INTRODUÇÃO

A disciplina de língua estrangeira na atualidade é considerada irrelevante, ou seja, sem nenhuma importância para o currículo educacional. Mas esse descaso com o ensino de LE vem desde o período colonial, tendo sua carga horária cada vez mais reduzida durante os anos.
Segundo a Nova LDB 9394/96 o ensino de LE é obrigatória no ensino fundamental a partir da 5º série, mas deixa brechas quando diz que a lei deve ser cumprida dentro das disponibilidades da instituição, sendo assim não está havendo a motivação necessária para o ensino de uma segunda língua no ensino público, havendo assim um desinteresse do próprio aluno em relação à LE.
Deste modo muitos professores de LE também não se sentem motivados a seguirem com a sua formação para obterem mais sucesso em sala de aula, contribuindo também para a decadência dessa disciplina, que como as outras deveria representar um papel fundamental dentro da escola. Mas muitas vezes o professor de LE não é fluente na língua que ensina, limitando assim seus recursos, utilizando deste modo a gramática e a tradução de uma maneira isolada e não em um contexto, e deixando na maioria das vezes a comunicação de lado.
Para muitos alunos a aula de inglês é uma aula monótona, pois o professor não utiliza muitos recursos para motivarem seus alunos, de modo que eles acabam se desinteressando pela LE. Muitos professores alegam que é muito difícil trabalhar a comunicação em salas de aula do ensino público por serem lotadas de alunos, mas com a atualidade globalizada em que estamos inseridos os alunos, tanto de escolas públicas ou privadas, necessitarão cada vez mais de alguma fluência em uma segunda língua,   e como esse aprendizado não está sendo oferecido no ensino público, as classes mais privilegiadas estão procurando por cursos de línguas em escolas especializadas, enquanto a classes menos favorecidas financeiramente sofrem essa desvantagem, pela falta de competência do ensino público. Sendo assim, cabe ao professor preparar aulas mais motivadas, para que os alunos se interessem realmente pela LE e havendo assim uma aprendizagem efetiva.
Esta desvantagem pela qual o ensino público está passando está sendo claramente percebida na pesquisa de campo presente neste trabalho, a qual foi realizada através de questionários e observações em sala de aula, onde foram encontradas muitas contradições entre as respostas dos professores e as observações em sala de aula, pois nas respostas estes professores afirmam da importância da comunicação em sala de aula e da interatividade entre os alunos, mas nas observações estes pontos foram encontrados muito raramente.
Percebemos então claramente neste estudo que para que o aluno tenha uma aprendizagem significativa na LE, este precisa ser inserido em um contexto onde o professor é um dos principais responsáveis por sua aprendizagem, trabalhando a comunicação à gramática e a tradução, os quais são os métodos mais utilizados de uma forma mais dinâmica, englobando – as em um contexto, motivando assim os alunos a uma aprendizagem de uma segunda língua.

DESENVOLVIMENTO

Desde o início da colonização do litoral brasileiro, houve a preocupação portuguesa com a educação, como forma de facilitar o processo de dominação e expandir o catolicismo, sendo este o papel dos jesuítas que ensinavam o latim como língua culta.
Durante este período os jesuítas foram considerados culpados pela resistência indígena (aldeados nas reduções jesuíticas) à demarcação dos limites do Tratado de Madri (1750), nas Guerras Guaraníticas. Após a expulsão dos jesuítas pelo Marques de Pombal, o grego e o latim eram disciplinas dominantes, sendo as outras disciplinas como história e geografia ensinadas através das chamadas línguas clássicas, mas foi somente em 1808 com a chegada da família real, a criação do Colégio Pedro II em 1837, e finalmente com a reforma de 1855 que a escola secundária começou a evoluir propiciando ao ensino das línguas modernas um status pelo menos semelhante ao das línguas clássicas. Durante o Império os alunos do ensino secundário estudavam no mínimo quatro línguas, muitas vezes cinco quando a língua italiana facultativamente era incluída, embora o numero de horas tenham sido reduzidas a um pouco mais da metade no fim do Império.
Mas o ensino de línguas modernas enfrentava dois graves problemas, que eram a falta de metodologias adequadas e sérios problemas de administração. Sendo assim foi juntamente com o desprestígio da escola secundária que o ensino de línguas começou a decair, onde começou a predominar o ensino livre seguido de exames, geralmente eram realizados as pressas sem nenhum rigor científico.
Na Primeira República o ensino do grego desapareceu, o italiano passa a ser totalmente facultativo e o inglês e o alemão passaram a ser oferecidos de forma exclusiva e optativa. O ensino de línguas passou a ser desoficializado, sendo substituído por um exame sumário e superficial, apenas como uma formalidade para o início do ensino superior. Apud Chagas(1957, p.89) faz severas críticas sobre o ensino neste período da república “Se antes não se estudavam os idiomas considerados facultativos, a esta altura já não se aprendiam nem mesmo os obrigatórios, simplesmente porque o anacronismo dos métodos se aliava a quase certeza das aprovações gratuitas”.
Em 1916 houve a publicação do livro Cour de linguistic gérnerele  de Ferdinand Saussure, o qual foi considerado um marco para o estudo da linguagem em caráter cientifico  Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna para a Educação Básica (2006, p. 16) “Os estudos de Saussure forneceram elementos para a definição do objeto de estudo específico da lingüística: a língua”.
Ao final do século XIX, e principalmente início do século XX, houve uma grande demanda de imigrantes vindo ao Brasil, devido a vários fatores que marcaram a história da Europa como o desemprego, o aumento populacional, além das propagandas feitas pelo Governo brasileiro na Europa, que buscava ampliar as possibilidades de mão – de – obra no país, sendo assim muitos imigrantes europeus vieram para o Brasil com a esperança da melhoria de qualidade de vida. Sendo criadas em grande parte do território brasileiro, e principalmente nos Estados do sul, colônias de imigrantes, locais onde estes preservavam suas tradições culturais e conseqüentemente sua língua materna.
Nessa tentativa de preservar sua cultura muitos colonos se organizaram para construir e manter escolas para seus filhos, sendo que o currículo dessas escolas estava centrado no ensino da língua e da cultura dos ascendentes das crianças.
Em 1910 houve uma onda nacionalista em todo o país, voltando – se para o campo educacional com a intenção da solidificação de idéias nacionalistas nas futuras gerações, havendo em 1917 o fechamento das escolas estrangeiras e em 1918 a implantação de escolas primárias mantidas com recursos federais, com o objetivo de “impedir a desnacionalização da escola e da infância” (apud Nagle, 2001, p.301)
Em 1920 no Estado de São Paulo foi admitida a oferta de ensino primário por escolas particulares desde que fossem respeitadas as orientações de caráter nacionalista havendo neste a proibição do ensino de LE para crianças menores de 10 anos. Essa onda nacionalista se estendeu desde o 1º governo de Getúlio Vargas sendo intensificada a partir do Golpe de Estado em 1937.
Foi em 1931 na reforma de Francisco Campos que se deu mais ênfase ao ensino de línguas modernas, mas não pelo aumento da carga horária e sim pela diminuição da carga horária do latim, havendo também mais preocupação com a metodologia, com a utilização do método direto, ou seja, o ensino da língua com a própria língua não havendo nenhum tipo de tradução. Um grande destaque desta época foi o professor Carneiro Leão, que introduziu o método direto no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, além de serem feitas divisões nas turmas, seleção de novos professores e renovação dos materiais de ensino.
Esta reforma também constituiu um marco de centralização das decisões educacionais no Governo Federal, sendo que esta se acentou após o golpe de 1937, pois os governantes viam que a única maneira pela qual o Brasil poderia atingir a modernidade é pela educação.
O diferencial da Reforma de Francisco Campos foi que pela primeira vez houve – se a implantação de um método oficial de língua estrangeira que é o método direto, como o objetivo de atender a necessidade do ensino das habilidades orais, as quais não eram contempladas no método tradicional.
Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna para a Educação Básica (2006, p.17) “O método direto se baseava na teoria associacionista da psicologia da aprendizagem, que tem associação ao princípio básico da atividade mental”
 Em 1942 na reforma de Capanema houve a solidificação das idéias nacionalistas, e o ensino médio foi dividido em dois ciclos, onde o primeiro era denominado de ginásio com duração de quatro anos, e um segundo ciclo com duas ramificações, sendo uma denominada “clássico”, dando ênfase ao estudo de línguas clássicas e modernas, , e outra denominada “cientifico” com ênfase maior no estudo das ciências. Essa reforma não deu ênfase apenas ao estudo de línguas estrangeiras, mas também ao estudo da cultura e de objetivos educativos.
A Reforma de Capanema foi considerada os “anos dourados” da língua estrangeira no Brasil, pois os alunos estudavam latim, francês, inglês, espanhol sendo que este foi introduzido como matéria obrigatória em alternativa ao ensino de alemão e quando se formavam estavam hábeis a lerem livros escritos em uma das línguas ensinadas.
A responsabilidade pela educação passou a ser centralizada no MEC que via a LE como uma contribuição para a formação do aprendiz, quanto ao conhecimento de outras civilizações e povos, explicando assim o motivo do espanhol ser permitido oficialmente para compor o currículo no curso secundário. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna para a Educação Básica (2006, p.19) “A língua espanhola, portanto foi valorizada como língua estrangeira porque representava para o governo um modelo de patriotismo e respeito daquele povo as suas tradições e a história nacional a serem seguidos pelos estudantes”.
Desde a época do império o francês tinha total preferência no cenário nacional, pela influência da França em nossa cultura e na ciência. Mas com a chegada do cinema falado na década de 20 a língua inglesa começou a penetrar em nossa cultura, e esse desejo de se aprender inglês aumentou após a segunda guerra mundial com a dependência econômica e cultural brasileira em relação aos Estados Unidos.Sendo assim, professores universitários, jornalistas, publicitários, artistas, entre outros, invadiram o Brasil em missões de boa vontade americanas, todos empenhados em estreitar os laços entre brasileiros e americanos.
Em 1960 o método áudio – oral se expandiu não apenas no Brasil, mas também n a Europa e nos Estados Unidos, enfraquecendo a concepção de língua nas abordagens estruturalistas.
Na LDB de 1961 houve a descentralização do ensino e a criação do Conselho Federal de Educação, que ficou responsável pelas decisões envolvendo o ensino de línguas estrangeiras. O latim e o inglês não sofreram nenhuma mudança drástica no currículo, já o francês quando na retirado sofria uma drástica diminuição em sua carga horária semanal, havendo assim uma decaída no ensino de língua estrangeira.
Houve a retirada da obrigatoriedade do ensino de língua estrangeira do ensino médio deixando opcional a sua inclusão no currículo aumentando assim a opção pelo inglês, ocasionando assim uma explosão de cursos particulares de inglês nos últimos 30 anos, a partir da intensificação do senso comum que não se aprende inglês na escola, pois mesmo sabendo a importância do ensino de língua estrangeira nas escolas, as políticas educacionais nunca se preocuparam com sua qualidade.




Houve várias teorias sobre o ensino de uma língua estrangeira, como a de Chomsky que acreditava que a língua fazia parte do sujeito, nascendo com ele como um sistema lingüístico internalizado, propondo assim um modelo inatista, se contrapondo desta forma a Saussure, pois este acreditava que a língua era apenas um conjunto de símbolos que quando ordenados pode – de abstrais sentidos.
Se contrapondo ao modelo inatista Piaget desenvolve a abordagem cognitiva e construtivista na qual a aquisição da língua é fruto da interação entre o organismo e o meio ambiente.
Nesse mesmo período educadores brasileiros passaram a ter contato com os estudos de Vygotsky (1896 – 1934) o qual acreditava que o desenvolvimento da linguagem ocorreria em duas instâncias, sendo a primeira externa onde ocorre trocas sociais e a segunda interna ocorrendo um processo mental, no qual as trocas sociais exercem um papel de movimento e interiorização.
No período de 1970 a língua passou a ter um caráter estritamente instrumental parando de se ensinar sobre as civilizações estrangeiras, por motivo do grande interesse aos métodos áudio – linguais, fundamentados na lingüística estrutural e no behaviorismo de Skinner.
Esses fatos geraram uma grande revolta nos professores paranaenses, os quais criaram movimentos que se fizeram presentes no Colégio Estadual do Paraná, fundado em 1846.
Na LDB de 1971 houve uma grande crise no ensino de língua estrangeira, com a introdução da habilitação profissional, houve uma queda drástica em sua carga horária tornando – se facultativa, sendo assim retirada do 1º grau e no 2º grau oferecida apenas uma hora por semana, sendo que na maioria das vezes apenas durante um ano.
A lei 5.962 de 11 de agosto de 1971 introduziu o núcleo comum para todo o país, que estabeleceu que o ensino abrangeria as seguintes matérias comunicação e expressão, estudos sociais e ciências, e em comunicação e expressão a única disciplina obrigatória era a Língua Portuguesa, recomendando o ensino de uma língua estrangeira moderna quando o estabelecimento em questão tiver condições para ministra – lá. Minimizando assim a importância do ensino de alguma língua estrangeira na escola.
Paiva (2003, p.53-84) em seu artigo fala que:

A não obrigatoriedade do ensino de língua estrangeira trouxe como conseqüência a ausência de uma política nacional de ensino de línguas estrangeiras para todo o país;a diminuição drástica da carga horária, chegando a apenas uma aula por semana em várias instituições: e um status inferior ao das disciplinas obrigatórias, pois em alguns estados as línguas estrangeiras perdem o “poder” de reprovar.


Em 1976, a resolução nº 58 de 1º de dezembro resgata, parcialmente o prestígio das línguas estrangeiras tornando – as obrigatórias no 2º grau. Diz o artigo 1º:
“O estudo de Língua Estrangeira Moderna passa a fazer parte do núcleo comum, com obrigatoriedade para o ensino de 2º grau, recomendando – se a sua inclusão nos currículos de 1º grau onde as condições o indiquem e permitam”.
Na tentativa de superar essa crise houve a criação do Centro de Línguas Estrangeiras no Colégio Estadual do Paraná, fundado em 1982, o qual passou a oferecer aulas de inglês, espanhol, francês e alemão no contraturno.
A importância da diversidade de idiomas também foi reconhecida na Universidade Federal do Paraná (UFPR) a qual em 1982 inclui em seu vestibular as línguas espanhola, italiana e alemã, estimulando assim uma procura muito grande por professores de línguas.
Em 15 de agosto de 1986 houve a criação do Centro de Línguas Estrangeiras Modernas pela Secretaria de Estado da Educação, como forma de valorizar a diversidade étnica que marca a história paranaense. Apesar das dificuldades enfrentadas o CELEM se encontra hoje em mais de 300 estabelecimentos de ensino, ofertando aulas de espanhol, alemão, francês, italiano, japonês, ucraniano e polonês a cerca de 15.195 alunos da Rede Pública Estadual do Paraná, sem custo financeiro.
Em 20 de dezembro de 1996 foi criada a nova LDB 9394/96 que instituía o ensino de uma língua estrangeira moderna como obrigatório no ensino fundamental e no ensino médio devendo a escolha ser feita pela comunidade escolar local. O inciso IV art. 24 diz que: “poderão organizar – se em classes, ou turmas, com alunos de séries distintas com níveis equivalentes de adiantamento nas matérias, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares”.
Quanto ao ensino médio o art.36, inciso III estabelece que: “será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), não demonstram em seus artigos nenhum incentivo ao ensino de línguas estrangeiras, apenas justificando sua ineficácia no ensino público, minimizando assim sua importância quando afirmam que “somente uma pequena parcela da população tem a oportunidade de usar línguas estrangeiras como instrumento de comunicação oral”.Questionando também sua importância no ensino público se perguntando onde os alunos utilizarão os conhecimentos adquiridos na escola, mas se fossemos ver por esse ângulo todas as outras disciplinas sofreriam preconceitos equivalentes.
Os PCNs tem como base o princípio da transversalidade , ou seja, o ensino de línguas estrangeiras estará incorporado a questões sociais como a diversidade cultural, os movimentos sociais, o problema da violência, o tráfico e o uso de drogas, entre outros. Enfatizando muito a leitura, sendo assim severamente criticados por alguns professores, pois eles acreditam que muito em breve os alunos perceberão que para “falar” uma língua estrangeira terão que freqüentar um curso de línguas.
O poder público também entra em várias contradições em seus artigos, enfatizando a importância do ensino de línguas estrangeiras, tanto na leitura quanto na escrita, mas deixando brechas na legislação, levando o ensino de língua estrangeira apenas a traduções de textos. A política nacional mostra mais uma vez seu descazo com o ensino de línguas estrangeiras, não a incluindo em seus exames nacionais como o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) e no Exame Nacional de Cursos (ENC) mais conhecido como provão. Na LDB de 1996 se faz obrigatório o ensino de língua estrangeira, mas esses exames acompanham a LDB de 1961 cobrando apenas as disciplinas como Português, Matemática, Geografia, História e Ciências.
O ensino de línguas estrangeiras sofreu uma série de preconceitos desde a época do Império até a atualidade, sendo sempre deixado de lado. Mas com o desenvolvimento das tecnologias o aprendizado de uma segunda língua se tornou indispensável, sendo assim hoje em dia a exigência pela qualidade no ensino de línguas estrangeiras está sendo muito grande, e como essa qualidade não está sendo encontrada no ensino público, as classes mais privilegiadas estão procurando – a em cursos de línguas particulares.
No mundo em que vivemos hoje todos deveriam ter acesso ao ensino público e gratuito de uma LE, mas com qualidade, pois para o aluno poderia ajuda – lo a ampliar sua concepção de mundo, tendo acesso a uma nova cultura, por isso a comunicação é ta importante, tendo o professo a consciência que ele estará ensinando outra forma de comunicação, tão válida quanto a língua materna, levando em conta o meio em que o aluno estará inserido.
O conteúdo a ser ensinado tanto na comunicação oral quanto na escrita deve ter como base o conhecimento de mundo do aluno, para que o professor posa aliar aquilo que ele já sabe pela língua materna com aquilo que ele irá aprender pela LE.
Segundo os PCNs:

Ao ensinar uma LE é necessário uma compreensão teórica do que é linguagem, tanto do ponto de vista sos conhecimentos necessários para usa – la quanto em relação ao uso que fazem desses conhecimentos para construir significados no mundo social.


O currículo de LE deve refletir situações da vida real e advogar a adaptação como um meio de se conseguirem mudanças equilibradas e futuros ideais, sendo a função do currículo encontrar o meio mais eficiente de se chegar a fins pré - definidos e “não – problemáticos”.
Costa (2003, p. 12) coloca três estilos de currículo que são:
Estilo Instrumental – predominante no final da década de 50 nos EUA, e que, após o impacto provocado pelo lançamento de Sputnik pele União Soviética, despertou nos americanos a necessidade de melhorar a preparação matemático – científica dos alunos.
Estilo Interativo – em voga em meados da década de 60 que procurava incluir novos aspectos de ensino.
Estilo Individualista – que surgiu no final dos anos 60 e que se fundamentava, igualmente em novos conhecimentos pressupostos sobre o conhecimento, a relação entre escola, indivíduo e sociedade e finalmente, a função do professor.

Há vários métodos para o ensino - aprendizagem de uma LE, como por exemplo:
Gramática – Tradução (GT) – É um dos mais antigos métodos, mas também um dos mais usados, recebendo várias críticas de apoio e repúdio. Esse processo consiste em o aluno memorizar palavras na LE e depois coloca – las em frases a partir de regras gramaticais. Vários críticos da GT vêem esse método como uma forma do aluno aprender mais sobre a LM (língua materna) a partir da LE, pois no momento da tradução da LM para a LE há varias comparações entre ambas.
Método Direto (MD) – É o oposto da GT, pois esse método baseia – se na proposta da exclusão da LM em sala de aula e que a única comunicação oral e escrita que deveria haver era através da LE. Mas esse método mostrou - se muito desgastante até mesmo para os professores mais preparados, que viam na GT um método mais simples, havendo assim uma mistura entre os métodos.
Abordagem Áudiolingual (AAL) – Esse método veio juntamente com a Segunda Guerra Mundial, pois houve a necessidade de que os soldados e outras pessoas envolvidas na guerra aprendessem uma LE rapidamente, sendo que as aulas nesse método duravam em média seis e nove meses com sessões de sete a nove horas diárias. Mas esse método foi considerado muito desgastante, pois as aulas eram muito repetitivas, tornando – se assim monótonas, sendo que o professor não parava para explicar a estrutura da língua. Esse método foi silenciosamente criticado nos anos 60, mas nas décadas seguintes as críticas foram tendo mais forças, pois os críticos baseavam – se no pressuposto de que o aluno desse método ao se confrontar em uma situação comunicativa com um nativo da língua, tinha os mesmos erros que os alunos dos métodos anteriores, pois ao se comunicar com um nativo eles pareciam esquecer tudo o que haviam aprendido durante a aula.
Abordagem Comunicativa (AC) – É considerado atualmente um dos métodos mais eficientes, pois ele ensina ao aluno a se comunicar em situações reais. A critica feita a esse método é a ausência de objetivos no ensino de línguas, e também que esse método visa reunir pessoas com gostos e interesses em comum, o que é muito difícil. Mas apesar das críticas a AC é muito encontrada tanto em escolas públicas quanto particulares e principalmente em escolas de idiomas, as quais oferecem um ambiente favorável, adequado as necessidades da AC.
Abordagem Lexical (AL) – A abordagem lexical é uma das mais recentes, mas já se encontram seguidores no Brasil, ela foi desenvolvida por Michael Lewis a partir de uma área inovadora de estudos denominada lingüística de corpus, a qual necessita de computadores para o ensino – aprendizagem de LE. Há uma série de atividades na AL sendo muitos desses exercícios já conhecidos pelos professores como o preenchimento de lacunas e a combinação de palavras, sendo necessários também uso de corpora que é o número razoável de palavras para os propósitos que se destina, explicando assim a necessidade de computadores, para o armazenamento de dados. Mas hoje em dia há softwares destinados especificamente a AL.
Não há uma metodologia tida como perfeita para o ensino – aprendizagem de uma LE, sendo assim devemos levar em conta também as Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, que nos ajudará a adaptar – mos as aulas de LE aos alunos. Mas os professores devem sempre estar aprimorando suas aulas, para que essas não se tornem uma tarefa maçante e monótona.
Para que haja um processo de ensino de qualidade, não podemos levar em conta apenas o aluno ou somente o professor, mas sim trabalhar o processo ensino – aprendizagem como um todo, levando em conta tanto a língua a ser ensinada, quanto o aluno, o professor e como ensinar.
O professor deve ser um mediador entre o que será ensinado e o aluno, mas o que será ensinado deve sempre levar em conta a realidade em que o aluno está inserido, pois o ambiente exerce papel fundamental na formação da personalidade do aluno, atento também a questão que cada indivíduo aprende de uma forma.
Mas existem diferenças entre o aprendizado, pois há a língua para aprender e a língua para viver, sendo a primeira baseada somente em atividades escolares e a segunda em um aprendizado utilizado no dia – a – dia.
Para que um aluno se interesse pela aprendizagem de uma LE, esta deve estar em contato com o que ela já sabe, ou seja, a aprendizagem deve ser significativa, pois assim ele irá se familiarizar com o que está sendo ensinado.
Segundo os PCNs “ a aprendizagem de uma língua estrangeira deve haver o aspecto comunicativo, envolvendo os outros no discursos, sendo isso feito por atividades pedagógicas que tenham o aluno como ser discursivo”
Sendo assim os livros didáticos podem ser trabalhados em sala de aula, mas não devem ser tomados como único instrumento de ensino, pois a comunicação e as diversidades das aulas são muito importantes, podendo ser incluída a interdisciplinaridade na aula de LE, ou seja, a LE, deveria ser trabalhada juntamente com outras matérias como, por exemplo, poderíamos usar os mapas de geografia nas aulas de LE. A leitura é outra forma muito importante no ensino – aprendizagem de uma LE, pois se a leitura já é um instrumento muito importante na LM, na LE ela auxiliará ainda mias na formação integral do aluno, partindo do princípio que o aluno aprenderá tudo o que tiver algum significado para ele.
Mas para que haja o envolvimento da interdisciplinaridade nas aulas de LE, é necessário um envolvimento sistemático do professor, quem deve buscar os conhecimentos necessários para a realização dessa prática.
Segundo as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental do Estado do Paraná – Língua Estrangeira, a aula de LE pode ter caráter formativo no desenvolvimento das atitudes cidadãs dos alunos, podendo trabalhar temas controversos, despertando a avaliação critica dos alunos. Sendo assim a LE dentro da escola pode levar o aluno a ter uma visão de mundo, conhecendo diversas culturas, tornando – se assim agente de seu próprio processo de aprendizagem. O aprendizado de uma LE contribui para a inclusão social do indivíduo, pois nós não podemos viver isolados dos outros países.
Sendo este um dos objetivos da LE, proporcionar aos alunos a oportunidade de fazer uso da língua que estão aprendendo em situações reais, e não meramente como uma prática em sala de aula.
Sendo assim professor de língua estrangeira não deve se basear somente em teorias gramaticais e esquecer da comunicação, pois o professor de LE deve ter uma consciência perante o ensino visando sempre uma melhor qualidade de suas aulas.
Segundo as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental do Estado do Paraná – Língua Estrangeira, ao final do Ensino Fundamental espera – se que o aluno:
Tenha vivenciado, na aula de LE, formas de participação que lhe possibilite estabelecer relações entre ações individuais e coletivas;
Seja capaz de usar a língua em situações de comunicação oral e escrita;
Compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto passíveis de transformação na prática social;
Tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade;
Reconheça e compreenda a diversidade lingüística e cultural, bem como seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país.

A autonomia do professor é muito importante no processo de ensino - aprendizagem de uma LE, pois ele deve sempre procurar várias alternativas para melhoramento de suas aulas, mas em suas atitudes devem sempre ser exercitada a coletividade.
As Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental do Estado do Paraná – Língua Estrangeira, fazem um alerta aos recursos destinados a aula de LE, pois o professor sempre deve dispor de vários recursos como jornais, revistas, entre outro. Reconhecendo também a importância da formação continuada, pois somente a formação inicial não garante o sucesso do processo educacional, sendo assim o poder público deve proporcionar aos professores cursos de formação continuada para o aprimoramento das suas habilidades.
A formação continuada é algo imprescindível para qualquer professor inclusive o de LE, mas há ocasiões onde os professores não têm condições financeiras para participarem de cursos de capacitação, mas há várias outras opções, pois a formação continuada não consiste em apenas fazer cursos caros, mas também ler livros relacionados ao assunto, procurar informações na Internet, ou seja, se manter sempre informado em relação a disciplina trabalhada, em nosso casa a LE.
Mas essa formação não deve ser tomada como uma forma de revolucionar a prática pedagógica, e sim uma forma dos professores se atualizarem principalmente em relação as novas tecnologias, havendo uma grande contribuição em relação a prática pedagógica. Os professores devem ser mais autônomos em relação a sua formação, percebendo o que é melhor para sua prática, e não acompanhando apenas o mercado de trabalho.
Tanto o professor quanto qualquer outro profissional precisam de uma motivação para ter uma formação continuada, que geralmente vem por meio de promoções salariais, mas essa idéia de formação deveria partir da própria necessidade do profissional em melhorar seu trabalho.
Essa formação também não deve tomar como base somente a teoria mas também a prática , pois muitas vezes o professor não sabe como aplicar seu conhecimento teórico em sala de aula.
A importância do envolvimento da cultura da LE ensinada é essencial para a aula de LE, pois assim os alunos podem conhecer vários fatores culturais do país da LE ensinada, além de poderem fazer um paralelo entre a nossa cultura e a do outro país.
A motivação e a interação são outros fatores muito importantes, principalmente o ultimo, pois tudo o que é passado pelo professor deve ser discutido entre o professor e os alunos para uma melhor compreensão do conteúdo.
A má formação dos professores na Universidade pode gerar sérios danos ao ensino, pois não há uma consciência para a formação continuada, provocando assim um crescimento das “crenças” que é onde a maioria desses professores se baseiam.
Felix (2005, p.94) em seu artigo fala sobre duas competências para o ensino que são:
Competência Aplicada – capacita o professor a ensinar de acordo com o que ele sabe conscientemente e que ele permite articular no discurso explicações plausíveis, de porque ensinar da maneira que ensina e porque obtém os resultados que obtém.
Competência Profissional – É o compromisso que o professor assume com o ensino de línguas, e é por essa competência que ele administra seu crescimento profissional e sua atualização permanente.

A maioria dos professores de LE, não acreditam no que fazem, enfatizando que para se aprender uma LE para a comunicação deve – se morar fora do país ou freqüentar um curso de línguas, o que não é verdade, pois se houver realmente a dedicação e o interesse do professor em motivar a sala, em aplicar uma aprendizagem significativa, onde o aluno se identifique com o conteúdo exposto, a aprendizagem se tornará efetiva.
O professor deve buscar em suas aulas um motivo para que o aluno aprenda, ou seja, preparar aulas nas quais os alunos tenham interesse e queiram realmente aprender o que está sendo trabalhado.
A motivação na aprendizagem é algo muito difícil de se estabelecer, pois o aluno pode ter motivos tanto extrínsecos quando intrínsecos para aprender, sendo o primeiro baseado em recompensas como, por exemplo, se o aluno obtiver uma boa nota na disciplina de LE ele ganhará uma bicicleta de seus pais, e o segundo baseado na satisfação pessoal do aluno como, por exemplo, um aluno está indo muito bem nas aulas de LE porque ele se interessa pelo assunto e quer realmente aprender uma segunda língua.
O sucesso obtido pelo aluno é outro fator muito importante pois assim ele terá interesse naquilo que ele percebe que é bom. Sendo assim o professor deve prestar muita atenção nos motivos pelos quais os alunos estão participando ativamente das aulas, tentando transformas os motivos extrínsecos em intrínsecos, dando oportunidades para que todos sintam que estão obtendo sucesso no que estão fazendo, e não apenas premiando os alunos que se destacam e castigando aqueles que não obtém muito sucesso.
Outra atitude que podem ser tomadas pelos professores de LE é adequar as tarefas aplicadas aos alunos reduzindo assim a probabilidade de fracassarem, pois não há nada mais desmotivador que o fracasso e orientar os alunos do por quê que eles estão fazendo aquela tarefa.
As atividades devem ser feitas de forma cooperativa e não competitiva, pois é muito mais interessante aprender entre amigos do que entre inimigos, desta forma os alunos irão trabalhar em grupo, mas não de uma forma separada (um escreve, um resume, etc.) e sim todos trabalhando em torno de um mesmo objetivo, o que pode gerar vários conflitos cognitivos, mas que no final do processo os alunos obterão resultados que de maneira individual seria praticamente impossível.
Segundo Vygotsky todo o indivíduo passa em seu processo de aprendizagem pela zona de desenvolvimento proximal que é dividida em real e potencial, sendo a primeira aquilo que o indivíduo pode fazer sozinho, e a segunda aquilo que o indivíduo só consegue fazer com a ajuda do outro, sendo assim, os alunos que tem mais facilidade com o assunto, pois já transformou seu conhecimento real em potencial, poderão ajudar aqueles alunos que ainda estão na fase do desenvolvimento potencial, muitas vezes com mais facilidade que o professor, pois estes acabaram de passar pela fase que os colegas ainda estão passando.
A avaliação está sendo uma forma de segregação do aluno, classificando – os e excluindo – os, mas o professor não deve ver o erro como um aspecto negativo, mas como uma forma de definir o que o aluno “ainda não sabe” , mas que pode vir a saber, havendo dessa maneira uma reflexão mais contínua por parte do professor, pois a avaliação deve ser vista como uma forma de aprendizado, tornando – se assim um instrumento de inclusão.
Desta maneira a avaliação deve se tornar um processo contínuo focalizando tanto o educador quanto o educando, mas sempre levando em conta a realidade social onde o aluno está inserido, pois a nossa sociedade é exclusiva e seletiva.
Segundo os PCNs (1998, p. 82):

O avaliador se empenha em regular as interações em sala de aula para corrigir rotas de percurso, utilizando um vasto repertório de técnicas sociais, com sensibilidade e percepção dos problemas, a fim de que se crie um clima emocional ótimo, conducente a uma aprendizagem também ótima.


A avaliação, tanto na aula de LE como em outras disciplinas  deve ser uma forma de aprendizado, transformando os erros em acertos com o auxílio do professor, pois assim os alunos que tem dificuldade de aprendizagem terão mais oportunidades de se recuperarem e de não sendo assim excluídos desse processo.

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