Picasso e o inconsciente é o capítulo onde Pichon faz uma trajetória analisando a vida de Pablo Picasso, desvendando alguns símbolos segundo o lado psicológico do artista. Fala de suas diversas fases, e também de suas necessidades para com a sua obra.

"Não cabe dúvida de que a quantidade de obras realizadas por Picasso é o preço pago para alcançar a sua estabilidade psíquica." (p. 15) Segundo esse comentário, Pichon diz que Picasso conseguiu encontrar a sua sanidade através de sua arte, e da pintura de seus quadros. Quanto mais ele fazia, mais ele encontrava estabilidade. Era meio que uma terapia para ele, um remédio contra a loucura. Jogava-a e a exteriorizava-a na tela, buscando sempre suprir algumas de suas necessidades.

Pichon, adiante, mostra as fases de Picasso, fazendo relação delas com o mundo do artista. Inclusive fala da relação dele com o cubismo, como uma forma de criar algo em três dimensões.

Posteriormente, inicia-se a fase cubista com a qual se consegue, basicamente, uma reconquista do espaço arquitetônico. Para resolver seu problema, Picasso constrói e cria em três dimensões. Esse problema foi a revelação de coisas mais profundas. Ele necessita de espaço para seus efeitos escultóricos, mas o aspecto que prefere é a ruptura da superfície diagramada.

Acreditamos que Picasso procura encontrar no cubismo a síntese existente entre seus dois mundos, interpondo entre eles o anteparo da geometria para se proteger de uma revelação demasiado completa de si mesmo. (p. 17)

Picasso sentia a necessidade de "abrir-se" dentro da pintura. Não queria limitar-se apenas a uma perspectiva, e por isso buscou o cubismo como uma ferramenta para conseguir se expressar de maneira plena, e, atingir assim, um patamar de sinceridade máxima consigo mesmo e com a sua obra.

Sua obra é cheia de simbologias , como os arlequins, o corno e o acrobata. Todas elas têm um sentido significativo na obra do artista. E isso nos mostra o quão significativa pode ser as nossas obras... Que tudo que fazemos relacionado a arte, inevitavelmente, vai ter alguma coisa a ver com o nosso inconsciente. Isso, é claro, enquanto a nossa arte estiver diretamente envolvida conosco, em vez de ter um compromisso rígido com a realidade ou certas normas.

Bibliografia:

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O Processo de Criação. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1999.