A resiliência influência na qualidade de vida de um paciente na fase terminal com câncer?

                                                                                   Jaina Quitéria Pereira Rodrigues

                                                                                                      Bacharelanda do Curso de Enfermagem da Faculdade AGES

 

         Como descrito por D’AVILA, Inácia. Minha lição de anatomia(e a dos outros) / Inácia D’Ávila. - Rio de Janeiro: Mauad, 2005. 1. D’Ávila, Inácia 2 mama-câncer – pacientes. I titulo. A obra é dividida em cincos partes mais prefacio introdução, conclusão apresentação e referências bibliográficas. Escrita por Maria Inácia D’Ávila Neto, na qual tem a principal formação. Maria Inácia D’Ávila Neto é professora titular da universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora engajada em assuntos sobre a mulher. Fez doutorado em psicologia social na universidade de Paris VII em 1978. Atuando como professeur UNESCO e consultora da organização das nações unidas para educação ciência e cultura, coordenando uma UNESCO chair on sustainnable development, sediada no programa EICOS da UFRJ. A sua obra “Minha lição de anatomia”, relata uma lição e experiência de vida de uma paciente portadora de câncer de mama e sua luta diante o processo de desenvolvimento, principais sinais e sintomas e diagnóstico da doença. Enfatiza-se o enfrentamento e superação em busca da qualidade de vida e sobrevivência, dando exemplo para outras pessoas que já vivenciaram ou estão vivenciando essa mesma experiência. A obra possibilita aos profissionais e acadêmicos da área de saúde a compreender a percepção de pacientes oncológicos, dando a oportunidade de conhecer a manifestação da doença que pode ser evoluída através de causas internas e externa do organismo ou fatores de antecedentes familiares.

Baseada na concepção de processo saúde-doença intrínseca ao modelo biopsicossocial, a psico-oncologia teve seu desenvolvimento relacionado funcionalmente a vários fatores ( Bayés, conforme citado em Gimenes, 1994): (a) o reconhecimento de que a etiologia e desenvolvimento do câncer associam-se a fatores psicossociais; (b) a relevância da promoção do ambiente de cuidados com o tratamento como um dos indicadores de adesão ao tratamento; (c) o destaque dos benefícios da tecnologia comportamental e cognitiva ao bem-estar do paciente; e (d) o aumento do numero de sobreviventes de câncer, exigindo crescente e eficiente acompanhamento psicológico durante o tratamento. Entre esses fatores, CARVALHO (2002) destaca a relevância do apoio psicossocial ao paciente e sua família, com objetivo de assegurar uma qualidade de vida, considerando que o tratamento oncológico é prolongado, invasivo e geralmente deixa seqüelas físicas e psicopatológicas severas.    

 Neste ensaio pretendo ressaltar que, no mundo que vivemos a morte ainda é um tabu, mesmo sendo inevitável entre o ser humano. È possível avaliar o sofrimento antecipado da família quando descobre que seu ente querido é portador de uma neoplasia maligna seja ela qual for. A auto-estima e sua vontade de viver vão se tornando cada vez mais difícil, gerando um sofrimento e alterações na vida de uma pessoa, desencadeando uma série de reações, pessimistas, como: de pânico, desespero e caos.

            Essas reações acontecem, à medida que o diagnóstico é confirmado e se torna necessário assimilar, processar, elaborar e compreender o que está acontecendo para que se possa fazer o enfrentamento necessário, ou seja, aceitação da doença e o inicio do tratamento.

Quando se trabalha com famílias que estão vivenciando uma doença grave ou uma morte, há evidências clínicas de que ambas tornam-se um processo sistemático, do qual todos os membros participam de maneiras diferentes, dependendo da estrutura interna de cada um. Além disso, tornam-se mutuamente reforçadores do aparecimento de eventuais sintomas em alguns membros da família mais propensos a sintetizá-los, o que os torna “representantes” do grupo (Brown, 1995 apud Carter & Mc Goldrick,1995).

Os profissionais que lidam com o câncer devem estar preparados para apoiar os pacientes e as famílias diante de uma gama de crises físicas, emocionais, culturais e espirituais, quando se confrontam com essa experiência de risco de vida. A entrada no sistema de cuidado de saúde é freqüentemente acompanhada por despersonalização. As ameaças ao autoconceito são enormes quando o paciente se confronta com a percepção da doença, desfiguração, possível incapacidade e morte.

A intenção de explorar as características do processo de resiliência, como fenômeno, vai ao encontro da compreensão sobre a capacidade do ser humano de superar crises, adversidades e a vulnerabilidade, não pelo modelo de cura, mas de modo que permita se perceber como as intensas mudanças e dificuldades da vida cotidiana organizam e desorganizam as estruturas psíquicas, e o quanto na prática da vida cotidiana estas questões afetam a saúde. (ARAÚJO, Cristina, 2009).

 

Quanto o paciente tenta enfrentar a situação vivida é forçado a modificar seu estilo de vida, as prioridades, o auto-estima e os valores, mudam quando a imagem corporal é ameaçada. Existe uma conduta essencial para ajudar uma pessoa com a imagem corporal ameaçada e alterada que pode ser valorizadas entre: reter o controle e a auto-estima positiva diante a sua sexualidade, dar o direito do mesmo expressar tudo que lhe faz bem ou não, incentivando a independência, a participação continuada no autocuidado e tomada de decisão nas atividades que são mais valiosas do ponto de vista pessoal.

             No caso de doenças graves e crônicas em estágio terminal, a morte ou sua proximidade é uma situação particularmente estressante para o doente e seus familiares. Uma doença terminal em um membro é uma experiência altamente emocional e desafiadora e não poupa ninguém da família. (Wright & Nagy, 2002).

Uma das mais duras realidades que os profissionais e familiares se confrontam é que, apesar de seus melhores esforços, alguns de seus pacientes e entes queridos morrem. O conhecimento sobre a decisão de fase terminal e sobre os princípios dos cuidados é essencial para apoiar os pacientes durante a tomada de decisão e no fechamento do termino de vida.

Fornecer o cuidado para pacientes que estão próximo a morte e estar presente no momento da morte pode ser uma das experiências, mas recompensadora para o profissional dando confiança e orgulho de um cuidado respeitoso e humanizado que foi submetido a grandes desafios. Viver não parece ser tão fácil! A capacidade que o resiliente tem é considerada um processo no qual a compreensão, solidariedade e o afeto pode desenvolver enfrentamento, superação na qualidade de vida ou termino de vida diante as pessoas que vivenciam tais experiências ao decorrer de toda vida.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ARAÚJO, Cristina E.L. Processo de resiliência com adolescente em situação de vulnerabilidade social; Palhoça, 2009.

 

CARVALHO, M.M (2002). Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicologia USP, 13(1), 151-166.

 

D’AVILA, Inácia. Minha lição de anatomia (e a dos outros) / Inácia D’Ávila. - Rio de Janeiro: Mauad, 2005. 1. D’Ávila, Inácia 2 mama-câncer – pacientes. I titulo.

 

GIMENES, M.G.G. (1994), Definição, foco de estudo e intervenção. Em M.M.M.J Carvalho (org.); Introdução a psicologia (PP. 35-56). São Paulo: Editorial. PSY.

 

MAIA, Sônia A.F.; Câncer e morte. O impacto sobre paciente e família. Curitiba, 2005.

 

KOHLSDORF, Marina; Analise das estratégias de enfrentamento adotadas por pais de crianças e adolescente em tratamento com leucemias; Brasília, 2008.

 

SCHULZE, Lílian C. Comunicação de morte em famílias com crianças pequenas: O papel da terapia sistêmico em hospital, 2008.

 

WRIGHTE, L. W. & Nagy, J. (2002) Morte: o mais perturbador segredo familiar. In: E. Imber-Black. Os segredos na família e na terapia familiar. (p.128-143). Porto Alegre: Artes médicas.