Adeus

 

Não me queixes tuas injúrias

Não me debruce tuas mágoas

Não vomite tuas mentiras

Nem me espirre falsas lágrimas

 

Melhor que vás agora

Não ostento mais paixão

Confesso: haverá saudade

E ainda assim

Melhor será a solidão,

Ao menos ela

Se agarrará ao meu peito com sinceridade.

 

Vá e me deixe em paz,

Pois se você não me queria

Não devia me procurar

Nem devia permitir que penetrasse

Meu olhar em teu olhar

 

Lembras dos bons instantes?

Sussurros, palavras, sorrisos?

Confesso: não os guardo em estantes

Talvez tenham se perdido

Vagando a esmo em ventos retrógrados

Sem mais nenhum sentido.

 

Restou apenas no fundo da xícara

O amargo resíduo de lembranças [Cruel persistente sentimento],

De que era falso nosso enredo

Daquele filme de carinhos, abraços e beijos

Trocados vão por tuas mão

Mas pelas minhas carregadas de paixão

 

Vás!

Porque quando te olho

Sinto compaixão

Vislumbro meu triste reflexo

No castanho da tua ocular imensidão

Nas pálpebras de teu engano

No desprezo do teu par de visão

 

Não! Espere!

Olhes mais uma vez pra mim

Só por mais uma vez, quem sabe!

 

Pois mesmo sendo falso tal brilho

Enganoso esse lançar,

Quero poder me lembrar com nitidez

Que foi o possível sentido desse olhar [essa coisa utópica],

O olhar que eu quis pra mim do meu jeito,

O que mais sentirei saudades

E que certamente agarrará voraz meu pálido peito.