ABC: CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADE

 

 

Aline Lindemann da Silva

Aluna de graduaçãoem Ciências Contábeis

ESADE – Escola Superior de

 Administração, Direito e Economia

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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo relatar como surgiu o Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC), que é um elemento-chave na gestão por atividade, por ter a capacidade de medir o consumo de atividade por produto em nível de unidades, lotes, projeto e utilização dos recursos gerais da fábrica. O conceito de atividade consumindo recursos, e de produtos consumindo atividades é fundamental para a visualização de como o sistema de operações se desenvolve e, o quê e como, adiciona valor no sistema produtivo, também será estudado, benefícios e restrições, sua estratégias de implementação e as semelhanças com as técnicas atuais.

 

1 Introdução

O uso do ABC está intimamente associado ao bom senso e ao fomento à criatividade. Taylor, Fayol, elton Mayo e tantos outros que contribuíram para o desenvolvimento da administração científica fizeram uso da analise de atividades para seus estudos de tempos e movimentos de organização do trabalho.

            Segundo alguns autores, o ABC já era conhecido e usado por contadores em 1800 e início de 1900. Já os registros históricos mostram que o ABC já era bastante conhecido e usado na década dos anos 60.

No Brasil, os estudos e pesquisas sobre o ABC tiveram início em 1989, no departamento de Contabilidade Atuário da faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, onde esta matéria é lecionada tanto no nível de graduação como de pós-graduação. ( NAKAGAWA, 2001, p. 41).

 

 

 

2 O que é o ABC

O sistema de Custeio baseado em atividade (ABC) abreviatura do inglês Activity Based Costing é de criação americana  tem por objetivo calcular com precisão os custos dos produtos e de cada atividade realizada na empresa, possibilitando uma melhoria nas decisões gerenciais. Este sistema procura reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, mas também pode e deve ser aplicado nos custos diretos  principalmente  na mão-de-obra direta mas de certa forma não haverá diferença significativa dos si temas tradicionais a diferença sim está no tratamento dado aos custos indiretos.

            Fenômenos importantes como o avanço tecnológico e complexidade dos sistemas de produção vêm fazendo com que as empresas tenham necessidade de melhor alocação dos custos indiretos, por terem uma grande diversidade de produtos e de modelos preparados na mesma planta, isto vem ocorrendo principalmente nos setores de indústria. Surge então a necessidade de um tratamento adequado na alocação dos CIP, aos produtos e serviços. Pois distorções toleradas no passado hoje em dia podem trazer enormes prejuízos para uma empresa.

2.1 Como usar o ABC

Para usar adequadamente o ABC, é necessário definir seus termos de referência como: Escopo, objetivos, produtos, gestão do projeto, recursos para o projeto.

Escopo: De fine o grau de envolvimento dos gestores das áreas operacionais.

Objetivos: É necessário observar se os objetivos de implementação serão atendidos pelo método, quais as necessidades que o ABC deverá satisfazer.

Produtos:Definido o escopo e os objetivos, elabora-se uma lista de produtos esperados pelo ABC. Exemplo: Custeio de produtos, componentes, montagem e lista de atividades e respectivos custos etc.

Gestão de projeto:   Esse próximo passo é para que se defina uma equipe de trabalho que se familiarize com facilidade ao método de custeio; define-se quantas pessoas farão parte da equipe e o tempo necessário para que se dedique ao projeto na urgência para que se obtenha os resultados esperados. Geralmente  a equipe é organizada com um comitê de apoio e suporte, um líder de projeto e uma equipe de implementação.

Recursos para o Projeto:“Os recursos a serem colocados a disposição do projeto de implementação do ABC são os necessários para cobrir os gastos com a equipe interna e complementares.” (NAKAGAWA, 2001, p. 53)

2.2 Por que usar o ABC

Deve-se usar o custeio baseado em atividade para que com ele os disperdícios das empresas possam ser eliminados. As empresas sempre tiveram a preocupadas com campanhas diversa e incentivos, como premiações para que seus empregados fizessem sugestões para o melhor andamento da empresa.

            Esse método procura mostrar quais são os produtos que realmente estão contribuindo com a margem bruta da empresa, isso para as empresas que possui uma linha de produção de grande diversidade de produtos e que para fabricá-los precisam de processos muito complexos; os gerentes tentam reduzir os custos, mas acabam tendo pouco efeito sobre o nível geral de gastos da empresa.

3  A estrutura do ABC

            Sua alocação é processada em dois estágios. A empresa realiza as atividades de acordo com seus recursos, agregando-as em centros de custos por atividades, em seguida são atribuídos custos aos produtos, que são determinados pela quantidade de recursos consumidos.

            Alguns desse recursos são proporcionais ao volume de produção, outros são proporcionais ao lote de produção ( setup, pedidos de compras), outros incidem na fabricação de cada produto (especificações dos produtos,processo de engenharia), outros ainda são registrados no período certo e se referem as despesas de operação da fábrica ( manutenção dos prédios, segurança, jardinagem).

            O sistema ABC, tem a finalidade de alocar aos produtos as despesas diretas e as despesas indiretas como se fossem diretas, sendo elas distribuídas em atividades por lote, em atividades por suporte dos produtos e atividades para suporte das facilidades. Essas bases de atribuição das despesas chamamos de direcionadores de custos, que reflete na parcela da procura que poderá incidir em cada produto. 

            Um exemplo bem simples é o que acontece quando a turma de ciências contábeis resolve sair para tomar umas cervejas e comer pizzas. O valor total das despesas é dividido pelo número de alunos presentes, portando, alguns pagam mais do que realmente consumiram enquanto outros pagam menos. Se neste caso fosse aplicado o método de gasto por atividade, cada um dos alunos deveria receber a sua conta individual de gastos, assim, cada um pagaria o que realmente consumiu.

3,1 Atribuições os custos ás atividade

            O custo de uma atividade deve atribuir todos os sacrifícios utilizados para a fabricação do produto ou prestação de um serviço, desde salários, encargos sociais materiais, depreciações energia elétrica, uso de instalações etc. É recomendável que de desmembre uma conta em verias sub-contas para melhor visualização dos recursos utilizados por diversas atividades, como por exemplo a mão de obra indireta que pode separada para  diferenciar as quantidades gastas para execução de cada atividades.  A atribuição de custos deve ser feita de forma mais criteriosa usando a seguinte ordem de prioridade

1° Alocação Direta, 2° Rastreamento, 3° Rateio

            Alocação Direta: faz-se quando existe uma identificação clara, direta e objetiva de certos itens de custos com certas atividades. Pode ocorrer com salários, depreciação, material de consumo, etc.

            Rastreamento: é uma alocação com base na identificação da relação de causa e efeito entre a ocorrência da atividade e a geração dos custos. Essa relação é expressa através de direcionadores de custos de primeiro estágio, também conhecidos como direcionadores de custos de recursos (isto é; de recursos para as atividades).

            Rateio: é realizado apenas quando não há possibilidade de utilizar nem a alocação direta nem o rastreamento; porém deve-se ter em mente que, para fins gerenciais, rateios arbitrários não devem ser feitos.

3.2 Atribuições os custos ás atividade primarias e secundarias

            No primeiro estagio de atribuição de custo ás atividades são classificadas em atividades primarias e secundarias, se existir atividades secundarias existe um estagio intermediário em que o custo das atividades secundarias é atribuído àquelas atividades.

4 - Identificação dos direcionadores de custos

 

Direcionador de custos é o fator que determina o custo de uma atividade. Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador é a verdadeira causa de seus custos” (MARTINS, 2003).            Existem dois tipos de direcionadores de custos, os direcionadores de custos de recursos e os direcionadores de custos de atividades.

            Os Direcionadores de custos de recursos identificam a maneira como as atividades consomem recursos e servem para custear as atividades, ou seja, demonstram a relação entre os recursos gastos e as atividades (MARTINS, 2003)

            Os Direcionadores de custos de atividades identificam a maneira como os produtos “consomem” atividades e servem para custear produtos (ou outros custeamentos), ou seja, indicam a relação entre as atividades e os produtos (MARTINS, 2003).

Exemplos de direcionadores de custos de recursos são: aluguel, energia elétrica, salários do pessoal do supervisor e mão-de-obra indireta, depreciação, material de consumo, seguros etc..

Assim que os direcionadores de custos de recursos forem definidos a atribuição dos custos direcionados para cada departamento às suas atividades correspondentes.

A distinção conceitual entre direcionadores de recursos e direcionadores de atividades, leva a distinção entre determinantes de custos e medidas de saídas de atividades.  A quantidade de direcionadores que se vai trabalhar depende do grau de precisão desejado e da relação custo x benefício. Os direcionadores variam de empresa para empresa, dependendo de como é e porque as atividades são executadas.

4.1 - Objetos de custo e lista de atividades

            Com a determinação dos custos por atividades primarias podemos atribuir aos produtos os custos proporcionalmente ao seu consumo conforme medido pelo seu direcionador de atividade. Antes de qualquer atribuição de valor os objetos devem ser identificados os custos e as demandas que esses objetos colocam na atividade. Direcionadores de custos são medidas quantitativas do resultado de uma atividade. A seleção de um direcionador deve refletir uma compensação subjetiva entre precisão e custo de medição (custo x benefício).

5. Considerações finais

CATELLI&GUERREIRO (1995) listam algumas deficiências do sistema ABC.

a) O ABC não viabiliza a tomada de decisões, quanto a preços, pois estes são ditados pelo mercado, através da lei da oferta e procura;

b) Não leva em consideração a análise marginal obtida pelo custeamento variável.

c)  O ABC não eliminou por completo o rateio de custos fixos. Esse rateio pode trazer alto grau de subjetividade;

d) O ABC não atende, em somatório de suas desvantagens, à legislação tributária, onde só é aceito, para fins fiscais, o custo por absorção;

e) O ABC é muito dispendioso na sua implantação, pois até o funcionário do mais baixo nível hierárquico precisa ser treinado, no que tange ao preenchimento de relatórios de fatos ocorridos;

f) A informação só é útil quando leva à ação, isto é, à tomada de decisão para corrigir desvios, ou seja, de nada adianta uma gama enorme de informações, por meio do sistema ABC, se, os gestores, não conseguem utilizá-las;

            Outra crítica feita por vários autores é que um sistema de custos mais sofisticado necessitaria de estrutura, base, avanços gradativos e mudanças na cultura organizacional da empresa. Assim, “um país em que a maioria das pequenas e médias empresas sequer possuem um sistema de custeio, torna-se difícil caminhar diretamente para um custeio por atividades”

(BERNARDI, 1997; ROCHA, 1995).

CONCLUSÃO

            Foi possível observar que, para uma empresa se tornar competitiva nos tempos modernos, se faz necessário a implantação do método de custeio ABC, para que seja possível fazer uma melhor análise dos custos dos produtos ou serviços oferecidos, e com o auxílio do ABM fazer um novo planejamento baixando os custos e conseguindo assim, oferecer um produto com a mesma qualidade com um preço melhor para o cliente e também com um retorno maior para os investidores.

Referências

COGAN, Samuel; Modelos de ABC/ABM, 1ª Reimpressão, 1998, ed. Qualitymark;;

DAVENPORT, T. H. (1994) Reengenharia de processos: como inovar na empresa através da tecnologia da informação. Trad. por Waltensir Dutra. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus.

MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

NAKAGAWA, M. (1991). Gestão estratégica de custos: conceitos, sistemas e implementação. São Paulo: Atlas.

NAKAGAWA,  Masayuki; ABC Custeio Baseado em Atividade, 2º edição, 2001, ed. Atlas;

BERNARDINI, J. Política e formação de preço: uma abordagem competitiva, sistêmica e integrada. São Paulo: Atlas, 1996.

CATTELI, A.; GUERRERO, R. Uma análise crítica do sistema ABC – ACTIVITY BASED COSTING. In Revista Brasileira de Contabilidade, nº 91, 1995, p. 16-23.