A valorização do ensino da matemática nas séries iniciais

 

Sabemos que a matemática se faz presente diariamente em nossas vidas e bem o quanto é essencial na construção de nosso desenvolvimento como cidadãos críticos/reflexivos. E que as crianças a vivenciam nas mais diversas brincadeiras, como num simples jogo de bolita, ao colecionar figurinhas, preencher um álbum, por exemplo, no entanto ao ingressar na escola mais propriamente nos anos iniciais, se deparam com um desafio, que os afasta do saber natural, mesmo que inconscientemente.

Conforme nos diz Vygotsky:

(...) O aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes eles tiveram uma experiência com quantidades, elas tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética pré-escolar, que somente psicólogos míopes podem ignorar (VYGOTSKY, 1989, p. 94-95).

 

Neste sentido, deve haver por professor uma investigação da realidade local, dos afazeres que o aluno presencia diariamente, procurar compreender como a lógica matemática vem se construindo nas experimentações que a criança vem construindo seu raciocínio. Por exemplo, no primeiro do ensino básico, como fazer a criança relacionar o número à quantidade? Como significar as datas, os dias? Em que situações ela usa as grandezas, como estabelece noção espacial? Podemos propor atividades tais como:

Bingos - Relacionar a quantidade das figuras ao número ditado (ao ditar o número 5 o aluno procura a gravura que tem cinco desenhos e marca) e de acordo com o aprendizado o professor aumenta as dificuldades estimulando o aluno a buscar mais.

 No jogo de boliches, cada garrafa com uma cor e com valores diferentes (podemos somar os pontos ou comparar qual o maior/menor foi retirado).

Dominó dos números e quantidades

Resolução de cálculos mentais, envolvendo histórias matemáticas criadas por eles, desfiando os colegas (com auxilio do professor).

Trabalhar conjuntos, classificar elementos, separar, agrupar. (medidas/grandezas)

Medir os espaços da sala de aula, os alunos, comparar alturas (registrar na parede da sala ou na porta, onde cada aluno escreve o nome e no final do ano medir novamente para registrar o seu crescimento), tamanho dos pés.

Pesquisar o preço de um mesmo produto que eles comprem no mercadinho ou no bar da escola (trazer anotado com a ajuda de alguém de casa, fazer comparações em aula, do que custa mais caro, mais barato, e se desse tanto em quantia sobraria troco, ou iria faltar dinheiro?). Cuidar para os valores serem de acordo com os números que conhecem.

Fazer a chamada, analisar quantos vieram? Quantos meninos/meninas? Ao todo? Quantos faltaram?

Ao perguntar que dia é hoje, que dia foi ontem, e amanhã será que dia? Em que mês estamos? Quanto é hoje? Qual é a hora do almoço? A hora de vir para a escola?

Ao fazer uma salada de frutas, trazer uma balança comparar os pesos das frutas, verificar a quantidade de cada uma na lada, quantas colheres serão servidas em cada copo, quantos copos teremos de pegar...

No jogo da amarelinha, trabalhar os números do menor para o maior e vice versa,

No bingo das figuras geométricas.

 

Ainda de acordo com o PCN da Matemática (1ª A 4º SÉRIE)

A compreensão e tomada de decisões diante de questões políticas e sociais também dependem da leitura e interpretação de informações complexas, muitas vezes contraditórias, que incluem dados estatísticos e índices divulgados pelos meios de comunicação. Ou seja, para exercer a cidadania, é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente, et.

 

E avaliar através dos registros diários, a percepção de cada aluno, sobre o raciocínio, levantamento de hipóteses, interpretação das atividades. Reformular o planejamento, propor novos desafios, mas antes de concretizar as atividades testar o tempo, a possibilidade de os alunos participarem e efetivar com êxito o que lhes é proposto, significando a linguagem lógica matemática em afinidade à linguagem global e a formação do pensamento. 

 

Segundo Gardner A inteligência lógico matemática:

“É a habilidade para explorar relações. Categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lida com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. Assim, a criança que apresenta espacial aptidão nesta int3eligência demostra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e área criar notações práticas de seu raciocínio.”

 

Sabemos que cada instituição tem sua matriz curricular que serve como guia do professor, e que em alguns casos, são rigorosamente seguidos, considerando o conteúdo a ser vencido. Todavia, temos exceções, que nos deixam felizes por terem como meta principal o aprendizado do aluno. Nestes casos o ensino é direcionado ao aluno, contemplam os conteúdos expostos às situações cotidianas.

Enfim, para que o aprendizado de matemática nas séries iniciais participe da vida do aluno, seja agregado ao lúdico, basta o professor usar novas metodologias desapagadas ao método tradicional de decorar números sem sentido algum para os alunos. O que significa aprender, praticando com as linguagens próprias de sua faixa etária. E já caminhamos neste sentido, pois devemos agir com vistas no sucesso em prol da aprendizagem do aluno para a construção do conhecimento elaborado por ele.

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática 1.ed.Porto Alegre:2000

HOFFMANN, Jussara. Avaliação, Mito & Desafio: Uma perspectiva construtivista. Ed. Mediação; Porto Alegre, 2001.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática- Brasília: MEC/SEF, 1997.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Silveira Martins Fontes, 1999.