Por: Lawton Nanni Benatti

            A prática do ensino é em sua essência um processo de troca, incluindo de forma completa as relações humanas. Nos modelos arcaicos, o processo de comunicação entre o mestre que detém o conhecimento e o aprendiz que aprende e nada mais era o limitado escopo do modelo. Dentro da sociedade baseada no dinamismo  e na democrática disseminação de informações através das tecnologias, o processo de aprendizado e ensino é exercido por todos, inclusive pelos aprendizes ou discentes. As trocas, portanto, passam a fazer parte das práticas pedagógicas, e os alunos aprendem entre si. Cortelazzo (2009, p.125) descreve que “Essa interação entre alunos, comunicando-se com a intenção de buscar soluções para seus problemas comuns, pode configurar-se como colaboração e desenvolver-se em ação e comunicação de uma comunidade que aprende junto.”

            Quem dissemina o conhecimento segue mais o papel de tutor no sentido de orientar os caminhos que do único detentor do saber. Os recursos tecnológicos são influentes nesta nova realidade, traduzindo o fluxo do conhecimento em algo contínuo, multidirecional. Os alunos passam a dialogar entre si, sendo o professor o organizador deste processo. Guarezi & Matos (2009, p.117) defendem esta situação reforçando:

Os modelos desenvolvidos com a utilização de mídias integradas (...)soma(m) múltiplas possibilidades de representações, incorporando o conteúdo com a promoção efetiva do diálogo entre todos os participantes. Essa integração rompe com a unidirecionalidade da comunicação tradicional, pois, além da comunicação bidirecional, promove um canal multidirecional, possibilitando a troca de muitos para muitos.

            O processo de aprendizado estimula o diálogo entre os participantes de determinada turma ou sala no modelo tradicional presencial. Esta troca ocorre normalmente no modelo a distância, apenas usando como intermediário os recursos tecnológicos. Para evitar distanciamentos interpessoais, afetando mais os modelos a distância pela própria localização geográfica dos participantes, a interatividade é portanto um processo natural e necessário de forma a reproduzir tais interrelações. O professor tutor, como elemento organizador deste ambiente virtual, é peça chave para estimular as mesmas condições encontradas no mundo físico, conforme defende Oliveira (2012, p.53):

A emergência de um novo entendimento da EaD deve considerar o mundo físico como uma rede de relações, e a educação, em especial na modalidade a distância, precisa basear-se nas interconexões entre os sujeitos e os objetos, promovendo a abertura de novos diálogos e a ressignificação do processo educativo.

            As diversas ferramentas existentes nos recursos tecnológicos dos ambientes virtuais de aprendizagem devem ser usadas justamente para promover a interatividade, a saber: fóruns, bate papos, correios, murais, serviços de emails, chat on line, painéis de dúvidas e outras conforme o tipo de plataforma tecnológica ou serviço disponível na instituição de ensino ou curso.

            Além da discussão técnica sobre a interatividade com uso dos múltiplos recursos, há também um elemento fundamental neste processo: partindo do pressuposto que os processos pedagógicos são estabelecidos com base nas relações humanas independente do método tradicional ou virtual, a emoção naturalmente também deve fazer parte deste processo. Ao falar sobre a emoção, em termos pedagógicos os professores, orientadores e tutores devem utilizar da afetividade como ferramenta de aprendizado.

Ambientes familiares afetivos estimulam melhores resultados na formação e no crescimento dos indivíduos. Na educação, o mesmo princípio ocorre, traduzindo em melhores resultados pedagógicos cognitivos. O papel do professor tutor neste aspecto é reforçado pela análise de Rodrigues (2008, p.80):

Nota-se a importância atribuída aos tutores presenciais ou a distância, percebidos como responsáveis pela promoção das interações interpessoais que ocorrem na EAD, envolvendo trocas afetivas positivas e, conseqüentemente, a criação de vínculos com e entre os alunos. (...) Em um ambiente marcado pelo afeto positivo, é mais fácil, também, expressar sentimentos e pensamentos com liberdade.

A afetividade, portanto, não significa ignorar procedimentos e métodos, pelo contrário, é justamente um método que estimula o aprendizado. Tal sentimento é percebido pelos alunos, não pode ser descrito em termos técnicos e não faz parte do conteúdo do curso, mas deve estar lá, no ambiente, no cotidiano e na forma de se relacionar.      

Referências Bibliográficas

CORTELAZZO, Iolanda B.de C. Prática pedagógica, aprendizagem e avaliação em educação a distância. Curitiba: Ibpex, 2009.

GUAREZI, Rita de C. M. & MATOS, Márcia M. de. Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.

OLIVEIRA, Elsa Guimarães. Educação a distância na transição paradigmática. 4ª.ed. Campinas: Papirus, 2012.

RODRIGUES, Adriana Pires. As relações afetivas na aprendizagem em educação a distância. Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2008. (Dissertação de Mestrado)