ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA 

Por: José Carlos de oliveira Ribeiro, 2005. 

Discente (UESB), professor de geografia na rede pública municipal de Poções -  Bahia;  Pós-graduando em Gestão da Inovação no Setor Público

Email: [email protected]

Resumo: este trabalho visa em primeiro plano esclarecer explicitamente os problemas que podem ser vivenciados por um adolescente juntamente com sua família, trata de um trabalho de pesquisa com fundamentação teórica baseada em autores Fierro, (1995) e Outeiral, (1994). 

Palavras chave: Adolescente, família e educação.

Introdução: É na família que o adolescente espelha-se para obter bons costumes e boa educação para conviver dentro da sociedade respeitando os princípios familiares dessa forma requer da família uma estrutura voltada para a educação desse adolescente, pois tanto ela pode contribuir para uma boa educação como poderá contribuir para a desestruturação do adolescente.

A partir da interação família/adolescente, ele irá construir os seus princípios morais, moldando assim a sua identidade de acordo com membros da a família. Nessa fase a família deve acompanhar o seu desenvolvimento e orientá-lo no sentido de formar uma personalidade positiva, pois se caso isso não for feito de formará um adolescente problemático, principalmente no meio social e familiar, porem isso dependerá da própria personalidade do adolescente, do meio social e da família, porque pode ocorrer uma família muito desestruturada ter adolescentes sem conflitos. O exemplo disso: foi aquele Pedagogo da propaganda na Globo de Televisão que já foi menino de rua, mas soube escolher o melhor para ele, enquanto que muitos têm oportunidades mas não querem aproveita.

A emancipação em relação à família, no entanto, não se produz da mesma maneira em todos os adolescentes. De imediato, as práticas de criação diferem muito de uma família para a outra, não favorecendo da mesma forma a autotomia dos filhos, quando chegam a essa idade. Os pais, em particular, podem se mostrar democráticos e igualitários ou, pelo contrário, autoritários no comportamento com seus filhos; ou também, outras vezes, permissivos e indiferentes. Os diferentes modos de disciplina parental estão relacionados com a probabilidade de rechaço dos pais e mães autoritários, e a aceitação dos democráticos, permissivos e igualitários. Longe de haver um rechaço generalizado dos pais, por parte dos adolescentes, tal rechaço é produzido em clara correspondência com o tipo de disciplina familiar.

O momento de maior tensão entre pais e filhos parece se produzir exatamente ao redor da puberdade. Ao chegar esse momento, toma-se mais distante e também mais rígida a relação no seio da família, diminui a deferência do filho para com a mãe, deteriora-se a comunicação e se multiplicam as interrupções da conduta do adolescente pela intervenção dos pais. Mais tarde, progressivamente, as relações costumam melhorar, embora persista a falta de intimidade do jovem com os pais, em tudo o que se relaciona com sua própria vida. Os jovens são cada vez mais independentes em relação aos pais. Nisso, no entanto, os rapazes são muito mais do que as mulheres, que, com frequência, durante bastante tempo, e mesmo durante toda a vida, mantêm fortes laços emocionais, sobretudo com a mãe.

Infelizmente, nem sempre a etapa adolescente coincide com a conquista da independência. O aprazamento, cada vez mais dilatado, do acesso à condição — e ao conjunto de papéis — de adulto e às responsabilidades sociais que isso traz consegue, e também as dificuldades pessoais do adolescente na aquisição da própria identidade, podem ampliar consideravelmente a situação ambígua de independência/dependência que caracteriza essa idade. Alguns adultos continuam sendo eternamente adolescentes.

Paralelamente à emancipação em relação à família, o adolescente estabelece laços mais estreitos com o grupo de companheiros. Estes laços costumam ter um curso típico. Primeiro, é o grupo de um único sexo, amiúde com atitudes, ainda que superficiais, de hostilidade pelo sexo oposto. Mais tarde, começam a se relacionar e fundir com grupos de sexos diferentes, para formar um grupo misto, que constitui agora um magote indissolúvel e homogêneo, onde não existem relações ou situações privilegiadas de uns com outros, salvo talvez as do líder ou líderes do grupo. A fase final dos grupos adolescentes, a do início da desagregação, é quando nascem em seu seio e se consolidam relações amorosas de casal, que finalmente se desligarão do grupo, contribuindo para sua progressiva dissolução.

Os rapazes desenvolvem a intimidade interpessoal mais depressa e mais tarde do que as moças colocam menos ênfase nos componentes afetivos da amizade e maior destaque nos aspectos de ação. A intimidade com alguém de outro sexo cresce com mais precocidade nas meninas do que nos meninos. A medida que se intensificam as relações com companheiros de outro sexo, reduz-se um pouco a relação com os do próprio sexo, tal como se manifesta em estar ou fazer coisas com os amigos, ou ter intimidade e confiança neles.

O adolescente, de qualquer maneira, durante toda a etapa continua tendo uma enorme demanda de afeto e de carinho por parte dos pais, em um grau não inferior ao da infância. Pode se mostrar intratável e esquivo, diante de algumas manifestações desse carinho, quando os adultos, em seu afeto, adotam ares de superproteção, mas ainda então o adolescente preciso dele, somente rechaçando sua modalidade patermal ou maternalista. Tampouco é verdade que os pais deixem de influir no adolescente, em suas decisões ou gênero de vida. Nem sequer a influência de amigos e colegas, que na adolescência se toma acentuada, é sempre mais intensa do que a dos pais. Estes continuam tendo uma notável influência, até mesmo decisiva nas opções e valores adotados pelos filhos. Geralmente, no tocante a valores e finalidades primordiais da vida, ambas as influências tendem a se fortalecer e complementar reciprocamente, pelo menos quando os companheiros procedem da mesma classe e grupo social da própria família. As contradições entre os valores do grupo e os da família costumam afetar aspectos superficiais da forma de vestir, preferências e gostos, o estilo geral de vida, mas não tanto as opções e valores decisivos. Geralmente, o adolescente observa mais o critério dos pais do que o dos companheiros, em matérias que se referem a seu futuro, mas segue mais o dos companheiros em opções sobre o presente, na realização de seus desejos e necessidades atuais.

Tudo o que foi dito anteriormente contribui para reduzir em muito o tópico difundido de que o conflito entre o adolescente e seus pais é pouco menos do que parece ser inevitável e, portanto, muito frequente. E verdade que parece ser inevitável e obedece à necessidade, sobretudo do adolescente, de redefinir suas posições dentro da família. Mas, certamente, a gravidade e a frequência desse conflito foram exageradas. Em todo caso, um comportamento parental de orientação igualitária, democrática e/ou liberal contribui para evitar os conflitos mais graves e para apaziguar e tornar cômodas as relações com os filhos dessa idade.

A adolescência também é o momento em que o indivíduo consolida tanto suas competências específicas, quanto sua competência ou capacidade geral diante do mundo, da realidade, do entorno social, estabelecendo sua adaptação e ajustes, que ainda não são definitivos, mas são os que mais duram, durante sua vida. Nessa idade, consuma-se o processo de interiorização das pautas culturais e de valor, aperfeiçoando-se a aquisição de habilidades técnicas, comunicativas e, em geral, sociais. Essa consolidação de habilidades contribui para assegurar ao adolescente sua própria autonomia frente ao entorno.

O adolescente é caracterizado por um equilíbrio particular e delicado, que às vezes se transforma em desequilíbrio, entre a dependência e a independência, a autonomia e a heteronomia, a segurança e a insegurança em si mesmo, que se manifesta em relação tanto à família, à autoridade ou a geração dos adultos, quanto a seus próprios companheiros e pares.

A adaptação não é fácil e, com frequência, os mais velhos não contribuem para facilitá-la. A sociedade dos adultos enfrenta frequentemente o adolescente com demandas contrapostas. Por um lado, exige que ele já se comporte como um adulto. Por outro, diz-se a ele que muitos de seus desejos só poderão ser atendidos quando for adulto, quando ganhar seu próprio dinheiro: a autonomia psicossocial é transferida e vinculada ao momento da independência econômica. A adaptação que o adolescente precisa realizar está cheia de obstáculos. Compreende-se que a adolescência pareça ser vital e socialmente problemática. O adolescente é visto como um problema, para si mesmo e, com frequência, para os demais.

A emancipação da família, a aguda consciência de si mesmo em um autoconceito explícito, o começo de um período de transição para a vida adulta, o processo de ajuste às novas demandas sociais, são todos eles fenômenos associados ao fato de que o adolescente adota valores. A adolescência não apenas é a idade em que se costuma aderir a valores, mas, depois dela, é pouco frequente a conversão para outro sistema de valores. Por conseguinte, é nesses anos que se vai definir a orientação duradoura que, em geral, a pessoa vai conservar pelo resto da vida, em relação a metas, finalidades e projetos, valiosos para ela, e reconhecida socialmente. A questão dos valores surge justamente no momento em que a pessoa começa a se perguntar: quem sou eu? A pergunta sobre a identidade pessoal é uma pergunta que implica, necessariamente, a questão do projeto de futuro da pessoa, na qual também está incluída a de escolha e adoção de alguns valores.

No entanto, de fato não foi demonstrado que, no compromisso com valores que transcendem ao próprio interesse pessoal, os adolescentes se entreguem mais do que as pessoas adultas. O que é verdade é que o altruísmo e a capacidade para uma conduta em favor dos outros e em certo sentido desinteressada estão relacionados com a idade.

Logo, a presença da família é muito importante na formação da personalidade do adolescente, porém numa sociedade capitalista em que todos lutam pela sobrevivência,

na maioria das famílias não é o que acontece, pois os pais saem de casa cedo e só retomam à noite. Durante o tempo que os adolescentes ficam sozinhos em casa, sente a falta de uma autoridade para orientá-los nas atividades em geral e nas escolhas de companheiros. Dessa forma, quando os adolescentes não possuem uma personalidade bem formada e não são responsáveis, fazem amizades indesejadas que podem incentivá-los ao uso de drogas, causando assim problemas pra família.

Considerações finais

Este trabalho foi de fundamental importância, pois foi possível estudar mais sobre os conflitos que permeiam os adolescentes, bem como, o trabalho das famílias com os mesmos. A partir daí traçar um perfil do adolescente em diversos contextos seja familiar ou no meio que vivem sem acompanhamento de adultos ou uma família responsável.

Referências Bibliográficas

FIERRO, Alfredo. Relações Sociais na Adolescência. In: Desenvolvimento Psicológico e Educação. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre. 1995 (P.299 - 305).

OUTEIRAL, José De. Adolescer: Estudos sobre adolescência, Ed. Artes Médicas. Porto Alegre 1994.