A VAIDADE VESTIDA DE VIRTUDES 

Chegou o dia em a princesa teria que viajar a um reino distante para se casar. Vaidosa de suas virtudes, a mulher foi ao templo do Rei de Oió.

- Grande Senhor da Justiça, disse a princesa, sou bondosa, caridosa, boa amiga, boa filha, oportunizo o crescimento de outras pessoas, sou fiel ao meu Deus, sou humilde. Que recompensa Aloroque me reserva com esse casamento. Serei feliz? Terei um marido que me mereça?

Xangó irritado respondeu: - O teu futuro esposo é um homem: impiedoso, arrogante, não crê em nada, é vingativo ...Viva com ele sete anos, depois venha buscar a tua merecida recompensa.

Quatro verões depois, soube-se que a princesa usurpou o trono do marido. Mandou cortar a cabeça do rei e a fixou num porte na entrada da cidade real.

Muito tempo depois, quando Ikú chegou, a rainha foi levada a presença do Senhor do Raio.

- Já de volta, disse o Orixá.

Então, a rainha disse: - grande Pai, fui uma pessoa extremamente bondosa, caridosa, boa amiga, boa esposa, boa filha, sempre oportunizei o crescimento de outras pessoas, fui fiel ao meu Deus, fui humilde, amei os meus súditos. Qual será a minha recompensa?

Xangó pegou o seu machado de Axé e partiu o espírito da ex-rainha em três partes. E ordenou que cada parte fosse para um inferno diferente. 

Aquele que enaltece às suas próprias virtudes, está cego pela vaidade”.