O processo de disciplinarização, assim denominado por Foucault, tem sua origem na reorganização da instituição hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por essa reordenação.Tendo como principal objetivo o aproveitamento máximo do individuo em sua singularidade, esse sistema assegura paralelamente o livre exercício do poder, dentro dos espaços disciplinados.
Segundo Foucault, a disciplinarização hospitalar é garantida pelo controle sobre o desenvolvimento das ações, pela distribuição espacial dos indivíduos no interior do hospital e pela vigilância constante destes. E, para garantir o exercício do poder institucional seria utilizado um esquema administrativo composto por um conjunto de técnicas, pelas quais o sistema de poder irá alcançar seus objetivos. É assim que a teoria clássica administrativa vem ajustar-se ao processo de reorganização do novo hospital.
Embora o poder disciplinar, no novo hospital, seja confiado ao medico, ele passara a delegar o exercício das funções controladoras do pessoal de enfermagem ao enfermeiro que, pela falsa convicção de participar da esfera dominante, será subutilizado em beneficio da manutenção da ordem e da disciplina, indispensáveis à preservação do poder institucional. A evolução crescente dos hospitais não melhorou, no entanto, foi nessa época em que estiveram sob piores condições, devido principalmente a predominância de doenças infecto-contagiosas e falta de pessoas preparadas para cuidar desses doentes.
Florence Nightingale, durante esse período, foi convidada a trabalhar junto aos soldados feridos em combate na guerra da Criméia que morriam por falta de cuidados em grande numero nos hospitais militares. Fazendo porte da elite econômica e social, Florence foi a pioneira da nova enfermagem que, como a medicina, se encontrava vinculada à política e a ideologia da sociedade capitalista.
Além de tudo, Florence fundou uma escola de enfermagem no hospital Saint Tomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. Nas primeiras escolas de enfermagem, o médico foi a única pessoa qualificada para ensinar; a ele cabia então decidir quais das suas funções poderia colocar nas mãos das enfermeiras. Os requisitos exigidos para a formação da enfermeira, estavam de acordo com as metas do projeto de profissionalização que a sociedade inglesa tinha interesse em empreender e viriam a encaixar-se perfeitamente na cadeia hierárquica e no espaço disciplinado do hospital.
Assim, a enfermagem surge como uma ocupação assalariada que vem atender à necessidade de mão de obra nos hospitais, constituindo-se como uma pratica social institucionalizada e especifica. As escolas formavam duas categorias distintas de enfermeiras: as ladies que procediam da classe social mais elevada e que desempenhavam funções intelectuais; e as nurses que pertencias aos níveis sociais mais baixos e que, bob a direção das ladies, desenvolviam o trabalho manual da enfermagem.