"Chorei bastante. Fiquei assustada, com medo dos meus pais, da gravidez. Eu não sabia o que fazer nem a quem pedir ajuda...", Patrícia, 16 anos. Relatos como este esclarecem bem o que uma adolescente sente ao descobri-se grávida.

Se a família for capaz de acolher o fato com harmonia, respeito e colaboração, a gravidez tem maior chance de ser levada ao final sem grandes transtornos. A jovem grávida,principalmente a solteira e não planejada,precisa sentir segurança e apoio necessário para o seu conforto afetivo,o desenvolvimento saudável da gestação e o bem- estar da saúde do bebê.Infelizmente as famílias têm adotado uma postura diferente. Há rejeição, cobrança, punição e incompreensão. O que leva muitas garotas a sentirem-se profundamente sozinhas nesta experiência difícil e desconhecida que é a gravidez.Daí ,sem uma saída e quem as apóie,submetem-se a toda sorte de atitudes que,ingenuamente,acreditam que acabarão com o seu tormento.Que lhes trarão paz.E uma das soluções encontradas para livrarem-se da maternidade é através do aborto.

3 milhões de jovens recorrem anualmente a essa prática no Brasil. Desse total, quase 500 mil acabam morrendo. E mais de 250 mil vão para nos hospitais públicos devido a complicações provenientes do aborto. Quase três mil na faixa etária dos 10 a 14 anos .Por em nosso país essa pratica ser crime ,as jovens não podem contar com auxílio hospitalar especializado.Por isso o procedimento é feito sempre em condições precárias,deploráveis.Pondo em risco suas vidas em risco e o seu corpo a mutilações irreversíveis.O aborto clandestino é 4° causa de mortalidade materna no país,responsável por 10% dos óbitos. Não que as garotas de esferas mais altas não fazem uso do aborto,ao contrário,fazem sim, e muito; mas no caos delas os riscos são mínimos. O dinheiro de seus pais compra os serviços de médicos especializados em um ambiente higiênico, com a cobertura de antibióticos. Tudo às escondidas,evidente.A menos que seja feito no exterior.Geralmente nos Estados Unidos,onde o aborto é livre.

Já as meninas pobres a grande maioria, além das clínicas clandestinas, utilizam-se de métodos caseiros que uma "amiga" disse que dá certo. Usam de objetos pontiagudos para perfurar o canal do útero, remédios sem prescrição médica, chás de mamona, acidentes autoprovocados, etc. Os motivos que levam as adolescentes a cometerem tamanhas loucuras estão os casos de estupro, incesto, má formação do feto, pressão do companheiro, ser mãe solteira, não poder se ausentar do trabalho, já ter muitos filhos, depressão. Mas segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a falta de condições financeiras para criar o bebê que as forçam tomar a decisão de abortar. Das piores maneiras possíveis.

No entanto, independente de qualquer coisa, o fato é que empregar do aborto para tratar da questão é reflexo de uma formação familiar deficiente. Na maioria das vezes. Se os pais tivesse se preocupado em orientar adequadamente suas filhas,muito provavelmente uma das únicas preocupações que elas teriam seria a de melhorar a nota do boletim no próximo trimestre.Devido a questões culturais,vergonha,preconceito,muitos pais possuem dificuldade em falar de sexualidade para com as meninas.Se restringindo muitas vezes aos cuidados que elas devem tomar com relação a higiene no período menstrual.Temem que se conversarem sobre sexo estarão incentivando as gurias a transarem antes do tempo.Mas não é bem assim.É importante que se converse com as jovens sobre o assunto;Explicar que o sexo é algo natural,saudável,que pode ser bom e muito gratificante.Também não é necessário que se marque uma reunião formal para dar "aula" sobre sexualidade.É no dia-a-dia que se deve tocar no assunto.Aproveitando das brechas que surgirem nos filmes,nos seriados,nas novelas.Dizer como é fundamental utilizar o anticoncepcional,a pílula do dia seguinte,a camisinha.Além disso,e o que pode fazer toda a diferença,é aconselhar as adolescentes a escolherem parceiros que se preocupam com o bem estar delas.Rapazes que elas tenham certeza de que podem confiar.Que na hora "H" topem se proteger.

Esse diálogo aberto e maduro, realizado sempre que possível, sem dúvida estará salvando suas vidas. E poupando as meninas das terríveis conseqüências que um aborto pode lhes traze a curto, médio e longo prazo. Pois mesmo que a mulher sobreviva,nesse processo ela sempre sairá dilacerada,ofendida,ultrajada.Com o seu útero vazio mas o coração cheio de dor e remorso.Muitas também experimentam depressão,sentimento de culpa,vergonha e isolamento.Encontram dificuldade de concentração,tem pesadelos tenebrosos,algumas até pensam em ouvir de vez em quando um bebê chorando.Nos casos mais graves podem cogitar o suicido,abusar do álcool e cair nas drogas.

Para se recuperar a mulher precisa se sentir completa de novo. Sentir-se humana novamente. É difícil para elas olhar um bebê ou pensar em ter um sem que os fantasmas do passado retornem para atormentá-la.Portanto,é imprescindível que após o aborto a família dê o maior apoio possível a guria e a convença a procurar ajuda médica e psicológica.Tudo com muito amor,carinho e compreensão.

Sim, muitas mulheres não pedem para ser mãe. Tampouco querem engravidar. O que lhes é de direito.Como também lhes é de direito não criarem a criança.Só não é justo condenar a morte um inocente.Sem culpa alguma pela sua aventura sexual impensada.Isso é covardia.É não assumir as responsabilidades pelos próprios atos.Triste que a família não soube,ou pior,não se importou em lhe preveni-la contra os males de uma gravidez indesejada,e ela acabou deitando-se com um aproveitador qualquer.Ao menos que ela gere o bebê e o encaminhe para a adoção.Milhares de pessoas esperam ansioso para serem pais.Com os corações cheios de amor para dar.Portanto,o ato de dar sempre foi e sempre será muito mais humano e bem menos traumático do que abortar.


E você,caro leitor,o que pensa disso?