Era uma noite de verão muito abafada ... sem nenhuma viração ... e brilhava no céu uma linda lua cheia que espraiava o seu luar por todos os recantos da praia, embelezando-os ainda muito mais ...  

Eu havia saído, com meu tio e com meu pai, para pescar de tarrafa ao redor de Paquetá e, começando na Imbuca, seguimos na direção da Praia dos Frades, mas logo tivemos que subir para a estrada porque a maré estava muito cheia e não nos permitia passar da Imbuca para os Frades pela praia ...  

E logo que subimos, cruzamos na estrada com Dona Corina, que vinha em sentido contrário e que cumprimentou o meu tio com uma longa saudação: 

  • "Boa noite, seu Augusto ... Como tem passado o senhor ? ...  E  Dona  Sambinha, como vai ? ... E Dona Jovina,  vai bem ? ... Recomende-me à elas e uma boa noite p'ra todos vocês ! ...".

( Sambinha era o apelido da minha avó, irmã do meu tio Augusto  e  Jovina  era a esposa dele ). 

E foi então que o meu pai perguntou baixinho para o meu tio: 

  • "Mas espera aí ! ... Dona Corina já não morreu ?" ...

E então meu tio levou o maior susto: 

  • "Morreu ! ... E já faz mais de um ano ! ... Então não era ela !"...

E voltamos os três correndo até o início da Praia da Imbuca para vermos se era mesmo Dona Corina, mas ... nem mais um sinal dela ! ... Havia desaparecido como que por um encanto ! ...  

Olhamos, então , uns para os outros e naquela noite a nossa pescaria acabou ali mesmo, sem nenhum peixe na balaio ...