A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE ENSINO –APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO ANO DE 2015 MT.

Rozane Aparecida Fernandes[1] 

RESUMO 

O presente artigo trata da utilização de jogos e brincadeiras na educação infantil. Tivemos como objetivo compreender e analisar a importância do uso dos jogos e brincadeiras no processo de ensino – aprendizagem das crianças. Fundamentamos esta pesquisa com Kishimoto e autores como Brougere, Lima, Queiroz, Vygotsky que compartilham o pensar sobre as contribuições do ato de brincar para o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo de cada sujeito. Usamos o método qualitativo com ênfase no estudo de caso. Desta forma a coleta de dados deu-se a partir de observações em sala e entrevista estruturada aplicada ao sujeito da pesquisa. Sendo o sujeito uma professora de uma turma do pré II da Escola Municipal Sorriso. Esta por sua vez localiza-se na cidade de Sorriso, Estado de Mato Grosso. Podemos assim concluir com os dados obtidos, que as atividades lúdicas como o jogo e o brincar são ferramentas pedagógicas na construção do conhecimento que possibilitam situações de aprendizado, sendo uma maneira prazerosa para que a criança se socialize e interaja com o outro, desta forma as regras e a imaginação propiciam o desenvolver da criatividade e da reflexão que promovem mudanças comportamentais, tanto com o outro como intelectual.

 

INTRODUÇÃO 

         Esta pesquisa teve como objetivo compreender e analisar a importância do uso dos jogos e brincadeiras no processo de ensino – aprendizagem das crianças na educação infantil, e suas contribuições para o desenvolvimento integral dos educandos, em uma turma de pré II da Escola Municipal Sorriso, localizada na cidade de Sorriso, Estado de Mato Grosso (MT). O tema da pesquisa surgiu como problemática da importância e necessidade do desenvolvimento de brincadeiras e jogos pedagógicos no espaço escolar para o ato de aprender de maneira prazerosa e significativa.

         Os educadores devem ter a concepção que a brincadeira é um recurso pedagógico fundamental para a construção da aprendizagem, que favorece todos os aspectos do desenvolvimentohumano.Por meio de atividades significativas que desenvolvam as capacidades e habilidades de cada um.

         O papel do educador é proporcionar momentos de atividades lúdicas para dirigir a relação entre ensinar e aprender. Dessa maneira, entende-se que esse processo é fundamental no crescimento das crianças, pois é no ato da brincadeira que elas expressam suas nescessidades de aprendizagem.

         A partir de leituras de autores como Kishimoto, Lima, Queiroz, Vygotsky, Brougere, percebemos o quanto é relevante os jogos e brincadeiras na formação da criança, pois no ato de brincar representam suas vivências, criando e recriando situações adversas na formação de sua identidade cultural. Por isso, o presente estudo vem contribuir para análise e reflexão acerca do lúdico como metodologia de ensino. Assim o brincar se torna uma ferramenta indispensável na aprendizagem e no desenvolvimento dos educandos, por meio destas vivências pedagógicas eles aprendem a se relacionar com o outro de forma mais prazerosa, incorporando através das regras dos jogos os principios da sociedade, logo como a solucionar dificuldades na aquisição do conhecimento. 

JOGOS E BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM 

         O convívio com atividades lúdicas vem proporcionando que à criança possa estabelecer relações cognitivas, a partir de suas vivências, bem como fazer relacões com as produções culturais e simbólicas da sociedade a qual pertence.

         Brasil (1998, p.44) nos traz que “Todas as culturas estão em constante processo de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando valores, o grupo social transforma e reformula constantemente esses códigos [...].”.Desta forma para (Oliveira 2002), a ação da brincandeira proporciona significamente uma mudança na consciência infantil, determinando um jeito mais complexo da criança conviver com o mundo.

         Kishimoto (1996) nos mostra que os jogos e as brincadeiras servem para propor princípios éticos, morais, e conteúdos de algumas disciplinas. Sendo um facilitador da aprendizagem, descobrindo assim, uma maneira de se usar o lúdico como metodologia de ensino. Ainda para kishimoto a brincadeira é como: 

[...] uma conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender às necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adquada para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Assim, se contrapor aos processos verbais de ensino, à palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica ao conteúdo (1996, p.28). 

         Compete ao educador trabalhar com as atividades lúdicas como jogar e brincar, em que a criança possa reelaborar e reinventar as formas de brincar, cabendo ao educador conduzir o educando a refletir, possibilitando que o mesmo possa reformular suas hipóteses, e se apropriar de forma prazerosa e significativa o seu aprendizado.De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23, v.01) o professor deve propiciar: 

[...] brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. 

         Complementando ainda o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 23, v.01) que “[...] o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um elemento essencial. [...] oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar”.

         Portanto os jogos e as brincadeiras instigam o desenvolvimento integral da criança, que pelo ato de brincar tem a oportunidade de vivenciar diversas situações, descobrindo assim um universo de imaginação, invenções, criatividade, independência, desenvolve habilidades, formulando conceitos, ideias e se socializando.

         Nessa perspectiva pedagógica, conforme o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01): 

A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando. 

Para Kishimoto (1996), durante a brincadeira a criança vem estabelecendo diferentes conexões com os papéis sociais que assumem, transformando os saberes que possuem em conceitos gerais, desta forma seus conhecimentos decorrem da imitação de situações que conhece, seja a vivência familiar ou outros lugares de seu dia a dia.

Quando é possível que a criança tenha a oportunidade de vivenciar brincadeiras criadas por elas mesmas e imaginativas, elas também desenvolvem no ato de processar seus pensamentos as resoluções de problemas que são importantes e significativas para ela.

Dessa forma a construção do conhecimento se da pelas experiências sociais que as crianças vivenciam, pois enquanto construtor do conhecimento a criança vem interagindo com o mundo, assim, através das múltiplas interações sociais o conhecimento é construído como também pela interação com os objetos, sendo por meio do brincar que ela pode se apropriar do saber. Nesse sentido, Rosa (Org.) afirma que: 

No processo de maturação da criança, o brinquedo, a motricidade, a afetividade e a inteligência estão intimamente ligados. As atividades motoras associadas ao ato de brincar (ludicidade), possibilitam à criança desenvolver suas funções afetivas e intelectuais, destacando-se como indivíduos; estabelecem o convívio social, tomam iniciativas próprias e estimulam a criatividade. O brinquedo traduz o real para o mundo infantil. Ao manipular o brinquedo, a criança é tocada pela sua proposta, reconhece coisas, realiza descobertas, experiências, analisa, compara e cria (2008, p. 23). 

Nesse contexto, a brincadeira vem possibilitando situações diversas vivenciadas que contribuem para a aprendizagem. Compreende-se que é através do ato de brincar que a criança vem se percebendo como um sujeito no mundo, tanto coletivo quanto individual, aprendendo desta maneira a se adaptar no ambiente social a qual pertence.

De acordo com Vygotsky (1998, p. 168), “as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade”. Diferenciando no futuro o imaginário do real. Seguindo essa concepção (BRASIL, 1998, p. 27) “a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para que a realizasse”.

Nesse contexto “[...] para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada”. (BRASIL, 1998, p. 27).

Kishimoto (1994, p. 13) nos traz a importância do jogo como “promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola”.

O educador nas situações de jogos e brincadeiras deve ser sempre um mediador, orientando para a descoberta de possibilidades para solucionar os problemas que são postos pelo jogo. “O processo de educação escolar é qualitativamente diferente do processo de educação no sentido mais amplo. Na escola a criança está diante de uma tarefa particular: entender as bases dos estudos científicos, ou seja, o sistema de concepções científicas (VYGOTSKY, 1989, p. 147)”. Sendo assim é possivél trabalhar de maneira interdiciplinar com o lúdico, de tal forma que ao brincar também se aprende.

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