Gênova, Ana Cristina Saraiva

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Leite, Polliana Benassi Ribeiro De Souza

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A VOZ FEMININA NA LITERATURA

 

RESUMO

 

Devido as mudanças ocorridas com as mulheres durante os anos, com sua luta, sofrimento e algumas conquistas, será realizado um estudo sobre esses aspectos da mulher na literatura. Desta forma tentaremos mostrar o sofrimento das mulheres no decorrer dos séculos.

Palavras-chave: opressão, mulher, literatura e morte.

ABSTRACT

 

Due to changes which have happened to women for years, their struggle, suffering and achievements,

Key words: oppression, women, literature and death.

 

INTRODUÇÃO

Com a finalidade de desenvolver um trabalho satisfatório e diferenciado sobre literatura, tentaremos mostrar a importância da mulher na literatura, no mundo literário e no decorrer da história. Visando as suas tentativas de ganhar espaço no mundo e as pressões vivida por ela perante a sociedade e a família. 

Desta maneira durante a realização deste estudo, teremos como meta mostrar a literatura feminina durante os anos, desde a imagem da mulher nos primeiros séculos, até os dias de hoje com a mulher no papel de escritora. Acompanhando assim a evolução da mulher durante os séculos.

Desde a Idade Média a mulher vem lutando para conquistar o seu espaço no mundo e  obviamente isto vem levantando questionamentos e reflexões entre estudiosos. Alguns destes questionamentos diz respeito em como a mulher desenvolveu-se no mundo literário.

Visto que há uma pouca exploração da mulher na literatura, esta monografia tem como intuito mostrar de uma forma objetiva os espaços da mulher e ao mesmo tempo, trazer alguns parâmetros da literatura feminina no que diz respeito ao aspecto a personalidade da mulher como escritora e personagem.

Sendo assim, este trabalho em nível biográfico, pretende resgatar o valor da literatura feminina, afim de abordar o histórico-cultural da mulher, discutindo o papel feminino na família.

A fim de desenvolver este trabalho sobre literatura feminina dividimos a monografia em três capítulo. No primeiro capítulo apresentaremos um estudo sobre o contexto histórico da mulher desde a Idade Média até os dias atuais, refletindo sua atuação em seu meio social e suas perspectivas de vida. Estudaremos também a evolução da mulher  dentro do mundo literário.

No segundo capítulo, apresentaremos a escritora Lya Luft, discorrendo sobre sua formação como escritora, sua vida e suas obras.

Em seguida, será apresentado um resumo sobre o livro “A asa esquerda do anjo” e uma análise da personagem Gisela, compreendendo algumas das suas frustrações como a opressão e a morbidez. .

Ao final da realização deste trabalho acreditaremos ter mais embasamento sobre esse assunto, nos tornando assim pessoas melhores.

 

  1. 1.      CONTEXTO HISTÓRICO DA MULHER

 

A história da mulher medieval mostra que a Idade Média não implantou o preconceito contra o sexo feminino, mas o incentivou ou até reforçou essa idéia.

Macedo, ao estudar sobre as condições das mulheres entre os séculos V e XV, observou que  os hábitos dos celtas, dos romanos e dos germânicos misturados à cultura cristã influenciaram a visão medieval da mulher. Assim formaram as tradições no ocidente medieval.

Segundo Macedo (1990, p. 10)

As estruturas jurídicas, políticas e administrativas do Império sobreviveram em Bizâncio. A liberdade da mulher também ai conheceu grandes limitações. Incapacidade jurídicas restringiam nas ao meio doméstico. Não podia exercer cargos públicos. Só podia requerer em justiça quando o direito reivindicado fosse estritamente do seu interesse. Não podia exercer os ofícios religiosos. Em sinal de submissão deveria manter sempre os cabelos longos. Não podia até mesmo falar nos lugares de culto.

Estes costumes foram diferentes entre os povos eslavos, pelo menos no século X. Quando solteira tinha certa liberdade do poder paterno e nas famílias poderosas, as mulheres escolhiam seus esposos e no casamento era repartido as responsabilidades e ela podia desfazer a aliança se não estivesse satisfeita.

As mulheres celtas, da Europa ocidental, desfrutaram em parte de sua independência. Elas possuíam autonomia   na   realização do   casamento  enquanto  solteira  e depois de casada tinha direitos importantes, mas essa autonomia dependia de sua classe social e de suas riquezas.

Disse Macedo (1990,p. 11)

As leis irlandesas, vigentes ainda na Alta Idade Média, previam três casos distintos na relação conjugal. Quando a esposa, isto é, a Cetmunter, provinha de família tão abastada quanto a do marido, desfrutava da relação em completa igualdade com o companheiro; tinha liberdade nas suas decisões. Quando a proveniência social fosse inferior, seus direitos eram bastantes reduzidos. Mas se a fortuna fosse superior era ela incontestavelmente a chefe da família, eliminando quase totalmente a autoridade do companheiro. Nesse caso ele era chamado de Ferfognama, quer dizer, homem de serviço, ou ainda Fer for ban thincur, ou seja, homem sob o poder de mulher.

A sociedade germânica teve suma importância na formação do povo da Idade Média. E por volta de 70 a. C. a mulher germânica era venerada e coroada como a rainha dos Bructeros. Mas entre os séculos V e VII há uma regressão da mulher na sociedade, esta fica judicialmente sem personalidade, sendo o marido ou o parente do sexo masculino mais próximo o seu responsável e esta regressão ocorreu a partir da implantação dos códigos de leis barbaras.

Nesta época a mulher dispunha de bens e não podia administrá-los e ao casar perdia o direito de herdar a herança do pai e do marido. Só era dona dos bens recebidos pelo casamento.

Entre os séculos X e XI a estrutura familiar sofreu alterações em relação ao patrimônio. O filho mais velho herdaria a  maior parte da herança e os outros filhos eram privados de seus bens.  As filhas eram excluídas da herança, só quando casavam recebiam uma carta de Spensalicium certificando dos bens que seu marido iria administrar e ao ficar viúva só tinha direito aos bens doados pelo pai e o contradote ( marido ).

Apesar das desvantagens que a mulher sofria com o casamento, era importante ela se casar. Dava-lhe status e para o homem era de grande valia, pois o tornava seniores, ganhando posição social, respeito e poder e se a moça não tivesse irmãos, ele poderia tornar o chefe da família. Assim as estratégias matrimoniais permitiam a reprodução da ordem social e da política.

A respeito do casamento, convém lembrar que

O  casamento era antes de tudo, um pacto entre duas famílias. Nesse ato, a mulher era o mesmo tempo doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a obediência, a submissão. Solteira, era identificada sempre como Filia de, Soror de. Casada, passava a ser personificada como Uxor de. Filha, irmã, esposa: servia de referência ao homem a que estava sujeita ( MACEDO, 1990, p.15 ).

Durante 1140 a 1282, algumas mulheres nobres conseguiram livrar parte da sujeições do casamento que viviam e para isto pagaram somas altas aos funcionários do rei. Isso encontra se no documento English Exchequer Rolls. Nesta época não havia sentimento de amor e afeto nos matrimônios, pois na concepção ético-social, esses sentimentos não eram compromissos e juramentos do casamento. 

No decorrer dos séculos XI e XII, a igreja procurou disciplinar a união dos leigos, esperando assim reter a fornicação e a sexualidade. O casamento foi transformado em um sacramento pela igreja e a virgindade deveria ser mantida antes da noite de núpcias e o ato sexual só deveria haver com a intenção da procriação. Mas isto acabou acarretando dois problemas comuns: a prática da concubinagem e os casos de repúdio.

Por outro lado, as famílias para evitar a diluição  do  patrimônio,   começaram   a

realizar casamento entre parentes. A igreja no começo estabeleceu um grau de parentesco, qual diminuiu, mas com o passar dos anos, a igreja ameaçou os infratores com penas canônicas severas e conseguiu implantar a idéia de que o casamento é indissolúvel.

Sobre o ritual do casamento pouco se sabe como eram realizados entre pessoas pobres do campo e da cidade. Encontra dados dos casamentos nobres, que era público e privado no mesmo tempo.

Ao que refere aos casamentos nobres, é interessante lembrar que

Privado porque representava em última instância, a união de duas  parenteias, concretizando-se o ato apenas com a intervenção dos familiares a tornava – se pública porque, no momento da cerimônia, os nubentes e seus familiares estavam cercados de espectadores que deviam aclamá-los, testemunhando a veracidade do ato e dando seu assentimento. (MACEDO, 1990, p.18).

As considerações do casamento foram mudando, os padres começaram a participar, pois até neste momento eram realizado nas casas dos nubentes e o oficiante era o pai do rapaz. No século XI , a cerimônia começou a ser realizada às partes da igreja, depois, dentro dela.

A mulher era vista pelos religiosos como sexo inferior, portanto o homem era imagem do Todo-poderoso e a mulher uma imagem secundária. Então no casamento o homem e a mulher se união, mas a mulher não poderia ser igualada ao homem, pois este era o dominador e a ela a dominada. No que se refere a mulher e a dominação do homem sobre ela é bom lembrar que “considerada a responsável pela queda da humanidade no pecado, a dominação do esposo sobre ela e as dores do parto eram vistos como o seu castigo.” (MACEDO, 1990, p.19).

     Prazer carnal era condenado pela moral cristã, portanto a mulher não poderia expressar seus prazeres ao marido e além disso, o contato carnal era estabelecido pela igreja. Se o casal não cumprisse as normas da igreja sofria penas religiosas. Qualquer método contraceptivo era culposo e a copulação era proibida em todos os  dias de festa religiosas, no ciclo menstrual, na gravidez, na quarentena após o parto e durante todo o aleitamento materno.

A prática do sexo deveria ocorrer na posição natural, com a mulher deitada de costas e o homem sob ela. As outras posições eram consideradas escandalosas. Segundo os moralistas, o casamento exigia obrigações e a conjunção carnal era uma delas. A mulher só daria ao homem essa obrigação, se ele exigisse explicitamente e o homem deveria fornecer a esposa o que devia, logo que esta desse a entender pela expressão fisionômica. 

Mas não era obrigação do marido fazer com ela chegasse ao orgasmo. A mulher deveria  chegar ao orgasmo fazendo carícia no próprio corpo. Após ele chegar ao clímax, interrompia a relação sexual, segundo Macedo (1990, p. 21), “por intermédio do casamento, o corpo da mulher tornava-se posse do esposo. Mas a alma, essa deveria permanecer na posse exclusiva de Deus.”

O marido não demonstrava sentimento de amor pela esposa, este sentimento era considerado adultério aos olhos da igreja e para os outros homens, quem possuísse tal sentimento pela sua esposa era considerado imaturo, fraco. O amor só era permitido para os homens solteiros e os casados nada os impedia de procurar o prazer fora de casa, segundo Macedo (1990, p. 21), “o sistema jurídico, que ligava, alienava, obrigava a reprodução da sociedade, especialmente na estabilidade dos poderes e das fortunas, não reservava espaço para a paixão, a fantasia  ou o prazer.”

Nesta época, a mulher para a família não bastava ser esposa ou viúva, ela tinha que ser mãe, pois a capacidade de gerar um filho garantia a ela um lugar na família e quando ficasse viúva, teria certa ascendência, ao menos moral sobre os filhos. No entanto, apenas um destino era lhe reservado, o casamento místico com Cristo.

Contudo, a mulher, na Idade Média, começou a conseguir sua liberdade através do tear e do bordado. Muitas tiveram que trabalhar para ajudar a sustentar a casa. A mulher, em certas fases da Idade Média, mostra esperança de vida, querendo ou não, elas tiveram que lutar para sobreviver, participando assim de algumas atividades econômicas.

As aristocratas conseguiram romper barreiras definidas pelo sexo. Essas mulheres tinham atividades importantes dentro dos seus lares, cuidavam da administração dos empregados, da fábrica de tear e da casa. Quando o marido não estava em casa, ela era responsável por toda a administração da família e pela proteção da casa. Ao ficar viúva, as obrigações eram passadas para ela – costume  comum para as mulheres ricas. As pobres não exerciam papéis administrativos, eram subordinadas pelas aristocratas nas fábricas.

As artesãs tinham que trabalhar para ajudar a família. O trabalho nas fábricas de tear era perigoso e muitas delas ficaram deformadas com os equipamentos que tinham que manusear todos os dias e as que trabalhavam nas casas das aristocratas sofriam humilhações de suas patroas. A respeito das estruturas familiares é importante lembrar que “ a estruturação da casa e das relações familiares lembram uma “pequena monarquia”. A esposa do senhor, a dama, comporta-se como o marido em relação aos seus dependentes, tiranizando as domésticas e no caso de ser sogra, menosprezando a nora.”(MACEDO, 1990, p.26). 

As mulheres conquistaram também o comércio, davam continuidade ao negocio de seu marido ou pai, muitas tiveram grandes destaques nos negócios dentro de seus países e nas exportações. Em 1291 e 1313, registros fiscais de Paris assinalam a presença de uma usurária, empréstimo a juro.

A marginalização da mulher na Idade Média não foi generalizada. Houve, portanto, mulheres que sobressaíram perante os preconceitos. Nesta época a mulher pertencia a categoria dos desprezados, ou seja, uma categoria até certo ponto integrada na sociedade. No entanto, algumas mulheres sofriam grandes preconceitos como as bruxas, as prostitutas e movimentos heréticos.

Os movimentos heréticos não eram constituídos apenas de mulheres. Algumas vezes os mencionados delírios se confrontavam com as normas estabelecidas pela igreja. Em 839, uma pseudoprofetas de  origem germânica chamada Thiota anunciou o fim do mundo para o mesmo ano. Ela foi presa pelo arcebispo Rabano Mauro, condenada e punida com a flagelação.

Outras devoções espirituais seduziram as mulheres, como as beguinas que constituíam de solteironas e viúvas. Essas mulheres deixavam suas famílias para virar voluntárias pobres, mendigas e errantes. A ortodoxia do grupo foi posta em dúvida pelo clero e em 1259, foram condenadas e as autoridades integraram-nas às ordens dos Franciscanos e Dominicanos e as que resistiram foram condenadas ao excomungamento.

Margarida foi importante líder intelectual beguina, disseminou os conceitos heterodoxos nas regiões de Cambrai, Chalons e Paris, condenada, em 1310, à morte na fogueira, publicamente e excomungada pelo bispo de Cambrai.

Os movimentos heréticos não têm confirmação de líder feminina, mas atingiu grande simpatia das mulheres e os depoimentos feitos aos primeiros tribunais mostram idéias heterodoxas entre elas. Os primeiros inquisidores de Toulouse Bernard de Caux e Jean de Saunt-Pierre, proferidas entre 1246 e 1248 condenaram 152 pessoas, sendo 30% mulheres. Muitas foram condenadas à prisão perpétua, outras a 15 anos. Quando as mulheres confessavam a participação das assembléia cátaras, as punições eram menores. Contudo, as condenadas deviam usar a partir da condenação um manto negro com uma cruz impressa que era a marca acusadora do pecado cometido. “Uma cátara perfeita podia prestar os mesmos serviços espirituais que um homem, tendo os mesmos direitos e o mesmo apoio que aqueles gozavam”(MACEDO, 1990, p.63).

As mulheres também foram perseguidas por bruxarias. Eram condenadas por adoração ao demônio, impotência dos homens, por atos sexuais abomináveis, pelo malefício de toda espécie. Os primeiros manuais de caça às bruxas apareceram em 1486 e um deles era o Malleuus Maleficarum, escrito por dois inquisidores da Alemanha, pertencentes à Ordem dos Dominicanos. “As mulheres com gostos ou atividades estranhas facilmente despertavam a atenção e dificilmente escapavam da perseguição”(MACEDO, 1990, p.67).

A prostituição no mundo rural era de forma desorganizada e ao vir aos grandes centros

se organizou e se desenvolveu. No mundo rural as prostitutas encontravam seus fregueses nas estradas e feiras e faziam companhia aos soldados durante as guerras.

No meio urbano, elas eram encontradas nas casas de mulheres ou centros prostitucionais, onde a fornicação era exercida livre e oficialmente. Muitas cidades tinham independentemente dos bordéis públicos, os termas ou estabelecimentos para banho, onde as pessoas reuniam-se e desfrutavam do prazer. Havia também os bordéis particulares que eram dirigidos pelas esposas ou viúvas de artesãos.

Só no direito bizantino, a prostituição foi condenada. As penas eram aplicadas no pai ou no senhor que introduziu a filha ou a escrava à prostituição. Esses corriam o risco de perderem os bens, serem presos e trabalhar nas minas do Estado. No que se refere as prostitutas  convém lembrar que “ o discurso das autoridades oscilou sempre entre a permissividade da atividade e a condenação das mulheres mundanas, atestadas por um lado a reprodução e por outro a indulgência da sociedade que delas se servia.”(MACEDO, 1990, p.73).

A situação da mulher  no Brasil, durante o período colonial, não muda muito. Ela era vista com os mesmos olhos, consideradas inferiores aos homens, comparadas às feiticeiras e às bruxas. Quanto à educação, recebia o mínimo necessário e suas aulas eram ministradas separadamente dos meninos.

No período colonial, as mulheres  eram  proibidas de  expressar seus prazeres e o

ato sexual era permitido apenas para a procriação. Em meio a tanta repressão, as mulheres aceitavam passivamente as condições impostas a elas. 

Quanto às escravas, estas andavam quase nuas e se prostituíam para seus senhores. Em 1709 foi proibido que as negras andassem à noite com roupas que incitava o pecado. Isso também ocorreu com as prostitutas brancas.

E na época colonial, se uma mulher fosse pega em adultério pelo seu marido, este poderia matar a esposa e o adúltero.

Como se pode ver, em todas as civilizações, desde a antigüidade existia a diferença entre homem e mulher e essa diferença era considerada divina. Portanto, o cristianismo acabou transformando o casamento na responsabilidade da continuidade da espécie.

Com o Renascimento, a mulher conseguiu usufruir do prazer sexual quase em igualdade com o homem e com o aparecimento do capitalismo, a família perdeu a idéia unicamente produtiva, mas deveria continuar sujeita às leis naturais, e a mulher foi classificada como rainha do lar, segundo Altoé (2001, p. 2), “a mãe “reinava” no lar e deliberava sobre questões imediatas dos filhos. Mas, em última instância, quem comandava ainda era o pai.”

A mulher no século XIX foi solicitada a trabalhar na produção fabril em condições inferiores. A partir deste fato foi surgindo movimentos de mulheres que reivindicavam reformas jurídicas relativas ao status da mulher e estas achavam que as reformas combateriam as discriminações vividas pela mulher. O movimento surtiu mais efeito entre as mulheres de classe média emergente que tinham como meta o direito de voto.

No final do século XVIII e início do século XIX, houve um movimento de aburguesamento, fato que levou a mulher de volta para o lar. Além de ser rainha do lar, tornou-se uma mistura de ama, enfermeira e professora. As mudanças que ocorreram no decorrer do século XIX teve um incentivo à identidade nacional e com a Proclamação da República (1889) surge a primeira constituição republicana, que relata o voto como direito de todos, dizendo que todos são iguais perante à lei, segundo Altoé (2001, p. 2), “não foi realizado na prática o que estava escrito na constituição. O voto ficou restrito somente para os homens alfabetizados.”

A mulher conseguiu direito ao voto, depois de muito debate e reivindicações, em 1932. Depois de dois anos, Berta  Lutz foi eleita deputada suplente e assumiu o mandato

na Câmara Federal em 1936.

Na década de 1970, começa a dar valor à cultura feminista e hoje já há vários debates nos meios políticos, acadêmicos e sociais. Intensifica a discussão sobre a crise e o descentramento da noção de sujeito, introduzindo, como debate central as idéias de marginalização e diferenciação. Isso no pós-estruturalistas. Já nas teorias feministas é colocado o processo histórico da construção e representação da categoria “mulher”.

O pós-moderno coloca a mulher em um pluralismo, subsidiário das ideologias neoliberais e da economia de mercado. Surge assim, as lutas pelas igualdades e pela construção de uma identidade feminina e a urgência de um pós-feminismo. No entanto, a identidade feminina está estruturalmente aliada com a economia humanística e com a estrutura da lógica patriarcal. No que se refere a identidade feminina é bom lembrar que “as noções de “linguagem feminina” ou mesmo de “identidade feminina”, enquanto construções sociais, exige a avaliação das condições particulares e dos contextos sociais e históricos em que foram estruturadas.” (HOLANDA, 1994, p.14).

A mulher ainda busca maior conceito no sujeito do feminismo dentro de um espaço ambíguo e exterior ao quadro das representações tradicionais. Portanto, este assunto está longe de ser esgotado no seu ponto de vista crítico e político, pois a mulher está em luta pelo seu lugar no mundo e na história.

1.1  PERSPECTIVA DA MULHER NO DECORRER DA HISTÓRIA

 

As perspectiva das mulheres durante os séculos vêem se caracterizando pela violência sofrida por elas. Essa violência é demonstrada nas tragédias gregas e romanas. Como na tragédia, Medéia foi apresentada no teatro de Dionísio em 431 a c., remetendo às práticas de magia, e à condição de vida das mulheres na sociedade grega durante o período clássico.

Eurípides, autor de Medéia, logo no início relata a tragédia da protagonista que foi abandonada pelo marido. Isso ocorre para promover a comoção do público, pois a infidelidade e a traição masculina eram temas comuns na sociedade grega.

No caso de Medéia, o agravante está no fato dela ser mulher estrangeira e ser exigido que ela ceda seu marido para outra mais jovem e de melhor condição social. Medéia se revolta e não aceita seu destino, prometendo vingança a Jasão, seu marido. A noiva, que era filha do rei e ao próprio rei, que a expulsou de Corinto.

Medéia como é dissimilada, finge aceitar o que é determinado pelo rei e demonstra isso para Jasão, mas tudo faz parte de seu plano de vingança. Medéia envia para a noiva de Jasão através de seus filhos um presente de núpcias que estava envenenado e assim mata a princesa e o rei. E não satisfeita com sua vingança, mata os filhos para que Jasão sofra o resto de sua vida.

Ao focalizarmos as tragédias, notaremos que as mulheres trágicas, ao mesmo tempo que perpetuam a família, são causas de grandes tragédias. Os crimes perpetrados pelas mulheres trágicas, tentando defender suas famílias, acabam destruindo-as, sendo causadoras de grandes crimes, segundo Chauí (1984, p. 26-27), “essa ambígua atividade-passividade das mulheres trágicas, que as faz ativas justamente no crime e na vingança, tem ainda a peculiaridade de nos ser oferecida não pelas próprias mulheres gregas, mas por homens que falaram sobre elas e as construíram como figuras místico-literárias.”

As mulheres de Roma não possuíam prenomes, sendo chamadas pelo nome do pai com desinência feminina. O direito romano introduzia uma ambigüidade nessas mulheres sem voz e nome. Elas possuíam direitos, porem como filhas, esposas ou irmãs, consideradas pessoas de direito privado, jamais de direito público.

Mas elas conseguem entrar no mundo público, como   agentes da   tirania se utilizando da sexualidade, segundo os historiadores romanos, as mulheres   são   capazes de se utilizar do corpo para uma política tirânica.

Na Grécia, a sociedade aristocrática cede lugar à pólis democrática. Assim, a  presença feminina fica quase anulada. Também há uma dimensão teológica na sexualidade que pode sugerir uma outra face na constituição da figura feminina que é a face judáico-cristã.

Na fase do primeiro milênio, com a espera do fim do mundo pelos cristãos, não havia para sexualidade ser vista apenas como procriação, porque não precisava mais perpetuar a espécie.

No início da Idade Média, o mundo não acabou e surgiram religiões não cristã. A atitude da igreja em relações à sexualidade era variada, dependia das necessidades locais e do ponto de vista das classes dominantes. A igreja defendia para as classes dominantes, o casamento casto, já para os camponeses era feito  o  teste   de   fertilidade

devido à necessidade de mão-de-obra, era indispensável essa condição.

Posteriormente surgiu a necessidade de uma dinastia. A igreja passou da imagem de um casamento casto para um casamento sem prazer, dizendo que relações com prazer era adultério. Inicialmente os atos sexuais explícitos e adultério eram considerados pecados, à medida em que o tempo passa, as noções de pecado vão sendo ampliado para todo o corpo, mesmo não havendo atos sexuais genitais, bastando imaginar para que haja o pecado. No que se refere a imagem sexual feminina é bom lembrar que “a modificação decisiva na imagem sexual feminina será operada nos finais do século XVII, situando-se nos antípodas da imagem medieval: de fêmea insaciável, a mulher se converte num ser quase assexuado, frígido, incapaz de prazer e de orgasmo, fisicamente constituído apenas para a procriação.” (CHAUÍ, 1984, p.30)

A uma conversão de diferença e assimetria dentro de uma relação hierárquica de desigualdade com fins de dominação, de exploração e opressão, como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como uma coisa. A mulher pode ser alvo de violência quando seus direitos morais forem desrespeitados e quando não respeitar seus deveres morais.

A cumplicidade das mulheres em receber e praticar violências decorre ao modo em que são vistas dentro de uma sociedade. A mulher é dependente economicamente de maridos, pais mas a responsabilidade dos filhos é sua. E isso acaba a decorrer na posição original das mulheres que é seres para outros.

É possível perceber que a ambigüidade  imperante  nas  relações  entre  mulheres

seja entre mãe e filha, patroa e empregada, sempre há uma disputa pela figura ausente do homem, sendo decisivo a presença masculina.

Também a pornografia é uma violência contra a mulher que são reduzidas à condição de objetos sexuais. A pornografia reduz o desejo ao prazer, dotado de formas e de conteúdos descartáveis. Tanto os homens e quanto as mulheres sofrem com essa deserotização que a pornografia provoca. Ao falar sobre as mulheres é interessante relatar que “parece absurdo falar numa violência apenas sobre mulheres, neste caso, é mais absurdo ainda falar numa violência das mulheres contra outras.”(CHAUÍ, 1990, p. 59)

As feministas têm observado que por meio da pornografia, mulheres são indiretamente violentadas em seus movimentos de emancipação, elas criam imagem da fêmea desejável, que muitas mulheres não podem realizar, muitas correm o risco da rejeição por parte de seus parceiros.

Na antiga pornografia, que vem da pornografia vitoriana, predominava a imagem de uma mulher masoquista que sempre estava pronta para entregar-se aos homens, segundo Chauí (1984, p. 59-60), “essa imagem era a versão perversamente ampliada das características sexuais atribuídas à mulher.”

Os movimentos de emancipação feminina sempre se apresentam em defesa das minorias e assim com suas ideologias liberais e conservadoras, as mulheres sempre são colocadas como minoria.

Podemos dizer que não há mulheres fazendo violência sobre outras mulheres, mas mulheres fazendo violência a si mesmas, incorporando para si um tema e um termo que as designa e as define como carentes da maioridade e da racionalidade. 

1.2   A EVOLUÇÃO DA  MULHER DENTRO DO MUNDO LITERÁRIO.

 

A literatura é rica nas suas manifestações e gêneros pode ajudar a retratar a mulher nas diferentes épocas literárias, mas as fontes literárias devem ser utilizadas com cuidado. As informações extraídas das obras literárias são limitadas por causa do caráter de quem as escreveu.

Muitas fontes literárias não visam mostrar com precisão as aspirações e a vida da mulher, acabam relatando apenas como elas deveriam ser aos olhos de quem escreveu.

A respeito da literatura, convém citar que

a literatura pode nos revelar apenas o ponto de vista  masculino sobre o “outro sexo”. Isso nos parece fundamental. Observando – a com olhos críticos, nas suas entrelinhas, ela pode se transformar num excelente instrumento de análise, fornecendo certos modelos idealizados, certos tipos de mulher, diferentes de acordo com a época e com o meio social do produtor e dos consumidores do gênero literário.(MACEDO, P. 42, 1990)

          O processo literário, em sua trajetória, vem passando por diferentes fases e para este estudo a literatura foi se parada em quatro Eras, sendo elas:

-    Era Medieval ( a partir do século XII)

            -    Era Clássica ( a partir do século XVI)

            -    Era Romântica ( a partir do século XVIII)

            -    Era Contemporânea ( a partir  dos anos 20)

Na Era Medieval a produção literária foi marcada pela influência dos clérigos e pelo espírito cristão.  A partir destas obras, a imagem feminina começa a ser elaborada.

Na literatura religiosa, dois conceitos de mulher se opõem: um da mulher essencialmente má e outro da mulher perfeita. No primeiro ponto de vista, a figura de Eva é a mais divulgada  e no segundo, a mulher mais relatada é a Virgem Maria.

No primeiro ponto de vista o  da mulher má, é retomado o drama de Adão e Eva no paraíso. Muitos pensadores não acreditavam que Eva fosse criação divina, preferiam pensar que ela era feita por Adão e assim uma mera projeção da criatura divina. “O homem, dotado da imagem divina (imago),  e a mulher, detentora apenas da semelhança divina (similitudo), forneceu aos teólogos uma prova da inferioridade natural do sexo feminino.(MACEDO, p.42, 1990) 

A discussão teológica tem como tema central o pecado original, que para a maioria dos pensadores Adão é inocente pela superioridade natural que o homem possui e para eles foi Eva a responsável pela  a  introdução do pecado  no   mundo ao  deixar-se

seduzir pelo satã.

Nos relatos da bíblia (Gênesis, cap. 3, 1-7)

A serpente disse à mulher: “É verdade que Deus vos disse ‘não comais de nenhuma das árvores do jardim?’”  E a mulher respondeu à serpente: “Do fruto das árvores do jardim, podemos comer. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse ‘não comeis dele nem sequer o toqueis, do contrário morrereis’”. A serpente replicou à mulher: “De modo algum morrereis. É  que Deus sabe: no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”

A mulher notou que era tentador comer da árvore, pois era atraente aos olhos e desejável para se alcançar inteligência. Colheu o fruto, comeu e deu também ao marido, que estava junto, e ele comeu. Abriram – se os olhos de ambos e viram que estavam nus.

No século V, Santo Ambrósio no De Paradiso isentou Eva e a mulher da responsabilidade do pecado, argumentando que a isenção é justificada pela própria natureza dos sexos. Para Ambrósio, a inteligência está relacionada ao homem e a sensibilidade, à mulher e, segundo ele, a inteligência é superior a sensibilidade, tanto uma quanto outra não podem caminhar sozinhas. No que se refere à  sujeição feminina é interessante lembrar que “no De Genesi contra Manicheos, considerava a sujeição feminina na ordem natural das coisas. O homem deveria ser governado apenas pela sabedoria divina. Ela, pelo contrário, deveria ser governada pelo homem tal qual o corpo deve ser governado pela alma; a razão viril deveria dominar a parte animal do ser.” ( MACEDO, 1990, p. 43)

Entretanto o tema do pecado original não foi utilizado apenas em obras religiosas, os escritores abordavam o tema em vários gêneros literários. Em 1150 e 1170, uma peça teatral foi escrita provavelmente na corte dos Plantagenetas e se chamava Jeu d’Adam. A representação deste drama mostra a forte mentalidade religiosa e aristocrática. Adão era representado como se fosse o vassalo de Deus, o paraíso era simbolizado pelo feudo, Eva aparece como vassala de Adão.

A peça teatral Jeu d’Adam deixa claro a inferioridade da mulher quando esta faz um monologo admitindo sua culpa e roga pela redenção da humanidade. Portanto, a peça quis mostrar que o bom vassalo conseguiu resistir o mal e a mulher ao mesmo tempo seduzida e sedutora foi responsável pela perdição de ambos.

São Jerônimo no século IV em seu tratado de Adversus bovinianum,  considera a mulher o princípio de todos os males e sedutora das almas puras do homem.  Segundo os ascetas, o pecado da luxúria residia unicamente no corpo feminino e na iconografia de inspiração religiosa e este pecado era simbolizado por uma belíssima mulher.

E no outro ponto de vista o da mulher-perfeição, onde a Virgem Maria está relacionada. A projeção de Maria  foi lenta perante os fiéis cristãos. E só no decorrer do ano de 431, sob a inspiração de São Cirilo no Concílio de Éfeso, Maria foi proclamada “Mãe de Deus” e a partir desse momento a  sua popularidade começa a  crescer entre os cristãos.

Santo Anselmo e Abelardo, no século XII, celebraram a nova Eva: a mulher-símbolo da pureza, da grandeza e da santidade. No tratado Cur Deus homo, Anselmo diz que a Virgem Maria, “Nova Eva”, era a fonte da redenção.

A respeito da Virgem Maria como fonte de redenção é relevante lembrar que

o nome da virgem era Maria.

E entrando, disse – lhe o anjo: “Alegra – te, cheia de graça, o Senhor está contigo! Ao ouvir as palavras, ela se perturbou e refletia no que poderia significar a saudação. Mas o anjo lhe falou: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás em teu seio e darás à luz um filho e lhe darás o nome Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo...Disse então Maria: “Eis aqui a escrava do Senhor. Aconteça comigo segundo tua palavra!”. (BÍBLIA, Lucas 1, 27 – 32; 38.)

Depois do século XII, a popularidade  do culto Marial é atestado em sermões, tratados e poemas escritos em louvor da Virgem e em relação aos textos, merecem destaques as narrativas de milagres, segundo Macedo ( 1990, p. 45 e 46), “trata-se de um tipo de literatura de inspiração religiosa de sentido moral edificante, semelhante aos inúmeros exempla criados pelos monges do século XIII. São textos escritos na maioria das vezes em língua vulgar e não em latim, com um estrutura narrativa simples, mas invariavelmente com um final onde reside uma lição de vida, uma mensagem para quem lia ou ouvia.”( MACEDO, p.45 e 46, 1990)

A estrutura narrativa dos textos de milagres são compostas quase que sempre pela ação de três personagens: o sujeito ou beneficiado pelo milagre, a Virgem Maria e o diabo. A seqüência narrativa dos milagres possui cinco partes, sendo a primeira, um pacto entre o sujeito e a Virgem, depois a descrição dos hábitos cotidiano do sujeito, a terceira parte, o centro da narrativa, que é a ruptura da normalidade a qual precisa da intervenção da Virgem Maria. A Quarta parte é a intervenção miraculosa e na última, pós-milagre, o narrador apresenta a conseqüência do milagre.

O sentido moral das narrativas está relacionado à castidade e à continência sexual. O sentido ideal de vida proposta era que o homem fosse casto e a mulher virgem. Nas miscelâneas de milagres mais   que puras, os religiosos   esperavam   que as

mulheres fossem sinceras,  segundo  Coelho ( 2001, p. 96), “pode-se notar que na base da posição “Virgem Maria vs. Eva” está o nervo central da ideologia cristã: o ato sexual definido não como função natural do corpo, mas como ato moral do espírito, da vontade, e sempre ligado ao pecado ( ao “certo” ou “errado”), conforme estabelecia o cânone religioso, que vai prevalecer na sociedade, até o século XIX, como verdade absoluta.”

E foi no século XII, na Galícia que surgiu a poesia trovadoresca que foi essencialmente aristocrática, profana e cortês. As cortes abrigavam artistas de toda espécie que eram responsáveis pela elaboração de textos com os costumes e hábitos dos seus protetores. Nas cortes começou a expressar um novo sentimento entre homem em relação à mulher: o amor cortês.  No que se refere ao amor cortês é bom lembrar que “ o  “amor cortês”, presente no gênero mais refinado do trovadorismo provençal – a chanson – indubitavelmente integrou a imagem da dama no jogo intelectual dos poetas. A chanson é sempre uma mensagem endereçada à mulher amada, a dama, ou um monólogo sobre o estado de espírito do trovador apaixonado.” (MACEDO, 1990, p. 49).

Na verdade era um jogo, um cavaleiro humilde ou solteiro, dirigi-se a uma dama casada de alta linhagem, muitas vezes, a esposa de seu senhor. O poeta canta o bom amor à mulher distante e inacessível.

Disse Coelho (2001, p. 95)

Tratava- se, pois de um amor idealizado, platônico ( embora, na prática, haja indícios de que tais amores não ficavam só na contemplação). Como todo jogo, havia também regras ou exigências a serem

cumpridas: o chamado “código do amor cortês”, que se difundiu por todas as cortes européias, adotado pelas aristocracias feudais, e mudou de maneira decisiva o comportamento amoroso.

Para os trovadoresco a mulher era uma referência, seu papel era inspirar e o tema central era o amor. O sujeito era o amante, o qual não se sujeita a mulher e sim ao sentimento.

A poesia trovadoresca foi responsável pela difusão da dupla imagem feminina positiva e negativa, por meio de duas formas poéticas a cantiga de amor e a cantiga de amigo.

Na cantiga de amor, o homem é que relata na forma de trovador enamorado o seu amor pela dama e este amor por não ser correspondido cousa dor, loucura e morte. Na cantiga de amigo, o trovador assume a voz feminina para cantar o amor total e proibido. Assim o homem retira de si o amor pecaminoso, pois ao escrever como se fosse uma mulher ele transfere a culpa para esta.

No século XIII, o desenvolvimento da lírica amorosa deve o apoio das mulheres nobres, como a rainha da França e posteriormente rainha  da Inglaterra, ela estimulou e financiou a criação de vários poemas e  obras históricas.

No norte da França, surgiram certos gêneros literários femininos criados por mulheres e um deles era a canção da malcasada, mas o gênero mais apreciado é o lai, pequeno conto desenvolvido por uma escritora famosa do século XII: Maria de France. Ela e as poetas do Languedoc, as trobairitz, foram as primeiras a usar a pena como veículo de expressão de idéias femininas.

A respeito do lai, convém lembrar que

os lais, escritos aproximadamente em 1167, contam histórias de amor. O papel das mulheres na estrutura narrativa dos contos é sempre decisivo. Raramente são as personagens principais. Os homens, cavaleiros, estão no centro da trama. Entretanto, a personalidade das mulheres merece atenção. Ao contrario da dama dos poemas trovadorescos, as heroínas criadas por Maria de France têm vida própria. Muitas vezes o  motivo do conto é conseqüência de uma ação feminina. (MACEDO, p. 80, 1990)  

Dois séculos depois das trobairitz, viveu a poeta Cristina de Pisan. Ela sempre estava voltada para a situação das mulheres, informando as mulheres das dificuldades da vida e preparando-as para enfrentarem e superarem os obstáculos.

Às vésperas do Renascimento tivemos grandes escritoras, como a Infanta dona Branca, nascida em Guimarães, no ano de 1259.  Faleceu no Mosteiro de Olgas, em Burgos, 1321. Deixou sua marca como mulher erudita, atenta à cultura do tempo. Apoiou o copista Rabbi Abner. Escreveu um poema em que narra a trágica morte de seu amor, o chefe mouro Aben Afan. O poema possui dez cantos e chama-se Dona Branca ou a Conquista dos Algarves ( 1826 ).

No decorrer do século XV, deparamos também com senhora dona Filipa, nascida em Coimbra, em 1497. Filipa era prestigiada pela família real por sua inteligência e pelo seu espírito político. Ela e suas damas compuseram cantigas que acabaram incluídas no Cancioneiro Geral Garcia de Resende (1516).

Neste mesmo século houve a Infanta dona Catarina, nascida em Lisboa em 1436 e falecida em 1463. Notabilizou-se na corte como dama erudita e grande tradutora do latim. Entre as traduções encontra-se: Da perfeição da vida monástica e da vida solitária e escreveu Regra e perfeição da conversação dos monges.

A Infanta dona Maria, chamada a Infanta Minerva, século XVI, nasceu em 1521 e faleceu em 1577. Dona Maria fundou uma Academia Feminina com o apoio do irmão Dom João III, em que as mulheres doutas do reino encontravam-se. Nesta Academia Feminina estava a Luiza Sigéa (espanhola que  aos 12 anos vai a Portugal e se notabiliza pela cultura, erudição e inteligência e foi mestra da infanta); Angela Sigéa; Públia Hortência; Joana Vaz; Paula Vicente (filha de Gil Vicente; perita em idiomas, canto, danças, pintura etc; entendida em arquitetura civil e autora do livro Arte da Língua inglesa e holandesa, para instrução dos seus naturais) e dona Leonor de Noronha (respeitada tradutora do latim: Eneida, Tratado de história de Job e Princípios de nossa redenção).

Sóror Mariana Alcoforado, a escritora feminina mais famosa de Portugal viveu no século XVII. O  que lhe fez famosa foi as cartas portuguesas que no total foram cinco cartas da mais extremada paixão e desespero, por ter sido abandonada pelo amado.

No século XVIII, Teresa Margarida da Silva e Orta em pleno Neoclassicismo, influenciada pelas idéias do iluminismo em gestação. Escreveu a novela com o pseudônimo de Dorotéia Engrássia Tavarede Dalmira em 1752, Aventuras de Diáfanes – máximas de virtude e formosura, com que Diafones, Clymenea e Hemirena, Príncipe de Thebas, venceram as mais apertados lances da desgraça. 

A marques de Alorna, poetisa, tradutora, epistológrafa, pedagoga e mulher de letras de rara erudição. Alorna  é enclausurada no Convento de Chelas durante dezoito anos pelo Marquês de Pombal, neste período inicia sua vasta produção literária, fundamentada pelas idéias pedagógicas do Iluminismo e  do Enciclopedismo franceses. Adota a poética neoclássica e o pseudônimo de Alcipe.

No Brasil sob o influxo de um Arcadismo tardio, a mulher surge na literatura brasileira como autora.  Esta  só aparecia como uma imagem inspiradora impura/pura construída na Idade Média e consolidada na era clássica.

Beatriz Brandão, a poetisa, dramaturga, autora de romances em versos e contemporânea dos árcades brasileiros, nasceu em Vila Rica (1779), viveu parte da vida no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1868, durante o Romantismo.

Beatriz foi confidente de sua prima Maria Joaquina Dorotéia, a famosa Marília de Dirceu. Chegou a ajudar em jornais cariocas, como o jornal Marmota e o jornal Guanabara. Escreveu o seu primeiro livro em 1856, chamado Cantos da mocidade.

A primeira poetisa repentista registrada foi Angela do Amaral Rangel, nasceu no Rio de Janeiro em 1725, onde faleceu.  Angela foi a única mulher a participar da Academia dos Seletos e entre suas publicações deixou Júbilos da América (1754).

A gaúcha Delfina Benigna da Cunha nasceu no Rio Grande do Sul onde faleceu em 1857. Delfina tornou-se uma poetisa conhecida em seu tempo e foi a primeira mulher a editar um livro de poesia no prelo rio-grandense. Poesias oferecidas às senhoras rio-grandenses (1834); Poesias e improvisos (1838); Florilégio da Infância (1842); e outros.

 Durante  o período romântico, nota-se a mulher presente na literatura e desenvolvendo questionamento sobre sua posição social, segundo Coelho (2001, p. 103), “é no período romântico – o do Brasil Império, sob o reinado de Dom Pedro II (1831 – 1889) – que a história literária registra presenças femininas atuantes, não só no âmbito literário, mas também no do questionamento da situação desigual em que vivia a mulher em relação ao homem.”

   Nísia Florista, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nasceu em Papari, Rio Grande do Norte (1809), viveu no Rio de Janeiro e em Paris onde faleceu (1885). Foi adepta a filosofia positivista e discípula do filosofo francês Auguste a Comte. Fundou um colégio para meninas no Rio de Janeiro. Foi abolicionista, indigenista, educadora militante e feminista.

Hoje com pesquisas sobre as obras desta escritora e tradutora, podemos verificar uma importante tradução que ela fez da possivelmente primeira obra feminina a ser publicada: Vindication of the rights of woman (1752) de Mary Wollstonecraft e em 1832 fez uma tradução livre do texto da inglesa com o nome de Direitos das mulheres e injustiça dos homens  alcançando grande sucesso.

Outra grande escritora da nossa literatura foi Narcisa Amália, nasceu no Rio de Janeiro em 1852 e faleceu no ano de 1924. Ela  deixou um livro de poesias: Nebulosas (1872), o qual alcançou sucesso de críticas.

Para a divulgação dos textos femininos a imprensa foi muito importante, foi através dela que as obras femininas alcançaram novas camadas de leitores e abriram acesso às mulheres que tinham o dom  para a escrita. O primeiro meio de publicação, provavelmente, foi o jornal carioca O Espelho Diamantino (1827) e desde então, foi fundando novos jornais, revistas literárias, folhetins, edições populares, tanto nas capitais como nas cidades do interior.

 Foi  nesse campo das publicações que a voz feminina começa a ganhar força e o mundo masculino via nesse desabrochar de publicações femininas apenas um capricho ou uma ameaça aos bons costumes.

Na década de 70 surge o primeiro jornal feminista, O Sexo Feminino. O objetivo  do  jornal era defender a educação feminina.  E uma das  feministas que se destacou nas publicações do jornal foi: Maria Amélia de Queiroz, em  1887. Maria Amélia também  colabora com o jornal A Família, editado e publicado por Josefina Alvares de Azevedo, este jornal era mais firme nas suas reivindicações, chegou a defender o divórcio. Josefina Álvares de Azevedo foi outra importante simpatizante do movimento feminista, escreveu uma peça teatral intitulada O voto feminino (1893), representada no Teatro Dramático do Rio de Janeiro.

A revista A Mensageira, foi dirigida por Presciliana Duarte de Almeida durante os anos de 1897 e 1900. Esta revista tem como eixo a educação da mulher, o voto feminino e o trabalho como instrumento de independência econômica.

No final do século XIX e no início do século XX, em pleno período da   belle-époque (romantismo, realismo, parnasianismo, naturalismo e mais a tendência do simbolismo) começa um ensaio de concomitância de tendências que mais tarde seriam um só discurso o pós- modernismo.

Surge nesta época grandes escritoras como Colombina ( São Paulo, 1882 – 1963), foi destaque na poesia do início do século XX e estreio com o livro Vislumbres em 1908, depois escreveu Versos em lá menor (1930) e o seu último livro foi Rapsodia rubra (1961). Ela centrou sua poesia no erotismo, tema tabu na época. “Fez da poesia a sua “bandeira de resistência” à opressão. Admirada por companheiros de geração (Martins Fontes, Vicente de Carvalho, Olavo Bilac), recebeu o apelido de “Cigarra do Planalto””(COELHO, 2001, p. 112)

Gilka Machado nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1893 e faleceu em 1980, foi uma das primeiras vozes feminina a romper o “decoro” público e exaltar o amor sexual, segundo Gotlib ( 1998), “além de reivindicar o direito de tomar decisões a respeito do próprio corpo e o direito de sua representação sob a forma poética, a poesia de Gilka Machado vai mais além: acusa os agentes opressores – os homens; e proclama a rejeição dessa forma reprimida de ser mulher.”

Gilka Machado estréia no livro Cristais partidos (1915), depois Estados d’alma (1917), Mulher nua (1922),  Meu glorioso pecado (1928),  Carne e alma (1931)   e Meu

rosto (1947).

A romancista, ensaísta, mulher de educação esmeralda: Albertina Bertha destacou-se no meio intelectual carioca no inicio do século XX. Foi recebida pela Socieda de Homens Letrados e tornou-se membro de vários grêmios culturais. Escreveu os romances Exaltação (1916), Voleta (1926) e Ele brincou com a vida ( 1938). O livro Voleta recebeu polêmicas, pois foi considerado um romance erótico e seu enredo compõe-se de educação libertadora, que é a educação oposta que a heroína do livro recebeu. Entrando assim em conflito os tipos de educação: a educação libertadora e a educação opressora.

Outra mulher que marcou época com seus desenhos e óleos de cunho foi Anita Malfatti  e na mesma época Tarsila do Amaral. Ela e seu marido inauguravam a arte pau-brasil, inventando um novo modo de olhar a realidade brasileira.

A escritora Rachel de Queiroz (1917) escreveu Caminho de pedras e O quinze. Este conta a estória de uma mulher que abandona o marido e vai morar com outro homem e enfrenta os preconceito da comunidade perante a sua decisão. Ela abriu caminho para o novo romance regional.

No inicio do século XX surge Cecília Meireles que foi a voz feminina no Modernismo brasileiro. Ela apresentava em descompasso com o novo, com a ruptura e a desordem, impostas pelo momento heróico do movimento de 22. Surge no início com os livros Espectros (1919), Baladas para el-rei (1921) e Nunca mais (1922).

A escritora foi muito importante para a literatura e suas obras estão voltadas ao ser humano e ao seu destino. Cecília está perfeitamente sintonizada com as forças contemporâneas.

Na literatura urbana dos anos 40, houve grandes escritoras, cujo os nomes são lembrados até hoje. Nesta época existia grande desencontro e desencanto nas grandes cidades. As mulheres fizeram nome, nessa grande esfera de conflitos. Um deles é de Dinah Silveira de Queiroz, nascida em São Paulo, 1910 – 1982, foi romancista, novelista, biografa, memorialista, jornalista e dramaturga. Dinah é considerada uma das grandes escritoras da elite. Em 1939 escreveu o romance Floradas na serra e foi a Segunda mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1980.

Lygia Facundes Telles nasceu em São Paulo (1923). É romancista, contista e ensaísta. Ela em 2000 foi considerada a primeira dama da literatura brasileira. Lygia estreou   com   os  contos  de  Criança  louca   sobre  um chão de brasas  e de  Porões e

sobrado  (1938). Foi a terceira mulher eleita pela Academia Brasileira de Letras.

O existencialismo no Brasil surge com Clarice Lispector, substituindo a preocupação ético-social pelo ético-existencial. Clarice publicou Perto do coração selvagem (1943) que foi reconhecido como o arauto na visão do mundo existencialista nos anos 60 e 70.

A partir dos anos 60, há um grande aumento de escritoras brasileiras e um amadurecimento crítico. Rompe com a imagem dual que a mulher vem trazendo desde a Idade Média e abre novos horizontes, assim do próprio eu para a esfera do outro, segundo Coelho (2001, p. 121), “daí que o eu-que-fala na literatura feminina mais recente se revela cada vez mais claramente como nós. O que quer dizer que, nestes últimos anos, os problemas limitadamente “femininos” têm-se alargado no sentido de se revelaram ilimitadamente humanos.”

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa deixa evidente que o desenvolvimento da mulher dentro do contexto histórico, da literatura e de livros escritos por ela, pode realmente colaborar imensamente no processo de desenvolvimento da mulher contemporânea.

Ao efetivar este trabalho acadêmico, após coleta de dados e reflexões sobre as mulheres ao passar dos séculos, nos debatemos com a eterna busca de independência dessas a custa de muito sofrimento.

Essa busca é a necessidade de se impor perante uma sociedade machista que o homem é considerado um ser superior com privilégios e condições melhores de vida. Assim muitas vezes não respeitando o direito da mulher e as tratando como coisas e não como pessoas.

Falamos das mulheres desde as épocas mais remotas até os dias atuais, mostrando toda sua luta para conquistar um espaço perante os homens e atingir alguns de seus objetivos no trabalho, na vida social e  na família.

Por meio de pesquisas bibliográficas, podemos assegurar a importância da luta do sexo feminino em busca de seu espaço no mundo e impor-se nele. E como muitas mulheres foram condenadas à morte devido a busca de melhores condições, pois eram consideradas feiticeiras.

Falamos também de algumas escritoras que foram importantes no decorrer da história em especial Lya Luft, uma escritora contemporânea que retrata o universo feminino com suas angústias e sofrimentos.

Em nosso trabalho fizemos uma análise do livro de Lya Luft A asa esquerda do anjo que é cheio de surpresas e acontecimentos, mostra o sofrimento de uma mulher discriminada pela família e oprimida pela condição de vida que está envolvida. 

Faz-se necessário lembrar ainda que o sexo feminino não encontrou o seu espaço no mundo em que vivemos e é importante incentivar a busca da identidade feminina. Esclarecendo o verdadeiro papel da mulher no mundo moderno e no mundo literário.

Acreditamos que um dia a mulher encontrará o seu lugar e formará uma nova consciência capaz de refletir sobre a realidade, sem influências carregadas de emoções, mas consciente de que é capaz de se destacar neste universo que vivemos. Desenvolvendo todas as suas características e sentindo o controle da situação e de todo o seu conhecimento sobre ela mesmo, e por isso esta não irá se comportar como um homem, pois irá usar todo o seu talento e experiência para encontrar e refletir sobre o assunto de seu interesse.

Sendo assim, essa pesquisa nos trouxe sabedoria e aprofundamento sobre a mulher no seu aspecto físico e psicológico. Esperamos que a pesquisa ajude outras pessoas a descobrir um pouco sobre o universo feminino  como nos ajudou.   

 

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