- Óh Lyppy! Isto não vai dar certo!
- Vai sim Hardy ! Confie em mim amigão!

Para quem viveu a década de 70 assistindo a hiena chorona Hardy e seu inseparável amigo, o leão Lyppy, era um dos mais populares desenhos da Hanny Barbera. Deve hoje, ainda, passar em um destes canais a cabo por aí.

Mas, em nossa vida real, quem de nós já não conheceu, tem ou teve um amigo igual ao Hardy ? A hiena chorona?
Parece que a pessoa atrai tudo que acontece de ruim à sua volta e, nós, as vezes, somos a última réstia de esperança para elevar o "astral" daquele amigo(a).

A "Lei de Murphy", aquela que comprova que, se alguma coisa tiver a menor chance de dar errado, dará errado, foi feita para ela.
Um show musical qualquer. A pracinha da cidade lotada. Mais de 50mil pessoas para assistir. Um pombo. Teu amigo ao teu lado. A cabeça de qual transeunte será coroada pelo pombo, numa altura de mais de 20 metros? Sem dúvida seu amigo reclamará dizendo:
-Óh vida! Tudo acontece comigo. Sou um infeliz mesmo.
Mas, vamos pensar um pouco á respeito. Não há a menor dúvida que outras cabeças também foram coroadas pelo pombo. Apenas não ficamos sabendo QUAIS outras cabeças o foram, e por isto, achamos que só nosso amigo é que foi coroado.

A vitimização leva o indíviduo a pensar que existe um complô internacional das forças mágicas da natureza cósmica para deixa-lo infeliz, pobre, solteiro e para o time dele perder até mesmo em campeonato de bilboque. Ele é um "coitadinho."

Particularmente odeio a palavra "coitado", devido à sua origem, e procurarei, tanto quanto possível, evita-la.

Espraiando-se este tipo de comportamento para uma sociedade, temos então milhões de "vitimizados", sustentados por milhares de "não vitimizados". Ou seja, torna-se natural ter piedade de quem nada consegue por meio próprios, pela meritocracia.
Neste contexto nascem as campanhas de ajuda pela televisão, geralmente com artistas famosos pedindo colaboração para ajudar esta ou aquela entidade.

Longe de mim querer acabar ou pelo menos ventilar a extinção deste tipo de campanha. Muito pelo contrário. Apenas que o jeito de assim fazê-lo é que torna as coisas bastante difíceis.
Apela-se para o sentimentalismo piegas. Querem fazer com que eu me sinta culpado por não doar R$ 10, R$20 ou R$ sei lá quanto. Como se eu tivesse culpa do mundo ser como é. Ou seja: Eu sou um dos "não vitimizados" e por isto tenho a OBRIGAÇÃO de colaborar.
Oras bolas. Que obrigação que nada. Eu tenho sim que ser solidário. Tenho que pensar nos menos afortunados que eu. Tenho, como ser humano, a obrigação de ajudar, mas, não do jeito que fazem. Tentando me culpar por algo que, definitivamente eu não tenho nada com isto.

Tenho certeza que no teu ambiente profissional tem mais que uma pessoa deste tipo. Vitimada pelas circunstâncias.
O "fulano" reclama que o "sicrano", com menos de um ano na empresa. foi promovido 2 vezes e ganha 50% mais que ele.
Quando é oferecido ao "fulano" um curso de aperfeiçoamento qualquer, mas, que será num fim de semana, ele rapidamente dispensa, dizendo que já ganha pouco por aquilo que faz.
Já o "sicrano" agarra a oportunidade rapidamente. Faz todo o possível para aproveitar ao máximo a oportunidade de crescimento.
Quando o empresário vê o "sicrano" se esforçando para crescer e surge uma oportunidade de promoção, quem você acha que será promovido? Quem está melhor preparado para receber novos desafios e responsabilidades?

E o "fulano" continuará sendo somente mais uma "vítima".

Ah! Eloy, mas tem empresário que realmente não enxerga o esforço do funcionário! Por mais que o funcionário se esforce, ele não é reconhecido.

Concordo. Existem sim milhares de empresários "cegos", mas, não tenha a menor dúvida que o trabalhador estando bem preparado, ele logo seguirá para outra empresa. Para um BOM funcionário, não tenha a menor dúvida que surgirá outro trabalho para ele. Quem sabe, muito melhor do que aquele do empresário cego.

Todo empresário "não cego" quer o melhor para sua empresa, seus investimentos e, prioritariamente, para seus funcionários.
Já o empresário "cego" vê os funcionários como um "mal necessário" que ele tem que usar para atingir seus objetivos.. Aí então é o "empresário cego" que passa a ser a "vitima". Seus clientes só querem comprar da "desleal" concorrência. Os impostos estão matando sua empresa. O governo não ajuda em nada. A comunidade só gosta dos produtos e serviços de outras cidades-estados. E por aí vai... mais uma "vitima" do meio.

Nós somos as nossas escolhas e as nossas escolhas é que nos fazem ser como somos.

Não podemos deixar a responsabilidade de nosso sucesso ou insucesso nas mãos dos outros. Da empresa, do governo, da família ou de quem quer que seja. Como posso deixar algo tão importante quanto a minha felicidade sob a responsabilidade outra pessoa?
Eu tenho que assumir minhas responsabilidades. Eu tenho que fazer por mim mesmo. Não posso deixar que as "vitimas" me atraiam para o grupo dos "vitimizados" pela sociedade.

Um amigo tem uma chácara onde planta alface, cebolinha, salsinha e temperos diversos. Levanta às 05:00h da manhã para cuidar da horta. Joga água, aduba, colhe o que vai levar ao mercado naquele dia, prepara a camioneta e, quando é 09:00h da manhã já fez grande parte do serviço do dia. Ele trabalha, em média, 15 horas por dia. O desenvolvimento de sua "horta" cresce rapidamente.
Um belo dia, conversando com um vizinho deste meu amigo, ele disse que admirava muito o "horteiro". Que ele tinha muita sorte em ter aquela chácara, com uma família organizada e trabalhadora.

Ele, o vizinho, por sua vez, não tinha dado tanta sorte. A terra não ajudava. E ele não se dava muito bem com o dono do mercado onde o "horteiro" entregava sua produção.
Depois vim a descobrir, por meios outros, que o dito vizinho gostava de jogar cartas e geralmente trazia vários amigos para jogar na casa dele. Dormia até tarde. Era do tipo "não levo desaforo pra casa". Todos que pensavam diferente dele, eram "umas bestas". O seu comportamento PROFISSIONAL já não era condizente, conhecendo então seu comportamento PESSOAL aí sim que não dará certo mesmo.
Com estas escolhas, fatalmente sua chácara não irá crescer nunca. E ele continuará sendo mais uma "vitima". Do dono do mercado, da terra, do vizinho...

Temos a tendência de achar que nunca somos culpados por isto ou aquilo e, quando não existe um "culpado palpável" (dono do mercado, vizinho, amigos.) colocamos a culpa no "indefensável". Geralmente, governo, empresa e... Deus! É isto mesmo. Deus. Foi Deus que quis ou não quis assim. Raramente tomamos as rédeas de nosso destino e dizemos: Eu errei. Eu deveria ter feito desta ou daquela maneira e não fiz. E agora? Agora? Converse com quem sabe melhor que você como resolver o problema. Resolveu? Perfeito. Levante a cabeça, aprenda com os teus erros e siga a vida.

Outra tendência é o "não é comigo". Por diversas vezes fui a empresas perguntar, questionar, reclamar de algo e fui recebido com o famoso "não é comigo". Tudo que diz respeito a tua empresa e ao teu cliente é COM VOCÊ SIM.

Chame pra si a responsabilidade perante o cliente. Resolva o problema dele. Leve-o até quem pode resolver. Se não houver, realmente, uma solução, faça, gentil, educada e, principalmente profissionalmente o cliente entender a impossibilidade de atendê-lo.,
Tenha certeza que o cliente sairá da SUA empresa agradecido por ter sido bem atendido e não se sentirá mais uma "vitima" de uma empresa.
Não impute a responsabilidade do teu sucesso a ninguém mais que a você mesmo.

Só você pode trazer a felicidade até você.

Ninguém mais.


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Eloy Ribeiro de Souza, é Administrador de Empresas e pós graduado em Gestão Empresarial e Metodologia do Ensino Superior, além de diversos cursos complementares tanto no Brasil quanto no exterior. Palestrante, poliglota, com experiência de mais de 20 anos em comércio exterior, o que lhe possibilitou, a convivência rotineira com muitas culturas, e, por consequência, conhecer posturas pessoais e profissionais que, hoje,são temas de suas palestras por todo o Brasil.