Nós professores sofremos em nosso cotidiano com nossos alunos que, de uma forma ou de outra tocam no assunto tecnologia para fazer piadas e até divulgar coisas das mais variadas formas. Orkut, youtube, twitter, face book, myspace são somente alguns dos nomes citados aqui no Brasil para simbolizar que a tecnologia informática faz parte do cotidiano de crianças e jovens.
É interessante perceber que o interesse e a inocência seguem aliados nesse mundo gigantesco que é a web. Ser um avatar para o outro é a coisa mais normal que existe para essa turma que cresce com novidades e dinâmicas contundentes na área tecnológica. Tudo isso faz parte de cada segundo do seu dia.
Nessa máquina de lavar por turbilhonamento em que nos encontramos, fica fácil e ao mesmo tempo difícil falar em sala de aula com os jovens e com as crianças. Parecem mundos diferentes. Nós chegamos a nossa casa e ligamos nossa TV LCD, ou ouvimos música em nosso ipod enquanto nosso celular faz coisas até que o vizinho duvida. E nos concentramos nessa bagunça tecnológica, que não conseguimos acompanhar nem dentro e em fora da escola. E nos sentimos frustrados, pois nossos alunos nem prestam atenção na quantidade de bla bla blas que tentamos empurrar goela abaixo a todos eles, já que estudamos zilhões de anos esses assuntos.
Na realidade o celular que toca no meio da aula, com uma mensagem RSS significa mais do que Dom Pedro I que já morreu e que nada tem a ver com o bluerray ou Xbox 360 que traz muito mais dinâmicas interessantes do que nós velhos mortais.
Sei que essas situações não acontecem com alguns, mas de uma forma ou de outra acabamos nos deparando com algo parecido. Se nos comparássemos, seríamos velhos vestidos de jovens. Falaríamos gírias antigas, sem que os jovens reais entendessem nada e já nos achariam ridículos com nossas verdades parcas e algumas vezes obsoletas.
Acredito que de repente se, em sala de aula trabalhássemos nosso olhar para o outro, pensando no compartilhamento e na interatividade a coisa funcionaria melhor. Eu sempre digo aos meus colegas que não vejo sentido em trabalhar triplicado, se meu aluno pode trabalhar por mim. Nada de trabalho escravo, nem trabalho infantil.
Coisas simples. Com orientação e postura de mediador, eu faço uma proposta desafiadora a turma, onde eles "precisam" conquistar aquele conhecimento... Só que pesquisando... podendo utilizar toda essa parafarnália tecnológica.
Não vejo meus colegas usando o email para nada. No máximo para mandar uma tarefa atrasada.... Mas será que somente para enviar tarefas atrasadas serve o email?
Os jogos em rede..... Já imaginaram que se elaborássemos jogos de cunho histórico com contexto e tecnologia adaptada à época e nós fôssemos alguns dos personagens, acredito que seria interessante...
Ou se nossas aulas ganhassem a dinâmica da tecnologia, sem se preocupar com a dinâmica eclesiástica tão arraigada na educação. De repente nossos alunos, realmente gostassem de estudar e nós correríamos menos riscos nas salas de aula. Pois não há sentido estudar conteúdos determinados em um currículo antigo e arcaico, para novas propostas que a cada dia surgem. Não sou anárquica dizendo que "jogue tudo fora", mas que aproveite o que de bom temos em cada ponto ou temática como queiram. E aliado a isso, que sejam colocadas as inovações e criações tecnológicas que possam ser aproveitadas. Há muito professor pardal por ai, mas nem sempre tudo conseguimos aproveitar... Ou mesmo as invenções podem ser consideradas interessantes e aplicáveis.
Outro dia fiquei escutando um jovem dizer que estava com zilhões de fotos no Orkut e que todos poderiam ver o que tinha ali naquele baú digital precioso. Trabalhar com conteúdos e redes sociais, pede conhecimento tecnológico. Acredito que nossos colegas que são avessos ao computador em seu mundo nunca pensaram que estão se excluindo pouco a pouco desse mundo que se forma. As redes sociais são o veículo dos assuntos da garotada e da juventude que conversam online e que tratam de qualquer coisa. E por que não tratarmos de assuntos interessantes, pescados a partir do interesse deles? Sei que não é muito interessante para nós, ficarmos falando de bandas, roupas e etc, mas se os professores criarem contas específicas para ele e seus alunos com objetivo educativo, muita coisa pode render. Discutir o carbono via twitter, pesquisando online, integrando descobertas e fomentando discussões deve ser mais produtivo do que ficar ouvindo alguém estressado falando, pois ninguém presta atenção... Não? VC já pensou em mudar? Mudar sua prática? Sua aula? Não estou dizendo que o que sempre fez não vale, mas tentar algo maluco para avançar com a aprendizagem é sempre interessante, não?
O olhar do profissional para as oportunidades é sempre a face inteligente da profissão. E hoje infelizmente a escola não evoluiu seu jeito eclesiástico de ser. Mantém ideologias nos seus diferentes espaços sejam eles para formar os professores ou os alunos, onde a tradição se mantém. Mesmo realizando práticas pedagógicas interessantes, a composição hierárquica educacional se mantém , deixando de evoluir com as ciências.
Eu vejo que educação e ciência andam juntas, com valores e aplicações. Nada econômico nesse momento, mas uma teia profunda e complexa que Edgard Morin traduz magnificamente em sua teoria. A transdisciplinaridade embutida em nosso cotidiano permite que os olhares complexos, se apropriem da significação dos conceitos e se tornem discípulos das idéias que comporão as ciências. Enfim, tudo isso para dizer que eu acredito que nosso cotidiano seja excelente para que cada um de nos se perceba como um produtor de conhecimento a partir de suas próprias experiências: sejam elas cientificas ou empíricas.
Um abraço