O tempo de vida é exíguo, não determinado, limitado, embora possa ser ampliado, expandido, pela intensidade do que se viveu, aprendeu, sentiu, experimentou.

Aproveitar o tempo é uma questão de opção, escolha, como viver. O tempo como sendo a própria vida em sua essência é uma bela definição, assim como a literatura como uma forma de felicidade. É necessário escolher bem o que se vai viver ou ler para não experimentar a angústia do tempo perdido que não volta mais, é irrecuperável.

É possível que a melhor forma de aproveitar o tempo seja utilizar a inteligência para criar, para pensar, o que passa, inevitavelmente, pela literatura, quando se começa a falar consigo mesmo através das personagens ou do poema lido em voz alta, quando o conto do autor se transforma num entreouvir-se, pois a poesia não é mais que uma reflexão, um voltar os olhos para si mesmo e falar o que se quer ouvir, conversar consigo mesmo.

Nada é tão maravilhoso quanto a arte; sermos ou transformarmo-nos no que sonhamos, como o roteiro de vida que planejamos, sendo diretores, artistas e roteiristas da própria vida, da própria existência.

Escrever, como ler, são atos mágicos; como viver, recordar e aprender. As palavras, metáforas vivas, pensamentos materializados, estão ali, na leitura e na escritura sagrada que qualquer homem pode realizar, escrevendo a própria vida e o próprio destino, à semelhança de Deus que escreve homens e universos.

Para o pensador González Pecotche, o pensamento tem um corpo, uma alma e um espírito. O corpo é a palavra escrita, a alma a falada e o espírito a impronunciada, essência oculta do pensamento que transcende a materialidade e transita na eternidade, consubstancial com o espírito humano, que é divino.

O conhecimento pensamento sutil pode construir ou destruir, ampliar ou reduzir. Assim também a palavra, com suas luzes ou suas sombras. Metáfora viva ou morta, humana ou desumana, podendo nos fazer ascender às alturas do conhecimento ou mergulhar nas trevas da ignorância.

A palavra, como o pensamento, pode unir ou desunir, construir ou destruir, eternizar-se ou sucumbir no esquecimento sob as lápides que sepultam o efêmero, a ignorância e as tradições.

Que sejam as palavras, expressões vividas de nossos pensamentos, instrumentos criados por nós para urdir a paz e o entendimento, o conhecimento e a evolução, para que possamos viver neles e ali nos encontrar e reconhecer no futuro.

Nagib Anderáos Neto
www.logosofia.org.br