A teoria burocrática surgiu por volta de 1940, tendo, como um de seus principais precursores, o alemão Max Weber. Tal teoria surge em oposição às suas antecessoras, quais sejam, teoria clássica e teoria das relações humanas. A primeira era criticada pelo seu excesso de mecanicismos e a segunda pelo seu ingênuo romantismo. Os trabalhos de Weber foram de grande importância não somente para seu tempo, mas seguem como fonte de estudos até os dias atuais, ou como complementação à sua teoria, ou como oposição.

Atualmente, quando se fala em burocracia, normalmente tem-se uma conotação negativa. Pensa-se logo em apego a procedimentos desnecessários e/ou excesso de comprovação documental. No entanto, a ideia de burocracia de Weber é exatamente o contrário: Procedimentos eivados de eficiência.

A teoria burocrática tem como principal foco a racionalização de procedimentos, de forma que os meios devem seguir padrões fixos e exatos a fim de que os níveis de eficiência sejam potencializados na consecução dos fins pretendidos pela organização. Vê-se, portanto, que abordagem burocrática de Weber visava dar ar mais racional à administração do que as teorias administrativas anteriores.

Os trabalhos de Weber vieram ao encontro das novas necessidades latentes das organizações da época. Essas já possuíam nível de complexidade tal que as teorias administrativas anteriores pareciam não mais serem capaz suprirem suas exigências. Weber acreditava que as organizações precisavam ser eficientes e, para alcançar tal eficiência, as atividades deveriam ser padronizadas e descritas em seus detalhes mínimos.

No entanto, será que os estudos de Weber, como grande intelectual que era, ficaram somente restritos aos ambientes internos das organizações ou podem ser representativos de uma visão mais ampla, incluindo as próprias relações de podem de um estado em si? É isso que procuraremos discutir no presente trabalho.

Os estudos de Weber quanto à teoria burocrática vão muito além das fronteiras internas das organizações. Talvez pela sua complexa formação intelectual, pois era jurista, economista e considerado por muitos o fundador da sociologia, podemos expandir seus preceitos burocráticos à ambientes mais amplos.

As organizações burocráticas são tipicamente rígidas e autoritárias, servindo de claro instrumento de poder. Os subordinados reconhecem como legitimas as ordens que recebem de seus superiores e, em razão disso, executam-nas, mantendo, assim, a norma padrão. O conjunto de regras é simplesmente estabelecido de maneira vertical, de forma que a obediência não deriva de uma pessoa em si, mas da organização do sistema como um todo.

Em um contexto mais amplo, é o que ocorre nas sociedades burocráticas modernas, tanto em estados, empresas, igrejas, partido etc. A população comum obedece às leis e normas por crerem que as mesmas foram elaboradas em uma espécie de comunhão entre interesses da própria população e de seus representantes. Dessa forma, as imposições legais são reconhecidas como legitimas e, quase nunca, são discutidas.

Essas questões de dominância ideológica e política se traduzem no todo da organização administrativa burocrática. Os funcionários, ou burocratas, devem seguir as normas prévia e legalmente estabelecidas pela classe política, de maneira totalmente formal e com o máximo de impessoalidade, como simples executores de um “plano” já configurado.

A burocracia é, portanto, o padrão na sociedade moderna tanto na organização estatal como em parte das empresas da iniciativa privada. As relações de hierarquia existentes em ambas visam manter e reforçar a ideia de autoridade burocrática. Os funcionários somente replicam a ordem pré-estabelecida e as aceitam como legitimas.

A burocracia é, dessa forma, claro instrumento de dominação social e manutenção do poder estabelecido. 

Embora acredite-se que tenham existido procedimento burocráticos no passado, é com o estado modernos, e com Weber, que a burocracia vista como espécie de dominação emerge. Em verdade, não Weber conseguiu demostrar que os conceitos burocráticos de comando vão muito além das organizações públicas e privadas (empresas), abrangendo as mais diversas instituições.

Para Weber, a sociedade moderna é o ambiente propício para desenvolvimento dos preceitos burocráticos por razões específicas, a saber:

  1. Sistema monetário: A existência de um sistema monetário fixo, faz com que a remuneração que as pessoas recebem por seu trabalho seja considerado fator essencial em suas vidas. Como o sistema burocrático remunera seus funcionários (burocratas), esse instrumento serve como forma natural de autoridade;
  2. Crescimento administrativo do estado: As ramificações administrativas do estado moderno são deveras complexas. A abordagem burocrática parece, dessa forma, a única capaz de empregar ordem e padronização a tal estrutura;
  3. Eficiência. Todo procedimento burocrático é centrado na eficiência. Dessa forma, todos os procedimentos estabelecidos pela burocracia devem ser aceitos como corretos, não como forma de imposição, mas sim por serem, em tese, os mais eficientes. Isso faz com que tais procedimentos sejam aceitos.

Vimos, dessa forma, que falar de burocracia, principalmente nos tempos modernos, não podemos reter-nos aos ambientes organizacionais públicos ou privados. No que se refere à burocracia weberiana a abordagem passa a ser ampla e universal, ganhando traços muito mais complexos do que as terias administrativas anteriores a ele, quais sejam, clássica e das relações humanas.

A burocracia insere-se na formação história e comportamental da sociedade como um todo. Com Weber podemos perceber como a mesma é, em verdade, instrumento de poder e manutenção do sistema nos mais diversos ambientes como Estado, empresas, igrejas, partidos políticos etc.

A obra de Weber é, dessa forma, clássica e de essencial importância para entendermos vários “porquês” do comportamento social atual. Percebemos que a organização burocrática como um todo serve de instrumento de autoridade, comando e controle.

Os estudos de Weber demonstram que a forma da organização administrativa burocrática perpassa os ambientes organizacionais. Tal organização em verdade serve para a perpetuação de dogmas e verdades que passam gradativamente de esfera em esfera.

Referências Bibiográficas

 SANSON, João Rogério. Teoria das Finanças Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2012.

WEBER, M. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, G. (Org.)Max Weber. 4. ed. São Paulo: Ática, 1991.

WEBER, Marianne.  Economia e Sociedade. Brasília: UnB, 1999.

Como fazer trabalho acadêmico. Disponível em: www.estudoadministracao.com.br/tire10/