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AÇÕES QUE PODEM CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DA EMPATIA NO CONVÍVIO SOCIAL.

 

ACTIONS THAT CAN CONTRIBUTE TO THE DEVELOPMENT OF EMPATHY IN THE SOCIAL CONVIVIALITY.

Bruna Moreira Silva *1

Daniel Silva Lélis *1

Helena Ester Cavazini*[1]

Ana Paula Barbosa*[2]

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RESUMO: O projeto de pesquisa “Ações que podem contribuir para o desenvolvimento da empatia no convívio social” foi desenvolvido no Centro de Convivência Infantil Ana Maria F. Oliveira, mantido pelo Centro Espírita Joanna de Ângelis e baseado em autores que falam sobre a empatia no convívio social. De acordo com Saarni apud Papalia; Olds; Feldman (2010, p. 359): “À medida que as crianças crescem, tornam-se mais conscientes de seus próprios sentimentos e também dos outros. Podem controlar melhor suas emoções e responderem ao sofrimento emocional alheio.”. Foi realizado a partir de metodologia dedutiva, observação, aplicação de dinâmicas e questionários. As dinâmicas foram aplicadas em crianças da faixa etária de 6 a 11 anos de idade, e foi possível observar o quanto simples atividades em grupo podem contribuir para a interação e desenvolvimento da empatia entre as crianças e voluntários. Através dos questionários aplicados aos voluntários foi possível fazer um levantamento das principais ações que o Centro de Convivência desenvolve relacionadas a empatia e concluir que o estímulo e a prática de boas ações são fundamentais para que então se possa desenvolver a empatia no convívio social de maneira efetiva.

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento da Empatia; Convívio social; Crianças.

ABSTRACT: The research project "Actions that can contribute to the development of empathy in the social conviviality" was developed at the Center for coexistence Childish Ana Maria f. Oliveira, maintained by spiritist Center Joanna de Angelis and based on authors who talk about empathy in the social conviviality.. According to Saarni apud Papalia; Olds; Feldman (2010, p. 359): "as children grow up, become more aware of your own feelings and also of others. Can better control their emotions and respond to the emotional distress of others.". Was held from deductive methodology, observation, application of dynamic and questionnaires. The dynamics have been applied in children of the age group of 6 to 11 years of age, and it was possible to observe how simple group activities can contribute to the interaction and development of empathy among the children and volunteers. Through the questionnaires applied to the volunteers it was possible to make a survey of the main actions that the Center for coexistence related develops empathy and conclude that the stimulus and the practice of good deeds are essential so that we can develop empathy in the social conviviality effectively.

KEYWORDS: Development of Empathy; Social conviviality; Childrens.

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INTRODUÇÃO

A empatia tem despertado o interesse de pesquisadores de diferentes áreas, tornando-se um campo de estudo multidisciplinar, abrangendo as áreas evolutiva, social, da personalidade e clínica (Eisenberg & Strayer,1992 apud PRETTE e PRETTE, 2011 p. 115).

O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um projeto de pesquisa, a partir da metodologia dedutiva, utilizando a observação e aplicação de questionários para esta análise apresentada, onde a partir dos dados coletados chegou-se a uma conclusão sobre a importância do desenvolvimento de ações que proporcionem a empatia no convívio social. Este projeto de pesquisa foi de suma importância para seus realizadores, visto que a pesquisa foi realizada a partir de um tema sugerido pelos estagiários, na condição de discentes do curso de Psicologia, podendo ver na prática a importância das ações que o Centro de Convivência Infantil Ana Maria F. Oliveira – local onde a pesquisa foi realizada -  proporciona aos seus membros.

Acreditamos que os ideais presentes neste projeto possibilitou uma pequena contribuição para a instituição, pois vão de encontro ao que a mesma já proporciona e procura proporcionar continuamente. Sendo assim, foi possível perceber o quão grande é a importância de o Centro realizar atividades lúdicas em grupo justamente para exercitar o desenvolvimento da empatia, tão necessária na vida do homem.

A partir dos questionários elaborados para a aplicação com os voluntários, foi possível destacar que a empatia é sempre buscada nas atividades realizadas pelo Centro de Convivência, pois proporcionam um melhor relacionamento entre as crianças. O resultado que será posteriormente apresentado se consolidou com a expectativa imposta pelo tema aplicado, contudo, apresentaremos todas as implicações que se deve na realização do projeto de pesquisa.

Sendo assim, cabe ressaltar o valor do estímulo e a busca pela empatia durante as atividades sempre que possível, para que se torne cada vez mais presente no cotidiano das crianças e também dos voluntários do Centro.

REFERENCIAL TEÓRICO

Tendo em vista aspectos como o desenvolvimento humano, a competência social, e ainda, as boas práticas educativas, este trabalho observou ações que podem contribuir para o desenvolvimento da empatia no convívio social em crianças da terceira infância num centro de convivência infantil.

De acordo com Saarni apud Papalia; Olds; Feldman (2010, p. 359): “À medida que as crianças crescem, tornam-se mais conscientes de seus próprios sentimentos e também dos outros. Podem controlar melhor suas emoções e responderem ao sofrimento emocional alheio.”.

Sendo assim, é importante que às estimulem em atividades de grupo e também atividades socializáveis, para que possam ter, cada vez mais,uma contribuição importante no desenvolvimento desse sentimento.

Ainda na questão do desenvolvimento humano, em especial no aspecto psicossocial, Eisenberg Fabes & Murphy apud Papalia; Olds; Feldman (2010, p. 359) alega que:

      “A criança tende a se tornar mais empática e mais inclinada ao comportamento pró-social, [...] o que demonstra um sinal de ajuste positivo. Crianças pró-sociais tendem a agir apropriadamente em situações sociais, a serem relativamente livres de emoções negativas e a enfrentarem os problemas de modo construtivo.”

Outro ponto importante é a competência social em consonância com a empatia. Além disso, alguns fatores são considerados importantes para o desenvolvimento desses dois atributos em indivíduos, por exemplo, autoestima, inteligência, características individuais e capacidade em resolver problemas, além de apoio social externo dado por pessoas significativas, como, escola, igreja e grupos de ajuda. (GARMEZY e MASTEN apud CECCONELLO; KOLLER, 2000 p. 74.).

Com isso, a competência social torna-se uma virtude, pois, engloba valores pessoais advindos da relação com o outro, quer dizer, respeito, dignidade, entendimento de regras e desenvolvimento positivo da personalidade. No dizer de Cecconello; Koller (2000, p. 88) sobre a competência social e a empatia:

“A relação entre essas duas varáveis demonstra que, quanto mais empática é uma criança, mais competente socialmente ela é capaz de ser. [...] Proporcionar situações nos mais variados contextos (familiar, escolar etc.) para o desenvolvimento de características como empatia e competência social, assim como oferecer condições para o estabelecimento de uma rede de apoio social são formas de favorecer a resiliência.”

No ambiente escolar, boas práticas educativas contribuem sem dúvida nenhuma para o bom desenvolvimento do sentimento de empatia nas crianças. E sobre essas condições de ensino numa escola e os relacionamentos das crianças, o especialista Leite (2008, p. 42-43) acredita que:

“É possível que se vivenciem relações permeadas de sentimentos de justiça, cooperação, compreensão e valorização pessoal entre todos os membros e segmentos da instituição escolar (alunos, professores, coordenadores, diretores e funcionários). Deve-se acreditar que os esforços individuais podem frutificar as práticas coletivas, se conseguirem contagiar outras pessoas da comunidade escolar. Desse modo, promove-se uma ampliação das condições de interação vividas dentro da classe para um âmbito cada vez maior, em que as atitudes de compreensão, consideração, respeito e reciprocidade tornem possível a busca da realização de todos os envolvidos.”

Nas palavras de Pinheiro, (2006, p. 408), a escola “completa o quadro das influências mais significativas sobre o comportamento infantil e contribui de diversos modos para a formação do indivíduo por meio de desenvolvimento de comportamentos, habilidades, valores etc.”

Contudo, em virtude dos fatos comentados, somos levados a acreditar, que o sentimento de empatia e o seu desenvolvimento nas crianças da terceira infância, por mais que elas estejam na faixa etária onde esse sentimento amadurece enormemente, depende de um entrelaçamento de múltiplos fatores subjetivos e de uma boa estrutura escolar.

METODOLOGIA

A população de análise foi constituída de quatro voluntários do Centro de Convivência Infantil Ana Maria F. Oliveira, localizado na cidade de Franca – SP, além de grupos de crianças da faixa etária de 6 a 11 anos de idade que não participaram do questionário avaliativo, mas participaram de dinâmicas com os estagiários em turmas abertas. A partir de uma observação realizada pelos integrantes do grupo e com base na teoria que embasou o projeto de pesquisa, foi elaborado um questionário sobre as ações desenvolvidas no Centro e que podem contribuir para o desenvolvimento da empatia no convívio social, assim como a expectativa dos voluntários em relação ao trabalho que realizam e a mudança positiva de comportamento das crianças. Esse questionário foi aplicado aos 4 voluntários como instrumento de análise.

Os dados foram coletados no período de fevereiro de 2013 à junho de 2013 com a aplicação dos questionários aos quatro voluntários. Nas questões abertas foi possível observar também a contribuição positiva dos estagiários no trabalho realizado pelos voluntários no Centro de Convivência Infantil Ana Maria F. Oliveira.

RESULTADOS

Através do questionário aplicado aos voluntários foi possível avaliar as ações desenvolvidas pelo Centro de Convivência e que promovem o desenvolvimento da empatia no convívio social. Ao serem questionados sobre a maior contribuição do trabalho desenvolvido no Centro, 100% dos voluntários elencaram como primeira opção a alternativa que diz que através de um trabalho feito com amor, carinho e reciprocidade as pessoas conseguem desenvolver melhor suas potencialidades e consequentemente terem melhor desempenho na escola e em suas relações. Assim como elencaram a empatia como principal aspecto desenvolvido durante as atividades do Centro.

Sobre as atividades que o Centro proporciona com maior frequência estão presentes as atividades que estimulem a capacidade de produtividade das crianças, que exprimam a importância de respeitar pessoas e regras e aprenderem bons valores assim como atividades onde as crianças possam vivenciar relações de afetividade, respeito, cooperação e sensações agradáveis.

Ao serem questionados sobre a maior motivação na realização do trabalho voluntário foi considerado por maior motivação de todos em 1º grau de importância como “a interação com uma possível vivencia social distinta de seu ambiente de trabalho profissional”, e em 2º lugar “a intensificação de relacionamento e convivência com os alunos”.

A respeito das atividades onde mais se observa o desenvolvimento da empatia no convívio social, 100% dos voluntários elencou a alternativa “reforço escolar” como sendo a principal atividade proporcionadora de empatia no Centro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho nos mostrou o quanto à empatia e o afeto é importante no desenvolvimento e no convívio social, no caso deste trabalho, em crianças que estão na terceira infância. Também pudemos observar como estes sentimentos podem ser expressos em simples gestos.

Para o grupo, de modo geral foi muito rica e gratificante esta experiência, pois apesar dos trabalhos anteriores feitos com crianças, consideramos que cada experiência é única, e em especial neste trabalho, por se tratar de um tema pouco explorado. A cada visita à instituição aprendemos coisas novas e com certeza a colaboração dos organizadores do Centro de Convivência Infantil Ana Maria F. Oliveira contribuiu em suma para a realização da nossa pesquisa.

Sendo assim, no tocante ao desenvolvimento da empatia no convívio social, concluímos que esta se desenvolve com êxito quando é praticada em um ambiente acolhedor e repleto de amor e harmonia, como pode ser encontrado no Centro.

REFERÊNCIAS

CECCONELLO, Alessandra Marques and  KOLLER, Sílvia Helena. Competência social e empatia: um estudo sobre resiliência com crianças em situação de pobreza. Estud. psicol. (Natal)[online]. 2000, vol.5, n.1, pp. 71-93. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2000000100005>.Acesso em: 22 mar. 2014. 

LEITE, Sérgio. Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. 1ª reimpr. da 2ª Ed. de 2008.

PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W., FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. 10ª ed. Porto Alegre, 2010.

PINHEIRO, Maria Isabel Santos et al. Treinamento de habilidades sociais educativas para pais de crianças com problemas de comportamento. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2006, vol.19, n.3, pp. 407-414. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722006000300009>. Acesso em: 22 mar. 2014.

PRETTE, Almir Del; PRETTE, Zilda A. P. Del. Habilidades Sociais – Intervenções Efetivas em Grupo. Casa do Psicólogo. São Paulo, 2011.

UNIVERSIDADE DE FRANCA. Coordenadoria de Iniciação Científica. Manual de trabalhos acadêmicos: Franca, 2009.



*[1] Alunos do curso de Psicologia da Universidade de Franca, cursando o sexto semestre da disciplina de Laboratório de Pesquisa.

*[2] Professora Orientadora do Projeto, Docente do Curso de Psicologia da Universidade de Franca, Especialista em Didática, Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, Doutora em Serviço Social pela UNESP de Franca-SP.