ACIDENTES NÃO ACONTECEM SIMPLESMENTE

 

 

 

É quase sempre difícil tocar em certos assuntos em meio a uma gente que de certa forma encara a vida com algumas crendices e mesmo superstições. Além disso – temos sempre presente o grupo do “deixa disso” que no fundo acha que certas situações e ocorrências são perfeitamente aceitáveis para determinadas camadas sociais e que “mexer nisso” pode dar problemas. Apesar de toda esta gente – e do rol de desculpas e argumentos que tem – não podemos jamais deixar de lado a certeza de que acidentes não acontecem por acaso – menos ainda por interferências que fujam da nossa compreensão. Todo acidente tem suas causas e infelizmente parte destas causas tem origem em segmentos e escalões que não querem e não aceitam ver seus nomes envolvidos neste tipo de acontecimento. Mas apesar de tudo isso – dos supersticiosos – os indiferentes e o poder – na outra ponta do problema tem gente ferida, incapacitada ou morta e isso cm certeza não pode ser tratado com algo a mais.

 

Nos últimos anos temos visto chegar as organizações um arsenal de ferramentas para a prevenção. Chamo de arsenal de propósito porque na verdade algumas destas coisas são verdadeiras armas. Vemos por ai organizações investindo muito para tornar a prevenção – ou aquilo que chamam de prevenção – mais moderna e eficaz. O grande problema e que talvez os investimentos e ações para mudança real de cultura não acompanhem e ai a velha e conhecida burla – o famoso e usual jeitinho – apenas mudam de forma e na verdade as mentiras tornam-se mais caras. O que acontece na prática e o seguir olhando de lado – sem decisão e sem coragem para enfrentar os problemas – muitas vezes até em nome da continuidade do negocio e da produtividade como se fosse possível isso ser real com gestores com este tipo de mentalidade. No fundo o que acontece de fato e que todos pagam para que alguns sejam preservados e a credibilidade cai por abaixo.

 

Temos por muitas vezes alertado organizações e profissionais quanto a esta pratica – visto que pouco a pouco as formas de controle externo e as relações que dizem respeito a estes assuntos estão ganhando nova forma em meio à sociedade. Com alguns equívocos que não tiram o mérito e a essência da iniciativa – a figura do nexo epidemiológico mostra uma direção onde as questões de responsabilidade terão que obrigatoriamente extrapolar os muros das organizações. Em pouco tempo não haverá mais como ter duas versões para a mesma historia e o resultado final custará dinheiro – muito dinheiro e com certeza todo o processo do nível onde explicações mal dadas e pouco convincentes sustentam as relações.

 

Vai chegando o tempo onde o velho e bom investigar acidentes vai ter que ser retomado com seriedade e com certeza em muitos casos – com a contratação de envolvimento de especialistas – isso cheira gestão de segurança e saúde de forma correta e verdadeira – infelizmente não por maturidade, mas pela necessidade que começa tornar-se real. E por isso mesmo é bom que comecemos a rever valores e conceitos – a entender de forma mais ampla a questão dos direitos envolvidos nesta questão e nos prepararmos de forma técnica e consciente para tais necessidades.

 

Se até hoje para você e para sua organização um acidente ou doença era algo que poderia ser tratado internamente - com processos de investigação que mais constrangem do que esclarecem e muitas das vezes levando mais em conta a necessidade de preservar a PLR da chefia do que entender de fato as causas como preconiza a boa técnica – acordem! Este tempo está passando e logo não teremos mais que apenas debater o assunto com velhos conhecidos.

 

Longe das superstições certo é que tudo evolui – algumas coisas podem ate demorar mais – mas também seguem a mesma tendência. E nos, como profissionais devemos – para nossa sobrevivência acompanhar a evolução – e se não o fizermos – não vai ser para de coelho, ferradura atrás da porta ou galho de arruda que manterá nossos empregos.

 

 

Cosmo Palasio de Moraes Jr