Afinal, Deus existe?

Essa é uma questão que veio atravessando milênios junto com a humanidade. Mas o que você faria se pudesse responder a mesma de forma afirmativa?

1 - Sabendo que Deus existe você conseguiria mudar a sua vida?

2 – Por saber que Deus existe isso seria condição para que Ele viesse a mudar a sua vida?

3 – Ou na sua visão, nada mudaria para você?

Algumas pessoas afirmam que se soubessem da existência de um Deus transformariam suas vidas por completo, tornar-se-iam mais religiosas, ou levariam uma vida mais santificada. Outros ainda dizem que reveriam toda a sua existência e teriam até mais capacidade de aplicar o evangelho ou as doutrinas que seguem, dado a essa nova certeza.

Existem ainda os que crêem que o fato de virem a descobrir de forma irrefutável a existência de Deus, faria com que esse Deus que acabaram de descobrir os cobriria de bênçãos pelo mérito de ter-lo aceito ou tomado ciência de que Ele é real.

Embora as religiões afirmem a existência de um Criador, uma boa parte da humanidade caminha com essa dúvida íntima, guardando ainda que de forma oculta, o desejo de que um dia a ciência venha a declarar que existe um Pai que idealizou toda a criação. Ao ver delas, tal assertiva científica justificaria e daria novas forças para continuarem ou iniciarem sua jornada de fé.

A tecnologia consegue detectar espectros, vidas microscópicas, variações sísmicas, movimentos cósmicos, prever tendências, e ainda promover soluções para o dia a dia da raça humana, mas ainda não pôde afirmar definitivamente e de forma coerente sobre uma origem inteligente para toda a criação.

Mas se Deus é real porque ainda não o detectamos de forma definitiva? Será que não é de seu interesse se apresentar de forma compreensiva e finalmente aliviar nossos anseios por explicação e direcionar nossos caminhos e atitudes?

Com tantos problemas, tanta insatisfação, o problema do bem e do mal, da justiça e da injustiça, a incidência da dor e do sofrimento, tais coisas enfim, não seriam ainda, mais do que um clamor das criaturas que bastaria para justificar uma ação por parte da divindade em nosso favor?!

Parece ainda que mesmo os cultos, ritos religiosos, as suplicas dos que sofrem, os templos erguidos para cultuar a divindade, as cruzadas em nome da religiosidade, os exercícios espirituais e toda o clamor das criaturas pelo Criador parecem não ser suficientes para que o mesmo se manifeste de forma contundente.

Embora tudo isso pareça constituir afirmativas definitivas para comprovar a certeza de alguns agnósticos e ateus que nelas encontrariam uma anti-doutrina perfeita para finalizar o assunto da fé, nada disso demove do ser humano uma intuição intima que o leva a uma busca por uma origem mais luminosa e real do que os famosos códigos da teoria do criacionismo ou do evolucionismo.

É que existe algo que o homem ainda precisa pensar um pouco mais: O fato de Deus não se apresentar na forma com que o esperamos e agindo como queremos não invalida a sua existência.

Nem a presença do bem e do mal, da dor e do sofrimento, da justiça ou da injustiça, da certeza e da dúvida, do medo, dos anseios, dos enganos, dos aproveitadores, da doença, da necessidade de lutar pela sobrevivência, das calamidades, enfim, nada disso excluí a existência de Deus. E ainda que a nossa tecnologia não possa detectá-lo, tal fato também não garante a inexistência da divindade.

Algumas escolas, mais iniciáticas do que religiosas, trazem uma visão bem interessante quanto ao assunto em questão. O problema não seria o de descobrir ou escancarar a face do Criador, mas sim o de desenvolver uma potencia rudimentar que cada um de nós possui e que somente por meio dela pode-se tocar a nossa origem, a nossa criação, o nosso Pai.

Talvez esteja no despertar desse aspecto que o homem possa encontrar Deus, porque para despertar tal aspecto será necessário transcender o nosso intelecto, nossos sentimentos, nossas certezas e tecnologias e somente aí, onde toda a existência que podemos detectar por meio dos sentidos não interfira, é que poderemos realizar esse encontro com a nossa origem verdadeira.

Os que conseguiram realizar esse encontro não ficaram livres da luta e nem das situações da vida, mas conseguiram promover uma transformação fundamental capaz de eliminar em qualquer idade a crise existencial. Resolveram a si mesmo sem resolver o mundo. Venceram a si mesmos sem precisar vencer ninguém. Foram mais eficazes em amar e mais profundos em gerar bem-estar geral.

Talvez Deus espere que realizemos esse exercício de despertar íntimo. Talvez Ele espere que saibamos ir até Ele. O homem deseja que Deus se rebaixe até o seu nível e não cogita de se elevar até Ele. Quer ser eternamente a criança exigente e pirracenta que se recusa a crescer.

Mahatma Gandhi afirmou certa feita de que se todos os livros da humanidade se perdessem, e  sobrasse apenas o sermão da montanha, de verdade nada se perderia. Talvez porque Gandhi já soubesse que além das letras desse poema, Jesus tivesse apresentado ali, um código de superação perfeito para os que almejam realizar o maior encontro de todos.

Transcrevemos abaixo as bem-aventuranças contidas em Mateus V: 1-12 e a cada versículo inserimos algumas questões.

 felizes os mendigos do Espírito, porque deles é o reino dos céus;

O que é um mendigo do Espírito? O que é um mendigo? O que é o espírito? O que é reino dos céus?

felizes os que choram, porque serão consolados;

O que é esse chorar? O que é ser consolado?

felizes os mansos, porque eles herdarão a Terra;

O que é ser manso, o que é essa terra?

felizes os famintos e sequiosos de perfeição, porque eles serão satisfeitos;

O que é ser faminto e sequioso de perfeição? O que é esse faminto? O que é perfeição, O que é ser satisfeito?

felizes os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia;

O que é misericórdia, o que é ser beneficiado por misericórdia?

felizes os limpos de coração, porque eles verão Deus;

O que é tal limpeza? O que é ser limpo de coração, o que é coração, o que é ver Deus? O que é Deus?

felizes os pacificadores, porque eles serão chamados Filhos de Deus.

O que é pacificar? O que é ser um pacificador? O que é ser chamado Filho de Deus? O que é ser Filho de Deus? E finalmente: na visão das bem-aventuranças o que é ser feliz?

Sinceramente, nossas respostas conhecidas seriam suficientes para revelar o que o Cristo quis transmitir no famoso discurso do monte?

Nesse código sublime em nenhum momento existe uma recomendação para que nos filiemos a essa ou aquela religião nem restrição por fazê-lo. Mas existe com certeza uma seqüência de ações que transcendem toda a nossa idiossincrasia. Trata-se de ações pessoal e intransferível e que cabe a cada um realizar de forma silenciosa, mas ativa.

Importa apesar dos rótulos o que fazemos com o nosso conteúdo. Há um ditado indiano que diz: “As únicas coisas que nos pertencem de verdade são aquelas que não podemos perder em um naufrágio.”

Pensemos nisso todos os dias para começar!

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Wander El-Aowar

Editor do site: leituravirtual.com.br

Analista de Sistemas