UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR I
PROFª Drª MARIA DE JESUS DA C. FONSECA













SINTESE CRÍTICA: A RELAÇÃO HOMEM x NATUREZA NA VIDA PÓS-MODERNA









Discente: Ezelina Costa da Silva














BELÉM
2008
No cenário que se configuram atualmente, destaca-se na dialética homem-natureza, a presença da lógica capitalista que este, em nome do progresso, do desenvolvimento e da modernidade, transforma o meio ambiente trazendo consequências irreparáveis à vida. A partir dos acontecimentos que presenciamos no dia a dia, é possível observar o quanto a vida humana e sua relação com o meio ambiente assumem um quadro significativo para reflexão sobre as condições materiais as quais o homem se expõe.
Partindo da lógica da acumulação desenfreada, a natureza é devastada e transformada para atender a interesses de grupos minoritários que utilizam a matéria prima, seja ela na forma de madeira, minérios, e outros bens naturais, transformando-os em bens de consumo.
De acordo com Boff (2004), a guerra declarada entre o ser humano e a natureza, assumem proporções significativas no campo ético, político, social e cultural, os quais implicam em novas perspectivas de comportamentos, atitudes e visão de mundo, orientadas a partir da defesa do uso dos recursos naturais para ampliar as relações de consumo. É possível perceber o quanto a natureza vem sendo destruída em níveis elevados, representada pelo assoreamento de rios, desertificação de territórios anteriormente habitados por espécies animais e vegetais, destruição das florestas para uso da agricultura e pecuária, além da crescente industrialização que se responsabiliza pela poluição atmosférica.
O paradoxo que se apresenta na visão de modernidade está representado pela grande concentração de riqueza nas mãos de uma minoria e um elevado quadro de pobreza que se manifesta nas esquinas das ruas, sejam das grandes ou pequenas cidades. A modernidade reflete o quanto o homem conseguiu avançar na ciência e no uso das técnicas para transformar os elementos da natureza, tornando-os bens de consumo, no entanto, essa condição resulta em maiores níveis de poluição, destruição da terra, comprometimento da camada de ozônio, perda da qualidade da água, do oxigênio, indispensáveis a sustentação da vida.
A crise ecológica discutida por Leonardo Boff (2004), vem mostrar o quanto o homem não consegue conviver equilibradamente com a natureza, a partir da lógica da acumulação, e em nome do progresso, do consumo, do fetiche que as mercadorias apresentam para torná-las mais atrativas ao consumo, traz consequências à natureza, pois em grande parte, seus recursos são explorados para produzir novos bens.
Enquanto a sociedade global partir da lógica de que o "o motor do processo produtivo é o lucro" (Boff, 2004, p. 98), as ações destruidoras da vida estarão evidentes nas ações destinadas a acumulação de bens no modo de produção capitalista, submetendo a segundo plano, o respeito a vida, ao homem, e a natureza.
A visão de homem enquanto centro do universo precisa ser revista, para que se possa construir propostas alternativas de respeito a diversidade, pois, a condição humana é heterogênea, ou seja, é possível viver e conviver com os diferentes saberes e práticas que historicamente foram produzidas por homens e mulheres.
A lógica do capital, caracterizada pela racionalidade do tempo e transformação do espaço, tudo em nome do lucro, da acumulação, deve ser discutida, visando superar o modo de viver hegemônico, sobrando tempo para o ser humano pensar, refletir, sonhar. Essa realidade, nos mostra o quanto o homem assemelha-se a uma máquina, que não para de trabalhar, movimenta-se numa velocidade espantosa, pois o tempo passou a ser o grande vilão do cotidiano social e humano. Não se pode perder tempo, ele é moeda, e cada segundo da vida humana deve ter juízos de valores capazes de trazer riquezas, bens, etc.
A exploração da força de trabalho do homem é cada vez mais constante no cenário pós-moderno, e a vida transforma-se em mera função, capaz de ser dizimada em nome do lucro, da ostentação do poder de grupos minoritários que exercem o controle sobre os bens naturais. Para Boff (2004, p.106), o poder se instaura como a instância a partir da qual tudo se organiza. Esta estratégia de dominação evoca os impulsos de tudo comandar, tudo controlar, tudo forçar, tudo enquadrar e de tudo submeter.
Os reflexos da concentração do poder nas mãos de uma minoria que defende a lógica da vida a partir da idéia de acumulação, vem contribuindo para a destruição da natureza, utilizando as mais sofisticadas tecnologias, e a ciência, o conhecimento, controlados pelo capital, vem acelerando o processo de morte da vida e de seus ciclos.

REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo. Ecologia. Grito da Terra. Grito dos Pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.