A RENOVAÇÃO DA DIDÁTICA POR UM ENSINO EFICAZ[1]

Antonia de Sousa Brito [2]

Wyldna Florêncio Viana Câmara[3]

 

RESUMO

O conhecimento didático possui muitas vertentes em estudo sobre do que trata a construção desta prática: métodos, estratégias, recursos, etc. Valoriza que a didática deve acompanhar as mudanças e adquirir informações atuais, sem a necessidade de padronização, ou seja, cada indivíduo possui sua individualidade na habilidade cognitiva. Favorece-se a especificada de cada ciência, para trabalhar a didática. Candau (2008) confirma que a didática instrumental já não consegue administrar todas as necessidades das diversas ciências que trabalhamos. Assim surge a necessidade de uma didática fundamental. Diante das inúmeras teorias que explicam tal procedimento, optou-se em relacionar este fenômeno com o aspecto da mudança, que realiza abordagens em torno da postura docente, apresentando fatores de sucesso aos adeptos. Busca- se, por meio de pesquisa norteia a pesquisa, a fim de constatar o envolvimento das vertentes: centradas nas normas, nas técnicas, na formação humana e no contexto. Separadas podem proporcionar uma prática para troca de experiências entre o docente e seu discente, porém unidas e relacionadas de forma coerente levam ao progresso o conhecimento dos educandos de maneira prazerosa, contextualizada e ágil.

 

Palavras-chave: didática, ensino, aprendizagem.

 

1. INTRODUÇÃO

A Didática participa da construção do conhecimento, possuindo relevância principalmente para os docentes, devido proporcionar uma reflexão em torno da prática relacionada com a teoria, provocando o aprimoramento das ações. É importante ressaltar que a formação dos professores também é destacada no artigo, uma vez que significa falar em preparo adequado para cada nível escolar, cada ciência ou disciplina, não apenas na pura preparação do indivíduo para um mercado de trabalho.

O professor e aluno são contribuintes no processo didático, trocando ideias e oferecendo suporte um ao outro, partindo da premissa da Didática Fundamental, em que é necessário voltar-se para as especificidades de identificar estratégias e ações focadas nos conteúdos, selecionando quais as ações que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem nos alunos e adquirir postura motivadora de sucesso no ensino.

2. A RENOVAÇÃO DA DIDÁTICA POR UM ENSINO EFICAZ

2.1. Da Didática instrumental à Didática Fundamental

            A Didática é um agente presente em muitas décadas, que era formada por muitos aspectos e diversas vertentes. Atualmente, luta-se pelo quebra de uma barreira: sair da mera perspectiva instrumental (que envolve conhecimentos puramente técnicos sobre o “fazer pedagógico”) e partir rumo a uma nova didática, a fundamental. Porém, para isso surge a necessidade de realizar estudos e pesquisas.

            A didática instrumental possui um significado puramente técnico e desatualizado, “estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. A didática nos dá uma visão geral da atividade docente” (PILETTI, 1985, p.43). Esta visão ultrapassada de uma ação geral para qualquer aluno não é cabível para as classes heterogêneas com que nossas escolas trabalham. Diante deste conceito, iniciou-se uma revisão da didática, considerando aspectos indispensáveis para a sociedade educacional atual. (CANDAU, 2008)

            A articulação de três dimensões que se relacionam foi o primeiro passo desta revisão: a técnica, humana e política. Tais dimensões são difíceis de dissociarem-se devido uma compor a outra. Partindo disto, se faz necessário um novo conceito de didática, coerente com as demandas e saberes contemporâneos. (CANDAU, 2008)

Há um tempo, a didática bastava ser geral, com as mesmas indicações e orientações para qualquer classe, qualquer disciplina e mesmo ocasião. Com o tempo, percebeu-se que uma orientação para trabalhar Matemática, já não servia para trabalhar Língua Portuguesa, dessa forma com estas necessidades a Didática foi ampliando os estudos e ganhando pesquisas em torno do processo de ensino-aprendizagem, desta vez com o cuidado de para quem, para quê e qual o assunto deve ser explanado.

Um professor que ministra uma aula utilizando as melhores técnicas de ensino, cumprindo rigorosamente o horário e utilizando um bom material didático, pode ser eficiente sem ser eficaz. Ele será apenas eficiente se, apesar de tudo o que faz, não obtiver resultados. Mas será eficiente e eficaz quando os alunos aprenderem o que ele ensinou. A eficácia, portanto, é a ação que alcança resultados. Eficiência é apenas a ação realizada de acordo com as normas estabelecidas, mas sem resultados. (PILETTI, 1985, p.45)

A sala de aula se torna uma espécie de laboratório para a Didática, o professor é o cientista, no entanto durante suas experiências deve-se ter sensibilidade diante dos alunos e conhecimento da disciplina. O planejamento é algo intrínseco à Didática, não caminham separados, caso caminhem é como prática sem teoria. Candau (2008) valoriza este ponto:

É evidente que o modo como o professor trabalha a perspectiva crítica está informado por sua própria opção ético-cientifica. [...] A reflexão didática deve ser elaborada a partir da análise de experiências concretas, procurando-se trabalhar continuamente a relação teoria-prática. Esta relação não deve ser entendida de forma dissociativa, e sim numa visão de unidade. (p. 16)

O entendimento da Didática relaciona-se ao fato de se entender a educação em geral e a didática em particular como uma prática social, determinada histórica e socialmente. Sendo assim pressupõe-se a didática como instrumento potencial para a transformação social, condição advinda da sua especificidade. Mais uma vez, o destaque para a Didática Fundamental, adquirindo espaço e excluindo a antiga Didática Instrumental ou Geral. É válido esclarecer que “o grande desafio da Didática atual é assumir que o método didático tem diferentes estruturantes e que o importante é articulá-los, sem exclusivizar nenhum deles” (CANDAU, 2008, p. 35).

A formação continuada dos professores é imprescindível para a compreensão destes fatores da nova didática, tão logo o conhecimento é adquirido pelos profissionais, logo a prática é assumida. Com a prática atuante, o profissional só precisa aperfeiçoar as estratégias, inovando a cada ação. Surge a necessidade de aguçar a criatividade deste docente, que sempre deve ser incentivado pelos fatores que o cercam diante da sua ação: os alunos, a disciplina, o assunto, o ambiente, etc. Há muito que pode ser explorado, o professor precisa estar preparado para interpretar as informações ao seu redor e usá-las a favor de sua prática, cuidando também para oferecer um ensino contextualizado. Assim a aprendizagem dos alunos será significativa.

A aprendizagem é um fenômeno, um processo bastante complexo. Hoje existem muitas teorias sobre a aprendizagem. [...] Convém salientar que aprendizagem não é apenas um processo de aquisição de conhecimentos, conteúdos ou informações. As informações são importantes, mas precisam passar por um processamento muito complexo, a fim de se tornarem significativas para a vida das pessoas. Todas as informações, todos os dados da experiência devem ser trabalhados, de maneira consciente e crítica, por quem os recebe. (PILETTI, 1985, p.31)

Para essa tarefa a Pedagogia conta com outras ciências e disciplinas afins, cada qual auxiliando, do seu ponto de vista específico, a projetar os caminhos da educação na sociedade. Assim, teoria e prática educativa encontram-se num todo organizado em cada período histórico para o atendimento de necessidades próprias, visando a preparação das novas gerações para as demandas sociais. (MELO, 2008)

2.2. A formação continuada por uma nova didática

Primeiramente devemos considerar a formação de educadores na base dos cursos de graduação, para posteriormente focarmos em uma formação continuada que acompanhem as atualizações da educação, por conseguinte da didática.

Candau (2008) explana por meio de quatro perspectivas, a abordagens realizadas sobre a formação dos educadores.

Na primeira situação os estudos centrados na norma, são os destaques. Consideram a contextualização da realidade com as normas legais, com os instrumentos legais. Trata-se de um enfoque meramente descritivo. (CANDAU, 2008). Acredita-se que esta abordagem oferece pouco subsídio para o docente trabalhar em sala de aula. Proporcionando apenas este enfoque na formação dos educadores, pode-se estar oferecendo um formação incompleta, onde a carga da responsabilidade esteja somente na observação do docente.

Na segunda situação, os estudos focam-se na dimensão técnica.

Os estudos analisam a prática educativa existente e propõem experimentos comparando diferentes metodologias e verificando seus efeitos sobre os resultados da aprendizagem. [...] A educação é vista numa perspectiva sistêmica e a interação entre os diferentes componentes do sistema de ensino-aprendizagem é enfatizada tendo por objetivo alcançar sistemas instrucionais altamente eficazes e eficientes. [...] A grande preocupação é a instrumentalização técnica. Ela é vista como um elenco de procedimentos a serem dominados. (CANDAU, 2008, p.52)

Esta é a perspectiva da formação de professores baseada no tecnicismo. O professor é meramente um instrumento que centra-se nos elementos constitutivos, como objetivos, seleção de conteúdos, estratégias, avaliação, ou seja na reprodução das aulas, de forma técnica que deve ser da melhor maneira possível. (MELO, 2008)

A terceira situação estudada diz respeito à dimensão humana. Considerada a mais coerente e abrangente de todas as perspectivas identificadas durante as pesquisas. Trata sobre as relações interpessoais, preocupando-se em como desenvolver as condições favoráveis para a aprendizagem, é válido mencionar que nesta situação o professor é entendido como um facilitador da aprendizagem. “Cabe ao educador ser pleno, ou seja, intelectual e emocional” (MELO, 2008, p.137)

Em tal abordagem, este é o foco da atenção: que condições deve realizar esta inter-relação humana para que seja facilitadora do processo de aprendizagem? Trata-se em geral de estudos experimentais, correlacionais ou que utilizam técnicas de observação. (CANDAU, 2008)

Na última situação diagnosticada, há uma preocupação com o contexto econômico e político como parte da formação dos educadores. Denominada de centrada no contexto. A educação é considerada uma prática social e a formação de professores, não deve desconsiderá-lo como sujeito desta prática. (CANDAU, 2008)

Nesta linha, a educação é vista como uma prática social em conexão com o sistema político-econômico vigente. [...] Portanto, o educador deve possuir uma sólida formação em ciências humanas e sociais. Sua prática não é jamais “neutra”. Esta a serviço da transformação social. (CANDAU, 2008, p.54)

Este dinamismo da pesquisa e do diagnóstico de novas formas de conhecimento na educação deve estar presentes em todo o processo ensino-aprendizagem, só assim com as preocupações das dimensões existentes que os profissionais terão maior credibilidade e confiança na realização de um trabalho eficaz, realizando a opção por uma prática fundamentada.

Uma questão importante é de que a educação é um processo multidimensional. Ou seja, apresenta todas as dimensões acima, articuladas entre si de maneira dinâmica e coerente. Eis o desafio. Trabalhar nesta perspectiva de multidimensional, onde seja construída uma visão articulada “partindo-se de uma perspectiva de educação como prática social inserida num contexto político-social determinado” (CANDAU, 2008, p.55).

Libâneo (2003, p.310) comenta sobre o exercício profissional do professor:

O exercício profissional do professor compreende, ao menos, três atribuições:  a docência, a atuação na organização e na gestão da escola e a produção de conhecimento pedagógico. Como docente necessita de preparo profissional específico para ensinar conteúdos, dar acompanhamento individual aos alunos e proceder à avaliação da aprendizagem, gerir a sala de aula, ensinar valores, atitudes e normas de convivência social e coletiva. Necessita também, desenvolver conhecimentos e pontos de vista sobre questões pedagógicas relevantes, como elaboração do projeto pedagógico-curricular e de planos de ensino, formas de organização curricular, critérios de formação das classes, etc.

Com este comentário de Libâneo notamos quão ampla deve ser a formação do educador, uma vez que sua atuação exige para além da sala de aula. É exigido do professor criticidade, daí a importância de articular as quatro dimensões citadas anteriormente, em busca de uma prática coerente para a transformação social.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A valorização do professor na sociedade gera uma relação de estreita confiança, favorecendo a relação ensino-aprendizagem e motivando para um melhor desenvolvimento social, familiar e escolar. A didática vem auxiliar este profissional a traçar estratégias de como conduzir o processo de construção do conhecimento com o educando, de forma que o aluno sinta-se motivado a participar e contribuir com a sociedade.

Por meio desta pesquisa, nota-se que a escola demonstra a necessidade de uma parceria entre os participantes do processo de ensino-aprendizagem. É notável que a formação docente ainda é precária, havendo a necessidade de maiores informações, a fim de garantir a opinião de todos os envolvidos no processo educativo. A relação professor-aluno não é diferente: é de grande valia o profissional que orienta seu aluno com dedicação, acolhimento, cuidado e preocupação com a realidade de seu aprendiz, isto pode ser aceito como um diferencial na escola visto que, a preocupação com a qualidade do ensino perpassa pelo processo de construção do conhecimento de nossos alunos.

A didática passa por isto, o conhecimento didático fornece subsídio para a prática docente com a seleção de conteúdos, estratégias, materiais e até mesmo recursos apropriados, conforme a especificidade de cada ocasião. De cada aula, de cada aluno e de cada professor, todos considerados em sua individualidade, mas para forma o conjunto, relacionados entre si de maneira coerente.

REFERÊNCIAS

CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis-RJ: Vozes, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos (org.). Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

MELO, Alessandro de (org.). Fundamentos de didática. Curitiba: IBPEX, 2008.

PILETTI, Claudino. Didática geral. 5.ed. São Paulo: Ática, 1985.



[1] Artigo científico elaborado para avaliação na disciplina Didática do Ensino Superior no curso de especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, no Instituto Mineiro de Ensino Superior, em Macapá-AP, 2013, sob orientação da professora Mestre Jandira Mendonça.

[2] Pós-graduanda em Psicopedagogia. Graduada em Letras.

[3] Pós-graduanda em Psicopedagogia. Especialista em Linguística. Graduada em Pedagogia.