David Paul Ausubel nasceu nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, no ano de 1918, vindo de uma família judia pobre de imigrantes da Europa Central.

No fim do século XIX e meados do século XX, os movimentos migratórios judaicos tomaram uma nova direção, à América. Juntavam-se assim aos milhões que deixavam a Europa empobrecida e dilacerada pelos conflitos, em busca de uma vida melhor. Grande parte migravam para os Estados Unidos, só no período de 1905-1914, setecentos mil judeus chegaram à esse pais.

Então, através dos ensinamentos do Torá (antigo testamento cristão), que desde muito cedo a jovem judeu de família pobre aprende a respeitar a hierarquia da comunidade judaica. E por intermédio dela, com a contribuição de Piaget, iniciou-se a construção dos seus pensamentos educacionais.

Os trabalhos desenvolvidos por Piaget na escola de Genebra, “fascinaram” Ausubel e permitiram a elaboração das teorias educativas construtivistas, que ampliaram grandes dimensões no universo prático da educação estabelecido por si próprio, dentro das suas próprias experimentações desenvolvidas em sala de aula, onde se traduz e enfoca toda a sua teorização a estrutura da meteria de ensino e organizar sua própria estrutura cognitiva (...) por meio da aquisição de significados evidentes, estáveis e transferíveis (op. Cit. p. 162). O foco central da teoria de Ausubel tem como base, sobretudo, ao considerar que: “(...) o fator mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Descubra isso e ensine-o de acordo” (AUSUBEL apud MOREIRA, 1999; p. 163).

Com relação ao conhecimento que cada individuo assimila e a forma como este dá significado a tudo o que é aprendido, relaciona-se à diferentes concepções de mundo e a maneira como este vê a realidade que o circunda; somando-se a estes aspectos também a sua história enquanto ser em constante evolução e a sua bagagem cognitiva. Daí a importância de se conhecer como o educando pensa e quais as suas perspectivas de vida, visto que, “cada indivíduo capta a significação do material novo em função das peculiaridades historicamente construídas de sua estrutura cognitiva” (SACRISTAN e GÓMEZ, 1998; p. 39).

Em contrapartida, Ausubel também põe a ocorrência de aprendizagem mecânica, que é aquela que encontra muito pouca ou nenhuma informação prévia na estrutura cognitiva a qual possa se relacionar, sendo assim armazenada de forma arbitraria. Em geral, envolve conceitos com um alto grau ou total teor de “novidade” para o aprendiz, mas no momento em que é mecanicamente assimilada, possa a se integrar ou criar novas estruturas cognitivas.

Dessa maneira, a aprendizagem significativa é preferível à aprendizagem mecânica ou arbitrária. Então constitui um método mais simples, prático e eficiente. Algumas vezes um indivíduo pode aprender algo mecanicamente e só mais tarde percebe que este se relaciona com algum conhecimento anterior já denominado. No caso ocorreu então um esforço e tempo demasiado para assimilar conceitos que seriam mais facilmente compreendidos se encontrassem uma “ancora” ou um conceito subsunçor, existente na estrutura cognitiva.

Na teoria de Ausubel há três conceitos centrais. O primeiro refere-se aos Organizadores Prévios que, segundo o teórico em referencia, fica mais fácil relacionar um novo dado com estrutura cognitiva existente quando, antes de se apresentar a informação apresenta-se na forma de uma frase ou um gráfico por exemplo, um quadro conceitual mais abrangentes no qual aquela idéia se encaixa. Esse quadro ele chama de “organizador prévio”.

Um organizador prévio não é uma síntese daquilo que vai ser apresentado; ele deve estar num grau de abstração e/ou generalidade para facilitar a integração da nova idéia, atuando como ponte com a estrutura hierárquica de conhecimentos aquilo que já existe. De outra parte, os organizadores prévios fornecem um quadro contextual no qual o indivíduo passa a incorporar detalhes progressivamente mais diferenciados.

Embora Ausubel nunca os tenha mencionado mapas conceituais são um bom exemplo de ferramenta para o preparo de organizadores prévios.

O segundo conceito enfoca a questão da Diferenciação Progressiva. De acordo com o entendimento acerca do referido conceito, se o objetivo é ensinar os itens X, Y e Z, deve-se primeiro, ensinar os três itens num nível geral, depois os três em nível de maior detalhe e assim por diante; o oposto seria ensinar tudo sobre X, depois tudo sobre Y e depois tudo sobre Z. de início, serão apresentadas as idéias mais gerais que serão, progressivamente, explicadas em termos de detalhes e especificidades. O importante nesse processo é a cada passo, destacar o que os itens têm em comum e o que os diferenciam.

Nesta perspectiva, a diferenciação progressiva vê a aprendizagem significativa como um processo contínuo no qual adquirem significados mais abrangentes à medida em que são estabelecidas novas relações entre os conceitos.

O terceiro conceito trata-se da Reconciliação Integradora que é o processo pelo qual o individuo reconhece novas relações entre conceitos até então vistos de forma isolada.

Para facilitar esse processo, o material instrucional deve procurar interagir qualquer material novo com o anteriormente apresentado, como por exemplo, referências, comparações etc., inclusive com exercícios que exijam o uso do conhecimento de forma nova, como formulação de questões de jeito não familiar.

Ainda para Ausubel, a aprendizagem ocorre de cima para baixo (processo dedutivo) e em três fases. Vejamos o que trata cada uma delas.

A primeira centra-se no organizador prévio e engloba as ações: explicitar o objetivo da aula, apresentar o organizador prévio relacionando-o com conhecimento do aprendiz.

A segunda fase é centrada em informações novas e traz as seguintes ações: explicitar a organização do novo material e apresentá-lo, propor atividades de aprendizagem significativa e aplicar a diferenciação progressiva.

Já a terceira fase, por sua vez, centra-se no fortalecimento da estrutura cognitiva, enfocando as ações a seguir: relacionar as novas informações com o organizador prévio, aplicar a reconciliação integradora bem como a diferenciação progressiva.

Então com relação à teoria de Ausubel, a aprendizagem significativa se divide em três tipos: aprendizagem representacional, aprendizagem de conceitos e aprendizagem proposicional.

A aprendizagem Representacional é basicamente uma associação simbólica primária. Atribuindo significados a símbolos, como por exemplo, valores sonoros vocais e caracteres lingüísticos.

A aprendizagem Proposicional é o inverso da representacional. Necessita do conhecimento prévio dos conceitos e símbolos, mas seu objetivo é promover uma compreensão sobre uma proposição através da soma de conceitos mais ou menos abstratos. Por exemplo, o entendimento sobre algum aspecto social.

A aquisição de significados na estrutura cognitiva se dá através da assimilação, que pode ser assim exemplificada: a “nova” informação potencialmente significativa (N), somada ao conceito subsunçor presente na estrutura cognitiva do aprendiz (S), tem como resultado a alteração do subsunçor, ou em outras palavras, é a informação assimilada (NS).

Após esse estágio ocorre assimilação abliteradora, onde o conceito recém assimilado (NS), que antes podia ser desassociado em N e S, passa a interagir a subsunçor definitivamente não permitido mais uma desassociação.

A aprendizagem significativa também pode possuir uma das seguintes naturezas: a primeira delas é a subordinada que ocorre quando a informação nova é assimilada pelo subsunçor passando a alterá-lo.

Já a segunda, é a superordenada que acontece quando a informação nova é ampla demais para ser assimilada por qualquer subsunçor existente, sendo mais abrangente que está passando então a assimilá-la. Por exemplo: se o indivíduo tem subsunçores para Catolicismo, Protestantismo e Kardecismo e depois aprende o conceito geral de Cristianismo. Esse último conceito é que na realidade assimilará os três originais.

A terceira natureza é a combinatória, cuja ocorrência dar-se quando a nova informação não é suficientemente ampla para absorver os subsunçores, mas em contrapartida é muito abrangente para ser absorvida por estes. Assim, passa a associar-se de forma mais independente dos conceitos originais.

Programaticamente, para que haja uma organização estruturada na formação seqüencial de subsunçores, faz-se necessário que o papel pedagógico envolva ao menos quatro partes, assim subtendidas: a primeira delas refere-se a determinação da estrutura da matéria de ensino e seu potencial significativo, que organiza-se numa sucessão onde acontece a melhor possibilidade de assimilação, ou seja, a organização seqüencial.

A segunda é a identificação dos subsunçores do processo seqüencial de ensino, os quais devem possuir uma correlação nas estruturas cognitivas do aprendiz.

Já a terceira trata da identificação do potencial significante do aprendiz, isto é, as suas estruturas cognitivas já consolidadas.

E, finalmente, a quarta parte aborda a questão da aplicação de um método de ensino que priorize a associação dos conceitos da matéria com os subsunçores do aprendiz, de forma a criar uma aprendizagem significativa e possibilitar uma gama de opções de associação de conceitos, de modo a levar a uma consolidação do aprendizado.

Neste momento, vale a pena relembrarmos uma das frases marcantes de Ausubel (1980) que diz: “... o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe, determine isso e ensine-o de acordo”. Nesta frase, o autor resume seu ponto de vista e sugere então que a estrutura cognitiva pode ser estimulada substantivamente, através de métodos de integração e unificação de conceitos.

Diante que tudo que foi abordado, podemos concluir que Ausubel propõe, então, a valorização da estrutura cognitiva do aprendiz, subordinando o método de ensino à capacidade do aluno de assimilar a informação.