Considerações Iniciais:

Percebemos a necessidade do Enfermeiro, desde a sua formação acadêmica, o desenvolvimento de uma consciência própria em relação aos problemas de enfermagem, objetivando a sua insatisfação de enfermeiro-paciente frente a consulta ginecológica e sua importância.

De acordo com a resolução COFEN-159/1993 o Art. 11, inciso I, alínea "i" da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e no Decreto 94.406/87, que a regulamenta, onde legitima a Consulta de Enfermagem e determina como sendo uma atividade privativa do enfermeiro.
A consulta ginecológica é uma atividade que proporciona ao enfermeiro, condições para atuar de forma direta e independente com o cliente, caracterizando dessa forma, sua autonomia profissional e favorecendo subsídiospara a determinação do diagnostico de enfermagem e elaboração do plano assistencial, servindo como meio para documentar sua pratica.

A consulta deve transcorrer com respeito, simpatia, gentileza e valorizando tudo o que a cliente no momento da entrevista (anamnese) trouxer; o enfermeiro deve comprometer-se com a cliente, mostrando interesse por toda sua situação de vida, por seus pensamentos, seu sofrimento e estar disposto à ajuda-la, buscando o estabelecimento de uma relação satisfatória para as futuras interações enfermeiro-paciente.

Marco Teórico

Para que a consulta ginecológica se torne um momento agradável para a cliente temos que estar cientes do que cada parte desta consulta se caracteriza:

·ACOLHIMENTO

[Do lat. *accolligere.]Dar acolhida ou agasalho a;Receber.Atender a; Dar crédito a; dar ouvidos a;Admitir, aceitar;Tomar em consideração; Abrigar,Refugiar-se, amparar-se.

O acolhimento está mais no ouvir e menos no falar, mais no receber e menos no fazer. Vários são os caminhos para nos relacionarmos com o outro.E como é difícil estar presente, ouvindo atento e disponível. Acolher, é sentir o outro por dentro, e assim, enxergar sua alma. É enxergar no outro o reflexo de si mesmo que pede o acolher e o precisa, mais do que de uma solução, um exemplo ou uma palavra, ainda que amiga.E como é poderoso o ato de acolher. Transforma quem é acolhido e ao mesmo tempo quem acolhe.

·CONSULTA GINECOLÓGICA

Além de checar se está tudo bem, o enfermeiro tem de aproveitar a consulta para tirar dúvidas e ensinar a mulher a se cuidar. Isso inclui métodos anticoncepcionais e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST's).

Anamnese: No contato com a paciente o enfermeiro deve sempre identificar-se, dirigir-se a ela pelo nome, demonstrar confiança, para que a inibição natural seja superada, e então ela revele suas dúvidas Quando a paciente estiver falando, primeiro ouvi-la, se possível olhando-a em seus olhos (nunca ficar de cabeça baixa ou fazendo anotações neste momento – coordenar tempo de ouvir e tempo de escrever) e, após seu relato, anotar os dados no prontuário. Lembrar que, quando a paciente o procura, ela se encontra enferma, com dúvidas, podendo até estar desesperada e confia ao enfermeiro seu bem maior, que é a sua vida, com a esperança de melhora e esclarecimentos. Portanto é necessário que, após a consulta, seja explicada, de maneira que ela entenda, sua patologia e não saia com a as mesmas dúvidas e preocupações que tinha no início do atendimento.Os dados colhidos devem ser registrados dentro de uma seqüência sistematizada, para melhor servir à interpretação. Assim, devemos abordar os seguintes itens:

Identificação - devem ser anotados os seguintes dados: data da consulta (usar o zero na frente quando o número for de um dígito – ex.: 01), nome do paciente, idade, cor , nacionalidade, procedência, profissão, estado civil, endereço e o nome do acompanhante e/ou de parente próximo. Os dados devem ser anotados em ficha clínica (prontuário – que recebe um número), e é exigido por lei.

Queixa principal - Onde se registra o sintoma motivador da consulta. É preferível transcrever fielmente, a própria expressão usada pela paciente É importante lembrar que nem sempre a queixa que a paciente apresenta é o que realmente a levou a procurar o médico.

História ginecológica - Deve-se anotar : idade da MENARACA, - INTERVALO entre as menstruações = I, DURAÇÃO (quantos dias fica menstruada) = D, QUANTIDADE do fluxo = Q, data da ultima menstruação = DUM , data da MENOPAUSA ( se for o caso). Independente do estado civil, a paciente poderá, ou não, ter vida sexual ativa. Se a tem, é necessário saber há quanto tempo (idade da primeira relação sexual), quantos parceiros já teve, se o ritmo das atividades sexuais é freqüente ou esporádico (quantas vezes por mês), se tem dispareunia (dor ao coito), se a libido e o orgasmo estão presentes. Estas informações nos permitem obter dados importantes sobre o psiquismo da paciente, além de se relacionarem com a possibilidade da existência de doenças sexualmente transmissíveis, vaginismo (causa de dor pélvica e queixa freqüente nos consultórios de ginecologia)

Contracepção - Os métodos anticoncepcionais usados devem ser anotados: o tipo e o tempo de uso. Em relação ao tipo do método, não devemos contentar-nos apenas com a informação do tipo do método anticoncepcional, mas complementar com a pergunta: como faz o seu uso? O tipo do método contraceptivo também pode explicar disfunções sexuais (ausência de orgasmo, presente quando o método utilizado é o coito interrompido ou diafragma por tirar a espontaneidade do sexo), alterações menstruais, como explicado na história ginecológica.

História obstétrica - Aqui é onde apuramos o passado obstétrico da paciente. Perguntamos o número de gravidezes (GESTA), de partos (PARA), abortos (AB). De acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), dá-se o aborto quando ocorre a interrupção da gravidez até a 20ª semana de gestação; parto, após a 21ª semana de gravidez, sendo que da 21ª semana de gravidez até a 36ªsemana é considerado parto prematuro; da 37ª semana até a 42ª semana de gravidez, parto a termo e, após a 42ª semana, parto pós-datado ou serotino. É muito importante saber quantos abortos teve se foram provocados ou espontâneos.

Deve-se perguntar também sobre a data do término da última gravidez, se houve alguma intercorrência durante a gravidez ( Doença Hipertensiva Específica da Gravidez –DHEG-, Doença Hemolítica Perinatal, Doença trofoblástica,), se a evolução do puerpério transcorreu dentro da normalidade ou apresentou alguma complicação (infecção, hemorragia), se a paciente amamentou, número de filhos nascidos vivos, natimortos (nascidos mortos), neomortos (nascidos vivos e com morte até o 28º dia pós nascimento), numero de filhos vivos atualmente, recém-nascidos com baixo peso (abaixo de 2500 gr), recém-nascidos macrossômicos (acima de 4000 gr), gravidez gemelar.

Sintomas mamários - Devemos perguntar se existe alguma alteração: derrame papilar, presença de nódulos, abaulamentos ou dor. A queixa de nódulo mamário é muitas vezes comprovada pelo exame físico. Devemos também perguntar se a paciente tem o hábito de fazer o auto-exame das mamas.

Sintomas urinários - A contigüidade da uretra, da bexiga e da porção pelviana dos ureteres com os órgãos genitais, faz com que sintomas urinários apareçam como queixa frequente nos ambulatórios de ginecologia. As pacientes referem disúria, incontinência urinária, etc. Esta última, quando a perda de urina ocorre no esforço, revela incontinência uretral. Infecção do trato urinário e litíase renal podem estar relacionadas com a dor pélvica.

Sintomas intestinais - A dor pélvica é sintoma comum na consulta ginecológica. Algumas vezes a dor não é de origem ginecológica, mas de constipação intestinal crônica. Portanto, a função intestinal deve ser sempre investigada.

Antecedentes cirúrgicos - Registrar cirurgias realizadas, pois suas existências podem estar relacionadas com algumas queixas ginecológicas, como dor pélvica (devido a aderências) bem como influenciar na escolha da via de acesso em caso da necessidade de um novo procedimento cirúrgico.

História pregressa - Várias patologias podem interferir na condição ginecológica e obstétrica da paciente. O conhecimento da história de doenças em sua família é importante para uma avaliação global dos riscos da paciente. Determinadas patologias apresentam uma predisposição familiar ou padrão genético de ocorrência e apresentam grande importância em ginecologia e obstetrícia, como a presença de câncer de mama ou ovário da mãe, gemelidade, etc

Objetivo Geral:

- Valorizar o acolhimento do Enfermeiro com a cliente na consulta ginecológica.

Objetivo Específico:

- Descrever como se dá o acolhimento na consulta ginecológica;

-Analisar os fatores que favorecem ou dificultam a concretização da consulta ginecológica de enfermagem;

- Listar os passos importantes para a consulta ginecológica

Metodologia:

Pesquisa bibliográfica em que resultou nesta revisão sistemática e que foi operacionalizada mediante busca eletrônica de artigos indexados em base de dados,a partir do cruzamento de palavras chaves relacionadas ao acolhimento de enfermagem na consulta ginecológica.

Justificativa:

Tal estudo justifica-se pelo fato de como a cliente percebea atuação da Enfermagem frente a consulta ginecológica. Sua vivência de acordo com a percepção da situação.

Pois essa consulta deverá ter seu momento terapêutico. A recepção desta cliente no consultório ou na recepção que será o diferencial, e isto se tornará a pré consulta de enfermagem.

Considerações Finais:

A consulta de enfermagem demonstra a importância no processo educativo, em que a participação do enfermeiro interagindo com a cliente, pode mudar a realidade através da educação em saúde.

A enfermagem não pode ser analisada isoladamente de suas raízes históricas, ao contrário deve resgatá-las e construir um novo acolhimento baseado em sua condição e tendo como sustentáculo o cuidado humano para ser obter resultados positivos.

Em resumo concluímos que, o que acontece num relacionamento é produto das pessoas que compõem o vinculo. O enfermeiro é uma pessoa adulta que lida com clientes que também são adultos e não um Deus onipotente que lida com seres inferiores.

Referências:

  1. CIANCIRULHO, T. I.; Um Desafio para a Qualidade de Assistência; 1ª Edição; São Paulo – Rio de Janeiro – Belo Horizonte; 2000
  2. MALDONATO, M. T.; CANELLA, P.; Recursos de Relacionamento para Profissionais de Saúde – A Boa Comunicação com Clientes em Consultórios, Ambulatórios e Hospitais; 1ª Edição; São Paulo.
  3. STEFANELLI, M.C. Comunicação com o paciente: teoria e ensino. São Paulo: Robe, 1993
  4. Rev. latino-am. enfermagem - Ribeirão Preto - v. 6 - n. 1 - p. 27-31 - janeiro 1998
  5. www.scielo.com, acessado dia 04/05/2008 às 18:45
  6. www.lilacs.com, acessado dia 06/05/2008 às 13:27
  7. www.medline.com, acessado dia 02/04/2008 às 08:38
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