COLÉGIO ESTADUAL TOLENTINA BARCELOS GONÇALVES
RUA ADRIANO DORNELES, 3460
SANTO ANTONIO DAS MISSÕES ? RS



OLINA IRACEMA BALBÉ CORRÊA







A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DA EMPRESA RURAL













Santo Antônio das Missões
2008






COLÉGIO ESTADUAL TOLENTINA BARCELOS GONÇALVES
RUA ADRIANO DORNELES, 3460
TELEFONE (55) 3367-1211 CEP 97870-000
SANTO ANTONIO DAS MISSÕES ? RS



OLINA IRACEMA BALBÉ CORRÊA
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A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DA EMPRESA RURAL


Projeto de Pesquisa sobre Contabilidade Rural desenvolvido para aprimoramento das atividades pedagógicas do Curso Técnico em Administração Urbana e Rural na área de Gestão do Colégio Estadual Tolentina Barcelos Gonçalves de Santo Antônio das Missões - RS



Orientador: Ronaldo Mancuso

Santo Antônio das Missões
2008




1 PROJETO DE PESQUISA

1.1 Justificativa
A pesquisa de investigação será desenvolvida no Colégio Estadual Tolentina Barcelos Gonçalves, em Santo Antônio das Missões, com alunos do Curso Técnico em Administração Urbana e Rural na Área da Gestão, no período compreendido entre setembro de 2007 e setembro de 2008, estando em estudo a possibilidade de dar continuidade nas atividades da empresa.
É importante para os alunos aprender a montar uma empresa através das atividades práticas, pois este tema faz parte das competências do Curso Técnico em Administração; também é preciso ressaltar que desenvolve atividades pedagógicas dentro da área de empreendedorismo, contabilidade e administração rural. Este projeto assume a importante função de criar um espaço em que os jovens estudantes possam ter contato com informações sobre a responsabilidade de cada um na minimização dos problemas que estão se tornando críticos nos dias de hoje: a produção de alimentos.
A escolha do tema e execução do projeto de pesquisa justifica-se porque Município de Santo Antônio das Missões tem por base econômica a agropecuária, sendo que a maioria dos produtores e/ou empresas rurais não têm um sistema contábil organizado e nem se baseiam nas informações da mesma para resolver problemas e para tomar decisões.
Em face disso, julgou-se pertinente a problemática desta pesquisa porque a necessidade de diversificação da produção e conseqüente aumento da renda é uma realidade da região das Missões do RS.

1.2 Formulação do Problema
Sabendo da importância da contabilidade rural, bem como das informações desta para o administrador e que os empresários desse ramo não têm o hábito de fazer o controle contábil e/ ou não administram a propriedade tendo por base essas preciosas informações, definiu-se a problemática: Como programar uma plantação de hortaliças que servirá de modelo de microempresa rural, do ponto de vista contábil e administrativo?


1.3. Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral
Compreender a importância da contabilidade da empresa rural, independente do porte da mesma, e sua capacidade de sustentabilidade econômica.

1.3.1 Objetivos Específicos
- Entender a importância da contabilidade rural para o produtor;
- Aprender a fazer uma horta e os cuidados necessários;
- Fazer a contabilidade da empresa rural usando os recursos da informática;
- Incentivar a população a implantar hortas em suas residências;
- Instigar os produtores rurais a fazer a contabilização de suas propriedades;
- Aplicar as técnicas de venda e comercialização de produtos agrícolas;

1.4 Fundamentação Teórica

1.4.1Empresa Rural

O Estatuto da Terra (Lei 4504/64, art. 4º, VI) define Empresa Rural como "o empreendimento de pessoa físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condições de rendimento econômico".
Através dessa definição nota-se que as empresas rurais, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, constituem-se através de alguns elementos básicos, tais como terra, trabalho, capital e conhecimentos técnicos, que permitem exploração econômica, tendo sempre em vista maior rentabilidade.
Para Crepaldi (1998, p. 23), "Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda".
A exploração da terra, criação de animais e transformação da matéria in-natura em produtos comercializáveis, denomina-se empresa rural.

1.4.2 A importância da contabilidade rural para o agricultor

Um sistema contábil eficiente aliado ao bom senso do administrador deve proporcionar um diagnóstico realista, com a localização dos pontos fracos e fortes de cada atividade produtiva e da empresa como um todo. De posse de tais informações poderão ser tiradas inúmeras conclusões e possíveis tomadas de decisões.
É importante escolher o sistema contábil que mais se adapta às atividades da empresa, sua organização, constituição jurídica e dimensão patrimonial, etc. Deve-se optar por programas eficientes e ter consciência dos custos e dos benefícios que trarão para o empresário.
A contabilidade mostrará os resultados das atividades produtivas, possibilitando uma visão ampla dos negócios e da empresa rural como um todo. A implantação de lançamentos contábeis e respectivas demonstrações aliadas a competência do administrador permitirá que se avalie a situação real da propriedade, auxiliando na tomada de decisões e nos investimentos futuros.
Antunes & Engel (1994, p.20) diz: "Para tornar a Empresa Rural eficiente deve-se pensar em diversificação com especialização, ou seja, saber administrar a complexidade de algumas atividades com a responsabilidade de levá-las ao alcance da lucratividade com qualidade".
Em uma propriedade rural, muitas vezes é necessária a diversificação de culturas para o melhor aproveitamento dos recursos e ampliação das receitas, bem como, o uso das informações contábeis para melhor controle e maior certeza na tomada de decisões.
A contabilidade da empresa rural propicia, através dos devidos registros, uma avaliação da situação econômica e financeira, podendo assim prever possibilidades de lucros ou prejuízos futuros.
Crepaldi (1998, p. 85) diz que "a contabilidade é a radiografia de uma empresa rural. Ela traduz, em valores monetários, o desempenho do negócio e denuncia o grau de eficiência de sua administração".
Portanto, a receita operacional resultante das atividades da empresa rural irá compor o lucro do produtor no exercício contábil de forma que seja possível constatar o desempenho administrativo, principalmente econômico e financeiro.
Devido a sua extrema importância a contabilidade rural deve ser feita por um profissional contábil, mas o proprietário precisa acompanhar de perto todo o processo, para verificar as situações gerais de sua empresa, podendo assim, identificar e antecipar problemas, avaliar alternativas e, acima de tudo procurar caminhos para fazê-la fortalecer-se e alcançar o seu sucesso.

1.4.3 Processo de escrituração rural
Para Crepaldi (1998, p. 94) "A escrituração é a técnica contábil para registro dos fatos administrativos ocorridos em uma entidade. Os lançamentos são feitos nos livros contábeis".
Entende-se que escriturar é o ato de lançar as operações da empresa rural registrando tudo o que ocorrer, num determinado período contábil.
"Na atividade agrícola, como em qualquer outra atividade, quando se quer montar um empreendimento há sempre um interstício de tempo ? ciclo operacional". Crepaldi (1998, p. 106).
Esse período de tempo vai desde que se planeja a atividade até quando se coloca para funcionar e gerar receitas. Geralmente, na contabilidade rural, o exercício contábil se encerra no mês seguinte ao da colheita e se existir diversificação de culturas deverá ser fechado de acordo com aquela que tem maior importância economicamente. Esse ciclo inicia com o planejamento da ação, passa pela produção e vai até a comercialização do produto.

1.4.3.1 Atividades agrícolas

As atividades agrícolas dividem-se em:
- Temporárias: as que se extinguem com a colheita, sendo seguidas de um novo plantio;
- Permanentes: aquelas de duração superior a um ano ou que proporcionam mais de uma colheita, sem a necessidade de um novo plantio, recebendo somente tratos culturais no intervalo entre as colheitas. Brum (2005, p. 34)


A diferença entre as duas culturas é que as temporárias estão sujeitas ao replantio após cada colheita, como milho, trigo, arroz, legumes, etc., tendo vida curta, inferior a um ano, enquanto que as permanentes estão relacionadas a terra e proporcionam mais de uma colheita, como maçã, uva, laranja, etc., sendo fator de produção da empresa por diversos anos.

1.4.3.2 Contabilidade da cultura temporária
Os custos na cultura temporária serão contabilizados em uma conta do Ativo Circulante com o título de culturas temporárias. Esses custos podem ser: sementes, fertilizantes, defensivos, mão-de-obra, etc., acumulados até o término da colheita. Após o saldo da conta de culturas temporárias será transferido para a conta de Produtos Agrícolas, na qual serão somados, posteriormente à colheita para colocar o produto à disposição da comercialização. Crepaldi (1998, p. 96 e 96)

Durante o ciclo produtivo os custos de cultura serão acumulados em contas específicas que pode ser denominada cultura temporária em formação ou Estoque ? Ativo circulante. Especificando o tipo ou produto agrícola, conforme exemplo que segue:
1 - Pela formação até a colheita
D ? Cultura Temporária (Especificar a cultura) no Ativo Circulante
C ? Caixa (Contas a pagar)
2 ? No encerramento da colheita
D ? Produtos Agrícolas no Ativo Circulante
C ? Colheita em andamento no Ativo Circulante
3 ? Pela venda
D ? Caixa ou Contas a Receber
C ? Venda de Produtos Agrícolas (especificar a cultura)
De acordo com Crepaldi (1998, p. 96 e 97),
Para calcular o resultado da empresa rural no período contábil, segue-se o seguinte esquema:
Receita Bruta
-Venda de Produtos Agrícolas .................
( - ) Custo dos Produtos Vendidos .................
Lucro Bruto .................
( - ) Despesas Operacionais
- Vendas .................
- Administrativas .................
- Financeiras .................
Lucro Operacional .................

Seguindo esses passos é possível apurar o lucro ou prejuízo de cada cultura e assim o administrador poderá determinar que produtos e serviços sejam necessários, visando tomar decisões para atingir o objetivo de maximizar a riqueza dos proprietários rurais.

1.4.4 Como fazer uma horta

Para início da produção é importante um planejamento. Nele se devem definir os espaços a serem usados e o tipo de produção pretendida. Ele deve se referir a escolha dos produtos, verificando época de plantio, variedades adaptadas, escalonagem, consórcios e ciclos das culturas, exigências de tratos culturais, etc..
O tipo de solo é fator relevante a ser considerada para a produção de hortaliças, pois é um organismo vivo que interage com a vegetação, tanto em aspectos físicos, químicos e biológicos, em todas as fases de seu ciclo de vida.
A textura e a estrutura do solo são aspectos físicos do mesmo. Também é importante levar em conta a absorção da água, o desenvolvimento das raízes e de pequenos animais sobre o solo.
O aspecto químico nada mais é que os nutrientes que a planta utiliza para manter seu desenvolvimento e que podem ser incorporados no solo dissolvidos na água ou aplicados via foliar.
O aspecto biológico compreende os organismos vivos existentes no solo, que atuam no aspecto físico e químico do solo, desde que haja disponibilidade de água, ar e nutrientes. Os conjuntos de todos esses aspectos indicam boas condições de estrutura do solo.

1.4.4.1 Adubação e correção do solo

Adubações químicas são compostos que visam suprir as deficiências em substâncias vitais à sobrevivência dos vegetais. São aplicados na agricultura com o intuito de melhorar a produção.
As plantas necessitam de diversos elementos químicos:
a) Macronutrientes ? carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e potássio;
b) Micronutrientes ? boro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibidênio e zinco.
Alguns desses elementos estão fartamente disponíveis no meio ambiente e são diretamente assimiláveis pelas plantas, como carbono, hidrogênio e oxigênio. Outros como o Nitrogênio apesar de fartamente disponível na atmosfera não é diretamente absorvível pelas plantas ou o processo de absorção é muito lento.
Aos elementos necessários e que são normalmente adicionados ao solo para suprir deficiências e aumentar a produtividade denomina-se adubos.
A adubação é indispensável para a produção de hortaliças, sendo que elas são todas de ciclo curto e na falta da mesma pode causar sérias conseqüências na produção. Ela serve para suprir as necessidades existentes e que serão detectadas através de uma análise laboratorial do solo. Além disso, pode ser química ou orgânica e até mesmo utilizar as duas.
A correção é feita geralmente antes do preparo do solo, onde o mineral mais utilizado é o calcário fazendo com que neutralize a acidez, variando o PH de cultura para cultura.

1.4.5 Comercialização

Segundo Sandroni (1999, p. 209), "Comercialização é o processo intermediário entre o produtor e o consumidor. Consiste em colocar os bens e serviços produzidos à disposição do consumidor, na forma, tempo e local em que ele esteja disposto a adquiri-los".
Atualmente a comercialização se realiza com a aplicação das técnicas e dos processos da mercadologia que estudam o mercado para descobrir quais produtos e serviços que ele demanda e em quais quantidades. Também orienta os testes de comercialização assim como as atividades de promoção e distribuição. Ela deve adequar-se às características do produto e o mercado a que se destina
Os produtos, como os alimentos básicos, têm comercialização mais simples. A venda é mais direta e pessoal.

1.4.5.1 Importância da comercialização agrícola

Conforme Souza (1992, p. 284),

Pouco adianta ser o agricultor bastante cuidadoso com a sua produção, tentando obtê-la a custo mais baixo possível, se na ocasião da venda, ele desconhecer as melhores oportunidades de mercado para seu produto. O resultado final de toda sua atividade agrícola está precisamente na comercialização.

O produtor agrícola procurar deve reduzir os custos na produção porque na maioria das vezes, na venda de seus produtos ele perde o lucro almejado, pois o mesmo não está no preço, mas sim na forma em que é comercializado, embora seja imprescindível a qualidade do produto.
Para se obter bons resultados na comercialização de hortaliças é imprescindível desenvolver algumas atividades essenciais, fazendo com que chegue até os consumidores de forma rápida e eficiente, tendo em vista o transporte, embalagens e armazenamento para que o produto final mantenha sua qualidade.

1.5 Metodologia

Este projeto será desenvolvido com a turma finalista do Curso Técnico em Administração Urbana e rural na Área de Gestão do Colégio Estadual Tolentina Barcelos Gonçalves de Santo Antônio das Missões ? RS. Sendo que o Colégio não dispõe de espaço físico para fazer a horta será feita uma parceria com a família de um aluno, bem como com a Emater e a Secretaria Municipal da Agricultura, com o fim obter assessoramento técnico. Também serão observados os seguintes passos:
? Pesquisar bibliografias sobre horticultura, contabilidade e administração;
? Elaboração do planejamento da empresa (Plano de Negócios);
? Execução das atividades práticas decorrentes da horticultura, tais como: análise e preparação do solo, semeadura, coleta da produção;
? Reuniões com alunos e professores para análise do andamento do projeto;
? Venda dos produtos (tomate, alface e rabanete);
? Lançamento das operações contábeis;
? Encerramento do exercício contábil, após o ciclo de cada produto;
? Palestras com Técnico Agrícola;
? Dia de campo com a participação de alunos, professores, produtores rurais, Emater, sindicatos e Secretaria da Agricultura;
? Participação na MEP

1.6 Cronograma

Atividades Época de realização
Elaboração do Projeto Ago
2007
Reuniões entre professores e alunos Ago 2007 Set 2007 Out 2007 Dez 2007 Jan 2008 Mar
2008 Abril 2008 Maio 2008 Jun 2008
Pesquisas bibliográficas e Produção textual Ago
2007

Até Ago 2008
Execução dos lançamentos contábeis Set 2007
Até Set. 2008
Palestras Ago 2007 Abril 2008 Ago
2008
Execução das práticas de horticultura Out 2007
Até Jan 2008 Mar 2008
Até Ago 2008
Comercialização Nov 2007
Até Jan 2008 Maio 2008 Até Ago 2008
Dia de Campo Julho2008
Elaboração do Relatório de Pesquisa Ago
2008
Exposição na MEP Set 2008

1.7 Recursos

- Humanos: 2 Professores, 09 alunos, 3 pais e 1 funcionário da Secretaria Municipal de agricultura;



- Materiais:
Disponíveis no Colégio: 500 folhas de Papel Ofício, 1 Laboratório de Informática com 15 computadores e 3 impressoras e 2 cartuchos de tinta.
- Parceria: terra (empréstimo pai de aluno) sendo que foram usados somente 48 metros quadrados.
Aquisições no comércio local: 136 mudas de tomate, sementes de alface e repolho, 48 metros quadrados de sobrite, 200 metros de arame, 01 rolo de fio de ráfia, 01 venturi, 03 metros de cano pvc rídigo, 03 registros, 01 filtro, 30 metros de mangueira uma polegada, 06 bicos delimitador, 72 metros de tripa de gotejamento, 01 pulverizador costal, 01 litro de olho de neem, 100 gramas de actara e 100 gramas de amistar, adubo orgânico, e equipamentos adequados para horticultura, etc.
Financeiros: R$ 3.000,00, sendo que esta verba já foi parcialmente usada para aquisição dos materiais acima descritos e o saldo deste valor está disponível. A importância acima mencionada será obtida através de empréstimos com terceiros.

1.8 Referências

BRUM, Argemiro J.. Agricultura Brasileira: Formação, Desenvolvimento e Perspectivas. 3.ed. rev. e amp. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2005

CREPALDI, Silvio A.. Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial. 2.ed., São Paulo: Atlas,1998.

ENGEL & ANTUNES, Arno e Luciano M.. Manual de Administração Rural. Guaíba, RS: Livraria e Editora Agropecuária, 1994.

ESTATUTO DA TERRA (Lei 4504/64, art. 4º, VI)

SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.

SENAR, Gestão Rural ? nível básico. Curitiba, Pr: SENAR, 2002.

SOUZA, José A A de. Cartilha do Agricultor. 2.ed., Porto Alegre-RS: Publicação da Secretaria da Agricultura, 5º Vol., 1992.

S/A Disponível em http://www.planetaorganico.com.br/horticultura.htm, acessado em 07-04-2008.