" Sem o caráter, nada vale o espírito"
Anatole France

Sob os olhares no cotidiano, tenho refletido nos últimos tempos, sobre os fatores adquiridos, as influências provenientes do meio físico, e social, da educação, da experiência e do esforço do brasileiro sobre si mesmo. Vivemos sob a égide da corrupção em todos os níveis da sociedade brasileira, uma perda grande de valores e respeito, as desvirtudes e os vícios inveterados de nosso povo, crescem nas estatísticas, nos fatos e nas atitudes estigmatizadas.
Formando unidade em torno desse "Jeitinho", somos desrespeitados em nossos direitos de cidadãos, passivos nas injustiças, no exercício de nossa cidadania, somos coniventes e, sucumbimos diante das promessas fáceis, elegemos nossos representantes públicos e somos traídos, hoje, assistimos os escárnios, as trapaças, as manobras desses "eleitos" no poder, denegrir nossa dignidade e macular nossa confiança.
Não faço apologia da revolução, mas suscitar ímpetos, quebrar barreiras da apatia e imobilidade em nossas atitudes. Sinto saudades dos movimentos sociais em repúdio a Ditadura Militar reivindicando os direitos, o individuo dotado de razão e liberdade buscava as garantias de uma sociedade mais justa e democrática. E o caráter é fator determinante em nossas manifestações, é o aspecto psíquico da personalidade, é suscetível de ser modificado, pelo meio em parte, pela educação e, sobretudo pelo esforço pessoal.
Suas características psicológicas, sua estrutura na personalidade, movem uma ação no comportamento do individuo, refletido nos seus atos. Mas o que percebemos é o efeito "jeitinho" em nossa maneira de agir, diante de situações peculiares, no trânsito, nas filas de bancos e supermercados, sob o ímpeto do jeitinho, agem com suas "espertezas"de atitudes desrespeitando os direitos dos outros para levar vantagens, sem quaisquer escrúpulos.
Através da antropologia e sociologia vemos a importância da cultura numa sociedade, vital na formação do caráter do homem educado e ético. Hoje os valores são outros, estamos na era do ter, o ser é insignificante à frente das apelações que nos impõe, os arquétipos perfeitos do belo feminino e masculino, os padrões materiais , as mediocridades televisivas, isto tudo compõe traços de comportamentos que vão sendo incorporados nas novas gerações, além da herança genética da babaquice, onde os pais, ausentes e infelizes pelas exigências do mundo corporativo e suas ambições materiais, negligenciam a educação e a presença diante dos seus filhos, criando um ônus para a sociedade, com conseqüências dramáticas as famílias , muitos sentindo-se órfãos, impotentes, vulneráveis aos apelos das drogas, o consumo obsessivo, a marginalidade e a criminalidade incontrolável, somos reféns desta nova ordem de coisas, gerações que hoje já incorporam esse reflexo nas suas atitudes, nos seus valores, são personalidades tristes, carentes, psicopáticas e estóicas.