Startups são empresas inovadoras, que propõem uma idéia diferente do padrão e que pode gerar muito dinheiro, apresentando baixos custos de manutenção, crescimento rápido e grande capacidade de geração de lucro, em um pequeno intervalo de tempo. De acordo com a Revista Exame (2010), uma definição mais atual e simples, que satisfaz as várias dimensões envolvidas, é a de que startups são: um conjunto ou grupo de pessoas que buscam um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza mercadológica.
Essa definição envolve aspectos que caracterizam o modo de atuação da organização, sua inserção no mercado e sua capacidade de geração de capital. Assim, um cenário de atuação incerto, significa que não há como afirmar que aquela idéia realmente dará certo, ou se mostrará sustentável; ser repetível significa poder entregar um produto em escala ilimitada, sem a necessidade de muitas customizações, seja vendendo várias cópias de mesmo produto, seja tendo-os sempre disponíveis independente da demanda; ser escalável significa crescer cada vez mais, crescer em receita, com custos acompanhando lentamente e sem que isso influencie o modelo de negócios (REVISTA EXAME, 2010).
Empresas de internet geralmente, mas não necessariamente, dão origem a startups, pois é mais barato criar uma empresa de software do que uma de agronegócio ou biotecnologia, além da web permitir uma rápida, fácil e menos custosa expansão do negócio, com característica de venda repetível. No entanto nada impede que outras empresas com uma patente inovadora, por exemplo, formem uma startup, desde que possuam um negócio repetível e escalável (REVISTA EXAME, 2010).
O desenvolvimento do setor de telefonia do Brasil, especialmente o de telefonia móvel, como o celular, abriu um oceano de possibilidades, para investidores dispostos a arriscar em um setor nunca antes explorado no país. Em meados de 2000, o Brasil iniciou um expressivo aumento no número de celulares vendidos. No entanto, existiam poucas empresas especializadas na comercialização de entretenimento para celular, como jogos, ringtones, papéis de parede, músicas, noticias e etc.. Já em 2005 o mercado brasileiro movimentou cerca de R$ 500 milhões com entretenimento para celular, totalizando 6% das receitas das empresas de telefonia celular (REVISTA ÉPOCA, 2006).
Assim, o mercado brasileiro se mostra muito favorável para o desenvolvimento de entretenimento para telefonia móvel. Isto exige uma nova geração de empreendedores, com ambição de se desenvolver e até mesmo enriquecer rapidamente nesse nicho de mercado. Estes empreendedores perceberam o grande potencial do telefone celular, como, não só ferramenta de comunicação, mas também, mídia de entretenimento. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o Brasil contava, no ano de 2000 com um pouco mais de 8 milhões de celulares, em 2005, cerca de 71 milhões e em 2010 com mais de 189 milhões de celulares (REVISTA VEJA, 2010), representando um crescimento vertiginoso no mercado de telefonia móvel.
Nesse mercado tão promissor, surge, no dia 27 de julho de 1999, a Takenet, uma empresa mineira, especializada na venda de entretenimento para celulares. Oriunda de outra empresa, a TakePhone, uma autorizada da Telemig Celular, criada em 1997, por Antônio, Daniel e Roberto, a Takenet valeu-se da expertise adquirida pelos seus fundadores na manutenção de celulares. A estreita relação com a Telemig Celular permitiu a empresa a obtenção de informações privilegiadas, a respeito do hardware e firmware, dos principais celulares no mercado, bem como o acesso a lançamentos mesmo antes deles entrarem no mercado brasileiro. Com a entrada, no grupo, de Marcelo, Sérgio, Bruno e André Minelli a Takenet já estava pronta para competir em um mercado que crescia a cada ano (BLOG MARCELO_O, 2010).
Os primeiros dois anos da Takenet foram difíceis, pois empresa não estava adequada ao mercado, e as receitas, em decorrência disso, eram muito baixas. Com a adequação do modelo de negócios e o entendimento de que os clientes desejavam ter um celular personalizado, a Takenet passou a investir na venda de papéis de parede, ringtones e jogos, o que fez a empresa crescer rapidamente. Em 2004, a empresa já contava com 80 funcionários, dentre eles 10 eram músicos, responsáveis por transformar grandes sucessos em ringtones, a fim de disponibilizá-los para a venda, por um preço entre R$ 1,50 a R$ 3,50. A empresa embolsava 40% do valor de cada ringtone, descontado remuneração da operadora e direitos autorais. Com isso a empresa conseguiu ganhar dinheiro e muito rápido, vendendo em 2004 cerca de 5 milhões de downloads/mês, faturando em 2003 mais de 10 milhões reais (REVISTA EXAME, 2004).
Dessa forma, a Takenet pode ser considerada um exemplo de sucesso de uma startup, pois a empresa experimentou um rápido desenvolvimento, gerando muito dinheiro em um curto intervalo de tempo e com a participação ativa dos próprios sócios, que trabalhavam desenvolvendo aplicativos para celular. A Takenet em meados de 2004 se tornou líder de mercado na venda ringtones, vendendo um produto que era muito desejado pelos usuários de celuar, atendendo as necessidades de um mercado novo e muito promissor. Logo a Takenet reuniu os fatores indispensáveis de uma startup, descritos pela Revista Exame (2010): em um cenário incerto, criou um modelo de negócios repetível e de sucesso, a venda de entretenimento, ringtones, papéis de parede e jogos, sem a necessidade de uma grande personalização e a disponibilidade desses produtos em massa, além disso criou uma empresa escalável onde os lucros subiam a cada mês, com o custos acompanhando muito lentamente.
No ano de 2005 a Takenet teve 100% de seu capital vendido para a empresa japonesa, a Faith, por um valor em torno de US$ 35 milhões (TELETIME, 2005). A Faith foi uma das precursoras do mercado de ringtones no Japão, ela era também dona da empresa norte-americana Moderati, que comercializa ringtones. Mesmo com a compra, pela Faith, a Takenet não teve sua estrutura organizacional modifica, os sócios continuaram trabalhando na empresa, tendo acesso com isso a muitas informações sobre tecnologia e o mercado da empresa japonesa Faith. A venda da Takenet também possibilitou aos sócios a possibilidade de investimento em outras áreas como a construção civil, com a empresa Mobyra Incorporações, venture capital, com a Confrapar, o mobile marketing, com a Mobx e etc..
Em 2008 a Takenet é recomprada pelos seus fundadores, iniciando um novo modelo de negócios, e construindo com isso uma "restartup" (BLOG MARCELO_O, 2010). O termo restartup é adequado, pois a Takenet assumiu uma nova postura em 2008, diminuindo a ênfase nas vendas de ringtones, e papéis de parede, que nesse ano já não atendiam aos desejos dos consumidores, para assumir um novo mercado. Desenvolveu os produtos Torpedo a cobrar ou Torpedo Patrocinado, que consiste em mensagens enviadas a cobrar a exemplo das tradicionais ligações a cobrar onde o destinatário opta por pagar ou não pela mensagem, e o Torpedão que é a criação de canal de comunicação, via SMS, entre uma empresa qualquer e seus clientes. A Takenet também criou o SMS de resposta paga, onde o remetente paga tanto pela sua mensagem quanto pela sua resposta, bem como o SMS 0800, para serviços de atendimento ao consumidor (BLOG MARCELO_O, 2010).
Com a modificação em seu modelo de negócios a Takenet se revigorou, criando um nova startup a partir da infra estrutura adquirida no passado. Ao entrar no mercado de SMS a empresa estreitou ainda mais os seus laços com as grandes companhias de telefonia, como Tim, Claro, Oi e CTBC, conseguindo com isso atingir um grande público e maximizando seus lucros em um mercado em constante crescimento. Logo a Takenet é um exemplo claro de startup bem sucedida, e pode-se dizer, baseado em sua mudança, acertada, de modelo de negócio, em uma nova e promissora "restartup".

Referências
REVISTA EXAME (2010). Disponível em: http://exame.abril.com.br/noticia/o-que-e-uma-startup. Acesso em: 11/2010.
REVISTA ÉPOCA (2006). Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,,EPT1123572-1662,00.html. Acesso em: 11/2010.
REVISTA VEJA (2010). Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-tem-mais-de-189-milhoes-de-celulares-segundo-anatel. Acesso em: 11/2010.
BLOG MARCELO_O (2010). Disponível em: http://blog.marceloo.com/2010/04/04/2-startups-dentro-de-uma-restartup/. Acesso em: 11/2010.
REVISTA EXAME (2004). Disponível em: http://exame.abril.com.br/noticia/software-na-palma-da-mao-m0041665. Acesso em: 11/2010.
TELETIME (2005). Disponível em: http://www.teletime.com.br/Imprimir.aspx?ID=51990. Acesso em: 11/2010.