O objetivo principal deste artigo é apresentar a capacitação profissional dos membros da empresa como forma de responsabilidade social. Verifica-se que a empresa e o colaborador se beneficiam com essa prática. A empresa atinge maior produtividade, enquanto que o colaborador aproxima-se da capacitação profissional aliada à auto-estima e o bem estar social. Este trabalho está apoiado em dois eixos principais: como a responsabilidade social está configurada e os exemplos de empresas que adotaram a capacitação profissional para o benefício de todas as partes envolvidas.

1 INTRODUÇÃO

A responsabilidade social nas organizações é cada vez mais popular. A responsabilidade social está alicerçada ao cumprimento da ética, dos deveres dos indivíduos voltadas ao bem estar da sociedade como um todo. Pode-se dizer que ser responsável socialmente é como retribuir à sociedade por todo impacto causado por determinada modificação do cenário social ou ambiental.

Uma empresa socialmente responsável está preocupada não só em atender exigências corporativas, mas está preocupada em promover a construção de uma sociedade mais humana, justa e limpa e não só voltada aos compromissos legais, mas sociais e ambientais.

O método utilizado para construção deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica a fim de apresentar a responsabilidade social como eixo norteador do bem estar social, principalmente no que tange a capacitação profissional como meio de promoção da educação, da cultura, da auto-estima dos colaboradores, ou seja, o público interno da empresa.

2 COMO SE CONFIGURA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O homem é um ser social, e desta forma, é levado cumprir deveres e ter seus direitos garantidos na sociedade em que vive. Segundo Gouveia (2003, p. 123) ele está sendo "constantemente questionado sobre sua conduta em relação aos demais e cobrado a apresentar responsabilidade perante suas ações". Esta responsabilidade já inserida no contexto humano é presente no contexto empresarial e uma das temáticas mais comentadas nos dias atuais.

A responsabilidade social nas empresas abrange ações internas e externas e com isso pode-se afirmar que este é o exercício da cidadania empresarial. As ações internas são aquelas que envolvem os funcionários em treinamentos, recrutamentos, seleção, planos de assistência odontológica, médica e social, o transporte, a alimentação, a participação nos lucros, a capacitação e qualificação profissional dos funcionários, entre outros. Já a responsabilidade social externa que são desenvolvidas pela empresa são as ações que beneficiam a sociedade como um todo, e essas ações estão alicerçadas nas áreas da saúde, educação, meio ambiente, assistência social, entre outros (NETO e FROES, 2001, p. 87).

Ashley (2005, p. 5) afirma que "hoje em dia as organizações precisam estar atentas não só as suas responsabilidades econômicas e legais, mas também as suas responsabilidades éticas, morais e sociais". A autora ainda ressalta que as atividades e atitudes que envolvem uma organização precisam obedecer a valores morais e ter comportamentos cada vez universalmente apropriados, tais como:

Preocupação com atividades éticas e moralmente corretas que afetam todos os públicos/stakeholders envolvidos (entendidos da maneira mais ampla possível); Promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direitos humanos e de cidadania e participação na sociedade; Respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o mundo; Maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização, contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente. (ASHLEY, 2005, p. 7. Grifo da autora)

As organizações são inseridas em um contexto sociocultural, e isto implicará nas suas atividades e no modo como ela se relacionará com o ambiente sociocultural. No contexto sociocultural brasileiro, há de convir que é dever do Estado garantir o acesso aos direitos sociais, mas, no entanto, não está sendo capaz de oferecer esses direitos em sua totalidade, ou seja, não está resolvendo o problema. Ashley (2005, p. 9) reitera:

Pode-se citar a benevolência empresarial, uma interpretação ainda muito comum no Brasil para os princípios norteadores da responsabilidade social – tais como doação de bens e serviços, doações financeiras, cessão de funcionários especializados, voluntariado e filantropia, que tem uma base fixada nos princípios religiosos de caridade.

Para Chiavenato (2004, p. 476), a responsabilidade social significa "o grau de obrigações assumidas por uma organização através de ações que protejam e melhorem o bem-estar da sociedade enquanto procura atingir seus próprios interesses". Isto significa assumir um compromisso que favoreça a sociedade, no que tange o bem-estar como um todo, como também sugere os interesses organizacionais.

Segundo Schroeder e Schroeder (2004, p. 5) as empresas são detentoras de grandes volumes de recursos financeiros e humanos, e têm suporte para enfrentar problemas estruturais e afirma que "a responsabilidade social tornou-se abrangente, envolvendo uma dimensão de responsabilidade para com toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários, fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo".

No entanto, os autores consideram duas preocupações por motivos diferentes, a primeira preocupação seria a não participação de empresas no cumprimento do seu papel social, dificultando assim, o desenvolvimento sustentável e humano, e consideram que:

As empresas são grandes centros de poder econômico e político, interferindo diretamente na dinâmica social. Assim, assumindo causas sociais as empresas estariam devolvendo à sociedade parte dos recursos humanos, naturais e financeiros que consumiram para a alavancagem do lucro de sua atividade. (SCHROEDER; SCHROEDER, 2004, p. 5)

A segunda preocupação apontada pelos autores Schroeder e Schroeder (2004, p. 6) envolve uma reflexão acerca do desenvolvimento econômico, se este é naturalmente garantidor do bem-comum e do desenvolvimento da capacidade humana, que os autores denominam "paradigma econômico" e define que o avanço do poder das empresas na sociedade como fornecedora de bens e serviços, aparece outra "responsabilidade bem mais ampla, a do bem-estar social do homem, afirmando-se como propagadora e garantidora do bem-comum".

A capacitação profissional é um dos leques da responsabilidade social, sendo o público-alvo os colaboradores da empresa e/ou membros da comunidade na qual a empresa está interessada.

3 PROPOSTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO EXERCÍCIO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

É salutar a grande influência exercida pelas empresas na vida de seus colaboradores.

A responsabilidade social visa o bem estar do público interno das empresas, tais como da sociedade como um todo, pois, as perspectivas da empresa devem ir de encontro com as questões ambientais, sociais e éticas. Neste sentido, a capacitação profissional que é proporcionada por algumas empresas, beneficia não só o colaborador, mas também a empresa, gerando maior produtividade.

O treinamento é algo presente na empresa Showa do Brasil[1], onde os colaboradores recebem treinamentos diversos, desde a matemática básica, metrologia, ao mais sofisticado e tecnológico, destaque para o estágio no Japão por período de seis meses (Política da Showa do Brasil Ltda., 2009, p. 2).

A Trans MRA Lima[2] oferece capacitação profissional aos seus colaboradores e um grande incentivo para realização de treinamentos e cursos a fim de elevar a sua auto-estima. Esta capacitação visa, no entanto, a satisfação dos clientes e o preparo dos profissionais internos da organização. Existe o cumprimento de uma programação preestabelecida de treinamentos.

A Educação é o principal valor da Embafort Embalagem Industrial[3], neste sentido, atua com uma programação anual de treinamentos visando o entrosamento da equipe, propondo atividades inovadoras que incentivem a criatividade. A capacitação profissional é apontada como prioridade da empresa. A empresa acredita que a cultura e a educação devem ser priorizadas e vistas como um processo contínuo de autoconhecimento a fim de que promova o bem estar social, econômico e psicológico de seus colaboradores.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação dos colaboradores precisa ser constantemente incentivada através de cursos de capacitação, isto o privilegia como profissional, e na perspectiva voltada à gestão de pessoas trabalha o emocional e a motivação. Aprender é um exercício contínuo, estamos sempre em constante aprendizado.

O investimento na educação por parte da empresa é causadora de um enorme impacto, onde a empresa que investiu em capacitação obtém uma melhor lucratividade e o colaborador por sua vez, obtém o conhecimento podendo alargar suas chances de elevar o seu orçamento atuando em novas profissões.

Nota-se que a capacitação profissional é imprescindível na estrutura de uma empresa, que além de ser um exercício de responsabilidade social voltada ao público interno, é também extensivo às relações familiares, pois, verifica-se o reconhecimento e valorização deste colaborador no ambiente de trabalho.

REFERÊNCIAS

ASHLEY, Patrícia Almeida (coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL NA EMPRESA TRANSMRALIMA - Disponível em: <http://www.transmralima.com.br> Acesso em 09 de set. 2009.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 3.ª ed. rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

GOUVEIA, Valdiney Veloso et al. A dimensão social da responsabilidade pessoal. Psicol. estud. 2003, vol.8, n.2, pp. 123-131.

NETO, Francisco Paulo de Melo; FROES, César. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

PROGRAMA ANUAL DE TREINAMENTOS EMBAFORT – Disponível em < http://www.embafort.com.br/social.php> Acesso em 09 set. 2009.

SCHROEDER, Jocimari Tres; SCHROEDER, Ivanir. Responsabilidade social corporativa: limites e possibilidades. RAE eletrônica. 2004, vol.3, n.1, pp. 2-10.

SHOWA DO BRASIL LTDA. Política Interna. Março, 2009.



[1] A Showa do Brasil Ltda. está localizada em Manaus desde 16 de novembro de 1981, conta a atualmente com aproximadamente 2.000 colaboradores diretos e indiretos. Produz Amortecedores Dianteiro, Traseiro e Traseiro a Gás, Mesa Superior, Coluna de Direção, Travessa do Garfo Traseiro para motocicletas Honda e Yamaha.

[2] A Trans MRA Lima realiza o transporte de produtos químicos, e iniciou suas atividades em julho de 2004 na cidade de Mauá – SP.

[3] A Embafort Embalagem Industrial está no mercado desde 1988, atua no desenvolvimento e produção de embalagens automotivas, caixas para exportação, pallets e peças especiais de madeira.