A Substancialidade do Mundo.

Não sou triste.

Muito menos alegre.

 Não sou feliz.

Nem infeliz.

Não sinto bem.

Muito menos mal.

Mas tenho profundo.

Descontentamento.

Com o mundo.

O motivo.

É simples.

O mundo é todo.

  Errado.  

Apesar de saber.

Não sei.

O que é o mundo.

 Sei apenas que o mundo.

Não é bom.

Da forma que foi.

Essencialmente.

Elaborado.

Mas não sinto mal.

Com o erro do mundo.

 Acho a realidade.

Esquisita.

E acho a esquisitice.

Natural.

Mas o mundo.

Que é o mundo.

 Não é o mundo.

A minha interpretação.

Dele.

Não é o meu entendimento.

Porque certamente.

Não tenho compreensão.

 Do mundo.

Nunca quis tê-la.

Sempre caminhei.

Por trilhos seculares.

Nunca encontrei.

Um centro para os caminhos.

Sonhados e não percorridos.

Imaginei sempre.

A ausência dos sinais.

Por onde passei.

Descobri paisagens.

Exuberantes.

Certa vez.

Quando era seminarista.

Aproximei do palácio cristal.

Em Petrópolis.

E contemplei a vossa beleza.

E com passos lentos.

Dirigi ao convento.

São Vicente.

Naquela noite.

Rezei o terço.

Posteriormente dormi.

Antes tomei suco de laranja.

Lembro-me da noite escura.

Da cidade.

Mas antes fui ser solidário.

Com Alceu amoroso lima.

Ele morava perto do convento.

E às vezes ia à missa conosco.

Era amigo dos seminaristas.

Seus últimos dias.

Foram de dores.

Apertei a sua mão.

 Suavemente  lhe disse.

Tenho um imenso carinho.

Por ti.

E pensei talvez o vosso corpo.

Tenha alma.

Desejo lhe o céu.

Pensei comigo mesmo.

Ele morreu dias depois.

Fiquei triste.

Mas me recordo.

De outros fatos.

Das conversas que tinham.

Com meus colegas.

A respeito do que seria.

O voto de pobreza.

 Certa vez disse.

Silenciosamente.

A minha pessoa.

O que seria o céu.

Um paraíso indescritível.

 Refleti a minha essência.

Até acredito.

 Nessa possibilidade.

Absurda naturalmente.

 Mas para que acreditar.

 Se eu não tenho alma.

Seria inútil a existência.

Do céu.

 Pelo menos para mim.

O grande problema.

Não é se Jesus Cristo.

Tenha sido Deus.

É com relação.

A minha própria pessoa.

Uma confusão imensurável.

 Por meio da minha imaginação.

Tudo isso que vivo.

Que estudo.

Às vezes também.

Escrevo.  

Entendo como.

Uma grande bobagem.

Às vezes me acho.

Um especialista.

Na teoria da bobologia.

Ser ou não ser um.

Bobológico.

Se o mundo é a composição.

 Da lógica bobológica.

Motivo pela qual.

Não me sinto perdido.

No mundo.

 Mas sinto que tudo.

Na vida.

Não tem objetividade.

 E que a lógica dela.

Sustenta-se.

 Pela ausência de sentido.

Com efeito, a vida.

É apenas essa significação.

O que devo dizer.

Não sei pensar.

 Muito menos escrever.

 Mas sei imaginar.

E formular para mim mesmo.

A lógica da lógica da antilógica.

O mundo é sua negação.

Em terceiro grau.

A dialética da quarta exceção.

 Penso então.

Apenas no distanciamento.

Sou sempre um ato derivativo.

Que foge.

Do ser que não sou.

E da não existência do mundo.

Compreendo, é muito difícil.

Entender a relação dessa linguagem.

De um ser que não é.

Dentro inexistência do mundo.

A realidade dessa concepção.

 Com efeito, vejo a razão.

Afastando dessa imposição.

Exuberantemente intrigante.

Sou apenas o meu afastamento.

Da lógica da antilógica.

Incompreensível da minha pessoa.

Que é substancialmente vazia.

Do mundo e do antimundo.

Do entendimento da inexistência.  

Edjar Dias de Vasconcelos.