A relação entre biodiversidade e saúde humana ocorre em diversos aspectos, começando por nossa alimentação e utilização de medicamentos e vacinas que tem origem em muitas espécies, assim como as doenças transmitidas por animais ou por contato com ambientes contaminados.

A manutenção da saúde silvestre depende de interações de difícil percepção, ainda não totalmente compreendidas, entre vetores, parasitos, alterações ambientais. A compreensão destas interações é dificultada, em parte, pela existência da diversidade de relações ecológicas, por exemplo, parasitos podem estar em inúmeras espécies de hospedeiros e vetores ao mesmo tempo além das mudanças comportamentais dos hospedeiros frente às alterações ambientais, sazonais, estocásticas ou antrópicas ou, ainda, pela entrada de espécies exóticas e invasoras no ambiente.

Apesar da carência no conhecimento, estudos recentes apontam para a existência de uma correlação entre a prevalência de doenças e alterações ambientais, como desmatamento, fragmentação e simplificação do habitat.

Conhecer a diversidade de espécies, mapear, identificar as ocorrências dos agravos à saúde na fauna silvestre, além das mudanças locais e regionais ocorridas, possibilitará uma melhor compreensão dos fatores associados à saúde silvestre, possibilitando um planejamento e adoção de medidas preventivas para manutenção de sistemas saudáveis.

A biodiversidade brasileira é reconhecida como uma das mais expressivas da biosfera terrestre e tem um papel importante no bem-estar e na saúde humana, ao prover produtos básicos e serviços ecossistêmicos. Os produtos ou bens oriundos do sistema natural incluem fármacos, alimentos como a pesca, madeira e muitos outros. Os sistemas naturais também proveem serviços que dão suporte à vida, tais como purificação do ar e da água, regulação do clima, hábitats reprodutivos e alimentares para extrativismo, além da manutenção de organismos responsáveis pela ciclagem de nutrientes do solo, tornando-os disponíveis para absorção pelas plantas.

Alterações ambientais estão afetando negativamente os ecossistemas, com acelerada perda da biodiversidade, por meio da modificação e perda de hábitats naturais e pela ocupação não sustentável do solo, com propagação de patógenos e vetores de doenças.

Apesar dos crescentes esforços realizados nos últimos vinte anos, o Brasil continuou a perder sua diversidade biológica, principalmente pela destruição do habitat por práticas agropecuárias, a poluição hídrica e dos solos e a introdução inadequada de espécies exóticas. A situação do país, em relação à preservação da biodiversidade, é considerada uma das mais preocupantes do planeta.

A perda acelerada da biodiversidade pode impedir que uma nova geração de fármacos e terapias sejam desenvolvidas, ou seja, quanto mais rica é a diversidade, maior é a chance de novas descobertas no âmbito da farmacologia e da medicina. Por isso, a educação ambiental enfatizando esses serviços ambientais, deve ser aplicada de forma mais relevante aos educadores e gestores, para que um conhecimento mais enriquecido seja transmitido às novas gerações, para garantir uma qualidade de vida futura.

Espera-se incentivar a criação de novas instituições focadas com o meio ambiente financiadas pelo governo, para treinar naturalistas interessados “não cientistas”, educadores e gestores em identificar, classificar e monitorar as espécies, gerando mais empregos. O conhecimento também deve ser divulgado à comunidade, que irá se beneficiar com projetos de conservação e proteção da biodiversidade.

Conclui-se que a situação favorável à biodiversidade, só irá começar a mudar, quando nos incluirmos como parte dela beneficiando nossa própria sobrevivência.

 

REFERÊNCIAS:

 

ALHO, C. J. R. Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Estud. av. [online]. 2012, vol.26, n.74, pp. 151-166. ISSN 0103-4014.

IPAM – Instituto de pesquisa ambiental da Amazônia. http://www.ipam.org.br/

MARTINS, M.R.C.; SANO, P.T. Biodiversidade Tropical – São Paulo: Editora UNESP, 2009. Pág. 118.

PESSINI, L. Biodiversidade e Saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo: 2011; 35 (1):5-10.

PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação – Londrina: Editora Planta, 2001. Pág. 302; 304.

SIBBR – Sistema de informação sobre a diversidade brasileira. http://www.sibbr.gov.br/