A VISÃO INTERATIVA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E ABORDAGEM DE SUA CULTURA PARA ALUNOS DO ENSINO PÚBLICO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D´AJUDA


Daniella Hora Gouvêa


RESUMO

A questão das relações entre a Língua Materna (LM) e Língua Estrangeira (LE) tem interessado inúmeras áreas, principalmente a licenciatura de línguas. A aprendizagem de LE contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades lingüísticas, levando a uma nova percepção da natureza da linguagem, aumentando a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolvendo maior consciência do funcionamento da própria LM. A busca por uma técnica eficaz não resulta na substituição do método tradicional e pesquisas realizadas têm confirmado que muitos métodos ao invés de um único, contribuem para o ensino-aprendizagem de LE, neste caso, de Língua Inglesa (LI). Buscou-se embasamento em bibliografias reconhecidas, objetivando subsídios para desenvolver, de forma clara e sólida, um trabalho sério que resulte em soluções, as quais preparem o educador desde a vida acadêmica para a prática pedagógica. O presente artigo expõe a visão interativa como sugestão para a aquisição de LI, a partir da observação do material didático, dos recursos utilizados e da metodologia adotada, durante o ensino público fundamental. Verificou-se a linguagem, a cultura e as habilidades trabalhadas, assim como as dificuldades encontradas pelos educadores e pelos alunos.

PALAVRAS-CHAVES: Visão interativa. Ensino-aprendizagem de língua inglesa na escola pública. Tratamento de sua cultura. Perspectivas educacionais.


INTRODUÇÃO


O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise do ensino-aprendizagem da língua inglesa e o tratamento da sua cultura a partir da visão interativa para alunos do ensino público fundamental no município de Itaporanga D´Ajuda, na aquisição de uma segunda língua, verificando os aspectos abordados através do material didático e dos recursos utilizados para aprendizagem, elencando os principais problemas enfrentados pelo professor e as principais dificuldades dos alunos, com a finalidade de melhorar a qualidade do conhecimento adquirido, preparando o educador para a prática do ensino.
As referências bibliográficas pesquisadas na área deram subsídios para iniciar um estudo comparatório das condições do ensino de língua estrangeira na escola pública. As relações entre Língua Materna (LM) e Língua Estrangeira (LE), no caso Língua Inglesa (LI), não é recente e tem despertado o interesse de diversos profissionais como psicólogos, sociólogos e, principalmente, professores de línguas.
O ensino de línguas passou a ser centro de reflexões teóricas desde o final dos anos 60 e início dos anos 70, continuando a pontuar críticas e teorias até os dias atuais. Métodos começaram a ser discutidos por diversos estudiosos; leitura, gramática, lingüística e didática foram temas para críticas em diversos países, inclusive no Brasil. Pensando em realizar um trabalho científico tomando por base uma coleção de livros didáticos adotados em determinada escola pública municipal do estado de Sergipe, partiu-se do pressuposto que a interação, a abordagem das quatro habilidades (listening, speaking, reading e writing), priorizando a leitura e a interpretação de texto, poderia ser a técnica eficaz procurada por muitos pesquisadores. Mas para analisar as habilidades lingüísticas é necessário iniciar uma percepção da linguagem, com o objetivo de aumentar a eficiência da tarefa prática, na qual esse fenômeno ocupa um lugar central.
A linguagem humana é um fato cultural, concretizando-se em sistemas arbitrários de comunicação vocal ou línguas, que cabe à lingüística estudar em seus princípios diretores. A natureza da influência exercida pela ciência da linguagem no ensino de Inglês como LE, teve significação pedagógica devido à publicação da obra Teaching and Learning English as a Foreign Language, em 1945 por Fries. O plano proposto consiste na hierarquização dos termos "abordagem", "método" e "técnica", com o objetivo de sistematizar a descrição dos aspectos principais da metodologia do ensino de línguas.
Pluraliza-se a expressão "abordagem" para destacar o fato de não haver uma só maneira de encarar o fenômeno linguagem, sua aquisição (caso de LM), sua aprendizagem (a de LE) e seu ensino. "Abordagens" é um conjunto de princípios explícitos ou implícitos de vários campos ? que caracterizam uma variedade de métodos, ou seja, poderão referir-se também a outros fatos e não apenas à natureza do processo da aprendizagem e do ensino de LE. Mas focalizam-se apenas os princípios lingüísticos por serem estes os que moldam as atitudes do educador face ao fenômeno linguagem. O professor precisa entender que a existência de várias teorias lingüísticas irá beneficiá-lo por oferecer maior número de opções. Os responsáveis pela orientação, treinamento e formação de professores de inglês e de outras LE devem acompanhar a evolução das diversas abordagens ao fenômeno linguagem, porque as mudanças na perspectiva teórica correspondem novas ênfases na metodologia do ensino de línguas. Estes orientadores e formadores de futuros educadores deverão atuar como agentes catalisadores entre lingüistas e professores, cabendo-lhes a responsabilidade de transmitir, sob forma acessível, os princípios fundamentais da lingüística e os resultados das pesquisas desta ciência.
Nas bibliografias especializadas são encontrados inúmeros comentários sobre a influência da lingüística nos "métodos" de ensino de LE em geral e de Inglês, em particular. Os pontos de vista a respeito das relações entre a ciência da linguagem e os métodos variam bastante, conforme a formação e a experiência de cada observador, isto é, resumindo-os em três tipos de atitudes; os que negam uma vinculação necessária ou direta entre métodos e a lingüística, atribuindo ao ensino de línguas status de atividade pedagógica e artística, os que assumem uma posição intermediária, reconhecendo uma influencia parcial da lingüística na construção dos métodos, e os que chegam ao extremo de considerarem a lingüística como uma das fontes geradoras de métodos modernos. Deve-se ao primeiro ponto de vista salientar o fato de que, ao contrário do que comumente acontece, precisa-se esclarecer os fundamentos lingüísticos dos métodos de ensino do Inglês.
O exame de obras que abordam as relações existentes ao ensino de línguas serve para demonstrar a divergência de opiniões quanto à influência da ciência da linguagem nas "técnicas" de ensino, constatando que essas posições são as mais extremas, o que ao invés de contribuir, atrapalha o ensino-aprendizagem. A partir da análise feita sobre as diversas técnicas de ensino, a ciência da linguagem influi indiretamente no ensino de LI.
Não importa as abordagens, os métodos e as técnicas utilizadas se o livro didático adotado não apresenta orientação geral ao aluno, o que ele deve saber a respeito das características ou propriedades da língua e da aprendizagem desses sistemas; orientação específica de natureza descritiva a respeito da gramática e dos usos da mesma; seleção ou escolha do conteúdo lingüístico das lições; seqüência de apresentação dos exercícios gramaticais e a gradação deste conteúdo; aspectos da fala, da pronúncia; e textos comparativos, nos quais são expostas características da cultura dos falantes da língua em questão.
O processo de aquisição de Inglês, assim como o de qualquer LE, depende da relação entre linguagem, fala, leitura e, consequentemente, cultura, que originam as quatro habilidades da LI. Falar é um aspecto tão trivial da vida cotidiana que raramente o educador detém-se a analisá-lo, é tão natural ao homem quanto andar. O mesmo não se dá com a linguagem, uma vez que é evidente até certo ponto que o indivíduo humano está predestinado a falar, mas a linguagem é um método puramente não-institivo de comunicação de idéias, emoções e desejos por meio de um sistema de símbolos voluntariamente produzidos. O papel da leitura é de facilitadora, fazendo com que o aluno tenha acesso a textos da língua alvo, introduzindo-o automaticamente nos outros sistemas. A cultura, em outras palavras, é a massa tradicional dos usos sociais, uma função adquirida.
A visão interativa busca unir todos os elementos necessários para aquisição de língua inglesa, fazendo a interação professor-aluno e aluno-professor durante a prática pedagógica, através do livro didático e de recursos materiais que ajudam a desenvolver a criatividade e o respeito às diversidades culturais existentes no mundo. Uma maior familiaridade com outras culturas, outros povos e outras línguas despertam nos aprendizes o interesse pelo conhecimento, pela aprendizagem e pela disciplina trabalhada, no caso o Inglês, além de subtrair as tendências preconceituosas adquiridas pela sociedade.
Porém, durante o processo de aprendizagem o educador e o aluno enfrentam entraves que impedem o desenvolvimento da aquisição dessa língua, o que ocorre em maior intensidade no ensino público, devido às condições. Aos poucos, esta realidade refletiu a necessidade de buscar orientações voltadas as estratégias de ensino de LI, com a finalidade de preparar os futuros professores e auxiliar os profissionais ativos, para transformar o atual ensino de línguas sem abandonar o tradicionalismo inventando nova fórmula, mas implementando a sua estrutura, a começar na área de atuação, a escola pública municipal.


ADOÇÃO DE UMA ABORDAGEM INTERATIVA NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO


Diante da dificuldade encontrada durante os períodos de estágio supervisionado no ensino de língua inglesa, pode-se observar através da pesquisa teórica, as dificuldades encontradas em sala de aula, tanto pelo educador quanto pelo aluno. O tempo de ensino e contato com a disciplina, conforme a grade curricular, é insuficiente para proporcionar a aquisição de uma segunda língua, a falta de recursos, a ausência de livro didático para o aluno, a superlotação nas salas de aula, a desvalorização profissional e a falta de credibilidade com a língua alvo, formam os principais problemas do descaso com a educação. Então, buscou-se soluções para uma mudança intelectual, cultural e social no ensino-aprendizagem da língua inglesa.
Segundo BATISTA, OLIVEIRA, PORTO e SANTANA (2005), Essa escassez na carga horária vai se refletir de forma negativa em vários aspectos do curso, mas, segundo os próprios alunos, o pouco tempo dedicado ao inglês compromete principalmente o desenvolvimento da habilidade oral.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, os estudos cognitivos passaram a dar grande ênfase à importância que o conhecimento prévio do sujeito tem no processo de compreensão e retenção em geral. As tendências teorias, incorporadas aos modelos de ensino de segunda língua vinham ao encontro de uma tendência mais geral das propostas educacionais que, nessa época, advogavam a importância de centrar o ensino nas necessidades do aprendiz.
Considerando as propostas para aquisição de LI, pode-se dizer que estas diretrizes teóricas se, por um lado, colocaram em evidência o papel ativo que cabe ao professor durante o ato de ensinar, por outro lado, relegaram a um papel secundário o ensino formal da língua alvo, por faltar recursos para sua concretização. Qualquer professor tem responsabilidades grandes na renovação das práticas escolares e, consequentemente, na mudança que a sociedade espera da escola, na medida em que é ele que faz surgir novas modalidades educativas, visando novas finalidades de formação, só atingíveis através dele próprio. Porém, estas responsabilidades são divididas também com a sociedade, no sentido de cobrança e participação, e as esferas de governo, no investimento, atenção e respeito. Mas o educador não pode cruzar os braços após ter cumprido a sua parte, deixando a educação deficiente, então, o que fazer quando, em uma equipe, uma parte importante não contribui com o seu dever.
A adoção de um material didático completo, organizado e dinâmico não pode substituir o trabalho efetivo, mas sim complementá-lo, adequando-se as necessidades individuais do aluno e de um todo. O docente possui condições, pela inerência de suas próprias funções, pelo alcance e significado da sua própria existência enquanto educador, de ser o agente e construtor deste material, uma vez que cabe-lhe a fórmula da transformação e multiplicação do conhecimento.

Reconheçamos aqui ao professor uma competência fundamental a que chamaremos mobilizadora, decorrente do seu papel social e do seu conseqüente empenhamento na construção do futuro. O professor cumpri-la-á tanto mais eficazmente quanto mais conhecedor for de si próprio e dos outros e das relações que se estabelecem entre os indivíduos sociais. (ANDRADE e SÁ, 1992)

Essa certeza levou a busca pelo aprofundamento do conhecimento sobre a realidade pedagógica a que enfrentam os alunos da escola pública, uma vez que as instituições não adotam livro e/ou nenhum tipo de material didático, colocando para o professor toda a responsabilidade do ensino. Então, a elaboração de um material que pudesse ser eficiente não implicaria em uma bibliografia específica, o educador tem autonomia para preparar e escolher os seus recursos. Em outras palavras, o docente pode recorrer a textos diversos, a gramática e outros subsídios que estiverem ao seu alcance e, quanto mais for explorado, melhor a assimilação e aceitação da turma, acabando com o monotonismo. Para tanto, o educador precisa utilizar em sua metodologia a interação dentro das inteligências múltiplas. A orientação não é o uso mecânico da gramática, mas sim a descontração, a interação, a implantação de atividades lúdicas, experiências intrapessoais e interpessoais, além da leitura, produção e interpretação de textos.
A partir de um livro adotado, o professor possuirá direcionamento, através de um planejamento previamente preparado, impedindo-o de perde-se no meio do caminho e de confundir os discentes. É necessário que o trabalho com a língua seja de fato vinculado a um texto que lhe confere um contexto de significação. Percebe-se também a necessidade de adotar uma abordagem lingüística mais funcional, a qual o permita vincular as normas lingüísticas ao processo de produção de sentido.
O módulo inicial deverá ser composto de unidades que explorariam a leitura de um texto, elegendo itens lingüísticos de acordo com o planejamento das aulas, bem como a construção de exercícios didáticos para fixação. Por exemplo, um item a ser focalizado será o "verbo", dentro de uma orientação que visa instrumentalizar o aluno para um trabalho consciente de análise lingüística. A partir do verbo os alunos poderiam trabalhar a segmentação básica da LI, uma estratégia que pode ser útil no processo de aquisição dos padrões de oração da língua, na tentativa de explorar, simultaneamente, tanto as estratégias de leitura quanto a conscientização das normas que regem o uso da língua alvo.
A aprendizagem deve ser considerada pelo aprendiz uma solução de problemas, fazendo com que o exercício passe a ser dinâmico e prazeroso. A atividade deve apresentar ao discente uma situação na qual ele terá que responder questões sobre aspectos que eram, até então, provavelmente inusitados para ele, chamando sua atenção para assuntos nunca discutidos de forma consciente.
Discutindo a questão do diálogo instrucional em sala de aula, entre professor-aluno, para que haja interação e direcionamento nos estudos, aparece a pesquisa por um livro didático que se encaixe no perfil adotado. A exemplo de um livro que seja encaixado em um nível satisfatório, este deverá possuir um esquema de fácil acesso e entendimento, sendo claro e objetivo. As unidades devem apresentar aspectos da língua como diversidades lingüísticas, cultura, costumes, gramática, exercícios práticos, dicas, exceções das regras, alguns aspectos do alfabeto fonético, formas de pronúncia, textos explicativos e com temas variados e transcendentais, gravuras e figuras explicativas, ou ilustrações, coesão e coerência, e também deve apresentar glossário e vocabulário variado, bem como uma metodologia organizada e dinâmica.
É importante ratificar que estes conteúdos devem seguir sistematicamente uma divisão de unidades que trabalhem as quatro habilidades para aprendizagem de língua inglesa; listening, speaking, reading e writing, proporcionando o desenvolvimento de uma outra a habilidade, a interpretação e o entendimento que são mais importantes que qualquer outro aspecto.
Segundo FARIA e MORINO (2003), autor de uma coleção pesquisada, seu livro didático possui quatro volumes (5, 6, 7 e 8), os quais correspondem as séries do ensino fundamental. Cada volume possui oito unidades que apresentam o conteúdo temático e gramatical a ser trabalhado e cada unidade é organizada em seções com características e funções definidas, nas quais são explorados requisitos básicos para aquisição de LI. Deste modo, faz-se uma apresentação formal de tema, conteúdos, vocabulários, formas comunicativas, além de variados exercícios que praticam as habilidades da língua, priorizando sempre a interpretação e a leitura, uma vez que esta auxilia na construção de vocabulário. Para auxiliar os alunos que não dispõem de dicionário, o autor inclui em cada volume uma relação do vocabulário das palavras apresentadas nas lições, acompanhadas de sua respectiva tradução em português. A coleção possui em cada livro um CD de áudio para o educador utilizar em sala de aula, assim como um manual do professor no qual há descrições detalhadas das seções presentes nos volumes, sugestões, técnicas de procedimento, orientações e um banco de jogos e atividades, além de plano de curso, cronograma, sugestões para avaliação e temas variados.


ABORDAGEM DA CULTURA COMO INTERAÇÃO SOCIAL E MOTIVAÇÃO PARA A AQUISIÇÃO DE LÍNGUA INGLESA (LI)


Ao longo dos anos, o tratamento dedicado ao aspecto cultural na sala de aula de LI, tem apresentado dificuldades para professores que ensinam esta disciplina, uma vez que explorar a cultura significa mais do que citar expressões usadas pelo povo falante da língua, é expor ao aluno, por meio do livro didático, seus costumes e hábitos. Tratar a cultura como parte íntegra de uma Língua Estrangeira (LE) requer, antes de tudo, ao conhecimento do aluno o esclarecimento do porquê de se aprender tal língua, além de questionar as implicações e interesses nacionais e mundiais em difundir, como sendo a língua status, poder e desenvolvimento.
A história do ensino de Inglês no Brasil apresenta algumas características relevantes, era freqüente perguntar o motivo e a necessidade real de se estudar a língua. Nas décadas de 50 e 60, por exemplo, alunos que não conseguiam realizar progressos no estudo de LE, chegavam a argumentar o porquê de estarem estudando aquela língua, se é pobre e nunca sairá de seu país, jamais sentirá a necessidade de falar tal idioma. Esse questionamento ainda é levantado nos dias atuais, o aluno que tece tais considerações declara-se incapaz intelectual e financeiramente para sempre.
Observa-se que o Inglês não pertence apenas aos norte-americanos. Atualmente, independentemente da classe econômica e do grau de escolaridade, a maioria das pessoas estão conscientizadas da importância da aquisição de uma LE, principalmente do Inglês, que se tornou uma língua universal e comercial. O panorama trazido pelas intensas transformações sociais visa o processo de globalização que é o responsável pela mudança de atitude.

A língua inglesa é uma epidemia que contamina 750 milhões de pessoas no planeta. Essa língua sem fronteiras está na metade dos 10.000 jornais do mundo, em mais de 80% dos trabalhos científicos e no jargão de inúmeras profissões, como a informática, a economia e a publicidade. (BARATA apud VENTURA, 1996)

Entre os diversos motivos que colocam a LI em um status privilegiado estão: o trabalho de difusão cultural realizado por ingleses e norte-americanos; o poderio econômico dos Estados Unidos, demonstrando em seus símbolos de prosperidade e grandeza (imperialismo). Para se aprender verdadeiramente uma LE, é indispensável o conhecimento da cultura dos falantes desta língua, ou seja, a língua é pensada juntamente com a sua cultura.
É trabalho do educador, transmitir ao seu aluno a cultura do povo, cuja língua esteja lecionando, de tal forma a não promover subjugação ou alienação, ou seja, o professor precisa reconhecer o valor da cultura da língua em questão sem dela fazer apologia, ou mesmo pregar sua própria cultura e a de seus alunos como superior. O caminho correto são a troca, a integração e o respeito mútuo.

Toda língua tem uma sede. O povo que a fala, pertence a uma raça (ou certo número de raças), isto é, a um grupo de homens que se destaca de outros grupos por caracteres físicos. Por outro lado, a língua não existe isolada de uma cultura, isto é, de um conjunto socialmente herdado de práticas e crenças que determinam a trama das nossas vidas. (SAPIR, 1980)

A abordagem da cultura da língua alvo, o Inglês, nos livros didáticos como, por exemplo, figuras que exemplifiquem e dêem informações sobre artistas, história, geografia, política e economia do país dos falantes da língua, auxiliam na construção do conhecimento dos alunos, uma vez que eles percebem as diversidades culturais de outros povos, além das deles. A dosagem necessária explorada nas unidades dos livros em relação à cultura dos falantes contribui na formação de indivíduos críticos e criativos, bem como desperta sentimentos importantes como o respeito para a convivência em sociedade.
O ser humano não se comunica apenas pelas palavras, os gestos dizem muito sobre a forma de pensar dos indivíduos, assim como as tradições e a cultura de um povo esclarecem muitos aspectos da sua visão de mundo e de aproximar-se dele. Assim, as similitudes e as diferenças entre as várias culturas, a constatação de que os fatos sempre ocorrem dentro de um contexto determinado, a aproximação das situações de aprendizagem à realidade pessoal e cotidiana dos estudantes, entre outros fatores, permitem estabelecer, de maneira clara, vários tipos de relações entre a língua inglesa e as demais disciplinas que integram a área.


A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA (LI)


Ao chegar à universidade, especificamente no caso do Curso de Letras, no qual é desenvolvido a LE, há um problema que dificulta o processo de preparação para a carreira. Os alunos de licenciatura assumem uma postura passiva, eximindo-se da responsabilidade pela produção do saber, pensando que ainda encontra-se no ensino regular, sendo este o alvo da aprendizagem, é um sentimento que acomete a todos no início. Neste sentido, seria suficiente aos graduandos absorver, dos professores, as regras da língua em evidência e depois, como futuros educadores, retransmitir essas regras em uma corrente infinita, então, sua postura como docente estria satisfatória. Mas a realidade não é tão simples como parece, para formar alunos com novas competências, especialmente em LI, o professor do novo século deverá ser visto como "intelectual transformador" e precisa desenvolver e fortalecer pedagogias, gerar conhecimento e habilidades sociais necessárias para a funcionalidade da disciplina que assumirá na sociedade escolar.
Na grade curricular acadêmica deveria haver nas disciplinas específicas conteúdos que preparassem melhor o futuro educador para a prática pedagógica. O que ocorre são fundamentos teóricos que os enriquecem intelectualmente, mas não fortalecem as políticas exigidas para a efetivação da licenciatura de fato. O acadêmico não apreende a elaborar o material para suas aulas, uma das grandes preocupações que os iniciantes enfrentam.
O tempo dedicado aos estágios de observação e regência não são satisfatórios, uma vez que o professor aprendiz não consegue se dedicar quanto necessário. Diversas atividades externas como a necessidade de trabalhar, que os pressiona a colocar, no fator importância e compromisso, a vida acadêmica em segundo lugar, bem como problemas sociais enfrentados no cotidiano, a exemplo da maternidade ou paternidade precoce, carga horária profissional, fator sócio-econômico, desvalorização profissional, responsabilidades que deveriam aparecer paulatinamente após a graduação.
É importante ressaltar que a preparação do docente é fundamental para o processo educacional, estando este apto aos acertos e falhas durante a prática pedagógica. O educador não deve esquecer que para sempre será um eterno pesquisador, principalmente visando o seu desenvolvimento e o progresso dos métodos educacionais, não apenas em se tratando de LI, mas para qualquer conteúdo ou disciplina que possa assumir.
O principal motivo da ineficácia da aprendizagem de LI atualmente são os cursos superiores deficientes que formam professores sem a necessária proficiência na língua e na cultura que devem ensinar. A língua é fundamentalmente um fenômeno oral, não é através dos olhos, dentro do sistema tradicional de ensino, em aulas meramente expositivas que se adquire uma LE, mas principalmente através da audição, da repetição, em situações reais de comunicação, fruto do convívio humano. Devem-se trabalhar, além da visão, através de materiais impressos, de leitura, a audição e a fala, mediante exercícios de pronuncia e de análise das habilidades lingüísticas.

A proficiência lingüística é prática e não teórica; é habilidade funcional assimilada naturalmente, fruto de convívio humano em ambientes da língua estrangeira e de sua cultura, e não conhecimento acumulado, obtido através de estudo formal, especialmente no caso do inglês como língua alvo. (SCHUTZ, 2005)

A concepção de leitura no ensino superior é mais relevante do que no ensino regular, uma vez que é compreendida como um processo seletivo que envolve uma interação complexa, na qual une a aprendizagem da LI a gramática e o vocabulário. O acadêmico precisa do contato com textos, romances e livros de pesquisa na língua a qual está desenvolvendo o seu sentido. Para tanto, necessita interagir em sala de aula e fora dela, com leituras cotidianas, jornais e revistas, e literaturas, devido a necessidade futura de trabalhar a disciplina.

Dessa forma, a competência comunicativa só poderá ser alcançada se, num curso de línguas, forem desenvolvidas as demais competências que a integram e que, a seguir, esboçamos de forma breve:
? Saber distinguir entre as variantes lingüísticas;
? Escolher o registro adequado à situação na qual se processa a comunicação;
? Escolher o vocábulo que melhor reflita a idéia que pretenda comunicar;
? Compreender de que forma determinada expressão pode ser interpretada em razão de aspectos sociais e/ou culturais;
? Compreender em que medida os enunciados refletem a forma de ser, pensar, agir e sentir de quem os produz. (BRASIL, PCN, 1999)

É essencial para o sucesso do ensino-aprendizagem de Língua Inglesa a escolha de uma boa bibliografia, como apoio para o professor, uma vez que o educador também é um cientista que busca a fórmula correta. As referências funcionam como subsídios para a busca da melhor didática, além de métodos para o ensino de LE e para a perspectiva educacional, contribuindo assim para o progresso da educação.


CONSIDERAÇÕES


O artigo aqui proposto reflete a importância da preparação e da capacitação do docente para a prática pedagógica, no desenvolvimento da Língua Inglesa por meio da abordagem de aspectos lingüísticos e culturais a partir de uma visão interativa. Assim como a construção do material didático e o processo de aquisição de uma segunda língua na escola pública municipal, para alunos do ensino fundamental, vítimas de entraves que dificultam o processo educacional, redirecionando e implementando os métodos utilizados.
Um fator ainda não estabelecido no ensino de línguas é até que ponto a metodologia empregada faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da aprendizagem. Na maioria das vezes, dá-se à metodologia uma importância maior do que ela realmente possui, esquecendo-se de que o aluno pode tanto deixar de aprender como também apreender apesar da abordagem usada pelo professor. As inúmeras variáveis que afetam a situação do ensino podem sobrepujar o método adotado, de modo que a técnica funciona em uma determinada situação e não em outra. As abordagens que dão origem aos métodos são geralmente monolíticas e dogmáticas.
Uma possível solução analisada no presente trabalho a partir do processo de interação está baseada na prática em sala de aula, nem a aceitação incondicional de tudo que é novo, nem a adesão a uma verdade estipulada pelo método tradicional. Nenhuma abordagem afirma a verdade absoluta e ninguém sabe tanto que não possa evoluir. A atitude sábia é incorporar as propostas do novo aos fundamentos do antigo. O melhor método depende do contexto em que se encontra o educador, a sua capacidade, a experiência e o nível de conhecimento.
É imprescindível ressaltar que a visão interativa apresenta como recursos progressivos para o ensino-aprendizagem da LI a gramática, a terminologia, a leitura, a produção de texto, a repetição, a pronúncia, através da comunicação, o tratamento das culturas, a construção do material didático, a escolha do referencial e, principalmente, a Interação professor-aluno e aluno-professor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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