Texto baseado em estados psicológicos momentâneos de varias colegas da faculdade de artes visuais da PUC Campinas.

Muito magra, branquela e maltrapilha, a velha andava ligeiro, pois estava sempre atrasada.

Seu olhar austero e pontual pesava-lhe nas faces, quase sempre muda e compenetrada, estudava, planejava e modificava os planos para o futuro, mas o presente era sempre um incomodo o qual não merecia maiores cuidados.

Tinha dó de gastar dinheiro e, em contra partida, não fazia muita questão de ganhá-lo o suficiente, vivia sempre no aperto, mas, esperançosa de que o futuro seria melhor.

A velha não sabia ao certo como acontecia, mas toda vez que uma possibilidade de relacionamento amoroso começava dar o menor sinal de acontecer, ela se fechava ainda mais, impossibilitando qualquer evolução e só se dava conta depois que a possibilidade se extinguia por completo. Às vezes ela acreditava em algum tipo de "maldição", assim economizava o raciocínio na análise do que estaria fazendo de "errado"... ou de "certo".

Tanto adiou as questões do coração que o tempo passou muito rápido e ninguém mais ficou a fim dela, a solidão tornou-se o tempero amargo de sua vida. Se ao menos tivesse um filho, poderia ter companhia por um longo tempo em sua vida, pois os filhos são eternos dependentes das mães, salvo raríssimas exceções.

Mas, na vida, a única certeza é o que já lhe aconteceu, ou seja, a morte, ela também não escapou. Hoje ninguém mais se lembra da velha, a não ser aquele com quem ela poderia ter constituído um significado para sua existência e dado à vida diversas outras pessoas que poderiam esta sentindo a sua falta e fazendo companhia para quem a amou a vida toda, mas teve que engolir a seco este amor.



Manoel Brandão Nobill