A TOC (Theory of Constrains – Teoria da Restrições) surgiu em uma época em que a informática e a cibernética prometiam soluções milagrosas para aumentar os ganhos das empresas. Eram, e ainda são, sistemas e modelos complexos, cujo tempo de implementação não é curto. Mas quem falou que aumento de complexidade confere maior lucratividade ou maior crescimento?

A TOC veio então tirar todos do limbo e lembrá-los de que a é lógica que melhor comanda negócios, e porque não dizer, nossas vidas.

Como toda evolução tecnológica, e seguindo a filosofia do pensamento socrático, tudo pode ser melhorado. E descobriu-se que a TOC aliada a certas ferramentas ou modelos conferia mais lógica e simplicidade aos empreendimentos.

Como a evolução de todas essas teorias tem sido empírica, basicamente, a sua dispersão ideológica pelo meio empresarial e industrial se deu de "boca a boca". O resultado disso é a grande variedade de modelos que vão surgindo de acordo com a necessidade de cada empreendimento.

Ressalta-se também a resistência de certos economistas com uma forma de pensar tão livre. O que eles irão fazer com todos os índices criados para medir o crescimento das empresas? Este fator faz com os cinco passos da TOC ainda não tenham se difundido totalmente no meio de produção, distribuição e marketing. E a urgência por resultados positivos impede que os trabalhos acadêmicos ultrapassem os resultados empíricos, uma vez que o meio acadêmico também sofre de retrocesso e esqueceu a forma socrática de pensar.

É tudo tão simples que as pessoas desconfiam de tanta simplicidade. Culturalmente falando, o conhecimento sempre foi um item pouco disponível para interpretação direta. A maioria das pessoas foi induzida desde pequena a não questionar o que lhes é ensinado. Poucos o fizeram e esses poucos mudaram o mundo como Einstein o fez, por exemplo. Como Boyle fez ao afirmar que a matéria não era constituída de água, ar, terra e fogo, e como fez Leucipo quando propôs a existência do átomo.

Qual diretor de empresa pensaria que há 30 anos atrás a solução para aumentar o faturamento da empresa estaria no simples diagnóstico da restrição, ou gargalo, em sua linha de produção, ao invés de demitir funcionários e substituí-los por robôs? (Lembrando que são homens que programam os robôs e isto vale mais um outra discussão).

Por outro lado, a internet disseminou o conhecimento de tal maneira que as pessoas não conseguem mais analisar logicamente as informações que lhes chegam aos olhos e ouvidos. Ao invés de esclarecer, a internet disseminou preconceitos e desinformação.

O medo de ser diferente e, por isso excluído, impede que todos falem o que pensam e faz com que concordem com idéias que não lhe parecem lógicas, mas que todo mundo segue.

Isso acontece na economia, na educação e na política.

E com o agradar ao cliente final, na loja, quando a sua compra é guiada pela necessidade e emoção, muitas vezes deixando a lógica totalmente de fora? Porque nosso cérebro reage mais às imagens do que à informação? Torna-se difícil gerir uma Cadeia de Suprimentos (CS) tendo isso em conta. De um lado o fabricante visando lucro e na outra ponta o consumidor querendo satisfação.

Somente recentemente os gestores de negócios descobriram que a gestão as CS é a estratégia competitiva com maior potencial para reduzir os custos ainda mais.

Mas até quando Mas até quando se reduzirão os custos? Esta variável tem uma limitação. Senão dá para crescer economicamente significa que o modelo econômico adotado está super explotado. E com uma redução de custos errônea e um alto consumo por questões emocionais chega-se a atual crise econômica.

Na verdade, tudo isso aconteceu porque ignoramos os fluxos da natureza. Como já dizia Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. No entanto, os preceitos econômicos nunca seguiram esta Lei Universal. Eles sempre visavam mais lucros, sem qualidade de vida. O resultado é que hoje nossas casas estão cheias de itens eletrônicos desnecessários e que nem sabemos utilizar, e com um monte de dívidas no cartão de crédito ou um monte de carnês de financiamento para pagar.

E por que não falarmos dos carros? Somos constantemente tentados a comprar ou trocar de carro. As imagens das propagandas atiçam nossa cobiça. Mas para quê? Para ficarmos horas presos em congestionamentos para irmos para o trabalho e até para ir viajar? Para gastarmos fortunas com seguros? Para expormos nossos carros a enchentes e vandalismos? Para acabarmos com a saúde do planeta? É claro que, se tivéssemos um sistema de transporte público como os que existem em Paris e Londres, por exemplo, não necessitaríamos dos carros. Mas, por mais incrível que pareça, andar de ônibus e metrô em São Paulo fica mais caro que andar de carro, mesmo contando com a manutenção do veículo e gastos com estacionamentos privados! Isto mostra as enormes falhas em nossa administração pública.

Concluindo, temos que voltar a pensar logicamente e darmos atenção ao senso comum se quisermos que a economia seja socialmente responsável, e as nossas vidas e do Planeta Melhorem.

Referências

TOC - http://www.goldrattgroup.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6&Itemid=11