A SEGUNDA CHANCE

 

Marcos, ou João marcos teve um início de ministério problemático. Se alguém o conhecesse naquele tempo, diria que ele jamais seria um obreiro bem sucedido.

 

Ele era sobrinho de Barnabé, um companheirão de Paulo. Quando Barnabé e Saulo voltaram de Jerusalém, trouxeram Marcos junto com eles. Depois, para continuarem a viagem missionária, Barnabé queria levar seu sobrinho junto, mas Saulo não concordou.

 

A Bíblia não especifica bem o motivo. Só diz que ele não quis acompanhar os apóstolos a princípio. O relato das escrituras mostra o grande problema que aconteceu:

 

“E Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor. E alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus”. Atos 15.35-40.

  

Até parecia que o ministério de Marcos tinha terminado. Haveria, por acaso, uma segunda oportunidade para ele? Em nossos dias é muito difícil a comunidade de irmãos darem uma segunda oportunidade para quem falha no princípio de sua carreira cristã ou no seu ministério.

 

Mas algo insólito aconteceu. Duas epístolas de Paulo se referem a Marcos e, sem dúvida ele estava a pleno vapor no trabalho ministerial. A primeira é Colossenses 4.10: “Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos. Se ele for ter convosco, recebei-o”.

 

O grande líder não somente está se referindo a Marcos, como está recomendando-o aos irmãos, inclusive dizendo que a igreja de Colossos já havia recebido mandamentos a respeito dele. Então ele já era uma figura importante no ministério. Graças a Deus!

 

Paulo diz que a igreja deveria recebê-lo. Então não se tratava de um simples visitante, mas de um obreiro de valor que deveria ser recebido com honras pela igreja.

 

A outra referência está na epístola a Filemom. Paulo novamente se refere a Marcos, chamando-o de “cooperador”. Veja: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores. Fm 24.

 

Mas o que consolida este retorno, esta volta por cima da vida de Marcos, foi o que Paulo escreveu a Timóteo em sua segunda epístola, enviada para aquele importante ministro: “Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério”. 2 Tm 4.11.

 

Não somente útil, mas muito útil. Amém. Glória a Deus!

 

Uma das coisas mais bonitas do Evangelho, irmão, é a obra de restaurar, de reconstruir vidas. Mesmo que você tenha fracassado em alguma área de sua vida cristã, até mesmo na mais crucial – o ministério – Deus tem os maiores recursos para colocá-lo novamente nos trilhos, com a visão da meta final e do caminho a ser percorrido.

 

Em alguma décadas de vida evangélica tenho visto isto acontecer muitas vezes. De repente um fracassado dá a volta por cima, confessa seus pecados e falhas, pede perdão a Deus e permissão de ir em frente. O Pai misericordioso é maravilhoso em tudo, mas principalmente neste ponto. Ele é o primeiro que dá o sinal verde.

 

A história do filho prodigo, contada por Jesus ilustra muito bem essa atitude gloriosa do nosso Pai. 

 

Em muitas leituras da mesma história pude observar alguns detalhes importantes que bem nos mostram o grande amor e misericórdia de Deus.

 

O relato nos diz que o pai do filho pródigo o avistou quando ele ainda vinha longe na estrada. Por quê? Porque com toda a certeza ele vivia na soleira ou no alpendre da casa, esperando sua volta. Quando viu que era seu filho que vinha ele não ficou esperando, correu, abraçou-o e o beijou.

 

Aquele moço que chegara daquela terrível peregrinação, sujo, malcheiroso, com horrível aparência, foi recebido como um príncipe. Seu pai imediatamente providenciou para ele as melhores coisas e deu-lhe um banquete.

 

É assim que Deus age. É assim que ele quer agir com você. Foi assim que ele agiu com o povo de Israel que estava afastado de sua companhia. Veja o que diz o profeta:

 

“Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei a meu filho. Quanto mais eu os chamava, tanto mais se afastavam de mim sacrificavam aos baalins, e queimavam incenso às imagens esculpidas. Todavia, eu ensinei aos de Efraim a andar tomei-os nos meus braços, mas não entendiam que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e me inclinei para lhes dar de comer. Não voltarão para a terra do Egito mas a Assíria será seu rei porque recusam converter-se. Cairá a espada sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos e os devorará nas suas fortalezas. Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim ainda que clamem ao Altíssimo, nenhum deles o exalta. Como te deixaria, ó Efraim? como te entregaria, ó Israel? Como te faria como Admá? Ou como Zeboim? Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem”.  Os 11.1-8.

 

É tremendo o coração de Deus!