, e onde apenas ao homem era reservado o direito do prazer na "hora H".

Atento a todas as ideias que me vinham à mente, percebo que, embora muitas coisas hajam mudado, existem alguns conteúdos da imagem da mulher que são milenares e, por mais que o tempo passe e o cenário da vida se transforme, não mudam. Dentre estes casos, posso citar: a mulher é o "sexo frágil"; ser mulher é difícil; ser mulher é "padecer no paraíso"; a mulher é menos capaz que os homens (o que eu, sinceramente, não concordo) etc. Meu amigo leitor, não estou querendo dizer que TODAS as mulheres pensam assim, mas é importante salientar que essa imagem feminina "milenar" ainda é muito resistente, tanto no segmento masculino quanto na própria visão de mundo que algumas mulheres têm.

Bem, o que se pode concluir desse assunto é que, seja "rainha do lar", "femme fatale", "Eva", "Salomé", ou seja lá qual for a o arquétipo que se faça do feminino, toda mulher tem a autonomia de fazer suas próprias escolhas, independente de qual seja o seu modo de ser. Mãe, filha, empreendedora, trabalhadora, companheira, dona de casa, sedutora... Afinal, o que seria do mundo sem as mulheres?

Não quero ser melodramático ou aulicista, meu caro leitor. Contudo, sugiro que haja um pouco mais de respeito às mulheres por parte de alguns homens que ainda possuem pensamentos grosseiros e antiquados. E, como diria o saudoso Papa João Paulo II, devemos agradecê-las a cada dia que passa pelo "simples fato de ser mulher".


(David Yoshii)