Contexto histórico do bairro

O bairro recebe a denominação Carlito Pamplona em homenagem ao fortalezense que se destacou como diretor do setor de compra e venda de matéria-prima da fábrica de óleo Brasil Oiticica A indústria teve sua primeira sede no bairro Praia de Iracema, próximo a área onde hoje se localiza o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, onde hoje existe um busto em sua homenagem. A empresa foi posteriormente sediada na avenida Francisco Sá, situada no bairro analisado. A proximidade da ferrovia e da zona fabril estimulou o crescimento e o aumento populacional nessa área.

Carlito Narbal Pamplona foi um homem dinâmico e de visão empresarial abrangente, incansável na conquista e crescimento do mercado de óleo e de castanha de caju. O primeiro trabalho planejado para a compra de castanha de caju foi de sua autoria, incentivando o plantio e a compra de castanha, especialmente nos centros de produção da área marítima.¹

Os equipamentos sociais e institucionais de relevo para a população são o hospital infantil Luis França, várias escolas, sendo algumas públicas e outras particulares, e destinada ao lazer existe a praça principal do bairro, Antonio Alves Linhares, inaugurada em 6 de dezembro de 1985, o grêmio recreativo dos ferroviários e vários bares e pizzarias. Porém, os moradores também enfrentam problemas como a violência urbana, pois devido aos numerosos assaltos, falta segurança e tranquilidade para os moradores; faltam também delegacias e unidades de saúde e, além disso, os residentes sofrem com a poluição gerada pelas indústrias locais, e não há uma associação para que eles se organizem e lutem por melhorias no bairro.

Localização

Carlito Pamplona está localizado na Secretaria Executiva da Regional I (SER I), na zona oeste de Fortaleza, e se limita com os bairros Pirambu, Jacarecanga, Monte Castelo, Vila Ellery, Álvaro Weyne e Cristo Redentor. O bairro tem uma área de 126,80 hectares e possui 24.383 habitantes (está entre os dez mais densamente povoados de Fortaleza).

[1]Disponível em http://www.fiec.org.br/documentacao/prem/comeind/pers_merito/cnp.asp. Acesso em 5 de março de 2009.

O comércio concentrado na região

O comércio é a troca de produtos feita de maneira indireta, uma pessoa troca o dinheiro pelo produto que deseja, ou até mesmo um produto por outro de valor equivalente. A invenção do dinheiro contribui para a simplificação e promoção do desenvolvimento do comércio. Porém, independente da existência do dinheiro, é a oferta e a procura por mercadorias ou serviços que permite a existência desse tipo de permuta.

Segundo o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), o comércio representa 61,21% e o setor de serviços 31,57% das oportunidades de emprego para os moradores do bairro.

O Carlito Pamplona tem como principais atividades produtivas uma das sedes da fábrica de castanha Iracema, a segunda maior indústria de beneficiamento de castanhas de caju do mundo, com capacidade de processamento anual de mais de 70.000 toneladas de castanha in natura; um mercado público que recebe o nome do bairro, um shopping com o mesmo nome, que possui estacionamento, praça de alimentação e várias lojas, além de alguns supermercados, lojas de produtos diversos, livrarias e farmácias, a maioria deles concentrados na avenida principal do bairro, a Francisco Sá, considerada um corredor comercial da localidade.

Karl Marx e o materialismo histórico

Karl Marx defende a idéia que "aquilo que os indivíduos são depende das condições materiais de sua produção". (QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria; OLIVEIRA, Márcia. Um Toque de clássicos, p. 66 apud MARX, Engels. La ideologia alemana, p. 18).Ele afirma que as relações materiais estabelecidas pelos homens amoldam a base de todas as suas relações.

Ao adquirir novas forças produtivas, os homens mudam seu modo de produção, e com o modo de produção mudam as relações econômicas, que não eram mais que as relações necessárias daquele modo concreto de produção. [1]

A sociedade capitalista de consumo concentrada no bairro Carlito Pamplona a partir de uma análise marxista

Karl Marx considera a sociedade capitalista a forma de organização mais desenvolvida e variada de todas já existentes. Ele defende a mercadoria como a forma elementar da riqueza capitalista e que ela satisfaz as necessidades humanas. "O sistema capitalista é aquele no qual se aboliu de maneira mais completa possível a produção com vistas à criação de valores de uso imediato, para o consumo do produtor (...)" [2]

O empregado vende a sua força de trabalho pelo valor de um determinado salário, que varia de acordo com a época, lugar e habilidade do trabalhador. A sociedade capitalista funciona fundamentada em um sistema de troca: a força de trabalho que o empregado exerce é adquirida pelo empregador mediante o pagamento de um salário.

O capital, assim como o trabalho assalariado, é uma relação social de produção, é uma forma historicamente determinada de distribuição das condições de produção resultante de um processo de expropriação e concentração da propriedade. [3]

Todo homem vive da troca e para satisfazer as suas necessidades, o que estabelece uma sociedade mercantil. O bairro Carlito Pamplona apresenta uma área comercial extensa, onde a população tem a facilidade de encontrar diversos produtos necessários à vida e até mesmo ao conforto, o que movimenta a economia local e gera empregos para os moradores, que podem ter a facilidade de não precisar de transporte coletivo para se deslocar.

Karl Marx afirmava que o valor da produção do trabalhador pode ser superior ao seu rendimento que procede do trabalho, o salário, que pode ser verificado atualmente se considerarmos que a jornada de um trabalhador do comércio e todo seu labor não equivalem ao seu salário, pois não é uma profissão muito valorizada e, na maioria das vezes, é mal remunerada, sendo assim, quem lucra com essa atividade são os proprietários dos estabelecimentos, que desfrutam do rendimento extraído do capital empregado. Marx também explicita que o capitalismo fez dos meios de produção propriedade privada de certa minoria de pessoas. Os burgueses eram os proprietários dos meios de produção e aqueles que não possuíam esses, se viam obrigados a vender o único bem que tinham sua força de trabalho.

Alguns moradores afirmaram que têm a facilidade de comprar o que necessitam, sem se deslocar ao centro da cidade ou aos grandes shpopings, visto que podem encontrar o produto almejado próximo à sua casa e, além disso, os preços são acessíveis, de acordo com a grande concentração da população de baixa renda existente no bairro.

Como explica Marx (1982), quem participa do processo de distribuição das rendas é aquele que está também no processo de produção, portanto, quem não produz fica impedido de consumir. Devido a isso, pessoas que estão fora deste processo acabam por procurar se inserir neste sistema produtivo, para assim participarem também da distribuição desta produção, para depois executarem as trocas que lhes convêm e finalmente tornarem-se consumidores. [4]

Enfim, pode-se constatar que, atualmente, o sistema capitalista é dominante e exerce influências em todos os níveis da sociedade, o que ratifica as idéias de Karl Marx. A pesquisa de campo permitiu se observar sociologicamente que, no Carlito Pamplona, o comércio se diversifica, principalmente na avenida Francisco Sá, o "corredor comercial" do bairro, e esse desenvolvimento é essencial para melhorar a imagem do bairro.


[1]QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria; OLIVEIRA, Márcia. Um Toque de clássicos, p. 66 e 69, apud MARX, Karl. Carta a Annenkov, p. 472.

[2] QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria; OLIVEIRA, Márcia. Um Toque de clássicos, p. 86 apud MRX, El capital, v. III, p. 573.

[3] QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria; OLIVEIRA, Márcia. Um Toque de clássicos, p. 89.

[4] LOPES, Gleison; MOITA, Jairla; HONÓRIO, Raquel. Ensaio Marxista sobre o Conjunto Ceará: o caráter comercial do bairro e suas influências nas relações sociais. Anais do IV seminário do LEPOP 2008.