Atualmente, a busca por vantagens competitivas, que proporcionam às organizações e aos países maior competitividade, está cada vez mais maior. Satisfazer os clientes e consumidores, aumentar as vendas e participação no mercado e ter um bom resultado em termos financeiros são algumas das buscas constantes das organizações e países, que procuram maneiras de se diferenciarem dos seus concorrentes. A realidade de uma economia aberta desafia as organizações e os países a adquirirem capacidade para competirem em uma dimensão global. Eles estão sendo forçados a buscarem mecanismos para se tornarem cada vez mais competitivos, não apenas para prosperarem, mas também para sobreviverem. E, nos dias de hoje, citando como exemplo a potência da China e seus produtos super acessíveis e cada vez melhores em termos de qualidade, está mais difícil conseguir um bom desempenho. Diante deste cenário, é extremamente importante que as organizações e os países estejam sempre atualizados em termos de ciência, tecnologia e inovação, sendo esses três itens extremamente importantes e estrategicamente indispensáveis. Cassiolato e Lastres, no artigo “Sistemas de Inovação e Desenvolvimento: as implicações de política” fazem uma análise sobre o processo inovativo e revelam que muitos países, inclusive o Brasil, ainda utilizam de forma incorreta o conceito de inovação e, com isso, adotam políticas que não trazem resultados concretos para a economia. A revisão do conceito de inovação, que hoje é adotado por países mais desenvolvidos, foi fortemente influenciada pelo resultado de pesquisas empíricas que demonstraram a importância da cooperação entre os atores envolvidos no processo de inovação. Em outras palavras, a importância de redes formais e informais de inovação. Segundo os autores, as políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico devem considerar e atuar sobre os condicionantes do quadro macroeconômico, político, institucional e financeiro de cada país. Essa consideração é muito importante e deve ser utilizada nas políticas explícitas e não apenas se constituírem em políticas implícitas. Com o novo conceito, a inovação passa a ser o mais importante componente das estratégias de desenvolvimento e as políticas direcionadas a ela passam a ser vistas como políticas direcionadas a sistemas de inovação, sendo esse sistema um conjunto de instituições distintas que contribuem, através da interatividade e cooperação, para o processo de desenvolvimento da capacidade de inovação de um país, região, setor ou localidade. Um ponto muito importante também colocado pelos autores é que não adianta adquirir tecnologia de fora se no interior da organização não tiver conhecimento sobre como utilizá-la. Ter esse conhecimento, ou então adquiri-lo, é fundamental. A abordagem da realidade econômica sugere que a riqueza se origina do conhecimento e da criatividade e não de bens materiais. A acumulação de ativos ocorre por meio da incorporação de novas tecnologias que alterem o estoque de conhecimento, ou seja, por meio da inovação. O papel do Estado é extremamente importante para o desenvolvimento de um país. É preciso que ele adote políticas que sejam, de fato, eficazes na promoção de sistemas de inovação. As políticas que envolvem o dispêndio de recursos para as atividades de P&D são importantes, porém, não devem ser a única forma de intervenção do Estado. Mais importante do que os investimentos com as pesquisas, são os estímulos à cooperação e a interação entre os atores envolvidos. Um bom exemplo são parcerias entre universidades e empresas, na busca pela disseminação do conhecimento, sendo uma opção que contribui significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e inovativo de um país. Incentivos fiscais e financeiros também promovem um maior envolvimento do setor produtivo com as atividades de ciência, tecnologia e inovação. Portanto, é importante que o governo dê suporte, através das suas políticas públicas, para essa interação, ou seja, para essa visão sistêmica do processo de inovação, principalmente, visando a criação de novos empregos. Essa abordagem sistêmica, de acordo com Rocha Neto e Nehme, no texto “Gestão do conhecimento, sistemas de inovação e complexidade”, está diretamente relacionada com os sistemas de inovação que, por sua vez, se relacionam com a Gestão do Conhecimento e a Teoria da Complexidade. Por não se relacionarem apenas com questões de ordem técnica ou científica, mas também de ordem política, econômica, social, cultural, ética, entre outras, as inovações, necessariamente, requerem esse tratamento sistêmico. Assim como Cassiolato e Lastres, Rocha Neto e Nehme também defendem que a participação de um diversificado elenco de atores, interagindo em rede, é fundamental para o desenvolvimento de países e organizações, transformando ideias em inovação. De acordo com esses autores, para que essa interação apresente resultados efetivos é preciso gerenciar o conhecimento segundo a ótica da complexidade, o que significa dizer que ao aplicar a Gestão do Conhecimento é necessário ter um olhar menos redutor, ou seja, um olhar essencialmente inclusivo, que investigue as diversas dimensões para melhor compreensão de totalidades. Em outras palavras, para gerenciar o conhecimento, é necessário que o gestor possua uma visão holística, ou seja, a visão do todo. A importância da liderança, neste caso, é essencial para que se desenvolva uma cultura organizacional que envolva a gestão do conhecimento orientada às inovações. Sendo a educação e a comunicação condicionantes críticos para o sucesso das inovações, o desenvolvimento de competências dos colaboradores em todos os níveis é fundamental. Isto significa dizer que os líderes devem gerenciar o conhecimento, valorizando-o como um recurso estrategicamente relevante, que trará vantagens competitivas para a organização, assegurando a abertura de canais para a comunicação e inovação. Portanto, pode-se dizer que a Gestão do Conhecimento é de grande importância para o crescimento organizacional e também para as atividades de ciência, tecnologia e inovação, permitindo, deste modo, que o país prospere no cenário organizacional mundial. Os autores enfatizam a importância da inovação dizendo que “não inovar significa perder competitividade”. De fato, esta é uma verdade absoluta e deve ser considerada por todas as organizações. A organização que não inova e que não se atualiza em termos científicos e tecnológicos, não consegue sobreviver nesse mercado altamente competitivo dos dias de hoje. Mas inovar também significa correr riscos. E quanto maior o risco que se corre, maior é o potencial de ganhos. Ser pioneiro, nesse caso, pode trazer uma grande vantagem para a organização. Segundo os autores, as inovações podem trazer mais ou menos riscos, de acordo com sua natureza, podendo ser agressivas ou mais conservadoras. Mas uma coisa é certa: a conquista de novos mercados depende da aceleração das inovações tecnológicas, envolvendo também as tão importantes parcerias já mencionadas. Rocha Neto e Nehme, ao revisar a literatura sobre Gestão do Conhecimento e sistemas de inovação sob a ótica da complexidade e da abordagem sistêmica, concluíram que as atividades de Gestão do Conhecimento estão evoluindo para uma quarta geração, que envolve redes sociais e a gestão social do conhecimento. De acordo com as autores, essas redes tem a capacidade de auto-organização, sem gestão centralizada, que é obtida através da comunicação, envolvendo as interações. Esse conceito de redes é o mesmo que sistemas de inovação e compreende uma variedade de atores (empresas, universidades, governo, sociedade, etc) conectados, com a finalidade de desenvolver ou difundir inovações. Essa interação é de suma importância pois, de um lado, ideias são geradas e testadas nos ambientes de pesquisa e desenvolvimento, que pode ser dentro ou fora das organizações e, por outro lado, as inovações ou apropriação econômica ocorrem no âmbito das organizações, que as materializam por meio da oferta de novos produtos ou serviços ao mercado. Ou seja, nem sempre as ideias, que são posteriormente transformadas em inovação, seja em produto ou em serviço, nascem nas organizações que produzem esses produtos ou serviços. Geralmente nascem de atividades de pesquisa, que podem até mesmo serem realizadas dentro de uma universidade. Por isso a importância dessas parcerias e dessa interatividade. Diante disto, deve-se enfatizar a importância das políticas públicas de estímulo à cooperação, à integração, à conectividade e às trocas de informações para o desenvolvimento organizacional e o progresso do país, ou seja, políticas que promovam a abordagem sistêmica da inovação. Em outras palavras, políticas que priorizem os chamados “sistemas de inovação” ou “redes”. No Brasil, embora ainda prevaleçam as políticas que mais se relacionam à ideia linear do processo de inovação, alguns estudos já mostram que, gradativamente, as políticas têm superado essa concepção, passando a reconhecer sua natureza sistêmica. Porém, muito ainda há de ser feito para que o Brasil seja capaz de transformar as brilhantes ideias de nossos pesquisadores em produtos e serviços inovadores, os quais, de fato, contribuirão para o tão esperado progresso do país. REFERÊNCIAS: CASSIOLATO, José Eduardo; LASTRES, Helena Maria Martins. Sistemas de Inovação e Desenvolvimento: as implicações de política. ROCHA NETO, Ivan; NEHME, Claudio Chauke. Gestão do conhecimento, sistemas de inovação e complexidade.