Resumo 

“Umberto Eco” e “Carlo Ginzburg” estão intrinsecamente ligados a “micro-história”, principalmente em suas contribuições para uma compreensão das ações do Tribunal do Santo Ofício, tendo como ambiente a Itália do período Medieval e Renascentista.

Em “O Queijo e os Vermes” (1976), Ginzburg propõem uma ruptura entre o tradicionalismo dos “grandes temas”, enfocando uma análise historiográfica voltada para um espaço de ação nos “excluídos da história”, abordando as práticas da Inquisição centralizadas na arregimentação de controle das “classes sociais baixas do clero”, fazendo uma literatura de testemunho em torno da figura de Domenico Scandella (vulgo “Menocchio”, com a atividade trabalhista de “moleiro”) acusado de heresias e de blasfemar contra a “Igreja de Roma”.

Já em “O Nome da Rosa” (1980), Eco sonda os “inconscientes coletivos” de um catolicismo laureado pelo poder acalentador da “doutrina beneditina”, em choque com uma contestação social “franciscana” dentro do corpo estrutural de formação ideológica clerical, agigantado de sortilégios de teofanias, propagados pelos Inquisidores.

“Os dois livros são narrados em um espaço literário de mais de 250 anos de diferença” (Eco, narra a história de Adso de Melk em 1327 e Ginzburg com o processo de Mennochio entre 1583 e 1601), todavia contém pontos nevrálgicos de similaridades, com uma estética verbal pleiteada de contradições filosóficas, culminando com um apetite de estabelecimento de um “status quo” propagandístico manipulativo, através da “avidez da perplexidade áspera da excomunhão e do terror de torturas físicas”, fazendo uma extremidade de inteligência persuasiva por parte de uma pequena gleba de eclesiásticos.