A grande maioria das pessoas reconhece a importância da autoestima e da afetividade quando questionados, porém são poucos os que sabem verdadeiramente a relevância e, principalmente, a dimensão que este tema pode trazer para uma criança. A fase em que uma criança se desenvolve é um momento crucial, sendo que a autoestima e a afetividade com relação às demais pessoas propulsionam suas aprendizagens e os rumos que toma seu desenvolvimento, podendo isso ser refletido por toda sua vida. O comportamento da criança na maioria das vezes é dirigido pela linguagem que o adulto utiliza e sabemos que a criança pode internalizar muito do que um adulto diz, tomando como verdade para si. Por isso, a relação com os adultos desde seu nascimento é crucial para a formação do seu autoconceito e de sua autoestima. Buscando compreender como o adulto pode afetar a autoestima de uma criança no período pré-escolar, essa pesquisa foi desenvolvida com objetivo principal de instigar os leitores sobre a importância da autoestima e da afetividade na educação infantil, apresentando o embasamento teórico de diversos autores sobre o assunto, bem como os resultados de uma pesquisa de campo com profissionais da área de Educação Infantil. O objetivo da pesquisa empírica foi fazer um levantamento do que as professoras entendem por afetividade e autoestima, e como trabalham isso em seu dia a dia. Os resultados obtidos mostram que todas as profissionais demonstram interesse por esse assunto, porém muitas não detêm conhecimento teórico-prático sobre ele, inclusive sobre a importância das relações afetivas e a influência que o professor pode ter na vida de uma criança; vindo, assim, ao encontro do que pesquisamos em nossa revisão de literatura.

 INTRODUÇÃO

A afetividade está  inserida no nosso dia a dia desde que nascemos, pois ela  resume tudo o que afeta o ser humano e como este afeta o ambiente. Dentro dessa  ampla   temática utiliz amos   termos   como  cuidado,   afeto,  amor,   entre   outros  sentimentos e emoções
.
A  forma  como  se  dá  a re lação  de  afetividade  entre  duas  ou  mais  pessoas,  pode  interferir  muito  em  sua  vida.  Podemos  perceber  essa  interferência  na sala  de  aula , por exemplo , seja com crianças da educação infantil ou adolescentes. Quando  por algum motivo gostam de seus professores , seus comportamentos tendem a ser  positivos. Os pequenos deixam o colo dos seus pais com mais facilidade, e os maiores  podem se dedicar mais à disciplina ministrada por esse professor, por exemplo. Se o  sentimento for contrário, os menores poderão chorar  intensamente  no momento em  que  se  separam  dos  pais  para  ficar  na  escola,  e  os  maiores  poderão  apresentar  comportamento s inadequados.Contudo,  segundo  aponta  Guimarães (2004, p.180) ,
"a principal preocupação da escola é com o domínio de conteúdo e c om o re ndimento  dos alunos" e,  com isso,  esquece  que  o aluno é afetivo e não  se permite  percebe r o  quanto a relação entre professor e aluno pode infl uenciar em seu desenvolvimento  e  aprendizagem.
Outro   fator   que   pode   interferir   no   desenvolvimento   da   criança   é   sua autoestima,  que  também  depende  de  como  se  dá  a  relação  dela  com  as  outras  pessoas.  A  começar  em sua  própria  família
.  Se  apenas  seus  defeitos  forem  ressaltados pelos pais, a tendência é que ela  aprenda a se ver de uma forma negativa,  crie  um  autoconceito  n egativo  de  si  e  já  chegue
à escola  duvidando  de  sua s capacidades
.
E caso o professor con tinue ressaltando características negativas e  não  prestando  atenção  nas  qualidades que essa  criança  traz, ela  acaba  por  internalizar  essas  ideias negativas  que os adult os  mostraram  para ela,  tomando  como  verdade  absoluta  as  incompetências  que  lhe  são  atribuídas  e  podendo  apresentar  uma  autoesti ma negativa por toda sua vida.
Foram preocupações  dessa ordem  que nos levaram a elaborar esse trabalho,  visando reunir mais infor mações sobre o quanto  e como  as relações  afetivas  podem  15 influir no desenvolvimento de uma criança, a poiando nos nas pesquisas de diversos  autores e  realizando,  por fim  um a  pequena  pesquisa  de  campo  com algumas  professoras da Educação Infantil.

 4 REVISÃ O  DE LITERATURA

Este  capítulo  apresenta  a  percepção  de  diversos  autores  sobre  o  tema  abordado  neste  trabalho ,  visando  explorar  o  conteúdo  da forma  mais  abrangente  possível  (considerando o momento e os propósitos deste estudo),  com a finalidade de  estabelec er   pressupostos acerca   da   importância   da   afetividade   nas   relações  educativas

4.1 AFETO E EMOÇÃO

A  partir  das  primeiras  r elações  sociais,  que  geralmente  ocorrem  c om  os  familiares,  as crianças passam a perceber o mundo de acordo com  as  perspectivas e  olhar es destas  pessoas.  P or  exemplo,  o  contato  com  " pessoas  negativas
",  que tendem  a  achar  a  vida  difícil,  influenciará  o olhar  de  mundo  que  a  criança  irá  internalizar  e levar consigo durante grande parte de sua vida.
Merleau Ponty (1990) ,  cita do por  Camargo  (1 999) , explica que  as  relações  com  os  pais  são  mais  do  que  relaç
ões com duas pessoas:  vão mais além,  pois são relações com o mundo, sendo  os  pais mediadores dessas relações.
Um adulto  tende a repassar para os filhos a relação que teve com seus pais  durante  sua infância.
Por isso, a tendência é que a mãe  aja com o seu filho d a mesma  maneira que sua mãe agiu com ela, ou por acreditar ser  essa  a melhor maneira, ou  por que essa relação foi prejudicada por algum motivo, ficando  marcada até a sua vida  adulta.  Se  qu ando  criança,  por  exemplo,  essa  pessoa  teve  uma  boa  relação , com  troca de carinhos e afetos, a tendência é  que ela tran smita sentimentos semelhantes  para a  relação com seu  filho, pois, agora ela é a mãe e a vida emocional de  seu filho  dependerá desta relação. De acordo com Camargo (1999, p. 3), "A necessidade do  outro  também  depende  das  ações  e  dos  afetos  recebidos.  As  primeiras  relações,  geralmente com a mãe, são permeadas pela história pessoal dela." 17 Ainda  segundo  Camargo  (1999, p.
2), "O estudo da emoção ,  em particular,  tem  se  submetido  a  esta  regra  que  remonta  aos  tempos  em  que  se  separavam  as
"faculdades da alma", e estas, do corpo, da matéria, e não levavam em conta as  interações sociais." Pensava
 se que o indi víduo nos processos de aprendi zagem, por  e xemplo, não passava por um processo afetivo e sim somente cognitivo.
Porém,  com  os avanços dos estudos sobre tais assuntos, se entend eu que uma pessoa não pode  ser  separada  em  categorias
.  Todos  os  processos , inclusive  os  de  aprendizagem,  estão interligados com as emoções e experiências, que se tem durante  toda a vida,  estas por sua vez,  estão inseridos e entrelaçados no histórico particular de cada um.
Então,   porque   atualmente   não   presenciamos   mudanças significativas
?  P orque ainda hoje, passados tantos ano s, a emoção é deixada de lado em inúmeros  aspectos  da  vida ,  i nclusive  em  sala  de  aula?  Será  por  falta  de  interesse  dos  professores
?  O u  porque  não  encontram  tempo para  tratar  esta  questão
?  Para  C amargo  (2005 ),  a emoção  se  encontra  presente  em  todos  os  proce ssos  de  aprendi zagem, quando não existe emoção , não existe aprendizagem , afinal a emoção  é  o  que  nos  move.

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