A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS NAS AULAS DE MATEMÁTICA

Uéric Silva Oliveira


RESUMO

Baseado no contexto em que vivemos o ensino da matemática não deve apenas ser tratada como algo abstrato sem aplicações no cotidiano, talvez seja um dos principais problemas do não aprendizado significativo no que diz respeito a sua aplicação no dia a dia. O objetivo central é o desafio que o aluno tem em assimilar o conteúdo dado em sala de aula através de modelos práticos (jogos, material concreto e experiência do cotidiano), donde o professor de matemática possa mostrar aos seus alunos o prazer de se aprender matemática de forma mais "prazerosa". Esse é um dos nossos grandes desafios e pretendemos através da aplicação de situações jogos-desafios facilitar o aprendizado significativo desses estudantes.

Palavras-chave: Ensino de Geometria. Materiais Didáticos. Jogos-desafios.

INTRODUÇÃO

O presente projeto é intencional da disciplina Laboratório de Ensino da Matemática, uma disciplina da base curricular do curso de Licenciatura em Matemática do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e é de caráter obrigatório para avaliação da disciplina.
O projeto destina-se ao trabalho com alunos que apresentaram dificuldades no primeiro semestre, nas respectivas turmas 6° B e 6° C, da Escola Estadual Reunidas Castro Alves, na disciplina de matemática (geometria), visando promover a melhora da qualidade do ensino e da aprendizagem, pois a frustração na disciplina matemática muitas vezes acontece porque os alunos não conseguem ou não se sentem capazes de associar a matemática trabalhada na escola com a matemática que eles estão acostumados em lidar no dia a dia, nesse sentido alguns alunos ficam desmotivados dificultando a sua aprendizagem.
Como diz George Polya (1944, p.5):
Um estudante cujo curso inclui Matemática tem, também, uma oportunidade única, que ficará evidente perdida se ele considerar esta matéria como uma disciplina com que precisa obter tantos créditos e a qual deverá esquecer, o mais rápido possível, assim que passar pelas provas finais. A oportunidade pode ser desperdiçada até mesmo se o estudante tiver algum talento natural para a Matemática, pois ele, como todos os outros, precisa descobrir seus talentos e seus gostos: ninguém poderá saber se gosta de torta de maçã se nunca a houver provado. É possível, porém, que chegue a perceber que um problema de matemática pode ser tão divertido quanto um jogo de palavras cruzadas, ou que o intenso trabalho mental pode ser um exercício tão agradável quanto uma animada partida de tênis. Tendo experimentado o prazer no estudo da Matemática, ele não a esquecerá tal facilmente e haverá então uma boa probabilidade de que ela se torne alguma coisa mais: um hobby, um instrumento profissional, a própria profissão ou uma grande ambição.

Nesse âmbito, pretendo mostrar aos alunos que a matemática escolar não é algo totalmente abstrato, sabendo que esse abstracionismo pode levar o estudante a desmotivar-se pela matéria, por isso é intencional que o professor tente trabalhar com o aluno a matemática no âmbito mais prático, para isso, pretendo utilizar recursos didáticos (jogos-desafios) em aulas extras que acontecem no turno oposto ao de aula regular. Para que a aprendizagem aconteça de maneira eficaz.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

O referencial teórico é um comentário sobre a educação matemática e também do que será desenvolvido em sala de aula.

Educação e desenvolvimento

A educação não deve ser a simples transmissão de informação e conhecimento para o aluno, por isso, a educação deve desenvolver no aluno a capacidade de pensar, analisar, aplicar os conteúdos no cotidiano (quando possível), organizar e formular conclusões que garantam a capacidade de desenvolver informação.
Atendendo a essa conclusão de educação e conhecimento da realidade da turma e também de cada aluno, é necessário haver uma preocupação de sempre estar observando os que possuem certas dificuldades no aprendizado.
Por isso, é importante ao estudante poder dominar os conceitos e procedimentos da matemática em geral. Tal aprendizagem deve ser feita de maneira natural deixando que o aluno possa desenvolvê-los a partir das possíveis dificuldades presentes em atividades propostas em sala de aula.

Recursos didáticos

O ensino da matemática provém da necessidade do homem em fazer comparações, medições, construções, simetrias, contagens, entre outros fatos motivadores que foram se aprimorando através de diálogos, escritos, desenhos, entre outros, o que atualmente nos é ensinado. Com base nisto, como podemos transmitir tais conhecimentos de forma que possibilite um melhor aprendizado, de forma motivadora?
Observando essa linha de pensamento pode-se observar que o ensino da matemática poderá ser mais eficiente se fosse utilizado outros recursos didáticos, ou seja, utilizar não somente o quadro-negro e o giz, mas sim buscar métodos e materiais que muitas vezes existem na própria escola, mas que não é muito utilizado pelo professor. Tais materiais podem auxiliar o aluno na busca de motivação da aprendizagem.

Algumas reflexões...

Após o desenvolvimento das atividades propostas e o comentário dos alunos em relação às mesmas com o Geoplano e com o Tangran, pude perceber a importância dos mesmos na aprendizagem da matemática, no âmbito da construção, identificação de elementos, nomenclaturas, calculo de área entre outras relações que são abordadas no 7° ano do ensino fundamental.
O uso do geoplano possibilitou que os alunos dinamizassem suas experiências, pois os jogos-desafios tinham um objetivo de revisar os principais conceitos de polígonos (convexo e não convexo, regular e irregular), também foram estudados os diferentes tipos de triângulos (retângulo, obtusângulo, acutângulo, escaleno, isósceles, equilátero) e quadriláteros (quadrado, retângulo, paralelogramo, losango, trapézio), trabalhamos também com pentágonos, hexágono entre outros polígonos. Onde cada aluno receberia uma ficha com questões que foram respondidas a partir de atividades propostas com o Geoplano e em seguida os alunos colocariam suas conclusões na ficha. Esta prática foi muito interessante, pois houve muita interação na turma, onde os alunos que possuíam mais facilidade auxiliavam os que estavam com dúvidas.

Atividades referentes à aula com o geoplano:

1. Construir no geoplano polígonos convexos e polígonos não convexos, depois comente a diferença entre eles.
2. Construir no geoplano polígonos regulares e polígonos irregulares, depois comente a diferença entre eles?
3. Construir no geoplano triângulos: eqüiláteros, isósceles, escaleno, acutângulo, retângulo e obtusângulo, depois diga as características de cada um deles?
4. Nesta questão você construir no geoplano diferentes tipos de quadriláteros: quadrado, retângulo, losango e o trapézio. Logo após diga as características de cada um deles?
5. Construa no geoplano pentágonos, e verifique se podemos construir pentágonos convexos (regular ou irregular) e não convexos? Logo após escreva suas conclusões:

O uso do Tangram possibilitou aos alunos desenvolverem a criatividade em relação à construção de figuras planas e também de animais, letras, objetos. Inicialmente foi pedido que eles montassem figuras planas (triângulo, quadrilátero, pentágono, hexágono, entre outras), a turma ficou logo empolgada, pois todos queriam terminar as construções por primeiro. A maioria dos alunos conseguiram montar as figuras indicadas enquanto outros foi necessário a minha intervenção para que eles concluíssem a atividade. Através das construções foi possível trabalhar conceitos de área, raciocínio lógico, cooperação.

Atividades referentes à aula com o Tangram:

1. Usando as sete peças do tangram forme os seguintes polígonos:
a. Triângulo.
b. Quadrado.
c. Paralelogramo.
d. Trapézio.
e. Pentágono.
f. Hexágono.
2. Usando novamente as sete peças forme:
a. Um animal.
b. Uma letra do nosso alfabeto.
c. Um objeto.
3. A partir das figuras formadas nas questões anteriores, dê a área de qualquer uma das figuras acima, usando como unidade:
a. Um triângulo pequeno.
b. Um quadrado.
c. Um triângulo grande.

Nessas práticas busquei nos alunos respostas espontâneas nos jogos-desafios, pois como diz D?Ambrosio (2007, p.17), "... a matemática é espontânea, própria do individuo".
O ponto mais importante dos encontros foi o momento em que nos reunimos e os alunos socializaram seus anseios, sugestões, expectativas entre outras coisas em relação aos nossos encontros.
Alguns depoimentos dos alunos que me levaram a esta afirmação:
"Os nossos encontros favoreceram nossos encontros, porque aprendemos brincado".
"Aprendemos mais construindo, porque presto mais atenção".
"Os materiais usados em sala de aula me estimulou a aprender as formas geométricas brincando".
Tomando como base estas experiência, quero de certa maneira contribuir com a educação dentro de uma proposta que leve aos alunos a busca de uma aprendizagem voltada para a exploração de recursos didáticos (jogos, materiais concretos) tentando promover uma melhora na educação, pois segundo Malba Tahan (1973, p.10).
"Cumpre, pois, ao bom professor apresentar a Matemática com encanto e simplicidade, de modo a torná-la leve e agradável ao educando; fazer dela uma ciência cheia de atrações...".

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como objetivo compreender o desenvolvimento dos alunos que participaram dos encontros, a partir de aplicações dos materiais didáticos (jogos, materiais concretos) nas aulas extras. As experiências vivenciadas por mim enquanto professores destes alunos me permitiram perceber como os alunos que possuíam dificuldades no aprendizado em matemática se mostraram capazes de superá-las, pois muitos estavam desmotivados, impedindo uma aprendizagem significativa. O que mostra a necessidade de tentarmos incluir em nossas aulas materiais didáticos (jogos, materiais concretos).

REFERÊNCIAS
IMENES, Luiz Márcio; LELLIS Marcelo. Matemática Para Todos 6º série, São Paulo Scipione, 2002, 2º edição.

POLYA, George; A arte de resolver problemas. Rio de Janeiro: Editora Interciênica, 1995.

MONTENEGRO, Suzette Geraldi. Entrevista com o professor Ubiratan D?Ambrosio. Dialogia. São Paulo, vol. 6, 2007.

ETCHEVERRIA, Teresa Cristina. Formação de Professores em Grupos de Estudos: Cooperação e colaboração, 2007.

TAHAN, Malba. As Maravilhas da Matemática, Rio de Janeiro, edt. Bloch, 1973, 2º edição.