A RELEVÂNCIA DO OLHAR DA FAMÍLIA FRENTE ÀS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO PORTADOR DE TDAH[1]

Laiane de Souza Santos da Silva

Pedagoga pela Faculdade Alvorada Plus – Faculdade do Estado de São Paulo

Psicopedagoga  Institucional e Clinica pelo UNASP – Campus de São Paulo.

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Resumo: Este artigo contemplará a problemática sobre a importância do acompanhamento familiar na vida do portador de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Encontramos no cotidiano escolar alunos portadores de TDAH, cujos pais apresentam dificuldades quanto à aceitação, acompanhamento e auxílio aos mesmos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que serve de instrumento para pais e educadores que lidam com crianças e adolescentes que tanto necessitam de orientação e ajuda para lidar com este tema sobre o qual há muitos preconceitos.

Palavra-chave: TDAH, família, dificuldades, acompanhamento.

 Abstract: This article will contemplate the issue about the importance of family monitoring  with a person with Attention Deficit Disorder and Hyperactivity Disorder (ADHD). Found in everyday school students with ADHD, whose parents had difficulties in the to accept, to monitor and assistant them. This is a literature that serves as an instrument for parents and educators who deal with children and teenagers who either need guidance and help in dealing with this subject on which there are many prejudices.

Keywords: ADHD, family difficulties, follow-up

  

Introdução

A disfunção que será abordada neste artigo é por nós conhecida há tempos, contudo verifica-se que nos artigos, livros, sites e revistas e outros estudos que abordam a temática há muitos comentários, embora pouco ainda se tenha descoberto sobre o acompanhamento.

A proposta deste estudo é abordar o tema Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), conceituando, e apontando os principais momentos em que há ocorrência, demonstrando ao os prejuízos causados ao indivíduo, e finalmente apresentar algumas soluções que podem ser adotadas por pais e ou responsáveis, para que ocorra a diminuição de seus efeitos.

Por ser tratar de um tema amplo, o objetivo deste artigo não é de esgotá-lo, mas sim, somar aos demais esforços já realizados nesta área.

O foco do presente artigo são os pais e responsáveis de crianças, adolescentes e adultos com o TDAH. O propósito do artigo é possibilitar aos mesmos o entendimento da importância do acompanhamento na vida educacional dos portadores de TDAH.

 

Definição do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

 O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade recebeu vários nomes ao longo dos anos, como por exemplo, ‘Lesão mínima do cérebro’, o qual assustou muita gente.

 O nome Transtorno de Déficit de Atenção surgiu pela primeira no ano de 1980, essa definição deixou claro que o ponto central do problema era a dificuldade de se concentrar e de se manter atenção por um determinado tempo.

Na época havia dois tipos de TDA, sendo, o TDA com hiperatividade e o TDA sem hiperatividade. No ano de 1987, após muitos estudos, viram que essa ideia era muito controversa, assim, o nome TDA, passou a ser TDAH- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A hiperatividade e déficit de atenção são problemas vistos com mais frequência em crianças e baseia-se nos sintomas de desatenção e hiperatividade, sendo, pessoa muito ativa, por vezes agitada além do comum.

TDAH é uma perturbação neurobiológica transmitida, em parte, geneticamente.

SMITH e STRICK, 2001, diz que o TDAH é uma doença que afeta de 3 a 5 % da população escolar infantil, comprometendo o desempenho, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa autoestima, Segundo Goldstein (1994), 90% dos portadores de TDAH são meninos, mas que, mesmo as meninas podem apresentar tais problemas.

O TDAH na infância, dos 6 aos 10 anos, em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores. Os portadores não conseguem realizar os vários projetos que planejam e são tidos como "avoados", "vivendo no mundo da lua". Já nos adultos, poucos deles costumam ser identificados. O adulto pode apresentar inquietação física ou mental ao invés de hiperatividade e, geralmente apresentam problemas consideráveis no seu dia-a-dia, nos relacionamentos interpessoais e no ambiente profissional.

Há dois tipos de hiperatividade encontrados nas crianças, sendo o desatento agitado e não impulsivo e o desatento agitado impulsivo.

Goldstein concluiu que de 20 a 30% das crianças com TDAH apresentam problemas de desatenção, com isso apresentam problemas significativos de excesso de atividade ou impulsividade, ainda conclui que, essas crianças têm maior probabilidade de desenvolverem depressão, ansiedade, comportamento perturbador e que seu desempenho escolar é menor do que as das crianças que não apresentam TDAH.

Para que o diagnóstico seja feito, são realizados testes, é necessário que questionários sejam respondidos, a entrevistas com a família e com a criança e adolescente são muito importantes. O entrevistador enfoca o comportamento inadequado á idade, sabendo que, os pais não têm muitas referencia a respeito do que é normal para cada faixa etária.

Com o pensamento de que não há nenhum procedimento ou teste diagnóstico definitivo para o TDAH, a determinação final de que a criança e o adolescente possa se condizer ou não ao diagnóstico, precisa estar baseada na relação de todos os dados coletados.


Visão familiar e escolar sobre o TDAH

 Podemos observar que nas famílias onde há crianças e adolescentes com TDAH, de forma geral, elas são punidas fisicamente e ouvem muitos comentários negativos que se fazem relativos ao seu caráter como: ‘Você é preguiçoso’, ‘Você é desinteressado’ e no fim, acabam por acreditar.

No futuro, essa criança ou adolescente expressará seus sentimentos de rejeição ora dizendo que irão embora de casa, ora dizendo que são infelizes. Sendo comum elas causarem confusões, os pais tendem a culpá-las sem se preocupar com uma investigação mais detalhada dos seus conflitos.

Frequentemente o pai e a mãe de uma criança com TDAH são rotulados de relaxados e desatentos na educação de seu filho. Em diagnóstico de que seu filho tenha TDAH provoca muitas vezes à ira e raiva contra aqueles que os culpam pela falta de controle do problema dos filhos. Quando os pais descobrem finalmente que não são culpados, se abrange o sentimento da ira. Começam a pensar que o filho saudável já não existe mais, daí entendem que o filho necessita de auxílio para lidar com o seu problema, proporcionando condições para que a criança e o adolescente se desenvolvam como qualquer outra.

Mesmo assim, não podemos apenas acusar os pais de tudo, situações assim, detonam batalhas dentro de uma família, afinal, transtornos causados por uma criança que vive no mundo da lua, acabam por fazer com que os pais vivam brigando. Sendo assim, ninguém compreende porque a mesma criança e ou adolescente não se concentra nos deveres de casa, mas consegue passar horas no videogame.

O importante é buscar informações sobre o comportamento da criança e ou adolescente antes de concluir que ela é sem limites ou algo parecido. Quanto mais informações, melhor para a família e para a criança e adolescente.

Goldstein (1994) nos fornece algumas sugestões de atitude que os pais podem adotar com para tratar seus filhos portadores de TDAH, sendo elas, a Educação, o Controle, a Diversão, o Apoio, a Autoestima, os Amigos e, os Irmãos. Em relação a  Educação, sugere que os pais devem se informar, conhecer a literatura especializada, para saberem como agir; Sobre o Controle, recomenda que os pais meditem que o domínio, a paciência, a tolerância, o conhecimento, a compreensão, e, o mais importante, amor; A maneira de Divertir a criança, os pais devem descobrir ocasiões oportunas de diversão com a criança, tornando cada dia agradável, estimulando atitudes positivas; os pais devem se Apoiar reciprocamente, de forma coerente; Sobre a Autoestima, os pais devem ajudar a criança a construir uma boa autoestima; Os pais devem estimular a manutenção das Amizades, facilitando as interações sociais; Os  pais não podem esquecer dos outros Irmãos, mesmo que gastem mais tempo com sua criança hiperativa.

Quando a criança sai do contexto familiar para entrar no contexto escolar, as dificuldades aumentam, enquanto em família ela estava aprendendo a se organizar na escola lhe é solicitado que cumpra regras, metas, rotinas e deverá executar suas tarefas, ela deverá começar a caminhar com suas próprias pernas.

Crianças e adolescentes portadores do TDAH costuma-se levar em média de 3 a 4 vezes mais tempo para realizar uma atividade escolar do que as demais. É necessário fazer adaptações de forma a não exceder o limite de sua possibilidade.

Podem ser feitas modificações pela escola a fim de ajudar  o portador de TDAH a se adaptar a rotina escolar, sendo elas: Proporcionar estrutura, organização e constância, arrumação das cadeiras, programas diários, regras claramente definidas; Colocá-la mais perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor,; Encorajá-la frequentemente, elogiando-a; Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam necessárias e valorizadas; Proporcionar trabalhos de aprendizagem em grupos pequenos; Favorecer oportunidades sociais; Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como ida a secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete a outro professor; Sempre fornecer limites claros e objetivos.

Segundo Ellen White, as crianças e os adolescentes que apresentam dificuldade de aprendizagem, devem receber dos educadores Atenção especial que estimulam sua mente para que os mesmos atinjam desenvolvimento pleno.

Assim como White adverte quanto o espaço físico onde a educação formal está sendo realizada, os espaços educacionais devem estimular o desenvolvimento intelectual dos educandos. Para os portadores de TDAH se faz ainda mais necessário que esse espaço onde ocorrem as atividades sejam estimulantes, desafiadores de seus potenciais e que lhes despertem a curiosidade.

Aconselhai-vos juntamente... Quanto várias se consultam entre si, a segurança é maior. Tod plano será mais meticulosamente discutido, todo passo mais cautelosamente estudado. Assim haverá menos perigo de atos precipitados e imprudentes... Há força na união; na divisão fraqueza e derrota.” Pais e professores devem ser aliados e não inimigos, devem juntos traçar estratégias que possibilitam o desenvolvimento do portador de TDAH, devemmutualmente empreender esforços para que o portador se sinta seguro.


O papel da família no acompanhamento escolar

 O comportamento da criança portadora de TDAH geralmente traz muitos transtornos para a família. Pais de crianças e adolescentes portadoras de TDAH podem apresentar um comportamento constante de culpa pelo mau comportamento da criança, o que muitas vezes acaba por culminar até mesmo na separação do casal. Sendo assim, se faz necessário à busca pelo diagnóstico e pela orientação de como lidar com esse caso. Quando os pais são devidamente orientados, costumam contribuir e muito para o tratamento e a minimização dos sintomas ao transtorno.

Os pais têm a ciência de que é muito difícil colocar filhos portadores de TDAH em escolas especializadas, às vezes pela distância, ou até mesmo pelo custo gerado dos mesmos, ao escolher a escola devem ser tomados alguns cuidados para que essa ofereça um ambiente saudável para o portador de TDAH contribuindo assim, para uma melhor adaptação.

É muito importante a aceitação dos pais diante das dificuldades do seu filho, de maneira que eles assumam a função no desenvolvimento da criança e do adolescente. A família deve também fornecer situações que beneficiem o desenvolvimento da autonomia da criança e do adolescente, por meio do amor, dos momentos em família, do sucesso escolar, dentre outros.

Ellen G. White diz que “A educação da criança, em casa ou na escola, não deve ser como o ensino dos mudos animais; pois as crianças têm vontade inteligente, a qual deve ser de maneira a reger todas aws suas facudades”E se falando da criança e do adolescente portador de TDAH, as atividades devem ser proporcionadas de forma práticas e prazerozas para que assim eles consigam sentir vontade de realizá-las.

Ellen White afirma que, para que as crianças aprendam, pais e educadores devem ter domínio próprio, ou seja, devem ser pessoas preparadas e qualificadas que, respeitão as especificidades dos educandos sob sua responsabilidade e forem tratadas com amor.

Pais e mestre acham-se igualmente inaptos para educar devidamente as crianças, se não aprederam primeiro a lição do domínio próprio, a tolerancia, a brandura e o amor. (Ellen White p. 41 )

O TDAH só conseguirá domínio próprio se os adultos ao seu redor forem pessoas equilibradas.

            “Há perigos de os pais e os professores comandarem e ditarem  emasiadamente, o passo que falham em manter adequadamente um relacionamento social com os filhos e alunos. Mantêm-se como frequência muito reservados, e exercem sua autoridade de maneira fria, destituída de simpatia, que não pode atrair o coração dos educandos. Caso reunissem as crianças bem junto a si, mostrassem que os amam, manifestassem interesse em todos os seus esforços, mesmo em seus esportes, tornando-se por vezes uma criança entre elas, dariam a elas muita satisfação e lhes conquistariam o amor e a confiança.” Segundo White, pais e professores devem relacionar-se com seus filhos.”

White diz que, os pais não podem esperar que professores de seus filhos façam a parte que lhe cabe no processo educativo, os pais devem ser aliviados dos  professores cada um cumprindo seu papel no desenvolvimento educacional das crianças e adolescente.

Os pais devem cuidar para que suas atividades não leve seus filhos a insubordinação e ao desrespeito aos professores, quando os pais respeitam os professores, seus filhos também o respeitarão.

Segundo White, “Se os pais desempenharem fielmente a sua parte, o trabalho do professore será grandemente aliviada...”.

Pais e professores devem juntos se esforçar para que seus portadores de TDAH, alcançem a plenitude do desenvolvimento, para tanto, elas devem ser estimuladasfisicamente, mentalmente e espiritualmente.

        

O tratamento do portador de TDAH

Segundo Bossa (2000), os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J. Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes centros uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes.

 

 Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.

Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

 

Considerações finais

Podemos evidenciar que, nos casos de alunos com TDAH é imprescindível que a família perceba e aceite que, estão sob seus cuidados uma criança que apresenta uma problema de saúde, e não criança que é desinquieta, desobediente ou malcriada. E que uma vez que esta criança apresenta um problema de saúde, esta criança precisa de acompanhamento médico, muitas vezes acompanhado de medicação, para que a criança consiga a ter avanços em sua vida escolar.

Outro acompanhamento importante é o psicopedagógico, pois através do mesmo a criança pode aprender a lidar com as características próprias do transtorno, mas de possível convivência, uma vez que a mesma tomar consciência da necessidade de mudanças.

A psicopedagogia tem por finalidade estudar e apontar propostas que possibilitem que o aluno consiga se desenvolver educacionalmete dentro de suas proprias habilidades e potencialidades.

 

Referências bibliográficas

BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir da prática. Porto Alegra: Artmed, 2000.

GOLDSTEIN, S., GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Campinas: Papirus Editora, 1994.

SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. 1ª ed. Ed. Artes Médicas, 2001.

TDAH.NET.BR. Família e TDAH. Disponivel em: http://www.tdah.net.br/familia.html. Acesso em: 19 de julho às 17h.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARÁU. Tdah- Hiperatividade.  Acaraú, Universidade Estadual Vale Do Acaráu. Data de publicação: 23 de Janeiro de 2010.

Acesso em: 21 de agosto de 2011 às 16h

Disponível em: http://psicolucia.blogspot.com/2010/01/monografia-tdah-hiperatividade.html   

WHITE, Ellen G. Educação: Um Modelo de Ensino Integral. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí: SP, 2008.

_________________. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí: SP, 2008.

_________________. Conselhos sobre Educação. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí: Sp, 2008.

 



[1] Artigo redigido para Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia – Centro Universitário Adventista de São Paulo- Campus 1, na cidade de São Paulo, 2012, sob a orientação da Profa. Me. Evodite Gonçalves Amorim de Carvalho.