A VIDA IMITA A ARTE: OS ARQUIVOS-X FORAM SILENCIADOS

O que levou Chris Carter a fazer o segundo longa-metragem da série de um modo tão decepcionante para a legião de fãs de Arquivo X?

A década de 2000 foi marcada pela eloqüente e bombástica série de televisão chamada Arquivos-X, da FOX, e que a Rede Record exibia ao público nacional, de um país onde havia (dizem que ainda há) a 3^a maior legião de fãs do seriado. Ao longo de 9 (nove) anos ininterruptos, Chris Carter deixou a todos, literalmente, boquiabertos com os Arquivos-X, seja por acharem a série uma paranóia ou palhaçada comercial de luxo, seja por enxergarem nela, entre fatos, boatos e crendices, uma verdadeira prova do alto grau de democratização dos meios de comunicação dos Estados Unidos (principal país vilão acusado pelo seriado), que aparentemente “despiam” a política de Cover-up há muito engendrada nos bastidores da Caserna americana.

Dentro da estranha paz do status quo, houve quem dissesse que a série encerrou (com justa razão) no nono ano, em virtude da fonte ter secado, isto é, porque Chris Carter e seus consultores não conseguiram evitar o já adiantado grau de saturação dos episódios dos últimos 4 anos da série, numa corrosão de continuísmo que atingiu até os episódios-mitologia, para quem acompanhava o seriado com a devida atenção. Sem dúvida, isto é um argumento forte para um diretor-produtor por termo a uma obra, e a queda nos índices de audiência sempre vêm a reboque deste fator.

Entretanto, “a cratera é mais embaixo”, para usar uma frase perdida do 1^o Longa. O problema na verdade deveria começar a ser visto pelo prisma de que ninguém que se ache inocente, e tendo poderes para se defender, permitiria uma verdadeira devassa desmoralizante das suas próprias forças armadas, sem que tal paralisia em nada ajudasse a salvar as suspeitas contrárias, como de fato se verifica hoje em dia, com a série já encerrada há vários anos. E o mais estranho ainda estava por vir: Chris Carter decidiu não se esquivar à filmagem do Segundo Longa Metragem “Arquivo X: Eu Quero Acreditar” (The X-Files: "I want to believe"), mas a encerrou dando aos fãs mais exigentes, em 25/07/2008, uma decepção nunca antes dada no seriado, e nem tampouco no primeiro Longa. Vamos entender isso.

As agências para-governamentais sob comando do Estado Maior das Forças Armadas de um QG Transcontinental superior ao da Organização do Tratado do Atlântico-Norte (OTAN), como um “EMFA-Mundial” com sede em algum lugar do planeta, compreendeu que embora o QG tenha conseguido fazer os ufólogos de todo o mundo descrentes da presença alienígena na Terra, o perigo ainda se mantinha no ar por causa da fé dos que acreditam contra toda esperança, (Rm 4,18) pois a fé historicamente sempre teve o poder de angariar forças e amizades em torno de si, e estas forças deveriam se opor às forças que o EMFA queria conquistar, com fins obviamente inconfessáveis. Então Chris Carter pode ter sido contatado para “desfazer” todo o espírito ufológico do seriado, fazendo o segundo Longa SEM QUALQUER MENÇÃO A ALIENÍGENAS OU DISCOS VOADORES, bem à moda da ufologia descrente da pós-modernidade. E conseguiram.

“Eu quero acreditar” foi uma baita decepção aos fãs mais exigentes justamente porque, de repente, saiu feito uma novela policialesca insossa, com um casal envelhecido e sem graça, que nunca trocou um beijo de verdade, e que caminham abatidos para uma velhice solitária e frustrada: Mulder, frustrado por ver que ninguém mais crê no que ele também parece não mais crer, e Scully frustrada por perceber seu parceiro de tantas aventuras palpitantes nas hostes celestes não passar agora de um mero ex-ufólogo, vencido pelo poder devastador dos mecanismos de silenciamento do EMFA-Mundial. E lembrem que Chris Carter havia prometido dar continuidade ao primeiro Longa nos moldes daquele roteiro extraordinário, que conquistou praticamente o mundo todo!

Portanto é lícito deduzir que o segundo Longa confirma a insistência do seriado em dizer que os Arquivos-X seriam fechados, transferindo Mulder e Scully para uma área comum de atuação do FBI, numa frustração PROFETIZADA dentro da série. Eis que fica provado que a vida imita a arte, quando este segundo Longa de fato SILENCIOU os Arquivos-X, mantendo destes apenas o sugestivo nome, que então não sugere mais nada. Venceram as agências para-governamentais a serviço do EMFA, e por isso devemos dar o braço a torcer a elas.

O que restará da ufologia a partir de hoje? Nada ou próxima do zero absoluto, agonizará até ao dia em que os próprios alienígenas, cansados de suportar tanta maldade no mundo (e após se certificarem de que nenhuma alma vale mais a espera), rompam todas as barreiras e cinturões orbitais e invadam Tellus de vez, cumprindo a última e mais aguardada profecia, aquela que diz "E todo olho verá"... (Ap 1,7). Naquele dia, os “crentes míopes” – que continuaram crendo contra a esperança – ouvirão, finalmente, seu Grande Comandante a dizer: "Vinde, benditos de meu Pai" (Mt 25,34)... O que prova que a última voz ouvida antes do fim do mundo será a de um idiota a dizer que o mundo jamais acabará. Naquele Dia, até os verdadeiros Mulder, Scully, e o próprio Carter, se chocarão com os Arquivos-X, reabertos pelo próprio Deus, e agora sem mais mistério algum.

Prof. João Valente de Miranda.

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