CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

 

Elaborado por:

Danielle Fernandes Vieira do Carmo

Deusiléia Maria Mercez da Silva

Gerlana Gomes da Silva

José dos Santos Costa

Nayra Clara da Silva Gomes

 

A VISÃO DO ENFERMEIRO SOBRE A PREDISPOSIÇÃO DO USO DO CRACK EM CRIANÇAS

 

 

Rio de Janeiro

Junho de 2013

 

A VISÃO DO ENFERMEIRO SOBRE A PREDISPOSIÇÃO DO USO DO CRACK EM CRIANÇAS

 

 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como exigência da disciplina TCC do curso de

graduação em enfermagem do Centro

Universitário Celso Lisboa orientado pela

Profª.Ms.Kátia de Moraes Jorge

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rio de Janeiro

Junho de 2013

  

6

1-INTRODUÇÃO

A motivação em desenvolver este tema surgiu a partir da preocupação em torno das crianças que utilizam o crack, na medida em que o período da infância é fundamental na vida do ser humano, por iniciar a formação e também o crescimento infantil associando as questões pessoais, psíquicas e sociais.

Neste sentido, o crack é uma das drogas mais recentes no mercado e mais consumida o seu uso já é considerado um problema de saúde pública porque causa distúrbio na saúde física e mental do usuário, e tem viciado crianças cada vez mais cedo, relata [1].

Contudo, a atuação do profissional de enfermagem está relacionada a dois aspectos fundamentais: o educativo que está voltado para a prevenção e o cuidado para o tratamento, segundo [2].

A importância do conhecimento e atualização dos conceitos, classificação e o efeito do crack no organismo para o enfermeiro consiste em algo valioso, pois o efeito das drogas e seu poder de ação podem prejudicar a qualidade de vida da criança.

No que se refere as políticas públicas, pode-se constatar que, há um interesse em projetar mais possibilidades de tratamento para as diversas camadas sociais, frente ao exposto, há um projeto desenvolvido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas que prevê a implantação de 49 centros regionais de referência em drogas nas universidades federais, descreve [3].

Esta realidade nos faz pensar sobre como é importante investir em locais que cuidem das crianças prejudicadas pelo crack, o cenário em que vivemos infelizmente retrata uma situação caótica de desespero nas cracolândias, em que famílias se autodestroem diariamente; os infantes que poderiam estar estudando, brincando de maneira saudável tem na trajetória de vida um efeito negativo da respectiva droga. 

7

Partindo deste pressuposto, o Projeto Lei nº 4.767/2012, trata de Políticas Públicas voltadas às crianças e adolescentesvítimas do uso de drogas. Ao observarmos o projeto verifica-se que, prevê a inclusão de mais um artigo no Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA para abordar a proteção a esta parcela da população.

Sendo assim, de acordo com o texto, será acrescentado à Lei nº 8.069/1990, Capítulo I, Título II, o artigo 14, que diz:

...Incumbe ao poder público proporcionar assistência integral e

multiprofissional à criança e ao adolescente dependentes

químicos e/ou com problemas decorrentes do uso de drogas,

com vistas à proteção de sua saúde física e mental e de seu

bem-estar social, e promover campanhas de prevenção ao

uso de drogas lícitas e ilícitas”.

(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS,2013,p.1[4].)

Aliás, os estudiosos defendem a idéia de que nos casos de uso de crack em crianças, deve-se buscar inicialmente como estratégia de intervenção a que está voltada para promover ações sociais e em situações mais graves buscar tratamento clínico.

Logo, o objeto deste estudo volta-se para a educação em saúde nas crianças afetadas pelo consumo de crack. O objetivo geral é reconhecer o mecanismo de ação do crack no organismo da criança e o objetivo específico é estimular a utilização de hábitos saudáveis de vida.

 8

2-REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Caracterizando o crack e sua respectiva origem

O crack é uma mistura de cocaína em forma de pasta não refinada com bicarbonato de sódio. Esta droga se apresenta na forma de pequenas pedras e pode ser até cinco vezes mais potente do que a cocaína. O efeito do crack dura em média, dez minutos, tendo como sua principal forma de consumo a inalação da fumaça produzida pela queima da pedra, através de um cachimbo, os pulmões conseguem absorver quase 100% do crack inalado. [5].

A droga ilícita crack não tem sua origem ligada a fins medicinais, portanto, o crack já nasceu como uma droga a fim de alterar o estado mental do usuário, o nome “crack” vem do barulho que ele faz quando está sendo queimado para ser consumido; todavia surgiu da cocaína; feito por traficantes no submundo das favelas e guetos das grandes cidades.

2.2 Fases da criança em que há influência do pensamento

Conforme Jean Piaget [6] entre 4 e 7 anos a criança tem uma nova estrutura dos esquemas cognitivos. Esta fase intermediária se caracteriza por um esforço considerável de adaptação, idéia de uma forma semi-simbólica de pensamento que é o raciocínio intuitivo.

Há uma exploração de vários traços do objeto, na busca de um todo, consegue organizar o brinquedo. As regras mantém maior constância e organizações, mas carecem de reversibilidade e de conservações e relatividade.

Já começam as tentativas de agrupamento; por um traço apenas, sem inclusões de classe e ordenações por um traço preceptivo, ainda apoiado em pareamentos , sem inclusão de séries. Ela pode relacionar duas dimensões do objeto mas não amplia as suas conclusões sobre compensações e conservações porque ainda está muito presa às imagens perceptivas. No aspecto afetivo surgem os sentimentos interindividuais em relação aos pais ou professores, é um misto de amor e temor. [7].

9

Neste contexto, o núcleo familiar desempenha um importante papel na formação do caráter da criança, desde as fases iniciais até as etapas posteriores, torna-se essencial cultivar valores de boa convivência na sociedade, de modo que o infante ocupe o seu tempo com atitudes positivas e seja orientado para a prática de hábitos que lhe proporcione bem-estar.

2.3 Mecanismo de ação do crack em crianças

Os primeiros efeitos do crack baseiam-se na euforia plena que desaparece repentinamente depois de um curto espaço de tempo, sendo seguida por uma grande e profunda depressão, pela rapidez do efeito o usuário consome novas doses para voltar a sentir uma nova euforia e sair do estado depressivo.

Há hiperatividade, irritação, insônia, perda de apetite, perda de peso, cansaço, desnutrição, comportamento agressivo, tremores, congestão nasal, tosse, o que leva à um prejuízo pulmonar, com a utilização excessiva da droga há ataque cardíaco, derrame cerebral, contrações no peito, convulsões. [8].

2.4 Os motivos mais comuns para o uso de drogas

Para [9] o uso e abuso de drogas é um assunto bastante sério, já que afeta a fase de crescimento e aprendizado da pessoa; pode tornar-se um problema prematuramente crônico.

Ao estar percorrendo as etapas de crescimento, a criança pode ser influenciada por comportamentos de outras pessoas, então, a rebeldia apoiada pelos componentes de um grupo é um dos motivos mais frequentes para consumir drogas, assim como a curiosidade.

Nesta linha de raciocínio, quando não há diálogo em casa, reforço positivo ao que a criança faz de bom; há distanciamento dos pais, agressões no lar, falta de compreensão, parceria, o infante tende a isolar-se e ter baixa auto-estima.

10

3-MÉTODO

A pesquisa foi realizada no ambiente virtual e presencial, por meio de leituras e debates do que os pesquisadores abordavam sobre o tema. O estudo é qualitativo, descritivo, exploratório, do tipo revisão de literatura.

Na concepção de Severino [10] são várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas.

Neste âmbito, o referido autor menciona que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos-variáveis sem manipulá-los. Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. Os dados por ocorrerem em seu habitat natural precisam ser coletados e registrados ordenadamente para seu estudo propriamente dito.

A pesquisa exploratória por sua vez, é utilizada para realizar um estudo preliminar do principal objetivo da pesquisa que será realizada, ou seja, familiarizar-se com o fenômeno que está sendo investigado, de modo que o estudo subsequente possa ser concebido com uma maior compreensão e precisão, comenta Piovesan et al [11].

Então, a revisão de literatura é vista como uma parte vital do processo de investigação, pois localiza, analisa, sintetiza e interpreta a investigação prévia em revistas científicas, livros, atas de congressos, resumos, entre outros; relacionada com a área de estudo, informa Cardoso [12].

Vale ressaltar que, é de suma importância que o pesquisador ao organizar as fases de elaboração do estudo, desenvolva fichamentos, associe a fundamentação teórica ao que ocorre na prática profissional, buscando tecer redes de conhecimento através do exercício do pensamento crítico-reflexivo.

 11

4-DISCUSSÃO E RESULTADOS

Após a interpretação do que os estudiosos trouxeram para a prática profissional em enfermagem, observa-se que em termos de temática voltada para associar o crack e a criança, o que evidenciou-se é que as abordagens são gerais em relação às drogas, porém é preciso investir em estudos sobre esta área, porque o número de crianças usuárias de crack aumenta a cada ano que passa, em um percentual extremamente significativo, as crianças são as vítimas mais inocentes.

Verificamos que muitas dessas crianças fazem o uso de crack como refugio para solucionar seus problemas, que muita das vezes se reportam à questões familiares ou de convivência em um ambiente em que a utilização da droga crack é normal.

Com a frequente desigualdade social nas diferentes áreas é comum esses infantes serem influenciados por comportamentos de transgressão ao que seria benéfico para a formação de sua personalidade, como: frequentar a escola, ter alimentação balanceada, brincar com outras crianças, ser respeitado, ter momentos de lazer com os pais.

A partir disto, muitas crianças não sabem o que é ser criança, sendo seu primeiro “brinquedo” uma pedra de crack. É um quadro de uma triste realidade que se espalha com uma consequência devastadora, o que compromete a efetivação de suas experiências e vivências no meio social.

O fato é que as ações conjuntas englobando, família, escola, comunidade necessitam valorizar mais as crianças que constantemente requerem atenção, disponibilidade das pessoas para ouvi-las.

Quando estas crianças encontram-se em situação de abandono é preciso encaminha-las para instituições públicas, não-governamentais e comunitárias no intuito de fornecer apoio às suas necessidades, alega [13].

 12

5-CONCLUSÃO

Conclui-se que, a equipe de enfermagem enquanto agente no desenvolvimento de ações voltadas para a educação em saúde com crianças que utilizam o crack; deve promover o autocuidado, no sentido de que os infantes se sintam úteis e valorizem o preenchimento das necessidades humanas básicas, no que tange à cuidar da higiene, da alimentação que contribui para o bom funcionamento dos orgãos e sistemas do organismo.

É preciso criar espaços em que o grupo de crianças tenham recreação com jogos, brincadeiras, atividades lúdicas que focalizem maneiras positivas de resgate à autoestima, que favorece uma melhor socialização.

Aproximar-se da criança, buscar a integração e participação dos infantes nas estratégias propostas é de vital importância para a aceitação do grupo, o aprendizado e o interesse em desenvolver as habilidades psicomotoras.

13

REFERÊNCIAS

1.Guimarães, Marília Z. P.O Crack e Abuso de Drogas. Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Ciências Biomédicas; Programa de Farmacologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro, 2011

 

2.ALUANI, P. E. Drogas: classificação e efeito no organismo. OMundo da Saúde, v. 23, n. 23, p. 14-19, jan./fev, 1999.

3. www.brasil.gov.br Presidenta anuncia guerra contra o crack.Acesso em:08/06/2013.

4. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. Texto sobre crack. Disponível em: www.portalcnm.gov.br Acesso em: 08/06/2013.

5..Domanico, A. & MacRae, E. Estratégias de Redução de Danos entre Usuários de Crack. In: Silveira, D. X. & Moreira, F. G. Panorama Atual de Drogas e Dependências. São Paulo: Ed. Atheneu, 2006.

6. PIAGET, Jean, INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 135 p.

7. BRASIL , MINISTÉRIO DA SAÚDE. Crack. Disponível em: Acesso em: 08/06/2013.

8. www.google.com.br Drogas. Acesso em: 08/06/2013.

9. MELLO,I.M. Enfermagem Psiquiátrica e de Saúde Mental na Prática, 1 ed., São Paulo: Atheneu, 2008.

 10. SEVERINO,et al .Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,2000.

 

11. PIOVESAN, et al.Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. 1995

12. CARDOSO ,et al.2010.

 13.FIGUEIREDO, N.M.A. Ensinando a cuidar em saúde pública, São Caetano do Sul-SP: Yendis Editora, 2005.