A Supervisão Escolar – Acção para a Eficácia e Eficiência do Sucesso Escolar

Para que a escola possa desenvolver um programa de trabalho integrado e de acordo com as metas gerais, pré-estabelecidas pelos gestores da educação é necessário um acompanhamento sistemático através de uma assistência a rede escolar pela supervisão que coordene toda a acção educacional dos estabelecimentos de ensino.

O presente artigo faz uma abordagem sobre a supervisão escolar e princípios fundamentais e a elaboração do currículo. A primeira parte focaliza os aspectos teóricos da supervisão, a evolução da supervisão desde o ano 1900 ate aos nossos dias e as suas designações em função dos tempos. A seguir, a abordagem será em torno dos dose (12) princípios fundamentais da supervisão segundo Nerici.

Os aspectos destacados no parágrafo anterior serão destacados ao longo do trabalho de forma clara, compreensível e objectiva. A questão de supervisão aspectos mais práticos que teóricos, pois elas surgem com o propósito de coordenar as acções e dirigir as actividades decorrentes do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Esta acção é um serviço técnico, de carácter especializado, que supõe habilidades de um indivíduo que visa a obtenção de resultados satisfatórios na actividade de outros indivíduos que estão sob seu controle ou responsabilidade profissional. Por exemplo, o campo Educacional: as escolas, os professores, os estudantes, o processo educativo, etc.

Corre-se ainda o risco de retardar o processo de aceitação do supervisor por parte dos professores pela ineficiência dos próprios supervisores, que embora conscientes de suas responsabilidades, por deficiências de formação, não convencem na prática. Os supervisores devem eficientemente ajudar os professores no exercício da actividade de docência.

Segundo ANDRADE (1976:8) não é pequeno o número de professores, ainda em exercício, que tremem nas escolas a quando da visita do supervisor: esta sua vivência foi transmitida aos mais jovens, e estes, por ouvir contar, também ficam impressionados negativamente em relação a supervisão. Gostaria de evidenciar algumas práticas reais que hoje nos nossos dias não só pelos professores mas também os gestores escolares. Quando se sabe que o supervisor está para fazer uma supervisão numa escola, os directores aterrorizam os seus colegas de exercício com expressões que mostram existir algum medo, como por exemplo, “vejam as vossas pastas disciplinas se estão organizadas, organizem os vossos planos de aula, cada professor não se esqueça de usar a sua bata branca”, estes aspectos não seriam necessários serem organizados quando vem um supervisor, mas sim algo feito com muita naturalidade.

PRZMYBYLSKY (1976:14) – a supervisão educacional é um processo de efectuar o aprimoramento do ensino através do trabalho com pessoas que estão lidando com os alunos. É um processo de ajudar os professores a se ajudarem a eles mesmos, pois a supervisão é um trabalho de grupo e procura estimular os professores a utilizarem toda a sua potencialidade. Ela se apoia no desenvolvimento de habilidades em direcção, relações humanas e em avaliação para conseguir o melhor de desempenho.

Neste sentido a supervisão escolar deve ser entendida como orientação profissional e assistência dada por pessoas competentes em matérias de educação, quando e onde forem necessárias e relevantes visando ao aperfeiçoamento da situação total de ensino e aprendizagem.   

segundo NERICI (1990:28) a supervisão a partir dos anos 1900, fez ingresso na escola com o fim de controlar a acção do professor, mais contudo sob ponto de vista administrativo se identificava com a inspecção administrativa. Esta fase chamou-se de fase fiscalizadora porque interessava-se mais no cumprimento das leis de ensino, situação legal dos professores, cumprimento de datas e prazos de actos escolares matriculas e documentação dos educandos. Este carácter de supervisão persistiu ate aos anos 1920.

A segunda fase foi a construtiva de 1921 ate 1960, a supervisão foi identificada com eficiência didáctica, passou a visar mais cooperação e coordenação dos professores em suas tarefas pedagógicas. Nesta fase, a supervisão também procurou sensibilizar o professor para a pesquisa como forma de actuação que conduzisse a superação das dificuldades encontradas no processo educativo. Os inspectores escolares passam a promover cursos de aperfeiçoamento e actualização dos professores.

A terceira fase e a criativa de 1961 aos nossos dias, e aquela que a supervisão separa se da inspecção para montar um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o processo de ensino e aprendizagem, envolvendo todas as pessoas nele implicadas, neste contexto, temos os supervisores a todos os níveis e estruturas orgânicas de ensino desde a direcção nacional, provincial, distrital, das sedes das zonas de Influências pedagógicas e das escolas. Pode se dizer que nesta fase a supervisão incorpora três preocupações, eficiência, cooperação e pesquisa.

Deste modo, segundo NERICI, a supervisão pode ser exercida em dois sentidos:

  1. 1.    Sentido Geral – quando se identifica com a inspecção escolar, não com a atitude de fiscalizar mas de ajudar a melhorar a actuação da escola junto ao corpo docente e comunidade por intermédio de inspector/es.
  2. 2.    Sentido Restrito – sob orientação pedagógica exercida pela própria escola, através do director ou um supervisor externo, como elemento integrante da equipe administrativa da escola.

Princípios Fundamentais da Supervisão Segundo Nerici (1990:35)

  1. Estruturar-se com base em uma filosofia de educação – pelo sistema educativo a que a escola pertence, isto e respeitando as politicas educacionais e perspectiva cultural onde a escola esta inserida.
  2. Actuar democraticamente – no sentido de que todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem tenham liberdade de opinião, sejam respeitadas suas diferenças individuais e que sejam convencidos a agir desta ou daquela maneira.
  3. Abranger a todos – de modo que os envolvidos no processo recebem orientações e assistência da supervisão que de forma individual ou colectiva.
  4. Ser cooperativa – para que os responsáveis participem das preocupações da supervisão para o bom resultado dos trabalhos.
  5. Ser construtiva – para que todos os envolvidos pela supervisão possam ser orientados para melhorarem a sua actuação.
  6. Ser científica – para que se desenvolva a supervisão com base em planificações, avaliações constantes dos resultados dos seus trabalhos e se façam rectificações se necessários.
  7. Ser objectiva – a supervisão deve estar focalizada em aspectos já determinados antes da sua acção, uma realidade educacional do P.E.A. queira na área administrativa, pedagógica ou do processo educativo por si na sala de aulas.
  8. Ser permanente – é um processo contínuo não só nos exames, ou periodicamente, mas sim sistematicamente par a aumentar as possibilidades dum funcionamento mais eficiente.
  9. Ser espontânea – isto e não deve ser imposta, mas deve surgir sempre que possível sem imposição, de acordo com as necessidades da escolha de cada professor ou grupo de professores.

10. Ser imparcial – ressaltando méritos e recuperar deficiências, actuando e trabalhando sem reservas com todos de igual maneira independentemente dos graus de afinidades aspectos sociais.

11. Ser actuante – isto é mais acções do que palavras.

12. Ser mais informal possível – a fim de fazer-se presente humildemente e com uma linguagem convincente e aceitável.

A supervisão deve ser proporcionada a todos os membros envolvidos na acção educativa, pois é realmente uma ajuda. Este artigo mostra que o professor precisa de ajuda, a supervisão deve ser cooperativa envolvendo os elementos que integram o meio educacional do aluno que são: os professores, a escola, e o processo educativo.

A acção dos professores deve estar baseada nas directrizes e normas da educação nacional e através da orientação dos dirigentes educacionais, actuando junto os professores na condução das actividades didácticas, visando o desenvolvimento de ensino de programas de ensino integrados tanto horizontais ao nível de cada serie, como verticalmente do primeiro ao último nível de escolaridade.

A supervisão não é uma acção apenas dos supervisores dos serviços distritais e da direcção provincial, ela envolve ate a direcção das escolas. Pois, cabe também ao gestor escolar como supervisor observar e assessorar o desempenho dos professores. Este desempenho será tanto melhor, quanto maior for a integração e o preparação do professor. O rendimento do ensino e aprendizagem é basicamente uma resultante da actuação dos professores, considerando-se que é a eles que está entregue a responsabilidade da acção didáctica junto aos alunos.

 

Bibliografia

ANDRADE, N. V. (1976), Supervisão em Educação: Um Esforço para Melhoria dos Serviços Educacionais, Fename Editora, Rio de Janeiro.

NERICI, I. (1990), Introdução a Supervisão Escolar, 5ª Ed, Editora Atlas SA, São Paulo, 1990.

PRZYBYLSKY, E. (1976), O Supervisor Escolar em Acção, Editora do Professor Gaucho, Porto Alegre.

 

Gregório Jorge Gonçalves                                                                                                                                Docente da Universidade Pedagógica de Moçambique – Delegação de Quelimane Mestrando em Gestão e Administração Educacional