A vitória da ignorância coletiva
Publicado em 18 de setembro de 2009 por Ivan Postigo
Estados como o brasileiro e também empresas que atravessam grandes fases de desorganização por falta de conhecimento e ou negligência às práticas e normas de gestão vivenciam a uma situação que podemos denominar : ignorância coletiva.
Negligenciar é uma terrível forma de ignorância tendo em conta que os resultados desastrosos são previsíveis.
Ignorar uma tarefa tendo a obrigação e incumbência nos afasta do campo da razoabilidade e nos coloca no campo da petulância, onde nos julgamos acima do bem e do mal.
Esse tipo de atitude tem levado o estado brasileiro á bancarrota , como podemos ver com os descasos noticiados todos os dias e , ainda , colocado muitas empresas em situação falimentar , deixando muitas famílias sem trabalho .
Caberia num debate perguntar de quem é a culpa?
Sem dúvidas nenhuma e a resposta é extremamente simples : coletiva .Sim, a culpa é coletiva.
Vivemos em sociedade, não somos seres isolados, somos bombardeados todos os dias por informações e temos à nossa disposição inúmeros meios de manifestação , portanto quando um projeto coletivo fracassa a culpa é coletiva.
Há sim inúmeras situações em que nos sentimos impotentes , pois apesar de questionarmos erros de gestão medidas corretivas não são tomadas, contudo de uma coisa temos certeza : “À medida que provocamos debates vamos encontrando pessoas que já questionaram a situação anteriormente e vamos formando alianças “.Esta é uma verdade que poucas vezes poderá ser contestada.
Considerando esta afirmativa verdadeira , então por que razão correções não são efetuadas?
A razão e a petulância , dependendo do tema em debate , ora se afastam ora se aproximam e quando a questão poder está em jogo a linha que as separa é muito tênue.
Um homem não foi capaz de incendiar Roma , uma cidade inteira , por capricho?
Quantas Romas não foram incendiadas pela mesmo motivo ?
Sociedades organizadas costumam apresentar um nível menor de corrupção e desmandos administrativos, refletindo na gestão dos estados e das empresas.
Quando garoto ouvia minha mãe contar a história de uma estrangeira que veio morar em nosso país e quando seguia de trem para o trabalho , pela manhã , achava divertido jogar as cascas da banana que comia pela janela , pois em seu país não podia ter aquela atitude.
Hoje não jogamos mais cascas de banana, mas com uma freqüência enorme vejo rapazes tomando cerveja em seus carros e atirando as latas nas ruas .
Há pleno conhecimento da sujeira que isso provoca, da falta de lógica no ato, contudo a sociedade não se revolta e se omite.
Saímos deste exemplo para a negligência de funcionários com suas tarefas e descasos de patrões com suas empresas e com seus colaboradores .
Como consultor , quando faço um diagnóstico para organizar uma determinada situação vejo que 99% das soluções que vou propor já foram feitas no passado e não deram os frutos necessários.Por que deveria eu então acreditar que determinadas recomendações neste momento dariam resultados positivos?
O trabalho que vou realizar não será um trabalho isolado, portanto um trabalho coletivo, feito em sociedade, um trabalho que tem que ser debatido e aceito.
Uma vez aceito e tendo obtido o comprometimento das pessoas nossas chances de sucesso aumentam , pois estamos desde o início combatendo o maior dos males do trabalho em grupo : a ignorância coletiva.
O custo da ignorância de fatos pelo desconhecimento costuma não sair tão caro quanto pelo descaso e petulância .
As sociedades costumam se formar por identidade de comportamento , dessa forma espero que cada vez mais tenhamos sabedoria para não permitir a vitória da ignorância coletiva .
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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