O processo de integração entre Brasil e Argentina no MERCOSUL iniciou-se no início dos anos 90. De lá prá cá não houve muitos avanços, pois, internamente há muita interferência política e divergência de idéias. Nunca chegamos a um consenso sobre nossa política externa, isso em se tratando do MERCOSUL. O Brasil talvez esteja com medo de aprofundar suas relações com um país de economia instável, a Argentina, por sua vez, teme a idéia de ser criada certa dependência do Brasil.
A entrada da Venezuela no bloco do MERCOSUL entrou em debate novamente após o início do Governo Chávez. A liderança política esquerdista no Brasil, na Argentina e na Venezuela também ajudaram a reavivar a idéia da integração dos venezuelanos. O país, grande produtor de petróleo, poderia fortalecer o bloco. Poderia ser ao bloco uma alternativa interessante, já que a Venezuela é um país andino, caribenho e amazônico.
O Brasil, a Argentina e a Venezuela não se mantém muito amigáveis. Economicamente não realizam acordos importantes atualmente. A uma espécie de ciúmes da Argentina em relação ao Brasil e vice-versa. A união aduaneira é, em minha opinião, o mais longe que podemos chegar, não haverá avanços maiores do que esse. Os sul-americanos são ainda muito dependentes do capital estrangeiro. Chegar a um bloco compacto como a união européia será muito difícil.
O que está faltando ao Brasil, à Argentina e a Venezuela, é que se unam em prol da América do sul por um todo, e não para mascarar interesses locais através de um bloco econômico que não sai nem do papel. Por estarmos muito longe de uma equiparação econômica na América do sul, talvez seja a ligação histórica de sermos todas antigas colônias o único fato que mantém acesa a chama do MERCOSUL.
O IDH brasileiro é o pior dentre os três países citados, estamos em apenas em 75º lugar, atrás da Argentina, que está em 49º lugar, e da Venezuela, que ocupa a 58ª posição. Talvez estejamos muito interessados em acumular riquezas, pois estamos entre as dez maiores economias do mundo, e não preocupados com as taxas de escolaridade ou expectativa de vida. Nossa renda e esperança de vida é inferior a da América latina também, um fator que empurra pra baixo nosso índice. No quesito educação, nossos índices são comparáveis os de alguns países africanos, superando ainda assim a média de alguns países sul-americanos. O que, diga-se de passagem, poderia ser pior ainda, pois, vemos o mascaramento de alguns índices do ensino através de medidas como a progressão continuada ou a simples obrigação da matrícula do aluno na escola sem se levar em conta se o aluno vai mesmo aprender ou se a qualidade do ensino é boa.
Precisamos deixar de lado o cada um por si, o que não é nem um pouco fácil. Talvez, aquela velha rixa do futebol seja muito maior e se estenda para a política. Não pode, portanto, haver irmandade, ou o que quer que seja, quando estivermos preocupados apenas com nosso próprio umbigo.
Se pararmos para pensar, talvez nem a união européia seja tão bem sucedida assim. Esse cada um por si sempre prevalecerá. Não podemos, pois, esconder que este seja o bloco mais bem sucedido do mundo, e a moeda única, seu maior avanço. Quanto a isso vir a ocorrer aqui no MERCOSUL, não creio. O fato é que desenvolvimento econômico e qualidade de vida não são coisas recíprocas. Alguns países precisam de qualidade de vida, é caso do Brasil, alguns precisam de dinheiro, é o caso, por exemplo, da Argentina. Difícil será que nós sul-americanos busquemos juntos essas duas coisas. Por tanto digo eu, na minha humilde opinião, o MERCOSUL é uma utopia e existe apenas no papel.