Na maioria dos casos, professores de História dizem que o divisor de águas dos negócios foi, sem dúvidas, a Revolução Industrial. Não é para menos, afinal, ela modificou totalmente o cenário econômico e industrial. Sendo assim, a Revolução beneficiou a Contabilidade e evoluiu juntamente com ela. Foi aí que surgiram os primeiros passos do Gerenciamento, que foi preciso devido ao aumento dos negócios para verificarem se as organizações estavam tendo resultado em relação aos recursos que consumiam na produção. Vendo que as organizações e operações estavam se expandindo e a demanda de informações não satisfazia aos proprietários, surgiu, de fato, a Contabilidade Gerencial.
De acordo com Pamplona (1998, p.2), "As primeiras organizações americanas a desenvolverem sistemas de contabilidade gerencial foram as tecelagens de algodão mecanizadas e integradas, surgidas após 1812".
Como foi um processo emergente que todos viram que estava dando resultados, continuaram a fundo, pesquisando e verificando o que poderia ser mais rentável e absorvendo o que houvesse de melhor para o gerenciamento, e consequentemente, teriam a lucratividade. Com o passar o tempo, não só a contabilidade, mas todos os seus ramos foram sendo lapidados por historiadores e pesquisadores da Ciência, o que contribuiu significativamente para o seu engrandecimento. Atualmente, a Contabilidade Gerencial é encarada como segmento da Ciência Contábil especializado em atender às necessidades informacionais de todos os interessados na gestão das entidades, sejam elas com fins lucrativos ou não. Mesmo considerando a primazia dos gestores internos, as novas necessidades de informações contábeis para avaliação dos investimentos e da gestão das empresas fazem com que a Contabilidade Gerencial hoje desenvolva conceitos e instrumentos também para utilização pelos usuários externos.
De longa data, nós, futuros contadores, responsáveis pela gestão de empresas, nos convencemos que o horizonte das informações contábeis continua se expandindo e vai além do simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e fiscais. Aliás, a contabilidade é desvalorizada apenas pelo simples fato de donos de empresas pensarem que ela é um mero acessório de cumprimento da burocracia governamental, quando deviam levá-la como uma peça-chave para saber informações sobre suas devidas empresas e tomar decisões acertadas. Há até quem diga que a Contabilidade Gerencial, aquela que mantém nada mais nada menos do que sócios e donos por dentro de tudo em suas empresas, é mais importante do que aquela contabilidade que coloca informações a fornecedores, investidores e ao fisco.

2. DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL

Os métodos da contabilidade financeira e da contabilidade gerencial foram desenvolvidos para diferentes propósitos e para diferentes usuários das informações. Há, contudo, numerosas similaridades e áreas de sobreposição entre os métodos da contabilidade financeira e gerencial.
Manter uma contabilidade completa não sai tão barato, pois se deve ter todos os livros pedidos em lei (diários, razão, inventários), ou seja, todo esse custo não seria apenas para atender ao fisco. Podemos observar melhor isso na Tabela abaixo, onde podemos analisar a diferença entre a Contabilidade Financeira e a Gerencial:
FATOR CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL
Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados Orçamentos, relatórios de desempenho, de custo, especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão
Público-Alvo Externo: acionistas, credores,
governo, legisladores, dentre outros. Interno: planejamento, direção e
motivação, controle e avaliação do desempenho.
Frequência dos relatórios Anual, trimestral e ocasionalmente Quando necessário pela administração
Restrições nas informações fornecidas Regulamentada: dirigida
por regras e princípios
fundamentais da contabilidade e por autoridades governamentais Desregulamentada:
Sistemas determinadas pela administração para satisfazer necessidades estratégicas e operacionais.
Características da informação fornecida Deve ser objetiva (sem viés), verificável, relevante e a tempo Deve ser relevante e a tempo
Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientada para o futuro, para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato

Gilberto Grzeszezeszyn coloca em seu artigo que

É notória, por essa comparação, a visão que a contabilidade gerencial procura expressar em seus relatórios. Destaca-se a orientação para o futuro, a preocupação com o impacto e a tempestividade das informações sobre os gerentes e a amplitude do campo de atuação, permitindo a utilização de técnicas e teorias advindas de disciplinas afins.
2.1 FUNÇÕES DA CONTABILIDADE GERENCIAL

Podemos dizer que os tipos de controle são três: Controle Operacional, que fornece informações (feedback) sobre a eficiência e a qualidade das tarefas executadas; Controle Administrativo, que fornece informação sobre o desempenho de gerentes e de unidades operacionais; e Controle Estratégico, que repassa informações sobre o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo, preferências dos clientes e inovações tecnológicas.
Se percebermos a junção desses controles (feito de forma eficiente), a empresa estará com um superávit.

Todas essas informações servem não só para gestores, mas também para funcionários, os quais podem aprender a:
1. Melhorar a qualidade das operações;
2. Reduzir os custos operacionais;
3. Adequar-se ao negócio de cada cliente;
Como já sabemos a diferenciação da Contabilidade Financeira para a Gerencial, podemos averiguar que aquela é um tipo de ?obrigação? que temos perante nossos clientes e o governo; e esta é um adicional de relatórios visando a ajudar os empresários.

3. O PAPEL DO CONTADOR NA EMPRESA E A IDEIA QUE O EMPRESÁRIO TEM DESSE SERVIÇO

Ter um administrador é opcional. Mas é lei ter um contador em sua empresa. Isso é devido ao Código Civil de 2002. Nós temos que tirar proveito de tal norma para agirmos mais, colocarmos pensamentos e ideias no mundo empresarial. Então, empresários se perguntam por que contadores não "nasceram" para, também, administrar. Sendo assim, eles só pagariam a uma pessoa e, certamente, teriam menos dor de cabeça. Esse é o pensamento de um grande empresário visando à redução de salários e otimizando processos. Certos eles. Além do mais, quando quisessem buscar informações (quaisquer que fossem), iriam procurar a nós, já que somos contadores e fazemos parte, ativamente, do gerenciamento da devida empresa. Consequentemente, nossa classe estaria ainda mais valorizada.
Mas o contador tem certo receio no que diz respeito ao tocante da vida empresarial. Isso se verifica pelo alto índice de contadores que pensam apenas na parte burocrática quando deveriam entrar de vez em um ramo tão escasso e propício ao crescimento da classe.
Raríssimos são os empresários que pedem relatórios de todos os gastos, que olham os centros de custos, que passam noites com informações repassadas pelos seus contadores, pensando e observando se tal investimento compensa ou se determinado gasto tem retorno.
Pensando nisso, foi elaborada uma pesquisa em Quixeramobim-Ce, dos dias 06 a 09/09/2010. Ela teve como principal fundamento ver, na prática, se empresários procuram seus contadores para se beneficiarem e unirem a contabilidade ao gerenciamento. Foram procuradas as empresas enquadradas no EPP (Empresas de Pequeno Porte), as quais são de produtos aviários, loja de eletrodomésticos, concessionárias de moto e materiais de construção. A ideia de pesquisar em Empresas de Pequeno Porte se verifica por terem um faturamento estabilizado. Vejamos os casos:

1. A Empresa de Materiais de Construção escolheu 03(três) das alternativas, as quais foram: Quando tenho problema/dúvida; Somente quando ele chama; Não procuro periodicamente.
2. A Empresa de Produtos Aviários escolheu apenas 01(uma) das opções, que foi Sim, procuro periodicamente.
3. A Concessionária de Motos optou por escolher 02(duas) alternativas: Não procuro periodicamente; Somente quando ele chama.
4. A loja de Eletrodomésticos respondeu: Não procuro periodicamente.

O gráfico diz por si só. As empresas não estão consultando seus contadores. Em empresas onde o faturamento anual é de até R$ 2.400.000,00 imagina-se que existam vários funcionários, diversos clientes e gerentes. Dessa forma, os donos não têm a mente muito focada ao contabilista, exatamente porque ele imagina que tem a empresa na palma da mão ou que os gerentes estão por dentro de tudo, lhe passando informações seguras.
Um dos casos que faz uma empresa falir é administradores e/ou gerentes passarem dados totalmente equivocados para seus chefes; estes pensam que estão com um faturamento elevado e começam a usufruir deste imaginável lucro, sendo que estão é contraindo dívidas.

4. À PROCURA DE SOLUÇÕES

Mas já que empresários não estão consultando seus contadores, o que nós podemos fazer para que aqueles nos procurem e haja uma reciprocidade de informações, que será de grande utilidade para ambos? Antes disso, é importante ressaltarmos que a Contabilidade Gerencial como disciplina é ensinada isoladamente, de forma estanque. Em função disso, é comum, e até esperado, que o aprendizado dos temas constantes de cada disciplina, que são ministradas isoladamente, seja feito de forma não integrada. Isso quer dizer que, quando um aluno está aprendendo as técnicas de formação de custo do produto, ele e o professor estão preocupados exclusivamente com isso. Não há preocupação de integração com as demais áreas contábeis.
Os alunos saem da universidade sem saber ao certo as oportunidades que o aguardam. Percebe-se que alguns alunos manifestaram muita esperança com relação ao mercado de trabalho, parece-lhes que o mercado é promissor, enquanto outros manifestaram que o mercado está muito retraído e não oferece oportunidades. Esta contradição de opiniões tem relação direta com a falta de informação sobre a realidade do mercado em que eles vão atuar. As universidades devem ter à disposição dos alunos centros de administração de carreira, ao molde das universidades americanas, onde o aluno se instrumentaliza para busca de trabalho, conhece suas reais possibilidades e tem acesso a um banco de empresas e suas vagas profissionais. A universidade deveria, além de formar o indivíduo, auxiliá-lo na sua colocação profissional. Simplificando: Teoria e Prática atreladas em busca de conhecimento.
O profissional de contabilidade precisa fazer-se útil dentro das empresas, não pode tornar-se "um mal necessário", um burocrata que não agrega valor. A contabilidade é uma fonte de informações fundamental e deve ser utilizada de forma a trazer benefícios ao negócio. E isto depende fundamentalmente da capacidade do profissional de relacionar-se e comunicar-se com seus clientes e fornecedores. Precisamos, acima de tudo, buscar o nosso respeito e elevar nossa classe. Para sermos visados dessa forma, devemos firmar grandes parcerias com nossos clientes, daí, entrarmos, literalmente, na empresa. Devemos ser também, educadores. Foi-se o tempo em que registros se davam todos em uma sala, todos os documentos em cima de uma mesa. Agora os processos são descentralizados, feitos por pessoas de diversos níveis e formação. E cabe ao contador motivar, incentivar e ensinar pessoas de diferentes níveis para garantir a integridade da forma de que o trabalho é feito, isso implica uma diminuição de erro. Mas como isso irá acontecer? Antes de tudo, seria bom que primeiro incentivemos nossos funcionários para depois incentivarmos os dos nossos clientes. Elaborarmos reuniões sobre o que poderia ser fornecido a mais em informações, ou deixarmos funcionários de determinada empresa por dentro dos assuntos que os rodeiam, fazendo com que eles se sintam valorizados e vistam, de fato, a camisa da empresa; isso é de suma importância.
Planejar metas em longo, médio e curto prazo, sentando com sócios e gestores, vendo a melhor alternativa e a melhor forma para determinado projeto ser elaborado e executado. Exibir não só demonstrações, mas relatórios sobre preços de concorrentes da área dos respectivos clientes, isso tudo apenas auxilia na tomada de alguma decisão.
Ou seja, colocar informações úteis aos colaboradores é de grande importância, é ainda mais quando podemos criar soluções e darmos dicas. O gerenciamento é isso mesmo. Depois disso, ganhamos a confiança de empregados e empregadores, fazendo com que haja um clico de dinamismo essencial.




Com tudo isso, fazemos com que o cliente se aproxime de nós, porque ele vê uma dependência contábil. E isso é de significativa importância, pois ficamos valorizados. Partindo dessa linha de raciocínio, tenhamos em mente quatro "regras" para aplicarmos na prática:
? Ser competitivo;
? Criar o valor adequado ao serviço para diferenciar-se positivamente pela competência;
? Acompanhar as tendências de mercado para prestar melhor assessoramento;
? Se aperfeiçoar e conhecer cada vez mais o negócio do cliente.
Querendo apenas contribuir para o engrandecimento de nossa classe, e o aperfeiçoamento do assessoramento de dados, seria uma grande inovação fazermos pesquisas para saber se nossa empresa de serviços contábeis está mesmo bem divulgada ou se nossos clientes estão satisfeitos.
Colocar perguntas sobre a produtividade, qualidade, satisfação dos clientes, funcionários; informações sobre os competidores estão sendo úteis; se fornecedores estão evoluindo. Acompanhar as mudanças e tendências juntamente com clientes se faz preciso. Aspectos relevantes e que se tornam tema de muita difusão e devem ser estudados e debatidos. A Contabilidade Gerencial está apenas para auxiliar as outras, para que haja uma junção de valores para que agregado ao conhecimento se torne útil na vida empresarial.


5. CONCLUSÃO

O trabalho não tem a pretensão de ter esgotado o tema proposto, porém espera ter conseguido mostrar, clara e objetivamente, o quanto a contabilidade, e em especial a contabilidade gerencial e o atual papel do contador, que ainda passa por um processo de mudança, tem enriquecido e otimizado na tomada de decisões do processo administrativo.
A contabilidade não para de evoluir, mantendo atualizados seus usuários. O mercado exige hoje um profissional cada vez mais gabaritado e competente a fim de atender o ambiente social que utilizam suas informações.
Por fim, a maior intenção da pesquisa era relatar um movimento contábil que anda em poucos passos e ainda está obscuro, mas ao mesmo tempo em paralelo, vem se aproximando da era informatizada, da era sócio-ambiental e da era onde terceiros e nós mesmos (contabilistas) estamos reconhecendo nosso espaço, fazendo com que haja uma mistura homogênea por meio da contabilidade gerencial. Ao que tudo indica, "Se você falha em planejar, está planejando falhar."

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PADOVEZE, Clovis Luis. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 2006.

CEI, Nena Gerusa. Contabilidade gerencial e o processo decisório. Belo Horizonte, 1999.

Partes retiradas do artigo de Gilberto Grzeszezeszyn, Universidade Estadual do Centro-Oeste.

SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.